Lição 2 - A enfermidade na vida do crente I
A enfermidade é consequência
da entrada do pecado no mundo e desta realidade
não foge o salvo em Cristo Jesus.
INTRODUÇÃO
- O homem foi criado perfeito,
tanto física quanto moralmente. O pecado fez com que o homem estivesse sujeito
à morte física e, consequentemente, à doença.
- A doença, embora possa ser
debelada pelo poder de Deus, não será extirpada
do gênero humano enquanto não
houver a glorificação, quando, então, estaremos totalmente imunes de toda e
qualquer enfermidade. Assim, a promessa
da cura divina não pode ser confundida com uma imunidade do crente a doenças.
I
– A SAÚDE
- Iniciando o estudo do
primeiro bloco deste trimestre, em que vamos analisar os “dramas biológicos” de
nossa peregrinação terrena, estudaremos a respeito da doença ou enfermidade,
uma realidade de que o salvo em Cristo Jesus não escapa, apesar das mentiras
que têm sido insistentemente pregadas pela “teologia da confissão positiva”. Para entendermos o que é
a doença, faz-se mister que saibamos o que é a saúde.
- Segundo o Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa, saúde é “estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e seu ambiente, o qual mantém as
características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para a forma particular de
vida (raça, gênero, espécie) e para a fase particular de seu ciclo vital”, é o “estado de boa disposição física e
psíquica; bem-estar”. Vem do latim “salus, salutis”, que significa “salvação,
conservação da vida”.
- Como se pode perceber,
pelas definições dadas, a saúde é um quadro de manutenção da vida, de pleno funcionamento de todos os órgãos e de uma
harmonia entre todas as funções do organismo. Nada mais é, portanto, do que a realização daquilo que foi
projetado para o organismo, o cumprimento de todo o propósito estabelecido para aquele ser vivo.
- É, portanto, claro que o
estado de saúde exige, para sua ocorrência, que se tenha a perfeita realização do propósito divino para o homem. A saúde é o
pleno funcionamento do organismo humano, o cumprimento do propósito divino, pois foi Deus
quem criou o homem (Gn.1:26,27).
- Para que houvesse plena
saúde, porém, seria preciso que o homem se mantivesse de acordo com o propósito divino, que era, como vemos no
relato da criação, o de manter uma comunhão com Deus e de, a partir desta comunhão, dominar sobre a criação
terrena. Temos aqui a síntese do que se chamou de “mordomia”, ou seja, o homem deveria ser servo
de Deus, cuidando da Terra para o Senhor.
- Contudo, o homem não
obedeceu a este propósito divino e pecou. Ao desobedecer a Deus, o homem perdeu este estado de equilíbrio, tanto que um
dos juízos lançados por Deus sobre ele foi o da morte física:
“…maldita é a terra por
causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também
de produzirá e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu
pão, até que tornes à terra, porque dela
foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás…” (Gn.3:17 “in fine”-19).- A
sentença divina sobre o homem, por causa do seu pecado, atingiu diretamente a
questão da saúde.
A terra, antes o local da
realização do propósito divino para o homem, passou a ser um obstáculo para
este mesmo ser humano. A terra foi
maldita e, como algo maldito, traria infelicidade, incômodo e aborrecimento para o homem. A natureza passou a colaborar
para um crescente desequilíbrio do organismo humano, desequilíbrio que levaria,
mais cedo ou mais tarde, à extinção da atividade, com a degeneração do organismo, que estaria fadado a se desfazer,
voltando a ser pó, o mesmo pó que o Senhor havia tomado para formar o homem.
- O homem passou a ter a
natureza como um obstáculo, como um fator de estorvo, em vez de um complemento que só lhe trazia alegria e ajuda
na sua sustentação (Gn.2:9). A natureza passou a colaborar com a perda da saúde, passou a ser um fator
que contribuiria para a corrupção progressiva e constante do corpo humano. Daí termos o fato de a natureza
ter seres que, para o homem, são geradores de doenças, os chamados “agentes patogênicos”. Isto é
resultado da sentença divina sobre o homem, por causa do pecado, algo que somente será
modificação depois que a natureza for redimida (Rm.8:19-23), o que ocorrerá
apenas por ocasião do reino milenial de
Cristo (Is.11:6; 65:25).
- Como se não bastasse o
fato de a natureza passar a colaborar para a degeneração do homem, temos qu e o
próprio organismo humano, por si só,
após o pecado, haveria de iniciar sua marcha para a sua extinção.
Como resultado do pecado, o
corpo humano passou a sofrer de uma degeneração contínua, independentemente da ação de “agentes
patogênicos”, porque o Senhor estabeleceu que o homem deveria tornar à terra, ou seja, que haveria uma
inexorável e inevitável caminhada do organismo de volta à terra, ou seja, que o corpo tenderia a se desfazer, a
deixar de existir enquanto tal.
- Assim, podemos afirmar que
a doença e a morte física não estavam projetadas para o homem, não faziam parte do propósito divino, mas que são
resultado do pecado, consequências do pecado. Assim, quando Deus apresentou o Seu plano da salvação, esta teria,
necessariamente, de propiciar um mecanismo de erradicação da doença e da morte física. A salvação é o
restabelecimento da comunhão entre Deus e o homem, o retorno à condição originalmente prevista para o ser
humano, demonstrando, desta maneira, tanto a fidelidade divina, quanto a Sua misericórdia.
- A saúde do homem,
portanto, é um objetivo perseguido por Deus quando do estabelecimento do plano da salvação. O Cordeiro de Deus que tira
o pecado do mundo (Jo.1:29), ao tirar o pecado, haveria, também, de tirar tudo aquilo que era
consequência do pecado, ou seja, a morte física e o seu corolário, que é a doença. Não é por acaso
que, durante Seu ministério terreno, Jesus tenha, por diversas vezes, curado enfermos, como comprovação de que Seu
trabalho, sobre a face da Terra, era restaurar aquele estado anterior ao pecado, um estado onde a doença
simplesmente inexistia (Mt.8:16; 12:15; 14:14; 19:2; 21:14; Mc.1:34; 6:5; Lc.7:21). Na sua feliz síntese
do ministério de Cristo, o apóstolo Pedro não deixou de lembrar que Jesus “…andou fazendo bem e curando a
todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele” (At.10:38b).
- O plano de Deus para a
salvação do homem, portanto, abrange a cura das enfermidades dos homens, a
erradicação da doença, o restabelecimento da saúde. Como Jesus é o mesmo ontem,
hoje e eternamente (Hb.13:8), continua a
ser Aquele que foi dar saúde ao criado do centurião romano (Mt.8:7), o mesmo
que foi anunciado por Pedro e que deu
saúde para Eneias (At.9:34). Por isso, dentre as tarefas que o Senhor deixou à Sua Igreja, está a de curar os enfermos
(Mc.16:18).
- No entanto, o fato de que
a saúde faz parte do plano de Deus para a salvação não significa que a doença venha a ser erradicada da vida de todo
aquele que aceita a Jesus Cristo como Senhor e Salvador da sua vida. Assim como o fato de ser
salvo não nos livra da morte física, consequência praticamente inevitável do pecado e que
acomete tanto os salvos quanto os ímpios, assim também não estamos imunes à doença. Jesus cura os
enfermos, este é um sinal de que venceu a morte e o inferno, de que é o Salvador do mundo, mas daí a se dizer que
todo salvo não fica doente há uma grande distância.
- Assim falamos porque,
lamentavelmente, entre os falsos ensinos destes últimos dias está o da chamada “doutrina da confissão positiva”, que defende
a ideia de que a doença tem como causa o pecado e que, quando somos perdoados de nossos pecados,
adquirimos, como efeito da salvação, a imunidade à doença. Assim, sendo este falso ensinamento, que tem
encontrado guarida em muitos púlpitos na atualidade, quando uma pessoa está doente isto é sinal de que
perdeu a comunhão com Deus, que pecou e, por isso, adoeceu. Doença para o salvo seria, pois, efeito
imediato do pecado, da perda da comunhão com Deus.
- É importante afirmar que
este pensamento não é novo. Na verdade, é uma das mais antigas distorções que se tem notícia nas Escrituras. É a tese
apresentada pelos amigos de Jó, que, depois de terem chorado durante sete dias ao ver o lamentável estado em que se
encontrava o patriarca (Jó 2:12,13), acometido de uma enfermidade terrível, que o transformou numa
verdadeira “ferida ambulante” da cabeça aos pés (Jó 2:7), passaram a atribuir a doença dele a um suposto
pecado cometido e que deveria ser confessado. No entanto, Jó sempre se declarou inocente, inocência esta
que foi atestada pelo próprio Deus, mesmo depois que Jó estava doente (Jó 42:7).
