Lição 9: Um lugar de adoração a Deus no deserto
Título
INTRODUÇÃO
- Prosseguindo o estudo do livro de Êxodo, estudaremos hoje a respeito do tabernáculo, cujo modelo é mostrado a Moisés entre os capítulos 25 a 31, descrição que é repetida quando da construção do tabernáculo entre os capítulos 35 e 40.
- A construção do tabernáculo tinha o objetivo de criar um lugar para habitação de Deus no meio de Israel.
I – DEUS DÁ A MOISÉS O MODELO DO TABERNÁCULO
- Após uma breve interrupção na sequência do livro de Êxodo para analisarmos a liderança de Moisés e seus auxiliares, retomamos o andamento do livro, com um dos pontos mais enfáticos deste livro, que é o da estrutura do tabernáculo, cujo modelo o Senhor deu a Moisés no monte Sinai, para onde o líder foi depois da promulgação solene da lei (Ex.24:16-18).
- Já vimos que, no monte Sinai, o Senhor deu ao povo a lei, uma forma de relacionamento inferior ao que Deus estabelecera com os patriarcas, tendo em vista a incredulidade do povo de Israel e a própria negativa de Israel em se aproximar do Senhor, aterrorizado que ficou com a manifestação teofânica ocorrida no monte (Ex.20:18-21).
- Diante desta situação, a lei foi dada por intermédio dos anjos a um medianeiro, ou seja, a Moisés (At.7:53; Gl.3:19), revelando-se, desta maneira, um distanciamento entre Deus e o povo, já que se tornou necessário que houvesse um novo concerto, onde a lei seria inscrita nos corações das pessoas (Jr.31:31-34).
- Diante deste distanciamento, tornou-se absolutamente indispensável que não só o Senhor fizesse a lei conhecida do povo de Israel, deixando-a registrada para que fosse observada pelas gerações seguintes, e daí termos a necessidade de a lei ser inscrita não só nas tábuas de pedra mas, também, num livro, que foi redigido por Moisés (a Torá, ou seja, a instrução do povo, que consiste nos cinco primeiros livros da Bíblia Sagrada).
- Mas este distanciamento, também, impunha que Deus, de algum modo, Se fizesse presente no meio do povo, que tivesse uma habitação, um local onde o povo pudesse sempre se lembrar que Deus estava no Seu meio, que, apesar do distanciamento promovido por Israel, Deus não os havia abandonado, estava ali, pronto a manter uma comunicação com o povo.
- Os planos de Deus não podem ser frustrados (Jó 42:2 ARA) e, portanto, como estava determinado que o povo serviria a Deus no monte Sinai (Ex.3:12), sendo este o sinal da libertação de Israel, imperioso, então, uma vez que o povo de Israel havia se recusado a subir ao monte, como havia sido estatuído por Deus a Moisés (Ex.19:13), que o próprio Deus viesse ao encontro do povo, num lugar especialmente construído para este fim.
- A determinação para a construção do tabernáculo já nos mostra, então, que Deus ama tanto o homem que, ante a impossibilidade de o homem ir ao encontro do Senhor, o próprio Senhor vem ao nosso encontro. Que Deus maravilhoso, que não leva em conta a nossa incapacidade, mas faz questão de construir uma comunhão com Sua criatura!
- Esta necessidade de ter Deus um lugar para estar no meio do povo era tão urgente que foi o assunto primeiro que Deus tratou com Moisés quando, sete dias após a promulgação da lei, mandou que o Seu servo subisse ao monte, onde ficou por quarenta dias e quarenta noites (Ex.24:18-25:1-8).
- Deus queria que se fizesse um santuário onde Ele habitaria no meio do povo, a fim de que se pudesse esperar o cumprimento da promessa de Abraão, que havia sido dada à sua posteridade, isto é, a Cristo (Gl.3:16).
- Deus queria que se fizesse um santuário onde Ele habitaria no meio do povo, a fim de que se pudesse esperar o cumprimento da promessa de Abraão, que havia sido dada à sua posteridade, isto é, a Cristo (Gl.3:16).
- De pronto, portanto, vemos que o tabernáculo foi instituído dentro da realidade da instauração da dispensação da lei e, portanto, não é algo que deva ser seguido, em termos de rituais e cerimônias, para a dispensação da graça, motivo pelo qual são absolutamente inadequadas e impróprias a adoção de liturgias baseadas no serviço do tabernáculo, como se tem visto em muitos lugares nos últimos dias, práticas que são judaizantes e que, mesmo que inconscientemente, representam um menosprezo à obra salvadora de Cristo na cruz do Calvário. Tomemos cuidado, amados irmãos, para não adotarmos tais práticas.
