Lição 11 - Ageu, O Compromisso do Povo da Aliança
Título
O livro de Ageu mostra-nos que somente os comprometidos com Deus
herdarão a vida eterna.
INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo dos profetas menores, estudaremos o
livro de Ageu, o décimo livro no cânon do Antigo Testamento, o primeiro
profeta pós-exílico.
- No livro de Ageu, vemos que somente os comprometidos com Deus
herdarão a vida eterna.
I – O LIVRO DE AGEU
- Na sequência do estudo dos profetas menores, estudaremos hoje o livro
de Ageu, o décimo livro do cânon.
- Ageu é o primeiro profeta literário que Deus levanta após o
retorno do cativeiro da Babilônia. Seu ministério marca, portanto, a
continuidade do compromisso de Deus para com o Seu povo, além de reativar a
promessa messiânica, visto que tal profeta é usado por Deus para reafirmar a
Zorobabel, o governador de Judá que era descendente da casa de Davi, a promessa
do Messias.
- Ageu foi o primeiro profeta que Deus levantou depois do cativeiro da
Babilônia. Seu ministério (pelo menos o registrado nas Escrituras) é um dos
mais curtos registrados nas Escrituras, pois, segundo o próprio texto de seu
livro, teve início no ano segundo do rei Dario, no sexto mês, tendo terminado
no vigésimo quarto dia do sétimo mês, ou seja, apenas dois meses. Se,
entretanto, o ministério foi curto em tempo, foi extremamente eficaz no seu
propósito, pois o objetivo foi alcançado, qual seja, o de fazer o povo tornar a
dar prioridade às coisas relativas ao Senhor. Este é mais um exemplo bíblico de
que o que importa não é o tempo ou a duração de um ministério, mas, sobretudo,
a presença do Senhor nele.
- Ageu, em hebraico é "Haggai" (חגי ), que
quer dizer "festivo" ou "festividade", o que talvez
estivesse relacionado com a data do nascimento do profeta ter se dado em alguma
festa ou solenidade do calendário judaico. Mais uma vez vemos um grande
paralelo entre o nome do profeta e o seu ministério, pois Ageu foi levantado
para Deus para que o povo voltasse a ter, novamente, as suas festividades, que
haviam se interrompido com o cativeiro da Babilônia e que tinham o templo como
um indispensável ponto de referência (cfr. Ex.34:18,22,23).
- Ageu foi levantado por Deus num período de grande perigo
espiritual para o povo judeu. Após o alegre e esperançoso retorno para a
Palestina (cfr. Sl.126:1-3), a nação escolhida de Deus enfrentava uma dura
realidade: a destruição efetuada antes do cativeiro havia sido completa, tudo
estava por fazer e, como se não bastasse a penúria e a dificuldade naturais de
um tal empreendimento, os povos vizinhos apresentaram-se hostis e adversários,
conseguindo até uma ordem do rei persa para que cessasse a obra (cfr. Ed.4).
- Num clima desta ordem e natureza, a reação dos judeus foi imediata e
previsível: cada um passou a pensar em sua própria sobrevivência, cada
um passou a pensar na sua vida, deixando os planos de reconstrução nacional,
que começavam com a reconstrução do templo, para um momento posterior, para um
instante em que houvesse circunstâncias mais favoráveis. Afinal de contas,
as acusações dos inimigos envolviam a de que os que haviam retornado do
cativeiro estariam intentando rebelar-se contra o rei da Pérsia e nada melhor
do que cada um garantir a sua existência de forma privada e individual para
afugentar tal suspeita levantada pelos inimigos.
- O povo, então, decidiu cumprir a ordem do rei persa e abandonou o
plano de reconstrução do templo, que mal havia se iniciado (Ed.3:8-16). Esta
decisão, embora fosse a mais lógica e plausível possível, do ponto-de-vista
humano, não era, em absoluto, o que Deus esperava de Seu povo e, em razão
disto, Deus começou a fazer o povo lembrar de que mais importava obedecer ao
Senhor do que aos homens (At.5:29), como, aliás, determinava o grande
mandamento da lei (Mt.22:37,38) e, para tanto, passou a agir como já havia
anunciado por boca de Moisés (Dt.28:15-58), trazendo quebras de safra e
dificuldades na própria sobrevivência do povo, que era o que estava sendo
buscado em detrimento das coisas de Deus (cfr. Ag.1:5,6).
- Como o povo, mesmo diante destas dificuldades, não se dispunha a dar o
devido lugar a Deus em suas vidas, o Senhor, então, resolve levantar Ageu como
profeta, para chamar-lhes à consciência, a começar das duas autoridades máximas
do país naquele tempo: o governador civil Zorobabel e o sumo sacerdote Josué
(Ag.1:1).
- Vê-se, pois, que a mensagem de Ageu era altamente impopular,
mas de profundo realismo: enquanto o povo não se dispusesse a enfrentar as
dificuldades, inclusive o embargo real da reconstrução do templo, enquanto não
cumprisse com o propósito divino de reedificação do templo e da própria nação,
não haveria como obter o benefício da sua própria sobrevivência. O povo aceitou
a mensagem de Ageu, que, inclusive, passou a ser ajudado por outro profeta
levantado por Deus na mesma época, a saber, Zacarias, e o templo foi
reedificado.