- A começar de Jó, portanto,
vemos que o fato de uma pessoa ficar doente não significa que seja, necessariamente, alguém que esteja sofrendo de
uma punição divina por causa de seus próprios pecados. A Bíblia está repleta de exemplos de homens e
mulheres de Deus que, apesar de terem uma vida de comunhão com o Senhor, adoeceram e, por vezes, até
morreram doentes, sem que esta doença significasse qualquer desvio espiritual ou pecado por parte do servo
do Senhor. A propósito, o profeta que maior número de milagres fez no Antigo Testamento, Eliseu, em
que repousava porção dobrada do Espírito Santo que havia estado em Elias, diz-nos as Escrituras, morreu
por causa de uma doença (II Rs.13:14).
- A doença é uma
consequência do juízo divino sobre a humanidade, feita ao primeiro casal, por
causa do pecado. Herdamos do primeiro
casal, em cujos lombos já estávamos (cfr. Hb.7:10), a natureza pecaminosa e passamos a viver numa terra amaldiçoada em
virtude da iniquidade. Nascidos à imagem e semelhança de Adão (Gn.5:3), concebidos em pecado (Sl.51:5),
não temos como deixar de possuir um corpo que está marcado para tornar à terra, como também uma
natureza que, adquirida a consciência, nos leva a pecar contra Deus. Estamos destinados a tornar à
terra e, como tal, não temos como fugir da doença. Pode ser que morramos por motivo outro que não a doença,
mas jamais podemos dizer que, por causa da salvação, jamais ficaremos doentes.
- O corpo humano será
redimido pela obra salvadora de Cristo Jesus, mas isto não é algo que já tenha acontecido, mas algo que ainda esperamos
(Rm.8:23), algo que acontecerá somente com a glorificação, estágio final do processo da salvação (I
Co.15:50-56), que, para a Igreja, se dará quando do arrebatamento. A morte é o último inimigo a ser vencido, algo
que se dará tão somente com a destruição do sistema mundano, como nos mostra, claramente o
capítulo 25 do livro do profeta Isaías.
- Assim, como ainda estamos
neste “corpo do pecado”, enquanto ainda temos um corpo corruptível, o corpo que está destinado à terra, de onde foi
formado, temos de conviver com a doença, ela pode aparecer como uma ocorrência em nossas vidas, ainda mais nos
tempos trabalhosos em que vivemos, dias em que, apesar da multiplicação da ciência (Dn.12:4), surgiriam
cada vez mais doenças (Mt.24:7).
- É oportuno deixar consignado
que Deus pode atuar, ao lançar juízos
sobre os homens, trazendo doenças sobre
as pessoas. É uma das formas de Deus demonstrar Seu desagrado para com o
pecado. A Bíblia está, também, repleta
de exemplos em que doenças foram utilizadas para julgamento de nações e de povos, como a quinta praga lançada sobre o
Egito, a praza das úlceras (Ex.9:8-12); a lepra, que, durante toda a história do povo hebreu, sempre esteve
vinculada a uma maldição ou juízo divinos, como nos casos de Miriã (Nm.12:10), de Geazi (II Rs.5:27), e do
rei Uzias (II Rs.15:5) e as doenças que acometeram tanto um rei fiel como Asa, mas que havia entristecido
o Senhor ao perseguir um profeta (II Cr.16:9,10,12), como um rei infiel, como o rei Jeorão de Judá (II
Cr.21:18,19).
- Mas, também, não podemos
nos esquecer que, por vezes, a doença foi impingida por Deus não por causa de algum pecado, mas com outros objetivos,
como a retidão e sinceridade de alguém, como no caso do filho de Jeroboão (I Rs.14:12,13), ou, mesmo, para a
manifestação das obras de Deus, como no caso do cego de nascença (Jo.9:1-3).
Vemos, portanto, que a doença não está necessariamente vinculada a pecado e que
é, antes de tudo, uma ocorrência a que
estão sujeitos todos os homens, diante da sua própria constituição estrutural, depois que o pecado entrou no
mundo.
II
– O CUIDADO COM A SAÚDE FÍSICA
- Sendo a saúde um estado
criado pelo próprio Deus e que se encontra precarizado, tornado imperfeito e insuficiente
por causa do pecado, logo percebemos que se trata de um bem que deve ser
preservado pelo ser humano. Quando o
homem se conscientiza que a saúde é uma dádiva divina, é um estado que
corresponde ao propósito de Deus, um
dentre tantos dons que o Senhor nos concede, reconhece a necessidade que tem, diante do Senhor, de se esforçar para a sua
manutenção, sabendo que, como tudo é do Senhor (Sl.24:1), terá de prestar contas do que fez com o seu
organismo durante o tempo de peregrinação sobre a face da Terra (Sl.119:19a).
- O cuidado com a saúde
insere-se, portanto, dentre aquelas tarefas que foram cometidas ao ser humano na sua qualidade de “mordomo-mor” sobre
a face da Terra. Temos de cuidar de nosso organismo, porque a vida é um dom dado por
Deus (Gn.2:7; I Sm.2:6) e que nos está “emprestado”, que nos foi dado em confiança, motivo por que
deveremos prestar contas do que tivermos feito com ele, em especial aqueles que alcançarem a salvação na pessoa de
Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (II Co.5:10).
OBS: Maimônides, o grande
filósofo judeu da Idade Média e grande comentarista das Escrituras hebraicas, bem aludia, em sua obra “Mishneh Torah”, um
comentário a respeito da lei, esta necessidade de bem cuidarmos do corpo (Maimônides, por sinal, era
médico), em trecho que vale a pena transcrever: “…9.,Todo o que leva sua vida de acordo com a medicina
-
se pensar que o faz somente para que estejam seu corpo e membros perfeitos, ou a pessoa que pensa em
procriar para que seus filhos estejam ocupando-se de seu trabalho e esforçando-se por suas necessidades
- não está em um bom caminho. Deve por sua atenção que seu corpo esteja perfeito e forte, para que
esteja sua alma reta para o conhecimento de Deus - sendo impossível que a pessoa entenda e dê atenção
às ciências estando doente, ou sentindo dores em um de seus membros. [Igualmente, ao gerar,] que tenha um
filho - e, talvez se torne um sábio de Torá e uma grande personalidade no povo de Israel.
A pessoa
que assim fizer por todos seus dias - estará permanentemente servindo a Deus, mesmo em seus negócios, ou
quando mantém relações sexuais, pois seu pensamento em tudo para conseguir suas necessidades, que se ache seu corpo perfeito para servir a Deus.
Mesmo quando dormir
- se foi dormir consciente que o faz para que seus nervos e sua mente
descansem, descansando também o corpo,
evitando que lhe sobrevenha alguma enfermidade - pois como poderá servir a Deus, estando doente?! - estará também seu
sono serviço a Deus, Bendito é Ele. Acerca disto ordenaram e disseram os Sábios: "Em todos teus
caminhos, conhece-O, e Ele endireitará tuas veredas!" - Pv 3:6. …” (Mishneh Torah I,3, 9 a 11. Disponível
em:
http://www.judaismoiberico.org/mtp/ciencia/dt/dt003.htmAcesso em 21 set.
2007).
- A Bíblia Sagrada afirma
que o corpo do salvo é templo do Espírito Santo (I Co.6:19). Sendo templo, é
algo que é sagrado, algo que se encontra
dedicado para o serviço de Deus. Nosso corpo é morada do Espírito Santo, é a Sua habitação. Sendo assim, devemos
manter o nosso corpo em perfeita santidade, porque Deus é santo. Não só não podemos usar nosso corpo
como instrumento do pecado, porque isto é comportamento de quem não alcançou a salvação (Rm.6:12,13),
como também devemos ter o corpo pronto para ser oferecido em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus,
que é o nosso culto racional (Rm.12:1).
- Como templo do Espírito
Santo e como instrumento de justiça e de adoração, o corpo do salvo não pode, em hipótese alguma, ser mantido em um estado
de contaminação com o pecado, nem tampouco num estado de fraqueza e de debilidade que comprometa o
nosso raciocínio, o nosso pensamento, o nosso discernimento, seja espiritual, seja natural.
Precisamos ter um corpo sadio, para que nossas faculdades mentais tenham condição de também se desenvolver
plenamente, sem o que não poderemos servir a Deus de acordo com a Sua vontade. “Mens sana in
corpore sano” (isto é, mente sã em corpo são) é uma exigência divina para que possamos servir a Deus a
contento, de acordo com a excelência da Sua santidade.
- Mas a Bíblia Sagrada
também se refere ao corpo como sendo um tabernáculo ou uma tenda. Paulo diz que
o nosso corpo é a "… nossa casa
terrestre deste tabernáculo…" e, mais, que se trata de uma casa que irá se
desfazer (II Co.5:1). Pedro, também, utiliza-se da mesma figura, ao afirmar que
"…breve ente hei de deixar este meu
tabernáculo…" ( II Pe.1:14).
- Esta figura do corpo como
sendo o tabernáculo é muito profunda e significativa. Trata-se de uma expressão
utilizada por quem tinha pleno
conhecimento do significado do tabernáculo para o povo de Israel. A palavra " tabernáculo" quer dizer habitação,
morada e diz respeito à construção móvel que Deus determinou que Moisés fizesse e que acompanhou o povo na sua
peregrinação no deserto e que existiu até a construção do templo no reinado de Salomão. O que o
tabernáculo pode nos ensinar a respeito do nosso corpo?
