LIÇÃO Nº 5 – OBADIAS, O PRINCÍPIO DA RETRIBUIÇÃO
INTRODUÇÃO
- Na sequência dos livros
dos profetas menores, estudaremos hoje o menor livro do Antigo Testamento, o
livro de Obadias.
- Obadias foi levantado por
Deus para anunciar a Edom que pela sua atitude maligna contra Israel, desejando
a destruição do seu próprio irmão, seria ele próprio destruído.
I
– O LIVRO DE OBADIAS
- Na sequência do estudo dos
profetas menores, hoje estudaremos o quarto livro na sequência do cânon, o
livro de Obadias.
- Em hebraico, "Obadiah" (עובךיה),
que significa "servo de Jeová", nome muito comum entre os israelitas.
É o menor livro do Antigo Testamento, dotado de tão somente um capítulo. Em
algumas versões da Bíblia em língua portuguesa, como a Versão do Padre Antonio
Pereira de Figueiredo, a Bíblia de Jerusalém e a Tradução Ecumênica Brasileira,
o livro é chamado de “Abdias”.
- O livro de Obadias não
traz em que reinado o profeta escreveu, mas, ante as referências que se fazem à
destruição do povo de Israel, dá-se a entender que os fatos mencionados dizem
respeito à invasão babilônica a Judá, o que situa o profeta como contemporâneo
de Jeremias, ou seja, na parte final da história do reino de Judá.
- Edward Reese e Frank
Klassen, co-organizadores da Bíblia em ordem cronológica, porém, não concordam
com esta cronologia, entendendo que o livro de Obadias foi escrito por volta de
860 a.C., situando o seu livro nos tempos do profeta Eliseu, por ocasião da
invasão de Jerusalém por parte de filisteus e arábios nos dias do rei de Judá,
Jeorão (II Cr.21:16,17), o que faria deste profeta o mais antigo dos profetas
menores.
- O livro nada fala sobre o
profeta que o escreveu, não dando sequer a genealogia dele, motivo pelo qual
não podemos ter maiores informações sobre este homem de Deus. Não podemos,
porém, confundi-lo com um outro Obadias até mais famoso do que ele, que viveu
nos dias do profeta Elias e que chegou a sustentar cem profetas do Senhor
durante o período da seca determinada por aquele profeta (I Rs.18:1-16).
- O livro de Obadias é uma
profecia contra Edom, povo formado pelos descendentes de Esaú, que também era
chamado de Edom, que quer dizer "vermelho" (Gn.25:30). Edom
regozijou-se com a derrota de Judá e, por isso, Deus lança um juízo sobre o
povo edomita que, realmente, desapareceu enquanto povo, ainda que, nos tempos
de Jesus, fosse um edomita que estivesse reinando sobre os judeus (Herodes era
edomita).
- Na verdade, como conta a
história, Edom sofreu uma terrível derrota e praticamente deixou de existir
como nação em 312 a.C., quando um exército de árabes e nebateus (povo que
habitava na região da atual Jordânia) arrasou Edom, embora ainda existissem
alguns edomitas durante alguns séculos depois, como é o caso de Herodes e sua
família.
- Hoje, porém, a terra onde
habitava Edom é uma região desértica, uma das mais inóspitas do planeta, onde
não vive pessoa alguma, prova de que a Palavra de Deus é fiel e se cumpre na
vida de todos os homens.
- Só este fato já seria
suficiente para nos mostrar a atualidade da mensagem do profeta Obadias, pois a
sua profecia, clara e bem definida, mostra, com absoluta clareza, que Deus está
no controle de todas as coisas e que a Sua Palavra é fiel e verdadeira.
No
mínimo duzentos anos antes, o Senhor levantou Obadias para trazer juízo sobre
um povo que, no momento mesmo da profecia, se encontrava em situação de
superioridade e se vangloriando das “opções políticas acertadas”, para dizer
que aquele povo seria destruído, algo totalmente inconcebível, mas que se
mostrou verdadeiro. Amados, os profetas menores eram homens inspirados pelo
Espírito Santo (II Pe.1:20,21) e, portanto, devemos crer em seus vaticínios e
deles tirar o máximo proveito para nossas vidas!
- O livro de Obadias tem
apenas um capítulo, mas pode ser dividido em três partes, como sugere Russell Norman
Champlin, a saber:
a)
1ª parte – A temível sorte de Edom – Ob.1-9
b)
2ª parte – A desprezível conduta de Edom – Ob.10-14
c)
3ª parte – O julgamento das nações – Ob.15-21
- Em Obadias, vemos que Deus
vela pelo Seu povo e que os inimigos serão, a seu tempo, punidos.
OBS: "O Livro de
Obadias ante o Novo Testamento- Embora o NT não se refira diretamente a
Obadias, a inimizade tradicional entre Esaú e Jacó, que subjaz a este livro,
também é mencionada no NT. Paulo refere-se à inimizade entre Esaú e Jacó em
Rm.9.10-13, mas passa a lembrar da mensagem de esperança que Deus nos dá; todos
os que se arrependerem de seus pecados, tanto judeus quanto gentios, e
invocarem o nome do Senhor, serão salvos (Rm.10.9-13; 15.7-12).(BÍBLIA DE
ESTUDO PENTECOSTAL, p.1310)
" Cristo Revelado- O versículo
final de Obadias faz referência aos 'salvadores' através dos quais Deus
exerceria Seu domínio sobre as montanhas de Esaú. Eles funcionariam como
'juízes' ou 'libertadores' desde seu núcleo no monte Sião ou Jerusalém.