- Além de conclamar o povo à reconstrução, Ageu trouxe mensagens
concernentes ao futuro próximo e remoto dos judeus. Afirmou que o segundo
templo teria maior glória do que o primeiro, o que se confirmaria porque foi
neste segundo templo que foi apresentado e ministrou o Messias, Jesus Cristo;
que o povo deveria abandonar o indiferentismo e se aplicar às coisas de Deus e
uma promessa de vitória a Zorobabel no seu empreendimento, o que se verificou,
porquanto a reconstrução do templo acabou sendo ratificada e autorizada pelo
governo persa.
- Pouco se sabe sobre a vida de Ageu, pois a Bíblia é omissa a este
respeito. Sabe-se, apenas, que era alguém que havia voltado do cativeiro
juntamente com aquela leva guiada por Zorobabel, no reinado de Ciro, o Grande,
também chamado Ciro II, que foi rei da Pérsia entre 559 e 530 a.C., o primeiro
rei do Império Persa, responsável pela conquista de Babilônia.
- Se há poucas referências quanto ao autor, o livro de Ageu é o
mais pormenorizado das Escrituras em termos de datas, visto que as suas
quatro mensagens são precisamente datadas no texto sagrado, tendo sido
proferidas no ano segundo de Dario, que é, sem dúvida, o rei Dario I, que foi
rei da Pérsia de 522 a 485 a.C.
- Sendo assim, o profeta Ageu profetizou no ano de 521 a.C. Edward Reese
e Frank Klassen, co-organizadores da “Bíblia em ordem cronológica”, datam as
quatro mensagens do profeta em 1º de setembro de 521 a.C., 24 de setembro de
521 a.C., 21 de outubro de 521 a.C. e 24 de dezembro de 521 a.C.
OBS: Não devemos confundir este rei Dario com o Dario mencionado no
livro de Daniel, que era, na verdade, um corregente de Ciro.
- O livro de Ageu, que tem dois capítulos, pode ser dividido em quatro
partes, a saber:
a) 1ª parte - primeira mensagem do profeta - Ag.1
b) 2ª parte - segunda mensagem do profeta - Ag.2:1-9
c) 3ª parte - terceira mensagem do profeta - Ag.2:10-19
d) 4ª parte - quarta mensagem do profeta - Ag.2:20-23
- Em Ageu, vemos o cuidado de Deus em preservar a identidade religiosa e
espiritual de Seu povo e a continuação da construção do cenário que serviria
para a suprema manifestação do amor de Deus na pessoa de Jesus Cristo, a glória
do segundo templo, o Desejado de todas as nações (Ag.2:7).
OBS: " O livro de Ageu ante o Novo Testamento -
Vários versículos do capítulo 2 falam da vinda do Messias (vv.6-9, 21-23). O
abalo futuro dos céus, da terra, das nações e dos reinos é referido pelo autor
de Hebreus (Hb.12.26-28). Além disso, Ageu profetiza que Zorobabel será como 'o
anel de selar', ou selo oficial. Em ambas as genealogias de Jesus Cristo, no NT
(Mt.1.12,13; Lc.3.27), Zorobabel é o ponto que liga as ramificações da linhagem
messiânica: de Salomão (filho de Davi) até Zorobabel, e daí até Maria; e de
Natã (filho de Davi) até Zorobabel, e daí até José." (BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL, p.1347).
" Cristo Revelado - Duas referências a Cristo no
Livro de Ageu são destacadas. A primeira é 2.6-9, que começa explicando que o
que Deus irá fazer no novo templo um dia ganhará uma atenção internacional.
Após um transtorno entre os povos da Terra, as nações serão levadas ao templo
para descobrir o que elas estavam procurando: Aquele que todas as nações
desejaram será mostrado em esplendor no templo. A presença dele irá fazer com
que a memória do glorioso templo de Salomão decaia, para que somente a glória
de Cristo permaneça. Junto com a glória da presença de Cristo virá grande paz,
uma vez que o próprio resplendente Príncipe da Paz estará lá. A segunda
referência à vinda do Messias é 2.23. O livro finaliza com uma menção de
Zorobabel, que liga esse livro, perto do final do AT, ao primeiro livro do NT:
Zorobabel é uma das pessoas listadas nas genealogias de Jesus. Duas coisas
fazem Zorobabel significativo e o ligam a Cristo: 1. Zorobabel é um sinal de um
homem escolhido por Deus, de cuja natureza dedicada Deus fez fluir vida,
liderança e ministério. O que Zorobabel fez em partes Jesus fez por completo
como o Servo do Senhor. 2. Zorobabel está, também, na linhagem do Messias. As
listas dos ancestrais de Jesus em Mateus e Lucas incluem o nome de Zorobabel, o
filho de Selatiel, cuja própria importância pessoal foi excedida por seu papel
como um dos que apontaram à frente para a vinda do Salvador ao
mundo."(BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.914).
- Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), o livro de Ageu tem 2
capítulos, 38 versículos, 8 perguntas, 9 ordenanças, 3 promessas, 14 predições,
9 versículos de profecia, 6 versículos de profecias cumpridas, 3 versículos de
profecias não cumpridas e 5 mensagens distintas de Deus (1:1,12; 2:1,10.20),
mensagens que poderia ser divididas em não menos que 23 partes distintas, pois,
nelas, o profeta faz 23 afirmações de que Deus falou por seu intermédio
(1:1-3,5,7,12,13; 2:1,4,6-11,14,17,20,23).
- Segundo alguns estudiosos da Bíblia, o livro de Ageu, o 37º livro da
Bíblia, está relacionado com a décima quinta letra do alfabeto hebraico, samek
(ס), cujo significado é “suporte”, “sustentação”, “apoio”, “ajuda”, “socorro”.