- Em primeiro lugar, o
tabernáculo era uma construção móvel (Nm.10:21), ou seja, era uma edificação
que não foi feita para ficar no mesmo
lugar durante todos os tempos, mas algo que ia de um lugar para outro, embora estivesse seguindo um caminho
pré-determinado por Deus (qual seja, a Terra Prometida). O nosso corpo, também, não é algo que foi feito para
perdurar para sempre. O corpo é algo passageiro, algo que tem um tempo determinado, algo que está submetido
ao espaço e ao tempo, algo que envelhece,
algo que se modifica, mas algo
que deve ser conduzido com um objetivo previamente determinado pelo Senhor,
assim como o tabernáculo era levado pelo
povo para um lugar já mostrado a Israel por Deus.
- Quando temos consciência
de que o nosso corpo é uma construção móvel, é algo que serve para nossa peregrinação no caminho traçado pelo Senhor
para cada um de nós, temos uma conduta totalmente diferente com relação a nosso corpo do que o temos feito
ou que as pessoas sem esta consciência fazem. Não podemos tratar o corpo como algo irrelevante
para Deus quando tomamos consciência de que ele é algo que devemos conduzir na nossa caminhada para o
céu.
- Em segundo lugar, o
tabernáculo era uma construção que foi feita para um determinado período da história de Israel(I Rs.8:4), ou seja, não foi
algo que perdurou para sempre. Nosso corpo, de igual forma, não foi feito para durar para sempre. Nosso corpo
é do pó da terra e a ele tornará (Gn.3:19) ou, se estivermos entre aqueles que serão arrebatados ainda
vivos, teremos nossos corpos transformados num corpo glorioso(I Co.15:52). O corpo é uma casa terrestre que se
desfará, como diz o apóstolo Paulo. Quando sabemos que o nosso corpo irá se desfazer, que ele não
herdará a vida eterna, não damos vazão a pensamentos e a desejos instigados pela natureza pecaminosa que têm
por finalidade e objetivo a satisfação de necessidades criadas unicamente para o corpo, pois, então, teremos
noção de que o corpo é algo passageiro, algo feito apenas para esta dimensão terrestre e que não pode
comprometer a nossa eternidade.
- Em terceiro lugar, o
tabernáculo foi construído segundo um modelo dado por Deus a Moisés (Ex.25:40).
Nosso corpo foi feito segundo a vontade
de Deus, pois foi o próprio Deus que o formou e, portanto, deve ser utilizado segundo o modelo estabelecido pelo
Senhor, ou seja, deve ser usado e administrado de acordo com a forma determinada por Deus
e que se encontra nas Escrituras Sagradas. Qualquer uso do corpo fora destes parâmetros, portanto, é algo que não deve ser
admitido nem adotado por um mordomo do Senhor.
- Quando percebemos que o
corpo foi feito por Deus e segue um modelo Seu, imediatamente abandonamos o falso pensamento de que " Deus só quer
o coração" e de que as coisas relativas ao corpo são irrelevantes do ponto-de-vista de nossa vida espiritual ou
que sejam até assunto que prejudique a nossa comunhão com o Senhor. Passamos a ter consciência de que o
corpo não é primordial no nosso contacto com Deus mas tem um papel a cumprir, de tal maneira que temos
de levá-lo em conta e com ele também nos ocuparmos para que sejamos achados servos fiéis e prudentes
por nosso Senhor.
- Em quarto lugar, o
tabernáculo não se confundia com a glória de Deus (Ex.40:34-38), mas era
através dele que o povo de Israel notava
a presença e a direção de Deus na caminhada para Canaã. Nosso corpo, de igual maneira, não se confunde com a glória de Deus.
Nosso corpo é matéria, enquanto que Deus é espírito (Jo.4:24), mas é o nosso corpo que serve de
receptáculo para a glória do Senhor, para o Seu Espírito. É neste corpo que habita a Divindade (Jo.14:23), de
tal maneira que o corpo é também figurado como sendo o templo do Espírito Santo (I Co.6:19). Por
causa disto, tudo o que fazemos neste mundo é conhecido dos demais homens através deste corpo e, por meio
dele, as pessoas darão, ou não, glória a Deus pelos nossos atos (Mt.5:16) e é pela
forma de que dele nos utilizamos que seremos julgados pelo Senhor no tribunal
de Cristo (II Co.5:10).
- Quando temos
consciência de que o nosso corpo é o instrumento que Deus nos dá para que,
neste mundo, o Seu nome seja glorificado
pelas obras que façamos, quando percebemos que ele é o veículo pelo qual os demais homens notarão a presença e a direção
de Deus em nós e para eles, passamos a ter um comportamento totalmente diverso da conduta
negligente e displicente que muitos têm levado em relação aos seus corpos. Os homens não têm condições
de ver o nosso interior, de compreender-nos pelo que há dentro de nós, mas somente perceberão o que há
em nós, a nossa eterna salvação, a nossa pureza, a nossa felicidade através de nosso
corpo, pois é ele que, a exemplo do tabernáculo, fará o homem natural notar
que, dentro de nós, dentro daquele
invólucro, está a presença e a direção do Senhor.
- Em quinto lugar, o
tabernáculo era uma edificação que, exteriormente, não causava esplendor,
admiração ou atenção. Com efeito,
revela-nos a Bíblia que a parte externa do tabernáculo era composta de uma cobertura de peles de teixugo em cima
(Ex.25:14),última cobertura de uma série de camadas de outras peles, cobertura que não causava nenhuma admiração a
quem a visse, ao contrário, por exemplo, do templo (seja o primeiro, seja o segundo, como vemos, v.g., em
Mt.24:1). De igual modo, o nosso corpo não deve ser o alvo de nossas atenções. A satisfação de suas
necessidades não deve ser o centro de nossas vidas (Mt.6:31-33), mas devemos procurar aparecer menos na
aparência e na fisionomia e nos conscientizarmos de que, sobre nós, sobre o nosso corpo, deve reluzir a
glória de Deus (Jo.3:30).
- Quando nos conscientizamos
de que o nosso corpo não deve ser um fim em si mesmo, nossa conduta passa a ser diferente do comportamento que tanto tem
caracterizado os nossos dias de culto ao corpo e a tudo o que lhe diz respeito, culto este que tem,
inclusive, já invadido a comunidade evangélica. Vivemos, hoje, a época do domínio da moda, da aparência, da
beleza estética, com um sem-número de distúrbios e desequilíbrios de toda a sorte. Teremos a
devida conduta e nos aproximaremos da modéstia que tanto caracterizou
o nosso Senhor em sua vida terrena se nos lembrarmos de que o corpo não deve
ter parecer nem formosura, mas deve ser
capaz de tornar visível a glória de Deus para os que conosco convivem.
- Em sexto lugar, o
tabernáculo era uma edificação que foi feita com a vinda de materiais de todo o
povo de Israel, de tudo quanto Deus
tinha dado ao Seu povo quando ele saiu do Egito, uma contribuição coletiva e voluntária de todos os israelitas
(Ex.35:20-29). De igual modo, Deus, ao fazer o corpo do homem, teve a contribuição de todos os elementos da terra,
pois a composição química do organismo humano possui todos os elementos, ainda que em pequenas
quantidades, como a demonstrar que o nosso corpo é o resultado de uma cooperação coletiva de toda a natureza.
- Quando observamos que o
nosso corpo é resultado de uma combinação de todos os elementos da terra, percebemos, como nunca, que o homem deve
respeitar a natureza e dela cuidar com extremo zelo, pois somos, por assim dizer, uma síntese da
natureza. Deus fez-nos desta natureza, dotou-nos de um corpo que é a combinação de toda a natureza, para que nos
sentíssemos integrados nela, como elemento-chave para a manutenção do seu equilíbrio. Quando não
exercemos bem esta mordomia, sofremos juntamente com a natureza e, tal como
ela, nosso corpo aguarda uma redenção (Rm.8:22,23).
- Em sétimo lugar, o
tabernáculo foi substituído pelo templo de Salomão, mais majestoso e cuja
glória ficou indelevelmente marcada na
mente dos israelitas, mesmo após décadas de cativeiro (Ed.3:12). Aliás, o que caracteriza e diferencia o templo (ou os
templos) do tabernáculo é que nele(s) a glória de Deus era uma nota marcante (I Rs.9:3;Ag.2:7), enquanto que, no
tabernáculo, ela se efetivava pela nuvem ou pelo fogo, que ficavam sobre o tabernáculo (Ex.40:38).
De
igual modo, o nosso corpo, tal qual o tabernáculo, tem a glória de Deus sobre nós, quando a Ele nos
consagramos e, através de nosso corpo, esta glória é demonstrada aos demais seres humanos, mas não se trata de um
corpo glorioso, de um corpo que tenha a glória como sua característica. Este corpo terreno jamais será
caracterizado pela glória, pois é um corpo terreno, corpo este que será substituído por um corpo espiritual, um
corpo glorioso (I Co.15:40-49).