Os
juízes hebreus eram 'salvadores' para o povo. Eles os libertavam da opressão de
estrangeiros, proviam ajuda para as viúvas e órfãos e executavam justiça nas
disputas entre os homens. Esses salvadores prefiguram o Libertador definitivo,
o próprio Jesus Cristo, o Messias que vem como o Juiz final, tanto para ser
como para trazer a mais gloriosa Palavra de Deus acerca do Reino. Através de
Jesus, Deus, oferece Seu senhorio e Seu domínio para toda a humanidade.
Especialmente para os oprimidos e humilhados, Ele leva a mensagem de libertação
(ver Lc.4.16-21).
- O 'Dia do Senhor'(v.15) e
o Reino de Deus (v.21) proclamados por Obadias
antecipam a entrada de Jesus Cristo no mundo. A proclamação do profeta
segundo a qual 'o Reino será do Senhor' (v.21) é um tema que ocupou grande parte
dos ensinamentos de Jesus Cristo. Repetidamente Ele falou sobre o 'Reino de
Deus'( ver Lc.6.20; 9.27; 13.18-21) ou 'o Reino dos céus' (ver Mt.5.3;
13.1-52).
A natureza daquele Reino e a maneira da Sua vinda são diferentes da
figura de linguagem de Obadias. Jesus introduz, num tranquilo reino de paz, um
reino espiritual em que se entra pela fé na pessoa de Cristo. Mas,
verdadeiramente, o 'Dia do Senhor' e a vinda do Seu Reino são inseparáveis de
Jesus Cristo. A segunda vinda de Jesus irá conformar-se mais estreitamente com
a figura de linguagem retratada na profecia de Obadias do que a Sua primeira
vinda.…"(BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.882).
- Segundo Finnis Jennings
Dake (1902-1987), o livro de Obadias tem um capítulo, 21 versículos, uma
ordenança, 4 perguntas, nenhuma promessa, 30 predições, 12 versículos de
profecias, 5 versículos de profecias cumpridas, 7 versículos de profecias não
cumpridas e 3 mensagens distintas de Deus (Ob.1, 7 e 15).
- Segundo alguns estudiosos
da Bíblia, o livro de Obadias, o 31º livro da Bíblia, está relacionado com a
nona letra do alfabeto hebraico “tet” (ט), cujo significado é o do mistério do
bem e do mal, pois é uma letra que lembra a forma de uma serpente, mas que
serve para dar início à palavra “bom” e “bondade” em hebraico.
- É interessante notar que o
livro de Obadias é o primeiro livro da Bíblia em que não aparece a palavra hebraica
“tov”, que significa “bom” e que começa com a letra “tet”. Temos aqui a
história de dois povos, Israel e Edom, bem como a manifestação da rejeição
divina por Edom, por causa da sua malignidade, bem como ao anúncio da salvação
de Israel.
II
– A TEMÍVEL SORTE DE EDOM
- O livro de Obadias
inicia-se com uma visão do profeta em que ele vê um embaixador de Deus enviando
uma mensagem de Deus a Edom, uma “pregação do Senhor”: “Levantai-vos e
levantemo-nos contra ela para a guerra”.
- Logo no seu limiar, o
profeta anuncia que Deus está decidido a contender contra Edom, a fazer-lhe
guerra. Mas por que Deus quereria fazer guerra a Edom? Pelo que verificamos ao
longo do texto bíblico, o Senhor somente admitia a guerra por parte de Seu
povo, Israel, se se tratasse de uma “guerra justa”, ou seja, de um conflito em
que os israelitas deveriam defender a sua terra, em que havia provocação por
parte dos inimigos.
- Ao longo da história de
Israel, vemos que Deus nunca avalizou qualquer guerra de conquista por parte
dos israelitas, com exceção da conquista de Canaã, porque, neste caso, Israel
estava a executar um juízo de Deus contra os habitantes primitivos daquela
terra que, por sua impiedade e injustiça, tinham perdido a soberania daquele
pedaço de terra para Israel (Gn.14:16).
- Diante deste quadro,
vemos, pois, que, quando Deus decide guerrear contra Edom, fá-lo por ter sido provocado,
por ser necessário fazer justiça diante da impiedade e maldade de Edom com
relação a Israel, o povo escolhido por Deus para ser a Sua propriedade peculiar
dentre todos os povos (Ex.19:5).
- Edom nada mais, nada menos
é Esaú, o filho de Isaque e irmão gêmeo de Jacó (Gn.25:30). A Bíblia relata que,
desde o ventre de sua mãe Rebeca, ambos os irmãos lutavam entre si (Gn.25:22),
luta esta sentida pela mãe que foi buscar ao Senhor a fim de saber o que isto
significava, tendo o Senhor lhe dito que, no seu ventre, havia duas nações que
se dividiriam e que o maior serviria ao menor (Gn.25:23).
- Desde antes do nascimento
de ambos, portanto, o Senhor já deixara claro que haveria uma oposição entre os
irmãos e que o menor prevaleceria sobre o maior. Esaú nasceu primeiro, passou a
ser o maior, sendo lhe dado o nome de Esaú porque era cabeludo, embora fosse
também ruivo, motivo por que também foi conhecido como “Edom”, que quer dizer
vermelho (Gn.26:25), nome que ficou evidenciado depois que vendeu sua primogenitura
por um guisado de lentilhas (Gn.25:30).