Ageu mostra o socorro de Deus para que o povo mantivesse o seu compromisso com
Ele, levantando um profeta para que o templo fosse reconstruído e reafirmando a
promessa messiânica.
II – A PRIMEIRA
MENSAGEM DO PROFETA AGEU
- Conforme já vimos no item anterior, um bom entendimento do livro do
profeta Ageu exige a leitura dos seis primeiros capítulos do livro de Esdras,
que nos falam dos primeiros anos depois do término do cativeiro da Babilônia.
- Ciro II, também conhecido como Ciro, o Grande, rei da Pérsia,
autorizou o retorno dos cativos de Judá para a sua terra, cumprindo-se, desta
maneira, a profecia de Jeremias, que disse que o cativeiro duraria setenta
anos. Nesta autorização de retorno, o rei também autorizou a reconstrução do
templo de Jerusalém (Ed.1:1-3).
- Neste retorno, o povo foi liderado por Zorobabel, cujo nome persa era
Sesbazar (Ed.1:8), descendente da casa de Davi, o herdeiro presuntivo da coroa
de Judá, ou seja, aquele que deveria ser o rei caso houvesse a restauração do
reino, o que não ocorreu, tanto que Zorobabel retornou tão somente como
governador.
- Quando os judeus reiniciaram as obras do templo, os samaritanos
quiseram participar da sua construção, mas os judeus com isso não concordaram
(Ed.4:1-3). Em represália, então, os samaritanos começaram a fazer um “lobby”
junto da corte do rei da Pérsia, desde os dias de Ciro, a fim de impedir que a
construção do templo pudesse ser feita (Ed.4:5-7).
- Com a morte de Ciro, os samaritanos fizeram uma acusação
contra os judeus, no reinado de Cambises II, filho de Ciro II, que o
sucedeu e que reinou de 529 a 522 a.C. e é chamado, no texto bíblico, de
“Assuero” (Ed.3:6) e de “Artaxerxes” (Ed.3:7), acusação que resultou na
ordem de embargo da obra (Ed.3:17-24).
OBS: Que se trata do rei Cambises, temos a confirmação de Flávio
Josefo em suas Antiguidades Judaicas, “in verbis”: “ Cambises (Artaxerxes), seu
filho, sucedeu-o e logo que subiu ao trono, os sírios, os fenícios, os
amonitas, os moabitas, os samaritanos escreveram-lhe(…). Esta carta deixou
Cambises (Artaxerxes) muito irritado; ele era naturalmente mau e assim
respondeu: (…). Assim o trabalho ficou interrompido durante nove anos, e até o
segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia…” (Antiguidades Judaicas, XI, 1,
437 e 2,438 in: História dos hebreus, v.1, p.234).
- Diante da ordem real, os judeus, então, desistiram de reconstruir o
templo e passaram a cuidar dos seus afazeres, descuidado completamente das
coisas de Deus. É neste estado de coisas que o Senhor levanta o profeta Ageu,
depois de ter lançado sobre os judeus uma terrível crise econômica com o
propósito de despertá-los.
- O que notamos, de início, é que a mensagem dos profetas pós-exílicos
mudam de foco. Se, antes do cativeiro da Babilônia, o grande problema
do povo era a idolatria, após o cativeiro, vemos que a grande tônica das
mensagens dos profetas será a indiferença, o comodismo. O cativeiro da
Babilônia serviu para livrar o povo da idolatria, foi um amargo remédio mas que
conquistou a cura para o povo de Israel deste mal que o acometia desde o episódio
do bezerro de ouro, quarenta dias após a aliança firmada com Deus no monte
Sinai.
- No entanto, diante das dificuldades sentidas na reconstrução do
Templo, os judeus logo se acomodaram, esqueceram-se das promessas de Deus, da
sua razão de ser como “propriedade peculiar de Deus dentre os povos”, do papel
que deveriam assumir de “reino sacerdotal e povo santo” (Ex.19:5,6). Chegaram à
conclusão de que “não veio ainda o tempo, o tempo em que a casa do Senhor deve
ser edificada” (Ag.1:2).
- Esqueceram-se até que o rei Ciro os havia autorizado a voltar para
Jerusalém e para Judá com a incumbência de edificar novamente o templo. Diante
das falsas acusações dos samaritanos e da ordem contrária recebida de Cambises
II, simplesmente desistiram de edificar o templo, passando cada um a buscar a
própria sobrevivência na terra que fora habitada pelos seus pais, como se esta
fosse a principal razão para que o Senhor os tivesse levado de volta para lá.
- Esta dimensão horizontal da vida, que leva em conta apenas as coisas
desta vida, tem sido o horizonte exclusivo de muitos que cristãos se dizem ser
em nossos dias. Pensam em Deus apenas para as coisas desta terra, não percebem
a razão de ser de pertencerem ao povo de Deus, não têm consciência de que estão
neste mundo para “pensar nas coisas de cima” (Cl.3:1,2).
- Tal conduta é de completa indiferença para com Deus e faz destas
pessoas as mais miseráveis entre todos os homens (I Co.15:19), que, em assim
agindo, comprometem grandemente a sua própria salvação, já que não têm a mínima
noção do que ela significa. Envolvem-se com uma religiosidade que para nada
aproveita e que os levará a ser envolvido pela corrupção deste mundo, corrupção
que destrói grandemente (Mq.2:10).