- Quando temos consciência
de que o corpo que agora temos será substituído por um corpo espiritual, por um corpo glorioso, passamos a viver
diferentemente, na perspectiva da vinda de Jesus e da eternidade, perspectivas estas indispensáveis para que
tenhamos uma vida santa e consagrada a Deus.
- Além de ser comparado a um
tabernáculo, o corpo é também chamado de "templo do Espírito Santo"
(I Co.6:19), como vimos supra, numa
perspectiva que já vimos, em parte, ao tratarmos da consideração do corpo como tabernáculo, pois tanto o templo,
quanto o tabernáculo nos dão de ideia de morada, de habitação.
Esta morada e esta habitação,
entretanto, representam algo mais do que o que já temos falado, ou seja, de que seja uma morada de Deus. Quando
dizemos que o corpo é o templo do Espírito Santo, devemos ter a exata noção desta afirmação diante do
que se entendia por templo na época em que foi escrito o texto pelo apóstolo Paulo.
- Quando Paulo fala em
templo, está se referindo a um lugar de adoração, a um lugar onde a divindade
era cultuada. Como judeu que era, Paulo,
ao se utilizar da expressão "templo" bem sabia que estava se
referindo a um lugar de adoração, pois o
templo era a casa santificada pelo próprio Deus, onde Deus prometera estar presente e atento a todas as súplicas do Seu
povo (I Rs.9:3; II Cr.7:16) bem como casa de sacrifício, onde Deus prometer estar pronto a perdoar e
purificar o Seu povo (II Cr.7:12-14).
Ao mesmo tempo, enquanto apóstolo dos gentios, escrevendo para gentios
("in casu", os coríntios), Paulo sabia que o templo era um local onde se praticava o culto às divindades,
onde os gentios sacrificavam e praticavam atos que agradavam aos deuses, tanto assim que, por exemplo, os
deuses de fertilidade tinham seus templos como verdadeiros prostíbulos e locais de obscenidades.
- Assim, quando Paulo nos
afirma que o nosso corpo é templo do Espírito Santo, está nos dizendo que o corpo deve ser uma parte do homem que deve ser
destinada a agradar ao Senhor. O corpo é um local onde devemos adorar a Deus, um lugar onde devemos
demonstrar a pureza de nosso interior, um lugar que deve demonstrar o perdão dos nossos pecados, um
lugar onde tudo o que façamos tenha por objetivo agradar a Deus.
Muito ao contrário dos que defendem a
falsa doutrina de que " Deus só quer o coração", o que a Bíblia nos ensina, através desta figura, é que
o corpo é o lugar em que devemos adorar a Deus, ou seja, servi-l’O. É através do corpo que estaremos
comprovando se, realmente, fomos santificados, fomos perdoados, fomos purificados e se, realmente,
estamos agradando a Deus.
- Outra expressão bíblica
utilizada para o nosso corpo é a que compara o corpo humano a um vaso de barro.
Jeremias, no capítulo 18 de seu livro,
relata-nos a experiência que Deus lhe fez passar na casa do oleiro, em que diz que o homem nada mais é do que um vaso
de barro nas Suas mãos (Jr.18:6) e, no livro de Lamentações, afirma que os filhos de Sião
" são reputados por vasos de barro " (Lm.4:22).
Paulo, quando escreve aos coríntios, também afirma que temos
o conhecimento de Jesus Cristo, um verdadeiro tesouro, "em vasos de barro" (II Co.4:2) e
torna a fazer a comparação do homem como um vaso de barro quando escreve a Timóteo, dizendo que "…há vasos
de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém para desonra" e que
"… se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor…"
( II Tm.2:20,21).
- A imagem do oleiro e do
vaso é uma figura bíblica que nos fala do homem exterior, do corpo humano e que demonstra que seu criador é o Senhor,
tanto quanto das demais partes do ser humano (alma e espírito). Também nos dá conta de que o corpo é um
elemento material e que é feito do pó da terra. Mas o prisma que queremos aqui ressaltar desta figura bíblica é
a que diz respeito ao corpo como um
veículo para a comunicação da glória de
Deus.
O vaso tem de ter um conteúdo. Não basta que tenha um material, mas que seja usado para guardar um conteúdo. Paulo
afirma-nos que este conteúdo tem de ser um tesouro, ou seja, que o vaso esteja próprio para " a
iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo" ( II Co.4:6b). Nosso corpo deve servir para que
Jesus seja glorificado entre os homens, deve refletir " como um espelho a glória do Senhor" (II
Co.3:18).
- Quando falamos que nosso
corpo é um vaso de barro, ressaltamos a fraqueza de nosso corpo, a sua debilidade, a sua fragilidade, a sua
dependência extrema da parte do oleiro, que é o Senhor. Quando nos conscientizamos de que nosso corpo é débil, é
frágil, é apenas um vaso de barro, não damos importância à aparência, passamos a ser vigilantes quanto à
manutenção do conteúdo, pois o vaso, em si mesmo, valor algum tem, pois é apenas um vaso de barro, mas
o que está dentro de si, o tesouro, este, sim, é dotado de valor e nos faz
valer algo.
Devemos valorizar o que está dentro de nós, jamais nos deixando
iludir pelo astucioso comprador, o
adversário de nossas almas (Pv.20:14).- Já pudemos perceber que, nos tempos
trabalhosos em que estamos a viver, não
faltam elementos que procuram distorcer
este cuidado com a saúde física, buscando nos levar para uma destruição
completa deste “tabernáculo”, deste
“templo do Espírito Santo”.
- Dentre as características
dos homens dos tempos trabalhosos, está a amizade com os deleites acima da amizade com Deus (II Tm.3:4). A busca incessante do prazer a todo custo tem
sido uma tônica da atualidade. O
resultado disto, diante da incontinência, que também é característica do nosso
tempo, é um sem-número de doenças e de
enfermidades que atingem níveis nunca antes vividos no planeta, de tal sorte que, apesar de todo o desenvolvimento da
ciência, está a humanidade a enfrentar um número espetacular de epidemias e endemias em todo o planeta,
doenças incuráveis e que estão a matar cada vez mais e cuja cura, muitas vezes, é impossível, porque se encontra
além das próprias possibilidades da ciência, por mais evoluída que ela possa ser.
- A busca incessante do
prazer tem multiplicado os problemas relacionados com as doenças sexualmente transmissíveis (DST), entre as quais ganha
relevo a “aids” (síndrome de imunodeficiência adquirida), enfermidade que tem matado milhões de pessoas
anualmente em todo o mundo, apesar dos esforços gigantescos dos governos e das grandes
corporações da indústria química em busca de uma cura. Não só a “aids”, mas todas as demais doenças
sexualmente transmissíveis (cada vez mais frequentes e que não são debeladas, embora muitas tenham cura) revelam
um ambiente de promiscuidade e de prostituição, uma sexualidade que está totalmente em desacordo
com os princípios estabelecidos por Deus.
O homem, na sua arrogância e rebeldia, não
admite reconhecer a necessidade de uma modificação de sua conduta sexual, preferindo criar paliativos como o “sexo
seguro” e a massificação do uso de preservativos, a admitir que a segurança e a saúde dependem,
fundamentalmente, de se voltar ao que determina a Palavra de Deus a respeito. Não é à toa que, embora os grupos de
risco tenham sido modificados ao longo dos anos, jamais se encontre entre eles o grupo dos verdadeiros e
genuínos servos do Senhor que praticam o sexo conforme os ditames da Bíblia Sagrada.
- Outro grave problema de
saúde dos nossos dias é a obesidade, já considerada uma verdadeira endemia, inclusive, e a começar dos países
desenvolvidos, ditos de Primeiro Mundo. A obesidade é resultado de uma alimentação desequilibrada, fundada em
alimentos industrializados e que são produzidos sob o prisma do lucro cada vez maior, bem como de um
sedentarismo, que é fruto do luxo e do conforto buscados cada vez mais pela “sociedade globalizada de consumo”.
A falta de exercícios físicos e a má alimentação resultam no aumento da massa corporal, com inevitável
comprometimento das funções orgânicas, gerando uma série de desequilíbrios, que nada mais são que fatores
geradores de doenças. Hoje, temos crianças e adolescentes sofrendo de enfermidades que eram, até pouco
tempo atrás, peculiares aos idosos, como hipertensão arterial, diabetes e arterioesclerose. O combate à
obesidade exige uma total transformação do atual “modus vivendi” da humanidade, o que está fora do alcance da
ciência médica. A ganância, a busca do luxo, em uma palavra, o amor do dinheiro (I Tm.6:10), não permitem
que se reverta um quadro tão prejudicial ao gênero humano.
- Por se falar em ganância e
em amor do dinheiro, estão eles também vinculados a outro grave problema de saúde registrado nos dias atuais, as doenças
que são subproduto da desnutrição alimentar e das precárias condições de saneamento básico em todo o
mundo. Milhões de pessoas morrem por causa das péssimas condições de higiene a que estão submetidas,
bem como por causa da fome. A miséria e a exclusão de milhões de pessoas dos benefícios do progresso
e da civilização têm gerado mortes sobre mortes.