- Já o mais jovem, nascido
em seguida, foi chamado de “Jacó”, porque nasceu com a sua mão agarrada ao calcanhar
do primogênito, sendo que “Jacó” significa “suplantador”, ou seja, aquele que
calca com os pés, toma-lhe o lugar, derruba. Posteriormente, “Jacó” foi chamado
de “Israel”, porque “como príncipe lutou com Deus e com os homens e prevaleceu”
(Gn.32:28).
- Pelos próprios nomes de
ambos os irmãos gêmeos, notamos, desde logo, uma diferença marcante entre Jacó
e Esaú. Enquanto o primeiro se esforçou para ter tanto a primogenitura quanto
para obter a bênção divina, Esaú sempre prevaleceu de circunstâncias naturais.
Era primogênito porque havia nascido primeiro, era chamado de Esaú porque fora
dotado de cabelos abundantes pela natureza e de Edom, porque era ruivo.
Tratava-se de um homem
natural, que só dava valor às coisas desta vida, que não tinha qualquer esforço
para viver numa dimensão sobrenatural.
- Por isso mesmo, a Bíblia
diz que Esaú era profano (Hb.12:16), ou seja, não dava qualquer valor às coisas
sagradas, desprezando e desconsiderando totalmente tudo o que se referia a
Deus, a ponto de ter vendido a sua primogenitura por um guisado de lentilhas
(Gn.25:29-34).
- As Escrituras também dizem
que Esaú era fornicário (Hb.12:16), visto que visava, única e exclusivamente, fazer
a vontade da carne, da sua natureza pecaminosa, tanto que, para grande aflição
e amargura de seus pais, não teve qualquer dificuldade em se casar com duas
mulheres da terra de Canaã (Gn.26:34,35), tentando remediar a situação de
amargura causada casando-se com uma terceira mulher, filha de Ismael (Gn.28:9).
- Desde o início, portanto,
vemos que o comportamento de Esaú é uma conduta contrária à vontade de Deus, uma
vida voltada para as coisas terrenas, para os prazeres terrenos, uma vida de
total desprezo para com Deus.
- Este desprezo para com
Deus não parou apenas com a venda da primogenitura por um guisado de lentilhas,
mas prosseguiu com a determinação firme de Esaú em matar Jacó depois que este
lhe tomou a bênção paterna (Gn.27:41), o que fez com que Jacó fosse obrigado a
mudar-se para Padã-Arã.
- Verdade é que,
posteriormente, Jacó e Esaú se reconciliaram, mas esta reconciliação não era
algo firme, tanto que, contrariando o desejo de seu irmão, Jacó não foi habitar
com ele nas montanhas de Seir, mas partiu para Sucote e edificou ali para si
uma casa (Gn.33:17), cumprindo-se, então, a divisão entre os dois irmãos, entre
os dois povos.
- Esta divisão ocorrida não
causou a Esaú qualquer constrangimento. Embora tivesse dito a Jacó que deveriam
morar juntos, ao notar que seu irmão tomara outro rumo, Esaú não teve qualquer
preocupação, pois também não desejava coabitar com Jacó. Seus interesses eram
outros, sua conduta era outra, de modo que havia aqui uma nítida divisão, a
divisão que caracteriza bem que não há comunhão entre a luz e as trevas, entre
os que servem a Deus e os que não O servem (II Co.6:14).
- Jacó, agora já uma pessoa
convertida a Deus, sabia que não havia como coabitar com Esaú. Por primeiro, porque
Esaú era pessoa completamente
desinteressada em servir a Deus e Jacó sabia que esta não era a vontade
de Deus para a sua vida, mas, sim, que, a exemplo de Abraão e de Isaque,
deveria peregrinar na terra de Canaã, sendo um servo de Deus exemplar, buscando
a pátria celestial, sobre a qual Esaú não tinha qualquer interesse em buscar
(Hb.11:9,10,16).
- Por segundo, porque Esaú
já tinha se misturado com os povos da terra de Canaã, como também com a descendência
de Ismael, e Jacó sabia que era ele, Jacó, o herdeiro das promessas de Abraão e
de Isaque, não podendo, pois, misturar-se com povos que seriam, inclusive,
extirpados da Terra conforme Deus prometera a Abraão.
- Este gesto de Jacó de se
separar de Edom, vemos, aqui, por ocasião da profecia de Obadias, foi uma
atitude extremamente importante e que significou a própria sobrevivência da
nação israelita. Jacó preferiu servir a Deus a ter uma comunhão com quem
rejeitara ao Senhor. Por isso, agora que Deus anunciava que guerrearia contra
Edom, Israel estava livre disto, pois não havia se aliado a inimigos de Deus.
- Será, amados irmãos, que
temos feito o mesmo em relação aos que nos cercam? Será que temos preferido servir
a Deus a entrar em comunhão com pessoas que rejeitaram ao Senhor Jesus e que só
pensam nas coisas desta vida? Será que quando Deus resolver guerrear contra
esta gente, nós, por termos nos aliado a elas, não estaremos também envolvidos
na ira divina? Pensemos nisto!