- Precisamente porque tal conduta não correspondia ao que Deus esperava
de Seu povo que o Senhor começou a agir, passando a trazer quebras nas
colheitas, fazendo com que o povo começasse a sofrer uma grave crise econômica,
exatamente como dissera que faria toda vez que o povo deixasse de servi-l’O (Dt.28:20,38-40).
- Mas, como não tinha sido suficiente a operação sobre a natureza, a fim
de evitar a corrupção do povo, o Senhor, então, levantou Ageu, o primeiro
profeta pós-exílico, cuja primeira mensagem foi exatamente esta: tudo o que
esta a acontecer em termos de prejuízos e de comprometimento da própria
sobrevivência material do povo era em decorrência da indiferença espiritual e
do comodismo que fizeram com que o povo desistisse de reconstruir o templo de
Jerusalém (Ag.1:3-6,9-11).
- Ageu mostra claramente que os judeus, como povo de Deus,
deveriam dar prioridade às coisas do Senhor. Seu principal objetivo
deveria ter sido o de reconstruir o templo, até porque tinham ordem do rei da
Pérsia para fazê-lo. Entretanto, cada um tinha preferido “cuidar da sua vida”,
deixando as coisas de Deus para um momento posterior.
- Esta mesma mensagem de Ageu é repetida pelo Senhor Jesus no sermão do
monte. O Senhor diz que devemos buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça
e todas as coisas desta vida nos serão acrescentadas, tais como a comida, a
bebida e a vestimenta, coisas necessárias mas que devem ser secundárias em
nossa escala de valores (Mt.6:31-34).
- Todavia, nos dias em que vivemos, cada vez mais percebemos que muitos
que cristãos se dizem ser estão agindo exatamente como os judeus nos dias de
Ageu. Preocupam-se, primeiramente, com a sua própria subsistência e a de sua
família, para, só depois, pensar no reino de Deus. Dão ao Senhor apenas o que
sobra, o que resta. Fazem as coisas Deus “quando dá tempo”, “quando não outra
coisa a fazer”, num descompromisso que salta aos olhos. Lamentavelmente, temos
observado isto muitíssimo em diversas igrejas locais.
- Entretanto, a mensagem do profeta Ageu mostrava claramente que uma tal
atitude não agrada a Deus nem é digna de quem se diz pertencer ao Seu povo.
Havia muito esforço de cada um dos judeus em satisfazer as suas necessidades
básicas, que continuavam, porém, insatisfeitas, porque o Senhor queria que eles
entendessem que a maior necessidade que tinham era a de buscar as coisas
relativas ao seu relacionamento com Deus.
- Tudo isso se dava porque os judeus não aplicavam os seus corações nos
seus caminhos (Ag.1:7). Não tinham amor pelo Senhor, não O buscavam de coração,
consideravam o relacionamento com Deus como algo meramente formal, o que os
tinha levado a uma atitude de indiferença para com o Senhor. Não há como nos
relacionarmos com Deus se não tivermos amor. A base de nosso relacionamento com
Deus é o amor (I Jo.4:19) e devemos cuidar para que este amor não
esfrie(Mt.24:12) nem tampouco seja abandonado (Ap.2:4), pois isto nos levará,
certamente, à perdição (Ap.2:5).
- Amor não é um simples sentimento, mas, sim, um comportamento, como o
Senhor Jesus nos deixa bem claro ao dizer que quando O amamos, fazemos o que
Ele manda (Jo.15:14), guardamos a Sua Palavra (Jo.14:23). Por isso, o profeta
Ageu diz que era hora de os judeus subirem o monte, trazerem madeira e
edificarem a casa e isto seria agradável ao Senhor, que, com tal atitude, seria
glorificado (Ag.1:8).
- Não há como glorificarmos a Deus se não demonstrarmos o nosso amor
para com Ele através de obras, de atitudes concretas e reais. Era necessário
que o povo se esforçasse para realizar esta obra. Observemos que a situação
vivida pelos judeus, em termos econômicos, era difícil, em virtude até da mão
de Deus estar contra eles, mas, mesmo diante daquela circunstância, deveriam
eles se sacrificar para subir o monte, trazer madeira e recomeçar a obra
paralisada.
- Temos aqui uma determinação divina que exigia determinação por parte
do povo. Em meio a todas as dificuldades existentes, econômico-financeiras,
políticas e sociais, era necessário se dispor a efetuar a obra, a subir o monte
e trazer madeira, bem como edificar a casa, tudo isto com o único propósito de
agradar a Deus e de glorificá-l’O.
- Deus é o mesmo e está a exigir de nós a mesma dedicação, o mesmo
esforço, independentemente das circunstâncias que existam. Deus quer que
façamos boas obras para que, por elas, o Seu nome seja glorificado (Mt.5:16),
pois a razão de ser da nossa existência é para que O glorifiquemos, este é o
objetivo, o propósito da nossa vida.
- Muitos, na atualidade, estão a se envolver com tantas coisas
precisamente porque se esqueceram de que o fim de nossa existência é a glorificação
do nome do Senhor. Estão, por isso, a buscar outros objetivos, outros
propósitos que são completamente estranhos ao que quer o Senhor. Assim como
toda criação, que declara a glória de Deus (Sl.19:1), também devemos, como
coroa da criação terrena, também moldar as nossas vidas de forma a que façamos
com que o nome do Senhor seja glorificado.