A contaminação
da água pela falta de sistemas de esgotos, a falta de tratamento da água, a
falta de alimentação num mundo cada vez
mais poluído e hostil à espécie humana são causadores de inúmeras doenças e
mortes. Os tempos trabalhosos dos homens
“amantes de si mesmo”, “cruéis”, “sem amor para com os bons” têm produzido milhares de mortos entre crianças
inocentes e pessoas que sofrem o processo desumano e antibíblico de exclusão social e de
concentração de renda nas mãos daqueles que estão a enriquecer cada vez mais, da “futura corte do Anticristo” (cfr.
Ap.18).
III
– O CUIDADO COM A SAÚDE MENTAL
- Mas, como dissemos supra,
não basta cuidarmos do corpo. A saúde envolve, também, a mente, esta faculdade que não é do corpo, mas, sim, da
alma. Voltando ao Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, vemos que “saúde
mental” é “estado caracterizado pelo desenvolvimento equilibrado da
personalidade de um indivíduo, boa
adaptação ao meio social e boa tolerância aos desafios da existência individual
e social”. A saúde mental é o mesmo
estado de equilíbrio que caracteriza a saúde física, mas que está voltada para
a personalidade do indivíduo.
- A alma é aquela porção do
homem que nos permite perceber que somos diferentes dos demais seres, que nos permite conhecer a nós mesmos, que faz com que sejamos
portadores de um entendimento, de um sentimento,
de uma vontade. Esta junção de entendimento, sentimento e vontade é o que se
denomina de "PERSONALIDADE".
- A palavra " personalidade"
vem de " pessoa" que, por sua vez, vem de " persona",
palavra latina que significa " pelo
som". " Persona" é o nome que recebiam as máscaras dos atores no
teatro antigo. Ao contrário do que
ocorre hoje, nos teatros da Grécia ou de Roma, na Antiguidade, os atores não
mostravam seus rostos, mas faziam suas
apresentações segurando máscaras que escondiam as suas faces, exatamente para que o público soubesse que não eram as
pessoas que estavam encenando que viviam aquelas situações mas as "personagens" da peça
teatral.
A "pessoa" , portanto, era a personagem, um ser diferente
daquele ator que a estava representando
no palco.
- A nossa alma, portanto, é
a nossa "pessoa", é aquilo que nos faz diferentes dos demais, é a
nossa parte que nos identifica diante de
Deus e dos homens. É a nossa alma que contém a nossa "personalidade",
aquilo que nós somos e que, através do
corpo, tornamos conhecidos aos homens e a Deus (se bem que Deus não necessita da exteriorização do nosso corpo
para nos conhecer, pois Ele bem sabe o que há no nosso íntimo, antes que isto venha à tona no mundo exterior
- I Sm.16:7; Jo.2:25).
- Esta personalidade do
homem precisa estar sob o governo de Deus. É algo que também nos foi dado por Deus e do qual também deveremos prestar contas
diante do Senhor de todas as coisas. Que esta personalidade, que esta individualidade é de
Deus não há qualquer dúvida pelo que está nas Escrituras, como, por exemplo, no Sl.24:1, onde,
textualmente, diz-se que é do Senhor " aqueles que nele (i.e., no mundo) habitam", ou seja, cada indivíduo,
cada alma. Em Ez.18:4, o texto é ainda mais enfático, ao afirmar que " Eis que todas as almas são Minhas
(é o Senhor quem está falando, observação nossa).
- Quantas vezes ouvimos
alguém dizer que não pode mudar, que esta é a sua personalidade, é o seu modo
de ser, é o seu temperamento, é o seu
caráter, que Deus o fez assim e assim ele será para sempre, tendo os outros de aceitá-lo "por amor ao
próximo". Entretanto, tais pensamentos são totalmente contrários ao que nos ensina a Palavra de Deus. Esta
personalidade, esta "nossa" individualidade, este "nosso"
jeito de ser não é " nosso",
mas de Deus.
Foi Deus quem nos criou, inclusive a "nossa" alma e ela
tem de estar sob o Seu senhorio. Eis um
dos grandes, senão o maior desafio do homem na sua busca de Deus: renunciar-se
a si mesmo, renunciar ao seu
"eu", à "sua" personalidade e colocá-la à inteira
disposição do Senhor.
- Não há outro caminho para
o fiel mordomo do Senhor, não há outro modo para que possamos agradar a Deus e servi-l’O verdadeiramente. É este o
sentido da palavra que Jesus proferiu ao dizer que " quem achar a sua vida (ou alma) perdê-la-á e quem perder
a sua vida por amor de Mim achá-la-á" (Mt.10:39).
Se negamos a nossa própria
personalidade, se deixamos de viver para que Cristo viva em nós (Gl.2:20), ou
seja, tenha pleno controle de nossa
alma, teremos encontrado a verdadeira vida, que é a comunhão perfeita com o Senhor, pois a alma é do Senhor e não podemos
querer nos afastar d’Ele, o que será morte e a pior de todas as mortes, a morte eterna, a morte espiritual,
a chamada segunda morte (Ap.20:14,15).
- Assim, também temos de
cuidar da saúde mental, ou seja, mantermos um equilíbrio em nossa personalidade, equilíbrio este que está
diretamente relacionado com a nossa submissão voluntária a Deus e à Sua vontade.
Sem que renunciemos a nós mesmos
e aceitemos o plano de Deus para as nossas vidas, teremos imensos conflitos em nosso interior e
sucumbiremos às enfermidades mentais, aos males psicopatológicos, que, não raras vezes,
gerarão doenças físicas, o que se costumou denominar de “doenças psicossomáticas”, males físicos que são
causados por problemas psíquicos, distúrbios nas funções orgânicas que têm origem na mente das pessoas, em
problemas psicológicos.
- Os tempos trabalhosos em que vivemos são dias de
inúmeros distúrbios mentais. Praticamente não há pessoa que não se queixe de problemas
relacionados com a mente, sejam problemas emocionais, sentimentais, afetivos, sejam distúrbios mais
graves. Chegou-se mesmo a cunhar o dito popular que de “poeta, médico e louco, todo muito tem um
pouco”. O fato, entretanto, é que as enfermidades psíquicas têm aumentado a cada dia que passa.
- O aumento do pecado no
mundo é, sem dúvida, o principal motivo
para a intensificação dos problemas
psíquicos, das enfermidades mentais. Os tempos trabalhosos são tempos de
desamor, de egoísmo, de crueldade, de
ingratidão, de falta de afeto natural. O individualismo e egoísmo crescentes
levam à completa desconsideração do
próximo, levam a um progressivo e contínuo isolamento das pessoas, a uma desconfiança cada vez maior.
Tudo isto abala a
estrutura psíquica do ser humano, que não foi feito para viver só (Gn.2:18), que necessita ter um
mínimo de convivência com o próximo, que precisa amar e ser amado, que necessita receber afeto e carinho,
que depende de uma condição mínima de convivência para que possa viver.
- Os dias de hoje,
entretanto, são dias de crueldade, de egoísmo, em que as pessoas temem
relacionar-se com outras, medo este que
já está se tornando pavor diante da crueldade e da ingratidão reinantes. Neste isolamento de tudo e de todos, os homens
angustiam-se, entram em depressão, recorrendo a subterfúgios que somente aumentam ainda mais as suas carências.
O uso de drogas para se fugir da realidade e se alcançar a alegria momentânea, a busca do prazer sexual
como sucedâneo do amor, a procura das riquezas para se fazer reconhecido e respeitado no meio social, o uso
da tecnologia para a criação de mundos virtuais, tudo tem sido vão na solução deste impasse, nesta
incessante e incansável investigação para que obter o equilíbrio mental e psíquico, algo que somente se obtém
mediante o restabelecimento da comunhão com Deus, o que se faz somente por intermédio de Jesus Cristo.
- As alternativas que o
homem cria para superar esta sua carência de Deus na sua alma não passam de
mais algumas das muitas invenções por
ele forjadas (Ec.7:29), que somente têm produzido mais problemas emocionais, sentimentais, afetivos e
psíquicos. Assim, o uso de drogas aumenta a criminalidade e a violência, gerando ainda mais traumas e
problemas de isolamento, piorando a dura realidade dos tempos trabalhosos.
O prazer sexual desregrado e
ilimitado atinge com ferida mortal a instituição familiar, gerando ainda mais falta de afeto e de proteção ao
gênero humano. A ganância também é fator de maior desequilíbrio, com aumento da violência, da
criminalidade e redução do homem a mera mercadoria, enquanto que o uso da tecnologia tem
animalizado ainda mais o homem, como os
perniciosos efeitos da internet têm
comprovado atualmente (pedofilia, disseminação da pornografia, pactos coletivos
de suicídio etc.).
- Em meio a este “vazio
afetivo e espiritual”, o adversário de nossas almas, que cega o entendimento
dos incrédulos para que não vejam a luz
do evangelho de Cristo (II Co.4:4), tem intensificado os seus ataques, aproveitando-se da situação para contaminar as
mentes humanas com toda sorte de mensagens prejudiciais e destrutivas, seja pelo controle da mídia, onde
tem disseminado toda a sorte de falsos ensinos e de doutrinas opostas à Palavra de Deus, seja pela divulgação
de doutrinas consistentes na busca de uma “espiritualidade individual”, por meio de meditações, técnicas
terapêuticas repletas de esoterismo, quando não no explícito culto a ele próprio (o satanismo). A atuação
demoníaca tem se fortalecido grandemente, com grave prejuízo à saúde mental.