- Esta atitude de Jacó de se
separar de Edom mostrou-se extremamente acertada. Edom não quis somente se separar
de Israel, mas foi muito além disto: resolveu ser inimigo de Israel, pois, como
nos ensina o Senhor Jesus, quem não é por nós, é contra nós (Mc.9:40; Lc.9:50),
quem não ajunta com o Senhor Jesus, é contra Ele (Mt.12:30; Lc.11:23).
- Devemos entender que, na
vida espiritual, não existe neutralidade. Não é possível ser neutro em termos espirituais:
ou somos filhos de Deus, ou somos filhos do diabo; ou servimos a Deus, ou somos
contrários ao Senhor (I Jo.3:7-10). Não existe meio termo.
- Edom não assumiu uma
posição de simples distância com relação a Israel, mas, sim, passou a ser seu inimigo.
Tanto assim é que, no início da caminhada do deserto, quem são os primeiros
inimigos que Israel encontra? Amaleque (Ex.17:8-16). E quem era Amaleque? Nada
mais, nada menos que descendentes de Esaú , pois Amaleque era neto de Esaú
(Gn.36:12)!
- Mas se isto fosse pouco,
vemos que, já perto do final da jornada pelo deserto, Edom não permitiu que os israelitas
passassem pelo seu território, pela estrada real, ameaçando inclusive de
guerrear contra Israel, a mostrar toda a inimizade que nutria contra Israel
(Nm.20:14-21).
- Vemos, portanto,
claramente que Edom se pôs contra Israel e, por conseguinte, contra Deus, desde
os primórdios e era por este motivo que Deus decidira fazer-lhe guerra. Notemos, ademais, que Deus
não permitira que Israel se voltasse contra Edom, sendo expresso na lei de
Moisés que o edomita não poderia ser abominado, precisamente por ser irmão de
Israel (Dt.23:7). Vemos, portanto, que o ódio que Edom nutriu contra Deus e
Israel não era correspondido pelo Senhor que, no entanto, por ser justo, teve
de pôr fim à extrema maldade de Edom.
- Edom, como toda pessoa que
se levanta contra Deus, era soberbo de coração (Ob.3). Embora fosse uma nação
pequena e desprezada entre as nações (Ob.2), os edomitas eram soberbos,
achavam-se inexpugnáveis, por viverem numa região de difícil acesso e com
várias proteções naturais contra os inimigos (tanto assim é que será nesse
lugar que o Senhor guardará o povo de Israel durante a segunda metade da Grande
Tribulação – Dn.11:41; Is.63:1; Ap.12:14).
- A soberba é uma
característica de todos aqueles que rejeitam a Deus e O desconsideram em suas
vidas.
Fazem-se “deuses”, acham-se
autossuficientes e, em sua mente espiritual entenebrecida, dizem: “Não há Deus”.
É a mentalidade dominante em nossos dias (II Tm.3:1,2), uma conduta
extremamente perigosa pois revela ignorância, estupidez espiritual (Sl.14:1;
53:1). Quando Deus é desconsiderado na vida de alguém, o resultado é a prática
da maldade (Sl.14:1; 53:1).
- Os edomitas comportavam-se
desta maneira, crendo que nenhum mal lhes sucederia e que a sua condição natural
era suficiente para que eles pudessem tripudiar sobre Israel e desejar-lhe mal,
não temendo a Deus em momento algum. Quantos não têm procedido desta mesma
maneira, achando que sua posição social, econômico-financeira e seus talentos
naturais são suficientes para que tenham uma vida sem precisar de Deus?
- No entanto, o Senhor é bem
claro para aquele povo: “se te elevares como águia e puseres o teu ninho entre
as estrelas, dali te derribarei, diz o Senhor” (Ob.4). Ainda que Edom
conseguisse êxitos enormes com sua maneira de viver, Deus continuaria no
controle de todas as coisas e a maldade não ficaria impune, pois Deus não Se
deixa escarnecer, pois o que o homem semear, ele também ceifará (Gl.6:7).
- Deus é soberano, tem o
domínio sobre todas as coisas, é o Senhor e não deixará impune qualquer um que queira
afrontá-lo e que, por causa disso, pratica o mal. A soberania divina é
incontestável e todos nós teremos de tratar com Ele tudo o que fizermos
(Hb.4:13).
- Entramos aqui num assunto
que é o ponto-de-vista atual que o comentarista quer nos fazer ver neste livro
do profeta Obadias: o princípio da retribuição ou, como se costuma chamar, a “lei da ceifa”, que se
encontra claramente explicitado nas Escrituras em passagens como Gl.6:7,8; Os.8:7; 10:12,13, como também Pv.11:18,25;
12:14; 22:8, uma lei existente inclusive na natureza, chamada de Terceira Lei
de Newton, que nos diz que “Para cada ação há sempre uma reação, oposta e de
mesma e intensidade."
- Quando o apóstolo Paulo
fala que Deus não Se deixa escarnecer, traz um ensino profundo. A palavra
grega, em questão, é “mukterízo” (μυκτηρίζω), cujo significado literal é
“torcer o nariz”, “andar de nariz empinado”, ou seja, tratar com desprezo ou
demonstrar arrogância, soberba. Trata-se de uma afronta à soberania divina e isto
jamais poderia ficar impune. Como salienta o pastor Silvano Doblinski
(Assembleia de Deus – Ministério Madureira – Jabaquara, São Paulo/SP), “…uma
coisa temos de saber: toda semeadura vai resultar em colheita, seja ela boa,
seja ela má…” (A lei da semeadura de Deus. Disponível em:
http://www.adjabaquara.com.br/mensagens/semeadura.html
Acesso em 14 out. 2009).