- O Espírito Santo, que é Deus, tem a missão de glorificar o nome de
Jesus entre os homens (Jo.16:14), tendo Jesus vivido nesta Terra para
glorificar o Pai (Jo.17:4), Pai que também glorificaria o Filho ressuscitando-O
dos mortos e O assentando à Sua direita (Jo.17:5). Como, então, podemos dizer
que estamos em comunhão com Deus se não estamos dispostos a glorificar o Seu
nome? Pensemos nisto!
- Muitas frustrações, decepções e desânimos que existem entre muitos que
cristãos se dizem ser, nos dias hodiernos, decorre desta falta de foco com
relação ao propósito de nossas existências. Existimos e estamos neste mundo
para glorificar o nome do Senhor. Muitas vezes, aquilo que almejamos,
desejamos, queremos e não alcançamos nos deixa entristecidos, decepcionados,
com baixa autoestima, como, sem dúvida, estavam os judeus nos dias de Ageu. Mas
tudo isto é decorrência do fato de que enxergamos apenas aquilo que queremos, como
se fazia nos dias do profeta, sem que miremos aquilo que Deus quer que façamos,
sem que observemos que o que Deus quer é que, através de nossas vidas, o Seu
nome seja glorificado. Havendo isto, devemos agradecer a Deus e estarmos certos
de que estamos cumprindo nossa missão sobre a face da Terra.
- A mensagem de Ageu encontrou guarida nos corações de
Zorobabel, o governador de Judá e do sumo sacerdote Josué, bem como de todo o
povo, gerando temor, ou seja, reverência, respeito, consideração e obediência
(Ag.1:12).
- Como é bom quando nos dispomos a ouvir a Palavra do Senhor, a atender
ao que o Senhor deseja e quer. Quando ouvirmos a Palavra de Deus, não podemos,
de modo algum, rejeitar o que nos é falado, não podemos endurecer a nossa
cerviz (Sl.95:7,8), sob pena de termos o mesmo fim do povo que se rebelou em
Meribá e em Massá, desgostando ao Senhor e, por isso mesmo, perdendo a promessa
de Deus (Sl.95:8-11).
- Quando o Senhor viu a disposição vinda do interior do coração do povo,
que temeu diante da mensagem proferida, imediatamente mandou que Ageu
complementasse a sua mensagem, a fim de provar que se trata de Deus que conhece
os corações (I Sm.16:7), a fim de lhes dizer que o Senhor estava com eles
(Ag.1:13).
- Quando nos dispomos a atender ao mandado de Deus, quando estamos
dispostos a cumprir a Sua vontade, Ele promete estar conosco, para que possamos
superar todas as circunstâncias adversas. Deus simplesmente não manda, mas vai
conosco para que façamos aquilo que Ele quer. Jesus nos repete esta promessa ao
dizer que estaria conosco todos os dias até a consumação dos séculos
(Mt.28:20). Tenhamos, pois, a confiança expressada pela poetisa sacra Frida
Vingren: “Se Cristo comigo vai, eu irei, e não temerei, com gozo irei, comigo
vai. É grato servir a Jesus, levar a cruz, se Cristo comigo vai, eu irei”
(estrofe do hino 515 da Harpa Cristã).
- Assim, diante desta garantia divina de que o Senhor estaria com eles,
o povo, o príncipe Zorobabel e o sumo sacerdote Josué retomaram a reconstrução
do templo, no vigésimo quarto dia do sexto mês, no segundo ano do rei Dario I,
ou seja, vinte e quatro dias depois do pronunciamento do profeta, ou seja,
segundo Edward Reese e Frank Klassen, no dia 24 de setembro de 521 a.C.
III – A SEGUNDA
MENSAGEM DO PROFETA AGEU
- O povo reiniciara a reconstrução do templo de Jerusalém, mas o Senhor
não Se calou mesmo diante desta atitude de temor a Ele. No sétimo mês, ao
vigésimo primeiro do mês, ou seja, 26 dias depois do reinício da reconstrução
do Templo, o Senhor traz uma nova mensagem ao profeta Ageu.
- Esta mensagem do profeta tinha uma razão de ser. Em meio ao
reinício das obras, também retornou um sentimento de dubiedade que havia
caracterizado o “lançamento da pedra fundamental” do Templo ainda nos dias
de Ciro.
- As Escrituras registram que quando foram lançados os alicerces do
templo, no segundo ano do retorno do cativeiro, ou seja, segundo Edward Reese,
em maio de 535 a.C., ou seja, 14 anos e 4 meses antes do reinício da
reconstrução, houve uma dupla reação no meio do povo: os anciãos, que haviam
visto o templo de Salomão, começaram a chorar, pois verificaram que a nova
construção era muito mais modesta que aquele antigo templo, ao passo que os
mais jovens jubilavam de alegria, porque o novo templo começava a ser
reconstruído, não se tendo discernimento deste dúbio sentimento (Ed.3:11-13).
- Com o reinício da reconstrução, esta dubiedade se fazia
novamente sentir. Conquanto os mais velhos certamente tivessem diminuído de
número, o fato é que começou a haver esta contradição de sentimentos no meio do
povo, contrariedade que não poderia subsistir, pois, para que o nome do Senhor
seja glorificado e que se tenha a bênção de Deus, é absolutamente necessário
que os irmãos vivam em união (Sl.133).
- Mais uma vez, o Senhor ostra ter pleno conhecimento dos corações dos
judeus e, com o intuito de dissipar todo sentimento contrário e que pudesse
levar ao desânimo, traz uma mensagem de ânimo para o povo, dizendo que, embora
os que tivessem visto a primeira casa achassem que esta segunda era como nada
comparada àquela, era para que todos se esforçassem na sua edificação, pois a
glória da segunda casa seria maior do que a primeira (Ag.2:3-9).