- Diante de um estado tão
calamitoso, a Igreja deve se lembrar que foi chamada para fora deste mundo de entendimento cegado pelo adversário, para ter
a “mente de Cristo” (I Co.2:16). A “mente de Cristo”, ensinanos Paulo, somente
é obtida mediante a ação do Espírito Santo em nossas vidas, pois “…ninguém sabe
as coisas de Deus, senão o Espírito de
Deus”(I Co.2:11 “in fine”).
Entretanto, pelo Seu grande amor, “…Deus no-las revelou pelo Seu Espírito, porque o
Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus(…) nós não recebemos o espírito do mundo,
mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado
gratuitamente por Deus.” (I Co.2:10,12).
- Depende, portanto, de cada
um de nós permitir que o Espírito Santo habite em nós, para que venhamos a conhecer as coisas de Deus e, assim, ter a
“mente de Cristo”. Sem a “mente de Cristo”, jamais teremos saúde mental. Sem o
Espírito de Deus, estaremos sujeitos a sermos cegados em nosso entendimento
pelo adversário de nossas almas, cujos
ardis não podemos ignorar (II Co.2:11). Precisamos ter uma vida de santidade, de comunhão com Deus, precisamos
buscar a Deus para não permitir que a nossa mente venha a ser enganada pelo inimigo.
- Para termos a “mente de
Cristo”, é indispensável que meditemos na Palavra do Senhor de dia e de noite (Sl.1:1,2). É fundamental que não permitamos
que os nossos olhos sejam a porta de entrada daquilo que não agrada a Deus (Mt.5:22,23). Se vigiarmos para
que os nossos sentidos físicos não sejam utilizados para levar à nossa mente aquilo que não é agradável ao
Senhor, certamente estaremos preparando terreno para que o Espírito possa atuar em nossa mente e, assim,
tenhamos a “mente de Cristo”, tudo discernindo espiritualmente e evitando ser apanhados nos
embaraços e laços que o adversário sempre está a pôr diante de nós.
- Como diz o poeta sacro
anônimo, “nas horas que passo pensando em Jesus, as trevas desfaço, buscando a luz. Que horas de vida tão doces pra mim,
Jesus me convida que eu suba para Si” (primeira estrofe do hino 17 da Harpa Cristã). Em que temos pensado
durante o dia? Que temos visto e o que tem chamado a nossa atenção? A saúde mental exige que tenhamos a
“mente de Cristo”. Sem ela, cairemos na mesma “onda” dos incrédulos, correndo de um lado para outro,
cegos pecadores, que nada enxergam por causa de seu pecado (Is.59:10; Sf.1:17), o que redundará em
problemas psíquicos, que podem até gerar doenças psicossomáticas.
As depressões, ansiedades,
síndromes de pânico e demais enfermidades mentais, tão corriqueiras nos dias de
hoje, relacionadas estão quase sempre
com esta falta da “mente de Cristo”. Que tenhamos saúde mental nos submetendo ao Senhor e n’Ele pensando a todo
instante!
IV
– O CRENTE DIANTE DAS DOENÇAS
- Visto que temos de cuidar
da saúde física e mental, já que isto faz parte da mordomia humana, em
especial, daqueles que estão em comunhão
com Deus, os integrantes da Igreja, como devemos nos comportar diante das doenças? As doenças são inevitáveis, como,
então, enfrentá-las?
- Por primeiro, como já
dissemos supra, nem toda doença é
resultado de uma punição divina, de um pecado
específico. A doença é algo que vem ao homem por causa da entrada do pecado no
mundo, mas pode ser tanto um castigo
divino, como uma oportunidade para a manifestação das obras de Deus, como
resultado de negligência do homem no
desempenho da sua mordomia em relação a seu corpo e a sua mente.
- Se assim é, o primeiro
passo para enfrentarmos uma doença é saber a sua causa, a sua origem. Se a doença é fruto de um castigo divino, de uma
punição do Senhor, em vão será nossa ida aos médicos, pois se se trata de uma ação divina, de uma “ferida”
de Deus, os médicos nada poderão fazer para debelá-la. “Operando Eu, quem impedirá?”, diz o Senhor
por intermédio do profeta (Is.43:13 “in fine”). Na Bíblia, temos dois exemplos elucidativos desta
realidade: Miriã, feita leprosa por ação direta do Senhor, foi curada, depois que Moisés pediu a
Deus que a curasse. Detectado o problema da doença, obteve-se a cura. Já no caso do rei Asa, igualmente ferido pelo
Senhor, não foi ele curado, já que buscou ajuda junto aos médicos, quando o seu problema era diante do Senhor,
pelo mal que fizera a um profeta.
- A falta de conhecimento da
causa da doença tem sido um dos principais fatores para a desorientação e para o grande sofrimento que acometem muitos
crentes e seus familiares em instantes de doença. Corre-se de um lado para outro, visitam-se médicos de todo
tipo e de todos os lugares, não raro esgotando-se os recursos econômico-financeiros de muitos, a exemplo do
que ocorreu com a mulher do fluxo de sangue (Mc.5:26; Lc.8:43), quando a questão é de outra
natureza.
Por falta de discernimento, também, fazem-se filas de pessoas orando pelo enfermo, dia após dia, sem
qualquer resultado efetivo, gerando apenas escândalo e descrédito, também porque o doente não fez a
sua parte, pedindo a Deus a revelação da causa do mal, Deus que continua a revelar Seu segredo aos Seus
servos (Am.3:7).
Se formos humildes, se nos pusermos debaixo da potente mão de Deus (I Pe.5:6), nestes
momentos de enfermidade, certamente teremos o discernimento espiritual e, guiados pelo
Espírito de Deus, saberemos tirar importantes lições destes momentos, pois Deus
também é o autor do dia mau, feito para
que nos resistamos durante a sua passagem (Pv.16:4; Ef.6:13).
- Devemos,
portanto, ante a doença, buscar a orientação divina, a direção do Espírito
Santo, para não só sabermos a causa da
doença, como também como devemos nos conduzir durante o seu tratamento. Assim fazendo, contribuiremos não só para a nossa
saúde, como para o fortalecimento espiritual próprio, da igreja e de todos os que estão à nossa volta. Mesmo na
doença, o crente pode ser uma bênção!
- Vemos, pois, que não é
falta de fé nem demonstração de incredulidade a ida de um crente a um médico. Muito pelo contrário, em momento algum nas
Escrituras há qualquer menosprezo ou desprezo pela atividade médica, sem dúvida uma das mais sublimes da
humanidade. Houve até um grande cooperador da obra de Deus que era médico, Lucas, que é
afetuosamente chamado por Paulo de “médico amado” (Cl.4:14). No entanto, precisamos ter o devido discernimento
espiritual para sabermos se a ida ao médico solucionará, ou não, o problema da doença.
- Este discernimento
espiritual deverá ser obtido pelo próprio doente. Não podemos julgar os outros,
pois não sabemos o que há no interior do
homem (I Sm.16:7) e, portanto, cabe ao próprio doente descobrir o motivo de sua doença. Quando muito, podemos
interceder por ele junto ao Senhor, consolá-lo e confortá-lo, por meio de visitas, impor as mãos sobre ele e
orar para que seja curado, mas jamais
julgá-lo. Não cometamos o mesmo erro dos
amigos de Jó!
- Se o problema for de
pecado, o doente deve confessá-lo e dele se arrepender para que alcance a cura.
É por isso que Tiago ensina que, nestes
casos, mormente quando a doença seja tal que não se permita a locomoção até a igreja local, deva o doente
solicitar a visita de um presbítero, a fim de que, após a confissão, haja a oração, com a unção com óleo, que trará
a cura (Tg.5:14,15).
- Se o problema não for de
pecado, mas de manifestação da obra de Deus, devemos aguardar que o Senhor faça a Sua obra, o que poderá ocorrer
tanto na cura quanto na morte física. Devemos ter a resignação como conduta, pedindo a Deus
misericórdia para suportar o sofrimento e intensificando a nossa comunhão com Ele.
Estejamos certos que, se se
trata de uma provação divina, ela é para o nosso bem, para melhorar nossa condição diante do Senhor
(Rm.8:28). As dores, o incômodo, o sofrimento não são fáceis, mas peçamos ao Senhor que tenha misericórdia
de nós, que nos console e conforte para que o Seu propósito seja cumprido. Jó assim procedeu e, antes de
ser sarado pelo Senhor, testemunhou que todos os pesadelos, todas as dores, todo o sofrimento atroz de sua
enfermidade física lhe havia proporcionado uma maior intimidade com Deus (Jó 42:1-6).