- Foi precisamente isto que
ocorrera com Edom. Em virtude da sua soberba, da sua “torcida de nariz”, o Senhor
tinha de agira, até porque Edom não se limitara a ter inimizade contra Israel,
mas agora já se aliava a inimigos do povo de Deus, ajudando-lhes e ainda se
alegrando com a desgraça sofrida pelos israelitas.
- Por causa desta atitude de
Edom, que havia se aliado aos que haviam saqueado e destruído Israel, este mal também
viria aos edomitas. O Senhor afirma, na mensagem proferida por Obadias, que,
assim como os israelitas haviam sido saqueados e haviam perdido todos os seus
bens, também os bens de Esaú seriam também saqueados e tomados por aqueles
mesmos a quem Edom havia se aliado (por isso entendem alguns que Obadias se
referia à invasão dos filisteus e árabes nos dias de Jeorão, já que foram os
árabes e nebateus que destruiram Edom em 312 a.C.) (Ob.5-7).
- Assim como Edom havia se
alegrado com a matança dos israelitas na
invasão que sofreram, da mesma maneira haveria matança nos termos de
Edom (Ob.9). Era a nítida execução da “lei da ceifa” pelo Senhor.
- Vemos que se tem a nítida
execução da lei da ceifa por parte do Senhor a Edom quando verificamos os sete princípios
que a regem, como ensina o pastor e teólogo norte-americano John W. Lawrence
(1927-1995) em sua obra “Escolhas da Vida”, citado pelo pastor e teólogo
norte-americano J. Hampton Keathley III (1938-2002) (The Seven Laws of Harvest.
Disponível em:
http://bible.org/article/seven-laws-harvest Acesso em 14 out. 2009), a saber:
a)
somente colhemos aquilo que é semeado – se semeamos na carne,
colhemos corrupção; se semeamos no Espírito, colhemos no Espírito a vida eterna
(Jo.3:6; Gl.6:8).
b)
colhemos o mesmo em espécie do que semeamos – não há diferença
de qualidade e de natureza entre o que é semeado e o que é colhido (Os.8:7;
Jo.3:6; Gl.6:8).
c)
nunca colhemos na hora em que semeamos – entre o plantio e a
colheita há um necessário decurso de tempo ( Sl.126:6; Mt.13:8).
d)
colhe-se bem mais o que se semeia – a colheita é sempre maior
que o plantio, pois uma semente dá origem a muitas outras, daí porque Edom foi
riscado do mapa embora não tenha querido propria e diretamente que Israel fosse
“riscado do mapa”, como almejam atualmente os inimigos do povo judeu.
e)
colhe-se proporcionalmente ao que se semeia – ainda que a
colheita seja maior que a semeadura, haverá sempre maior colheita para quem
mais semeou (II Co.9:6).
f)
colhemos a plenitude do bem semeado apenas se perseverarmos; mas o mal é
colhido automaticamente – para colhermos o bem, é necessário
que perseveremos no cultivo e na prevenção das ervas daninhas fora até o fim, é
necessário esforço sem desânimo para se fazer o bem (Gl.6:9), enquanto que as
ervas daninhas aparecem e crescem naturalmente, sem que se precise fazer coisa
alguma para isto (Mt.13:24-27; Rm.7:18).
g)
nada podemos fazer com relação à colheita do passado, mas somente para a
colheita futura – não adianta querermos mudar a colheita do
que semeamos no passado, mas podemos apenas semear hoje para termos uma boa
colheita no futuro (Fp.3:13,14).
- Quando estamos no pecado,
nossa semente é má, provém da carne e, por isso, colhemos frutos maus, a corrupção.
Quando aceitamos a Cristo como Senhor e Salvador, mudamos de semente, morremos
para o mundo e começamos a dar frutos bons, que serão colhidos igualmente.
- A salvação, porém, não nos
impede de colhermos o que fizemos de errado, pois Deus é justiça e “…não faria justiça
o Juiz de toda a terra?” (Gn.18:25 “in fine”).
- O pecado é perdoado, mas as suas
consequências permanecem. Não se trata de qualquer “maldição hereditária” ou
coisa semelhante, como alguns desavisados têm pregado ou ensinado erroneamente,
ou, mesmo, de um “carma” ou qualquer outra coisa parecida, como ensinam os
espiritualistas, budistas, hinduístas ou outras seitas e religiões de origem
oriental.
Trata-se da justiça divina:
o pecado é perdoado, porque Jesus já pagou o seu preço na cruz do Calvário. Por
isso, podemos, sim, alcançar a salvação na pessoa de Jesus e não há outro meio
de salvar-se, a não ser por Cristo. No entanto, as consequências do pecado no
campo social, biológico, psíquico, enfim, em tudo que não se refira ao
relacionamento entre Deus e o homem, deverão ser devidamente colhidas pelo
pecador, para que o nome do Senhor não seja blasfemado por seus inimigos.
Deus mostra Seu amor para
conosco porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores (Rm.5:8),
mas também não Se deixa escarnecer e o que o homem semear, isto também ceifará
(Gl.6:7,8).