- O Senhor prometia estar com os judeus na reconstrução, como também que
cumpriria os compromissos assumidos no monte Sinai, razão pela qual não
precisavam temer, mas o Senhor faria tremer, ainda uma vez, dali um pouco, os
céus, e a terra, e o mar, e a terra seca, faria tremer todas as nações, e viria
o Desejado de todas as nações e a casa seria cheia de glória.
- Vemos aqui, mais uma vez, na mensagem de Ageu, o entendimento de que
devemos tão somente fazer a vontade de Deus, sem olhar para as circunstâncias
nem para as aparências. Os mais velhos notavam que a construção era muito mais
modesta que o primeiro templo que havia sido construído por Salomão e, no seu
saudosismo, eram tentados a achar que todo o trabalho desenvolvido era em vão,
pois a glória da primeira casa não seria restaurada.
- No entanto, o Senhor levantou o profeta para mostrar que o que
importava era fazer a obra determinada por Deus. O que importava era atender ao
propósito do Senhor, até porque, ao contrário do que indicavam as aparências,
aquele templo teria maior glória do que o primeiro, pois seria nele que Jesus
haveria de entrar e desenvolver o Seu ministério.
- A mensagem do profeta, dirigida primeiramente aos mais velhos que
estavam sendo levados pela aparência da nova construção, ensina-nos, também,
que o saudosismo não é uma atitude que agrade a Deus e que contribua para a Sua
obra.
- Salomão é claro ao nos dizer: “Nunca digas: Por que foram os dias
passados melhores do que estes? Porque nunca com sabedoria isso perguntarias”
(Ec.7:10). Quando assim afirma o sábio, temos que o saudosismo, ou seja, “tendência,
gosto fundado na valorização demasiada do passado”, é uma atitude despida de
sabedoria e, portanto, que não se encontra amparada em Deus.
- Não devemos viver presos ao passado, pois devemos sempre nos lembrar
que Deus vive num eterno presente e que, portanto, devemos confiar na Sua
presença agora e que Ele é o mesmo, de sorte que tudo o que fez no passado,
também pode fazer agora e no futuro. Ademais, não se pode glorificar a Deus com
a memória, mas sim com um comportamento atual e persistente.
- Nos dias em que vivemos, em que se multiplica o pecado e onde existe
uma grande apostasia, somos tentados a nos tornar saudosistas, lembrando dos
tempos passados, quando havia menos escândalos, menos pecado, menos apostasia.
No entanto, esta atitude não pode ser tomada por quem crê em Deus
autenticamente. Devemos nos lembrar dos dias passados, mas esta lembrança deve
nos servir tão somente para confiarmos em Deus no presente e no futuro, para
sabermos que Deus não muda e que, portanto, em vez de chorarmos e lamentarmos,
passarmos a viver aqui e agora de modo a que glorifiquemos a Deus.
- Não era para os judeus ficarem a chorar a glória perdida do primeiro
templo, mas para continuarem e concluírem a edificar o segundo templo, crendo
que nele a glória de Deus seria maior do que a primeira, como, aliás, de fato,
foi. Enquanto ficamos parados, voltados ao passado, não podemos, de forma
alguma, cumprir a vontade de Deus em nossas vidas. Lembremos disto!
- Quando olhamos para o passado, observamos que Deus cumpre o Seu
compromisso com o Seu povo, mas, se ficarmos apenas olhando para o passado, não
poderemos jamais cumprir o nosso compromisso com Deus e era exatamente isto que
o Senhor queria que os judeus dos dias de Ageu fizessem e, por isso, mandou
esta segunda mensagem ao povo.
- Além do propósito de debelar a dubiedade de sentimentos no
meio do povo, esta segunda mensagem de Ageu tinha, ainda, o propósito de
notificar a Zorobabel, a Josué e ao povo que não deveriam ter medo, pois
era o Senhor quem faria tremer as nações e toda a face da Terra. Deus assim
falava porque sabia que os samaritanos, diante do reinício das obras, estavam
se dirigindo até o rei da Pérsia, com o intuito de fazer paralisar novamente as
obras.
- Com efeito, posteriormente à mensagem de Ageu, os samaritanos foram
ate Jerusalém para questionar o reinício da reconstrução (Ed.5:3), mas,
animados pela palavra do profeta, Zorobabel e Josué, desta feita, não
titubearam, disseram que estavam a cumprira ordem do rei Ciro II (Ed.5:11), o
que motivou os samaritanos a apelar para o rei Dario I (Ed.5:6-17), o qual
acabou por determinar não só que os samaritanos não interferissem na
reconstrução, como também que cooperassem com materiais para ela (Ed.6:1-13).
- A mensagem do profeta Ageu, também, menciona a “vinda do Desejado de
todas as nações”, passagem nas Escrituras que é muito discutida, porquanto
outros textos traduzem a expressão como “farei tremer todas as nações, as quais
trarão para cá os seus tesouros” (NVI) ou “abalarei todas as nações, então
afluirão as riquezas de todas as nações” (Bíblia de Jerusalém), ou, ainda,
“virão para cá as coisas preciosas de todas as nações” (Bíblia Hebraica), que
parece ser mesmo a melhor tradução para este texto.