- Se a doença tiver como
causa a negligência em o nosso cuidado com o corpo, devemos, sim, ir ao médico e observar as suas orientações. Devemos
mudar a nossa forma de cuidar do organismo, sabendo que aquilo que semearmos, haveremos de colher,
até porque Deus não Se deixa escarnecer (Gl.6:7).
Faz-se preciso ter um “modus vivendi” saudável, de
acordo com a vontade do Senhor, evitando, de todas as maneiras e formas, nos acomodarmos à maneira
de viver dos homens dos tempos trabalhosos. Não podemos assumir a forma deste mundo, não podemos nos
conformar com este mundo (Rm.12:2) e isto não está relacionado apenas com o aspecto espiritual,
mas, também, com a forma como cuidamos de nosso corpo e da nossa mente.
- Infelizmente, são muitos
os cristãos que estão se deixando levar pelos pensamentos e concepções deste mundo, prejudicando grandemente a sua saúde.
Mantêm uma dieta alimentar inadequada, rendem-se ao sedentarismo e à agitação cada vez mais intensa,
sacrificando a sua saúde física e mental, sem qualquer necessidade. Não acolhamos o modo de vida
insano daqueles que estão cegos em seu entendimento pelo adversário de nossas almas. Tenhamos uma vida
saudável, que corresponda à vontade do Senhor.
- Dentre os maus hábitos dos
nossos dias, um diz respeito à total falta de prevenção. Quando falamos em médicos, sempre nos reportamos à medicina
curativa, mas devemos recorrer aos médicos também como prevenção.
Periodicamente, devemos comparecer
ao médico para um “check up”, principalmente quando atingimos a meia idade, onde costumam surgir
as principais complicações de saúde.
- A ida a médicos deve ser feita, também,
com discernimento espiritual. Nos dias em que vivemos, muitos profissionais da saúde estão comprometidos com
terapias, técnicas e procedimentos que adotam filosofias e pensamentos contrários à sã doutrina. É
preciso bem verificarmos o tipo de tratamento que nos sugerem e as técnicas e terapias propostos, evitando que
adotemos princípios e procedimentos que contrariam a Palavra de Deus.
Também precisamos ter a direção do
Espírito Santo para não cairmos em mãos de profissionais sem o devido preparo e que sejam animados
única e exclusivamente pelo vil metal. Tenhamos cuidado para que não entreguemos a nossa saúde para os
“…médicos que não valem nada” (Jó 13:4).
- Fora as hipóteses de
comprometimento com a sã doutrina ou de despreparo intelectual, devemos reconhecer os médicos como autoridades
constituídas por Deus para cuidar de nossa saúde e, deste modo, seguir rigorosamente as suas prescrições. Não
nos esqueçamos das palavras do Senhor Jesus, no sentido de que os doentes precisam de médico (Mt.9:12;
Mc.2:17; Lc.5:31). Muitos crentes dão muito mau testemunho ao descumprirem as prescrições médicas e
sofrerem prejuízo em sua saúde por causa de tal comportamento.
Rebelião é como pecado de
feitiçaria e o porfiar é como iniquidade e idolatria (I Sm.15:23), atitudes que
não só comprometem a saúde física e
mental, como a própria espiritualidade do cristão. Obedecer sempre é melhor do que sacrificar! (I Sm.15:22).
OBS: Sigamos o exemplo de
José, que, mesmo sendo o governador do Egito, não deixou de reconhecer a autoridade dos médicos, os únicos que poderiam
corretamente embalsamar o corpo de Jacó (Gn.50:2). Não podemos desmerecer o conhecimento científico
destes profissionais, posto à disposição para o nosso bemestar. Ademais, quem
não tem condição intelectual, não deve, mesmo, aventurar-se como médico, como
nos diz Is.3:7, onde se extrai a lição
de que, para ser médico, como para ser príncipe do povo, necessário se faz uma preparação.
V
– A PROMESSA DA CURA DIVINA TEM UM PROPÓSITO ESPIRITUAL
- Apesar de todos os
cuidados que o homem deve ter e da necessidade de se saber qual a origem da sua enfermidade, temos de ter consciência de que
há uma promessa de Deus para a cura física, que é um dos efeitos da obra feita por Cristo no Calvário.
O profeta afirma que, ao subir à cruz, Jesus tomou sobre Si as nossas enfermidades (Is.53:4), enfermidades
estas que não se restringem ao aspecto espiritual, mas também abrangem as que atingem o nosso corpo, pois a
salvação é integral. A saúde mencionada em Is.53:5 também se relaciona com o corpo físico.
- Para que não houvesse
qualquer dúvida quanto à abrangência do corpo na promessa de cura, o ministério
terreno de Jesus, que era o que
anunciava o profeta Isaías, sempre foi um ministério marcado pela cura divina, a ponto de o próprio Jesus, para
demonstrar a João Batista, que era Ele mesmo o Messias, para tanto efetuou diversas curas, demonstrando, assim,
que era através da cura divina que demonstrava a Sua qualidade de Cristo (Mt.11:4,5).
Os discípulos
do caminho de Emaús referiram-Se ao Senhor como sendo “varão poderoso em obras e palavras diante de
Deus e de todo o povo”, enfatizando, assim, em primeiro lugar, os sinais e maravilhas que havia
operado, onde se destaca a cura de enfermidades. Por fim, Pedro, quando quis sintetizar o ministério de Cristo
Jesus, tudo resumiu ao dizer que “andou fazendo bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque
Deus era com Ele” (At.10:38 “in fine”).
- Vemos, portanto, que a
cura divina é elemento indissociável do ministério de Jesus, é uma de “Suas marcas registradas” e a Igreja, como corpo de
Cristo (I Co.12:27), outra coisa não
deve fazer senão prosseguir este mesmo
trabalho e até ampliá-lo, como prometeu o Senhor (Jo.14:12). Em Mc.16:18, é
claro que a cura de enfermidades é um
dos sinais que seguem aos que creem, sendo prova disso a história da igreja primitiva, onde a cura física sempre
esteve associada à pregação do Evangelho, a começar da narrativa do coxo que se encontrava na porta Formosa do
templo (At.3:1-11).
- Vemos, pois, que há uma
promessa de Deus para a cura de enfermidades. Mas, quem é o beneficiário desta promessa? A Bíblia é clara ao mostrar que o
beneficiário desta promessa é “o que crê”. A cura é um dos sinais que seguem os que creem, de modo que,
de pronto, vemos que todos não serão curados, visto que “a fé não é de todos” (II Ts.3:2 “in fine”).-
Temos, aqui, uma situação muito similar à da promessa da salvação. Deus quer
curar a todos, mas não serão todos
curados, porque não serão todos os que creem.
Se a cura divina está escassa em
os nossos dias, isto se deve,
primordialmente, à falta de fé. Lamentavelmente, a incredulidade tem grassado
no meio do povo de Deus, que, cada vez
mais, se comporta como o povo de Nazaré que, apesar de ter sido o lugar onde Jesus esteve por toda a Sua infância,
adolescência e juventude, desenvolvendo, naturalmente, maiores laços de amizade e de convivência, foi o local onde
menos curou enfermidades ou fez maravilhas, exatamente por conta da incredulidade das pessoas (Mt.13:58;
Mc.6:5,6).
- A cura divina é destinada
apenas aos que creem e, neste tópico,
não se encontra apenas o doente. Se é verdade
que, nas curas, Jesus tenha dito ao doente que a fé dele havia sido importante
para não só a cura física, mas a própria
salvação, por meio da expressão “a tua fé te salvou” (Mt.9:22; Mc.5:34;
Mc.10:52; Lc.7:50; 8:48; 17:19; 18:42),
também não se deve observar que há, também, a fé daquele que leva a promessa divina da cura ao doente.
- Muitas vezes, o doente,
por não conhecer a Jesus Cristo ou por estar descrente da sua cura pelo Senhor,
não tem condições de obter este
benefício da parte do Senhor, pois, “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb.11:6). Diante disto, assume importância
fundamental a fé daquele que anuncia a cura divina, daquele que, por crer em Jesus Cristo, leva a mensagem
da cura em o nome de Jesus.
- Jesus assim procedeu, como
vemos, por exemplo, no episódio do paralítico do tanque de Betesda, alguém que estava desanimado, sem esperança e que,
pelo que se infere do texto, padecia de um mal decorrente de alguma desobediência praticada no passado. Uma
pessoa assim, após 38 anos de desilusões, fora da comunhão com Deus, não haveria de ter fé para
a cura. Mas Jesus tinha fé e, por isso, fez com que o paralítico a desenvolvesse, tendo sido este o
Seu intento ao fazer a ele a pergunta:
“queres ficar são?” (Jo.5:6).
- A pergunta de Jesus
pareceria um contrassenso, uma obviedade. Ante a crença de que se estava diante
de um tanque miraculoso, e estando ali
38 anos, é evidente que o homem queria ficar são. Evidente? Não, não o era. A verdade é que, para querer ficar são, é
necessário crer que Deus pode curar. É preciso ativar a fé e isto aquele homem já havia perdido há muito tempo.