- Se nem os salvos estão
livres da “lei da ceifa” nos aspectos que não envolvem o relacionamento entre
Deus e o homem, que podemos falar em relação àqueles que rejeitam a Cristo como
Senhor e Salvador? Como afirma o apóstolo Pedro: “Porque já
é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós,
qual será o fim daqueles que são deboedientes ao evangelho de Deus? E se o
justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o pecador ?“ (I Pe.4:17,18).
II
- A DESPREZÍVEL CONDUTA DE EDOM
- O Senhor anuncia este duro
juízo contra Edom e já justificamos porque Deus resolve fazer guerra contra aquele
povo. No entanto, Deus não é Deus de confusão (I Co.14:33) e para que não
houvesse qualquer dúvida com relação àquele juízo, o Senhor deixa bem claro o
que estava se passando e porque tomara aquela decisão drástica.
- “Por causa da violência
feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á de confusão e serás exterminado para sempre”
(Ob.10). Edom sempre fora violento contra Jacó. Desde o episódio da
primogenitura, quando temos o primeiro relato de um diálogo entre Jacó e Esaú,
percebemos a prepotência de Esaú e a sua índole violenta.Sua atitude contra Israel
sempre foi de ameaça de morte ou uso mesmo da violência, como vemos nos casos
já mencionados da guerra no deserto e do impedimento de uso da estrada real em
seus termos.
- Quem usa da violência e da
ameaça como modo de conduta estará fadado, sempre, a terminar seus dias de modo
violento ou sob intimidação. Todos os dias vemos comprovada esta assertiva no
que concerne aos criminosos violentos, cujos dias sobre a face da Terra são bem
mais exíguos do que os das demais pessoas.
Não nos esqueçamos da
sentença divina exarada no pacto noaico: “E certamente requererei o vosso
sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo animal o requererei; como
também da mão do homem e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.
Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque
Deus fez o homem conforme a Sua imagem” (Gn.9:5,6).
- Deus, amados irmãos, não
muda, continua o mesmo e do mesmo modo que o sangue de Abel clamava ao Senhor
após o primeiro assassínio da terra (Gn.4:10), continuam as vozes do sangue das
vítimas de delitos violentos a clamar perante o Senhor ao longo da história e o
Senhor continua a fazer justiça, aplicando a tais pessoas a pena de morte (pois
só Deus pode aplicá-la, já que é o exclusivo dono da vida — I Sm.2:6).
- Edom tinha recorrido ou
ameaçado recorrer à violência todas as vezes em que se relacionava com Israel
e, por isso, seria também dizimado pela violência, como ocorreu em 312 a.C.,
ainda que tivessem sobrado alguns remanescentes. O mais ilustre edomita depois
desta destruição foi o rei Herodes, o Grande (73 – 1 a.C.), um homem que teve a
violência como seu “modus vivendi” e que também morreu de forma terrível por
conta de todas as maldades e crueldades que cometeu.
OBS: “…Ele [Herodes, o
Grande, observação nossa] sobreviveu a Antípatro apenas cinco dias e morreu
trinta e quatro anos depois de ter expulso Antígono do reino e trinta e sete
depois de ter sido declarado rei em Roma. Não houve jamais príncipe mais
colérico, mais curel e mais favorecido pela sorte. Pois, tendo nascido em
condição humilde, chegou a subir ao trono, venceu perigos sem conta e viveu
muitos anos. Quanto aos seus dissabores domésticos, embora as tentativas de
seus filhos contra ele o tivessem tornado muito infeliz, segundo meu
parecer, ele foi mesmo feliz nisso,
segundo o juízo que disso ele fazia, porque não os considerando mais como seus
filhos, como inimigos, ele os castigou e vingou-se deles…”(JOSEFO, Flávio.
Antiguidades Judaicas XVII, 10:741. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente
Pedroso, v.2, p.143). Apesar das palavras de Josefo, vemos que Herodes viveu
sob constante ameaça de morte por seus filhos, precisamente por ter matado a
alguns deles, uma vida terrível e que vem revela a índole dos edomitas.
- Edom havia se aliado aos
invasores de Jerusalém e lançou sortes sobre os israelitas. Em vez de ter compaixão do seu irmão, de
olhar para “o dia de seu desterro” (e por isso, parece mesmo ser mais
apropriado situar Obadias nos dias do cativeiro da Babilônia, visto que se está
a falar aqui de desterro, de desgraça, palavra muito forte para se referir tão
somente ao episódio ocorrido nos dias de Jeorão), alegrou-se com a ruína e com a angústia de
Israel, motivo pelo qual passaria também pela ruína e pela angústia sofridas pelos
judeus (Ob.11,12).
- Jamais devemos nos alegrar
com a ruína e a angústia do próximo, ainda que ele seja nosso inimigo. Devemos sempre
nos lembrar que todos os homens foram feitos à imagem e semelhança de Deus e
que, portanto, quando lhes queremos mal, estamos a desprezar a imagem e
semelhança de Deus existente em cada ser humano.
- O proverbista deixa isto
bem claro ao afirmar: “Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem quando tropeçar
se regozije o teu coração; para que o Senhor isso não veja, e seja mau aos Seus
olhos e desvie dele a Sua ira” (Pv.24:17,18). Ou ainda: “O que escarnece do
pobre insulta ao que o criou; o que se alegra da calamidade não ficará impune”
(Pv.17:5).