- Assim, neste ponto, o profeta Ageu não estaria mencionando o Messias,
como se vê na Versão Almeida Revista e Corrigida, que repete aqui a tradução
feita pela Vulgata Latina, mas, sim, o fato de que Deus é o dono do ouro e da
prata e que, portanto, a falta das riquezas neste segundo templo em comparação
com o templo de Salomão não seria qualquer problema para que a glória de Deus
fosse maior neste segundo templo do que no primeiro, até porque viriam riquezas
de todas as nações para aquele templo, o que, realmente, ocorreu não só na
conclusão desta reconstrução, como se vê no relato de Esdras, por ordem de
Dario I, mas, também, na grande reforma iniciada por Herodes, o Grande neste
templo (Jo.2:20), que tornou o templo, uma vez, um fator de orgulho por parte dos
judeus (Mt.24:1), como que “preparando” o templo para o Senhor Jesus.
IV – A TERCEIRA
MENSAGEM DO PROFETA AGEU
- Pouco mais de dois meses depois, o Senhor trouxe nova mensagem ao povo
por intermédio do profeta Ageu, no vigésimo quarto dia do mês nono, o que, para
Edward Reese, se deu no dia 24 de dezembro de 521 a.C.
- Esta nova mensagem revela, uma vez mais, como o Senhor conhecia os
corações dos judeus e que desejava que houvesse uma real conversão, um real
empenho de todos na Sua obra. Se não mais havia vozes dissonantes com relação
ao propósito divino, se os saudosistas já não mais desanimavam o povo, nem por
isso o Senhor estava contente com o que via, apesar de a obra estar
prosseguindo.
- Deus não queria que houvesse apenas uma religiosidade formal, um
relacionamento apenas externo para com Deus. Era importante a reconstrução do
templo, era indispensável que o povo edificasse a casa do Senhor, mas, muito
mais importante do que isto, era que o povo fosse comprometido com Deus, que
tivesse um comportamento tal que não repetisse a superficialidade das gerações
anteriores ao cativeiro.
- Por isso, o Senhor levanta Ageu com o propósito de mostrar ao
povo que era necessário, além da reconstrução física do templo, a assunção de
um compromisso de santidade, de um compromisso de guardar a lei e de se manter
separado do pecado.
- Para tanto, mandou o Senhor que o profeta perguntasse aos sacerdotes
se se alguém levasse carne santa na aba do seu vestido e tocasse algo, este
algo seria considerado santo. Os sacerdotes, então, lhe responderam que não, o
toque de algo santo com alguma coisa não tornava esta coisa santificada
(Ag.2:111,12).
- Diante da resposta dada pelos sacerdotes, o Senhor mandou que Ageu
fizesse outra pergunta aos sacerdotes, no sentido de que se alguém que se
tivesse tornado impuro tocasse algo santo, se este algo se tornava impuro. E os
sacerdotes responderam que sim, que o toque de algo impuro com alguma coisa ou
alguém tornava aquele algo ou alguém impuro (Ag.2:13).
- Diante destas respostas dos sacerdotes, o profeta, então, entregou a
mensagem de Deus ao povo, qual seja, a de que o povo era considerado impuro
diante do Senhor, uma vez que haviam se misturado com o pecado, a ponto,
inclusive, de terem se tornado indiferentes às coisas de Deus. Deste modo, não
poderiam edificar a casa do Senhor naquela situação, enquanto não se
santificassem, enquanto não se purificassem. Só, assim, então, o Senhor
cessaria de lhes lançar as maldições previstas na lei e eles recuperariam a sua
prosperidade material (Ag.2:14-19).
- Nesta mensagem do profeta, vemos, com absoluta clareza, que não se
pode fazer a obra de Deus a contento se não se estiver em comunhão com Ele, se
não estivermos em santidade, pois somente assim as nossas ações externas serão
agradáveis ao Senhor.
- O povo, talvez, estivesse, diante do árduo trabalho de quase três
meses, perplexo diante de que não havia ocorrido quaisquer mudanças com relação
às circunstâncias adversas que o próprio Deus havia dito que era em decorrência
da indiferenças em relação à reconstrução do templo.
- Talvez muitos estivessem a dizer que, apesar do reinício da
reconstrução, não tinha havido chuva sobre a terra, nenhuma melhora havia se
verificado com relação às dificuldades vividas pelo povo que, além do mais,
estava a efetuar grandes despesas com a obra da reconstrução.
- O Senhor, então, manda o profeta dizer que as maldições eram
decorrência da vida pecaminosa que eles viviam, não apenas pela inércia de se
reiniciar a reconstrução da casa do Senhor. A falta de empenho na reconstrução
era tão somente uma consequência, um efeito da vida distante de Deus, da
ausência de santidade, não a causa. Assim, somente haveria retirada das
maldições quando o povo se reconciliasse com Deus, quando abandonasse o pecado,
quando se purificasse e se santificasse.
- É importante aqui verificarmos, também, que esta correspondência entre
a prosperidade material e a prosperidade espiritual não pode ser aplicada aos
nossos dias, pois estava umbilicalmente relacionada com a aliança firmada com
Deus no monte Sinai, com a lei de Moisés, algo que não mais vigora na
atualidade.
- Deste modo, não podemos, de forma alguma, usar esta passagem de Ageu
como uma “prova” de que, quando alguém está em comunhão com Deus, terá
“prosperidade material” ou de que a vida pecaminosa gera prejuízos
econômico-financeiros, como gostam de propalar os falsos pregadores da
“teologia da prosperidade”.