Neste diálogo, porém, falando com o próprio Verbo Divino, aquele homem voltou a crer e isto demonstrou
quando atendeu à ordem do Senhor e, em pleno sábado, levantou, tomou a sua cama e voltou para a sua
casa.
- Não é por outro motivo que
a Bíblia diz que a cura está relacionada àqueles que creem e que, por crerem, impõem as mãos sobre os enfermos e os curam
(Mc.16:18). Este texto mostra claramente que se trata não do doente mas do servo de Deus que, por crer em
Jesus, desenvolve, a exemplo do Seu Mestre, a fé nos que estão enfermos e, ao imporem suas mãos sobre
eles, alcançam a cura divina para os que padecem.
- Mas, para impor as mãos
sobre os enfermos, é necessário que se tenha fé, é necessário que se creia na promessa da cura. Eis o motivo por que muitos
hoje já não mais impõem as mãos sobre os enfermos, porque não têm fé e, em muitos casos, nem sequer têm
mais comunhão com Deus.
Em muitos lugares, e, pasmem, nas igrejas locais, que deveriam ser verdadeiros
“pronto-socorros”, não se usa mais a imposição de mãos, não se ora mais pelos enfermos e, quando o
fazem, fazem-no de modo coletivo, impessoal, junto a multidões, num tratamento de
“massa”, que nunca foi o método utilizado por Jesus ou pelos apóstolos.
Mas, não nos esqueçamos, quando se chama uma
multidão para a frente e se ora por ela, de modo impessoal (e, inclusive, saindo estrategicamente depois da
oração do local do “evento”…), não se põe a descoberto a situação interior, não se revela o que há no
interior daquela vida, o que nem sempre é o que se aparenta ser…
- Se a promessa é “para os
que creem”, vemos, claramente, que a promessa está em pleno vigor nos dias da dispensação da graça, nos dias da Igreja, pois
ela é a nação dos que creem em Deus (Rm.1:17; 5:1,2; I Pe.2:9). Não há qualquer sentido dizer que a
promessa da cura divina era apenas para os dias apostólicos, pois nada nas Escrituras aprova tal
pensamento, até porque Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb.13:8).
OBS: Muitos procuram questionar a
autenticidade do capítulo 16 de Marcos e, assim, invalidar a promessa da cura divina, como se esta promessa
estivesse circunscrita apenas a este capítulo, como se o ministério terreno de Jesus e a história da igreja
primitiva não fossem a base da demonstração de que a cura divina é uma promessa presente e atual nos dias da
Igreja.
- A promessa da cura divina
é destinada “aos que creem” e esta fé não é a fé salvadora, ou seja, aquela que
proporciona a salvação, mas a fé no
poder de Deus sobre as enfermidades. A cura divina independe da salvação para se realizar. Casos há de pessoas
que obtêm a cura divina, mas não a salvação. Um exemplo claro é a dos nove ex-leprosos que não
voltaram para agradecer ao Senhor Jesus pela cura alcançada. Jesus curou dez, mas somente um, que era samaritano,
voltou para agradecer a Cristo.
Somente a este, Jesus disse que havia alcançado a salvação (Lc.17:19). Os
outros nove, embora tenham sido
fisicamente curados da lepra (Lc.17:14),
não alcançaram a salvação, porque, embora tenham crido que Jesus poderia
curá-los, tanto que foram se apresentar
aos sacerdotes, não creram que Jesus poderia salvá-los, tanto que não
retornaram para agradecer-Lhe e
adorar-Lhe, como fez o samaritano.
- Se isto se dá em relação
aos enfermos, também ocorre com relação aos que oram pelos enfermos. Muitos ficam atônitos ao saber que uma determinada
pessoa, que orava pelos enfermos e Jesus curava, estava em pecado, o que se descobriu depois. Isto ocorre
porque tinha a pessoa fé que Jesus poderia curar o enfermo, tanto que impôs as mãos sobre ele, ao mesmo
tempo em que o enfermo também creu que Jesus poderia curá- lo, mas tal cura física
nada tem que ver nem com a salvação de quem orou, nem de quem recebeu a cura. Cura divina não é atestado de salvação, nem de
quem ora, nem de quem recebe a cura.
- Não é por outro motivo que
Jesus, ao encontrar-se com o ex-paralítico que ficava junto ao tanque de Betesda, aconselhou o homem para que não
pecasse mais, a fim de que não lhe sucedesse algo pior (Jo.5:14), quando, então, soube ele que quem o
curara havia sido Jesus. Pelo que se verifica desta passagem elucidativa, o homem havia sido curado, mas
ainda não tinha consciência de que havia sido salvo.
Sua fé, até aquele instante, havia sido apenas para cura,
mas, posteriormente, foi confrontado com a salvação e a necessidade de uma vida de santidade, até para
que a sua saúde perdurasse. Estava no templo, demonstrando, assim, ter tido desejo de passar
a adorar a Deus, mas não tinha consciência do que isto significava. Assim como Jesus fez com que ele
tivesse fé para ser curado, também o orientou para que alcançasse a salvação.
- De igual modo, vemos no
episódio do cego de nascença, quando o cego, curado e salvo, já testificava de Jesus, sem sequer saber que era Ele o Filho de
Deus. Ao ser confrontado pelo Senhor com esta verdade, de pronto creu em Jesus e O adorou (Jo.9:38),
demonstrando, assim, claramente que não só havia sido curado, como também alcançara a salvação.
- E é neste episódio do cego
de nascença que temos, de forma bem clara, o propósito da promessa da cura divina: a manifestação das obras de Deus na
pessoa do enfermo (Jo.9:3). O propósito da cura divina é tão somente o de confirmar a palavra da pregação
(Mc.16:20; I Ts.1:5), o de promover a glória de Deus (At.4:21), o de provar a presença de Deus no
meio do Seu povo (At.10:38 “in fine”; I Co.2:4,5).
- A cura divina, portanto,
não é um fim em si mesmo. Não se trata de uma promessa sem finalidade ou propósito a não ser a remoção da doença,
mas o seu objetivo é a glorificação do
nome do Senhor, a confirmação da palavra
da pregação, a comprovação da presença de Deus no meio do Seu povo. Jesus cura para que o nome de Deus seja glorificado
e engrandecido.
- Assim, não se pode jamais
dizer que “Deus é obrigado a curar diante do que consta na Palavra de Deus” ou que “o crente jamais fica doente se
estiver em comunhão com o Senhor”. Muitas vezes, a glorificação do nome de Deus vem não pela cura
física, mas, sim, pela morte de um justo.
Não podemos querer saber os desígnios de Deus nem discutir
porque Deus fez assim ou daquele outro modo, pois, se o fizermos, seremos como o caco de barro que
discute o que deve fazer o oleiro, ou seja, uma pretensão sem qualquer propósito e que pode, mesmo,
representar uma abominação diante do Senhor (Is.45:9).
- A cura divina é
inegável, é algo destinado aos que creem, é uma realidade atual e indispensável
para que demonstremos a presença de Deus
no meio da Igreja, para que o nome do Senhor seja glorificado, mas não devemos nos esquecer de que o propósito da
cura divina não é a saúde física de alguém, mas, sim, a glorificação do nome do Senhor, a confirmação
da palavra da pregação e a comprovação da presença de Deus no meio do Seu povo. Por causa disso, nem
sempre Jesus cura, pois a cura tem propósitos que não se confundem com a nossa vontade ou com os nossos
caprichos.
- Por isso, como dissemos
supra, é importante sabermos porque alguém está doente, a fim de que compreendamos qual o propósito do Senhor nesta
doença. Uma vez tendo compreendido isto, o que nem sempre será o enfermo que conseguirá entender
sozinho, pois, muitas vezes, necessitará do auxílio dos servos de Deus neste discernimento, então
clamar a Deus para que a Sua vontade seja feita, bem compreendendo que a cura virá se este for o
propósito divino naquele caso.
- A promessa da cura divina
é uma realidade para os nossos dias, precisamos, sem ter qualquer dúvida, crer que Jesus cura, buscar a Sua cura. Não
podemos ser como os nazaritas, que, por causa de sua incredulidade, não desfrutaram desta bênção
nos dias de Jesus. Temos de crer mais em Jesus e menos nos remédios e nos médicos. Há muitos, aliás, que,
se dizendo crentes, creem mais em “simpatias” e outras crendices do que no Senhor Jesus, o que é um
absurdo.
- No entanto, não deixemos
de atentar que a cura divina tem um propósito espiritual, que é o da
glorificação do nome do Senhor. Não
podemos nos esquecer de que a cura não é um fim em si mesmo e que, ante tais propósitos, constantes das Escrituras, a cura
virá se Deus quiser e, nem sempre, é a cura que fará o que Deus deseja para todos os que estão envolvidos
naquela situação de enfermidade.
Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e casos há em
que a morte do santo, mesmo por doença, morte que é preciosa aos olhos do Senhor (Sl.116:15),
faz-se necessária para que muitos possam alcançar a salvação, este, sim, o maior desejo do Senhor (I
Tm.2:4).
COLABORAÇÃO
PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
This entry was posted on terça-feira, 3 de julho de 2012 at 12:16. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
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