- Vivemos dias em que, de
forma sutil, muitos têm defendido um comportamento totalmente inadmissível para
o servo de Deus, qual seja, o de se alegrar quando “a mão de Deus cai sobre um
inimigo”. Dizem estes falsos mestres que não devemos
querer vingança, mas “se Deus Se vingou por nós, não há problema algum em nos regozijarmos
com a ação divina, pois isto é justiça”.
- Tal ensinamento está
completamente fora do que ensinam as Escrituras Sagradas. Deus Se vinga dos
maus, pois a Ele pertence a vingança (Sl.94:1; Rm.12:19; Hb.10:30). Ora, se a
vingança pertence a Deus e só a Ele, por que devemos nos alegrar com a sua
execução? Por que devemos querer “tomar parte” neste gesto que é exclusivo de
Deus e, portanto, não está ao nosso alcance?
- Quando nos alegramos com a
ruína e a angústia do próximo, mesmo se determinada por Deus, estamos nos alçando
a uma condição superior que não temos em
relação a qualquer outra pessoa. Diante da ruína e da angústia sofridas por
alguém, devemos ter compaixão, pois o nosso sentimento é o mesmo sentimento de Deus,
se é que estamos em comunhão com Ele, e é dito que Deus não ter prazer na morte
do ímpio (Ez.18:23; 33:11). É dito que os anjos se alegram quando um pecador se
arrepende, mas jamais se diz que os anjos se alegram quando um pecador morre em
seu pecado (Lc.15:7,10). Almejamos ser como os anjos e, portanto, uma conduta
contrária a isto não é apropriada para quem quer morar nos céus. Pensemos
nisso!
- Edom seria punido pelo
Senhor, como disse o proverbista, porque se alegrou da calamidade de Israel.
Havia satisfação por parte dos edomitas ao verem o mal de Israel. Edom fez
questão de entrar pela porta da cidade e de contemplar a miséria ali existente e,
com este olhar maldoso, ficou satisfeito e radiante (Ob.13).
- Quantos não estão
satisfeitos, atualmente, com a ruína do próximo? Quantos não se alegram em ver
a ruína e angústia daqueles que, no passado, foram causadores de males? Tal
conduta, porém, não pode ser o comportamento de alguém que se diga servo de
Cristo Jesus. Ante a ruína e angústia de quem nos fez mal, até por causa de um
juízo divino sobre a sua impiedade e maldade, nossa atitude deve ser de
compaixão, de tristeza, pois não podemos nos comprazer da miséria do próximo.
Devemos agir como Davi que se condoeu sinceramente da morte de Absalão, apesar
de este ter se tornado seu inimigo e de ter lhe querido muito mal (II Sm.18:33).
Este é um dos gestos que mostram porque Davi é chamado de um homem segundo o
coração de Deus.
OBS: Recentemente, ao se
aposentar do Supremo Tribunal Federal, o ministro Antonio Cézar Peluso, ao
proferir seu último voto naquela Corte Suprema, que foi um voto condenatório no
caso do “mensalão”, fez questão de afirmar que um juiz nunca fica feliz ou
contente por condenar o réu, fazendo-o por dever, mas lembrando que, como dizia
Agostinho, “a misericórdia pune”. Estas palavras do ministro, que é cristão, mostra bem como devemos nos
comportar diante dos juízos divinos: antes de nos alegrarmos com a ruína e
angústia alheias, lembremos que Deus é misericordioso e que devemos, antes de
mais nada, clamar pela Sua misericórdia e lembrarmos que nada merecemos.
- Como se não bastasse o
exercício da violência e a satisfação em ver o mal do seu próprio irmão, Edom, também,
diz o Senhor, resolveu parar nas encruzilhadas para exterminar os que haviam
escapado, bem como entregar aos inimigos invasores os restantes no dia da
angústia (Ob.14).
- Edom tomou definitivamente
o partido daqueles que lutavam contra Israel, não querendo que escapasse qualquer
um dos invasores (o que reforça, mais uma vez, a tese de que os dias de Obadias
são os do cativeiro da Babilônia, pois só esta invasão teve tamanha intensidade
de destruição). Outra conduta desprezível é a de “levar
vantagem” e acabar por dizimar aqueles que já estão caídos e abatidos, dar o
famoso “golpe de misericórdia”, expressão inadequada, pois misericórdia alguma
há, o que se revela, mesmo, é uma atroz impiedade, um sentimento altamente
reprovável.
- Uma atitude desta natureza
revela, antes de mais nada, uma grande covardia, visto que se trata apenas de “terminar”
algo que foi iniciado por outrem, de se aproveitar de uma situação em que o
outro já está sensivelmente debilitado e enfraquecido por terceiros. É uma
atitude comparável ao dos que se alimentam de carniça, que não caçaram suas
presas e se contentam em se alimentar daquilo que foi deixado e que está a apodrecer,
como é o caso dos chacais, mencionados algumas vezes na Bíblia Sagrada
(Is.13:22; 35:7 e Lm.4:3).
- É a figura do oportunista, daquele que se
aproveita da oportunidade criada por outrem para “levar vantagem”, para ter
algo a que não fazia jus. Este tipo de comportamento, tal comum em nossos dias,
é totalmente contrário às Escrituras Sagradas. Tal comportamento é cruel, tanto
que Jeremias compara a grande crueldade do povo de Judá em seus dias como sendo
mais cruéis que os chacais (Lm.4:3).