- É preciso entendermos que Ageu é um profeta levantado por Deus após o
cativeiro da Babilônia para fazer ver para o povo judeu que os compromissos
assumidos por Deus no monte Sinai estavam em pleno vigor e deveriam ser
cumpridos por Judá. Ademais, o próprio profeta disse que a glória da segunda
casa seria maior que a da primeira, a indicar, portanto, que o que hoje
vivemos, que é a graça trazida pelo Senhor Jesus, a razão de ser da glória
maior, é superior à lei e que, portanto, não mais estamos debaixo dos
parâmetros mencionados pelo profeta Ageu.
- A mensagem do profeta mostra ainda que o Senhor, na Sua presciência,
sabia que o povo iria mudar as suas atitudes, “aplicar o seu coração à
santidade” e que, portanto, a partir daquele dia, o Senhor passaria a abençoar
o povo.
- Em nossos dias, devemos ter a mesma atitude que foi tomada pelo povo,
ou seja, de “seguir a santificação”. Não para que tenhamos prosperidade
material, porque, em nossa dispensação, nem sempre ela virá.
- A santificação nos traz algo ainda mais excelente, algo muito
superior, que é a garantia de que veremos o Senhor (Hb.12:14), ou seja, que
desfrutaremos da Sua glória, quando do arrebatamento da Igreja (I Ts.4:17), o
objetivo e o anelo de todo aquele que serve a Cristo Jesus (I Jo.3:1,2), o
motivo pelo qual buscamos sempre nos manter em santidade (I Jo.3:3). Temos esta
esperança?
- Não há como sermos agradáveis a Deus, não há como servirmos
verdadeiramente ao Senhor se não estivermos em santidade, se não buscarmos a
santificação, condição “sine qua non” para que possamos pertencer ao povo de
Deus. Por isso, deve ser este um tema incessante e sempre presente em nossas
reuniões, em nossas meditações, em nossa vida espiritual.
- A terceira mensagem do profeta Ageu é atualíssima, pois mostra que não
pode haver povo comprometido, compromissado com o Senhor que não busque a
santificação, que não zele pela santidade, que não se mantenha empenhado em
viver separado do pecado. Quando vemos que tal assunto tem desaparecido de
nossos púlpitos, que tal zelo e preocupação têm sido rotulados por muitos de
“fanatismo”, “fundamentalismo”, “atraso”, vemos como tem se disseminado entre
nós a apostasia e o engano…
V – A QUARTA
MENSAGEM DO PROFETA AGEU
- Neste mesmo dia vinte e quatro do mês nono, que, segundo Edward Reese,
era o dia 24 de dezembro de 521 a.C., Deus trouxe ao profeta Ageu uma segunda
mensagem, que seria a sua quarta e última mensagem, mensagem esta,
desta feita, dirigida tão somente ao príncipe Zorobabel.
- Zorobabel era o príncipe de Judá, o governador dos judeus, mas que era
herdeiro presuntivo do trono de Judá, ou seja, era o legítimo descendente de
Davi, aquele que poderia ocupar o trono, mas que, ante as circunstâncias
políticas, era apenas um governador, que não tinha nem poderia ter qualquer
pretensão de reinar sobre os judeus, que se encontravam sob domínio persa.
- Era absolutamente natural que, diante das promessas trazidas por Ageu
ao povo, da retomada da consciência de que os judeus eram o povo de Deus e
deveriam estreitar seu relacionamento com o Senhor, que o príncipe indagasse o
Senhor a respeito da promessa messiânica, da promessa dada a Davi de que nunca
faltaria varão para reinar sobre Judá (II Sm.7:12-16), promessa esta que,
quando da inauguração do primeiro templo, foram lembradas por Salomão (I
Rs.8:25; II Cr.6:16).
- Conhecendo, então, o íntimo do coração do governador, o Senhor, firme
no Seu propósito de fazer ver ao povo judeu que os compromissos assumidos no
monte Sinai se mantinham em vigor, assim como as revelações subsequentes feitas
por intermédio dos profetas, renova a promessa da segunda mensagem, qual seja,
a de que faria tremer os céus e a terra, que derrubaria o trono dos reinos e
destruiria a força dos reinos das nações (Ag.2:21,22), ou seja, promete a
Zorobabel que o reino seria dado, sim, à casa de Davi, que o sistema mundial
gentílico que dominava sobre os judeus se dissiparia e que a promessa
messiânica se concretizaria.
- O Senhor afirma a Zorobabel que o havia escolhido, que ele era
o legítimo descendente de Davi, que a linhagem davídica não se perderia e
que ele seria feito como “anel de selar”, ou seja, como “sinal de um compromisso
assumido e irrevogável”. Zorobabel, embora não fosse rei, mantinha a linhagem
real, linhagem de onde viria o Messias, o Salvador, Aquele que reinaria não só
sobre Israel mas sobre todas as nações (Ag.2:23).
- Efetivamente, esta profecia de Ageu se cumpriu na medida em que vemos
que Zorobabel pertence à genealogia de Jesus Cristo (Mt.1:12), a demonstrar que
o Senhor realmente escolheu Zorobabel e confirmou nele a promessa messiânica
após o retorno do cativeiro da Babilônia.
- Vemos, portanto, que Deus, de Sua parte, sempre cumpre os compromissos
assumidos, mas, em contrapartida, exige que Seu povo seja um povo comprometido,
compromissado com Ele. É esta a profunda mensagem que Ageu nos deixa para os
nossos dias. Temos tido este compromisso com Deus?
This entry was posted on terça-feira, 11 de dezembro de 2012 at 10:19. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
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