- Este comportamento, aliás,
caracteriza a crueldade, que, como diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa,
é “o prazer em derramar sangue, o prazer em causar dor”. Vivemos dias em que os
homens são cruéis (II Tm.3:1,3), em que há prazer em “se matar a cobra e
mostrar o pau”, precisamente porque vale mais a forma causadora de sofrimento
de que se usou do que o próprio resultado alcançado. Tudo isto, porém, diz-nos o
profeta Obadias, é abominável ao Senhor e, por causa disso, Edom seria
igualmente exterminado.
III
– O JULGAMENTO DAS NAÇÕES
- Deus, então, através do
profeta Obadias, é peremptório em relação a Edom: “como tudo fizeste, assim se
fará contigo: a tua maldade cairá sobre a tua cabeça” (Ob.15).
- Temos aqui nitidamente o
princípio da retribuição, a “lei da ceifa” já mencionada supra. Mas, numa revelação
dada por Deus a todos nós, isto não se daria apenas com Edom. Não, não e não! O
Senhor faz questão de dizer: “O dia do Senhor está perto, sobre todas as
nações” (Ob.15a).
- A retribuição pela
impenitência não haveria de se dar apenas em relação a Edom. Edom é apenas um exemplo
do que está para ocorrer com todos os homens que, a exemplo dos edomitas,
quiserem viver sem levar Deus em conta, quiserem ter a soberba como norma de
vida, quiserem se levantar contra o Senhor numa vida de impiedade, crueldade e
maldade.
- Mais um profeta menor nos
traz à lembrança o “dia do Senhor”. Estamos preparados para enfrentá-lo? De que
lado estaremos quando Ele chegar: do lado de Deus ou do lado dos inimigos de
Deus? Esta é uma realidade da qual não podemos fugir.
- Muitos gostam de citar
Rm.8:31: “Que diremos pois a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
Sem dúvida alguma, temos neste versículo um alento de fé e de esperança nas
agruras da vida, pois sabemos que se Deus é por nós, ninguém poderá ser contra
nós.
- Entretanto, este versículo
tem um corolário que nem sempre é alvo de nossa atenção: Se Deus é por nós, ninguém
será contra nós, mas, e se nós formos contra Deus, se Deus não for nós, quem
poderá ser por nós?
Ninguém!
Já pensou nisso, amado(a) irmão(ã)?
- Edom havia “bebido do
monte da santidade de Deus” e, por isso, beberia continuamente dele juntamente com
todas as outras nações. Este “beber do monte da santidade de Deus” significa
“beber da taça da ira de Deus”, do “cálice do Seu furor” (cf. Is.51:17). Deus é
santo e, por isso, não tolera o pecado, motivo pelo qual lançará o juízo sobre
todos aqueles que não quiseram obedecer-Lhe e transgrediram a Sua Palavra.
- De que cálice estamos a
tomar, amados irmãos? Do cálice que representa a nova aliança no sangue de
Cristo, tendo comunhão com o Senhor, estando separados do pecado e vivendo na
fé do Filho de Deus, submetendonos à Sua vontade, ou do “cálice do furor do
Senhor”, que nos trará o juízo e a ira divinos? Pensemos nisto!
- O “dia do Senhor” trará
juízo sobre os impenitentes, sobre os que desprezaram a Deus, que viveram de
modo fornicário e profano, mas aqueles que estiverem “no monte de Sião”, ou
seja, aqueles que viveram suas vidas para adorar e servir a Deus, para
obedecer-lhe, para estes, diz o profeta Obadias, “haverá livramento” (Ob.17).
- Obadias revela não só um
Deus vingador, mas, também, um Deus salvador, um Deus que é santo e nos faz habitar
em lugar santo, um Deus que faz com que os da casa de Jacó possuam herdades,
tenham herança, habitem para sempre com o Senhor.
- Enquanto a casa de Jacó é
de fogo e de chama; a casa de Esaú é de palha e, por isso, o fogo se acenderia
e não restaria nada de Edom “para contar história” (Ob.18). Edom perderia todo
o seu território, enquanto que Israel, uma vez mais, teria restaurada a sua
terra (Ob.19,20) e não apenas a terra, mas nesta terra se instituiria “o
reino do Senhor” (Ob.21).
- Este reino do Senhor foi o
objeto da pregação de Cristo Jesus em Seu ministério terreno (Mc.1:15). É o que
o Senhor nos ensina a desejar quando nos ensinou a orar (Mt.6:10 “in initio”).
Um reino que não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito
Santo (Rm.14:17).
- Para aqueles que, como fez
Jacó, buscaram e lutaram com afinco pelas coisas de cima, pelas coisas espirituais,
pelas bênçãos de Deus, o Senhor promete este reino, promete livramento e
salvação mo monte de Sião, no monte santo. Para os que, a exemplo de Esaú,
buscam as coisas terrenas, o bem-estar passageiro desta vida, agindo com
violência, oportunismo, crueldade e malignidade para auferirem tais benesses,
nada mais lhes resta senão beber de contínuo do “monte da santidade de Deus”,
do “cálice do Seu furor”, recebendo assim o castigo eterno.
De que lado nós
estamos?
Caramuru
Afonso Francisco
This entry was posted on segunda-feira, 29 de outubro de 2012 at 11:10. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
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