- Como o povo de Israel não tinha querido receber a lei em seus corações, fazia-se necessário que Deus Se fizesse conhecer ao povo através de um santuário, onde habitasse no meio do povo e, por isso, forneceu a Moisés o modelo deste santuário (Ex.25:9).
- Aqui também aprendemos uma preciosa lição, qual seja, a de que a adoração a Deus, o serviço ao Senhor deve ser feito conforme o modelo divino. Deus é o Senhor e, portanto, é Ele quem dita as regras de como se deve adorá-l’O. O homem não pode estabelecer fórmulas de adoração. É com preocupação que vemos, ultimamente, muitas “inovações” e “criações humanas” querendo ditar a liturgia, a forma de cultuar a Deus, algo totalmente despropositado. Deus foi bem claro a Moisés: “Conforme a tudo o que Eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus vasos, assim mesmo o fareis” (Ex.25:9). Temos seguido o modelo de culto a Deus que se encontra nas Escrituras? Pensemos nisto!
OBS: “…Nada foi deixado para sua própria invenção [de Moisés, observação nossa], ou para a imaginação dos trabalhadores, ou para o humor do povo, mas a vontade de Deus deveria ser religiosamente observada por todos particularmente. Portanto: 1. Todas as providências de Deus estão exatamente de acordo com Seus conselhos, e a cópia nunca varia do original. A Sabedoria Infinita jamais muda Suas medidas; seja o que for proposto será indubitavelmente executado. 2. Todas as suas ordenanças devem ser administradas de acordo com Suas instituições. A instrução de Cristo para os Seus discípulos é similar a esta: Guardem todas as coisas que Eu vos tenho mandado (Mt.28:20).” (HENRY, Matthew. Comentário completo sobre toda a Bíblia. Com. Ex.25:31-40. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry- complete/exodus/25.html Acesso em 03 jan. 2014) (tradução nossa de texto em inglês).
- Dentro deste pensamento, ademais, devemos aqui também atentar para o comentário de Matthew Henry, o grande comentarista bíblico, que a construção do tabernáculo também estava relacionada à escolha de Israel como propriedade peculiar de Deus dentre os povos. Como Israel havia sido escolhida para ser o reino sacerdotal, uma religião de acordo com este “status” deveria ser instituída. “…Como seu rei, Ele já lhes tinha dado leis para o governo deles mesmos, e suas condutas uns com os outros, com algumas regras gerais de adoração religiosa, de acordo com a luz da razão e a lei da natureza, nos dez mandamentos e nos comentários seguintes a respeito deles.
Mas isto não era pensado suficiente para os distinguir das outras nações, ou para responder à extensão da aliança com a qual Deus com eles para ser o Deus deles e, por conseguinte, I. Ele ordena que um palácio real deve ser edificado entre eles para Ele, aqui chamado um santuário, ou lugar santo, ou habitação, do qual é dito: um trono de glória, osto bem alto desde o princípio, é o lugar do nosso santuário (Jr.17:12).…” (Comentário completo sobre a Bíblia toda, com. Ex.25. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/exodus/25.html Acesso em 03 jan. 2014) (tradução nossa de texto em inglês).
- Moisés registra todas as instruções que teve da parte de Deus durante os quarenta dias e quarenta noites que esteve no Sinai e, posteriormente, registra como tudo foi construído. Parece haver aqui uma inútil repetição, ou, como querem os críticos bíblicos, uma repetição que significasse adulteração de textos ou comprovação de uma suposta autoria múltipla do livro de Êxodo. Nada disso, amados irmãos! Moisés apenas faz tal repetição para mostrar, de forma cabal, que o que ele recebeu no monte Sinai foi rigorosamente cumprido pelo povo, ou seja, que o modelo recebido correspondeu ao que foi efetuado e a prova disso é que, quando da inauguração do tabernáculo, a glória do Senhor se manifestou, aprovando a construção (Ex.40:34,35).
- O segredo para termos a manifestação da glória de Deus em nossas vidas, em nós mesmos, que somos o atual tabernáculo do Senhor (Hb.3:6), é estarmos prontos a atender ao modelo determinado por Deus, cumprirmos todo o propósito divino e, assim, se fizermos exatamente aquilo que Deus nos mandar, se atendermos ao que consta na Sua Palavra, a glória de Deus nos encherá e poderemos ser canais de manifestação desta glória a todos os homens, tornando-os, deste modo, o que Jesus quer que sejamos, ou seja, luz do mundo e sal da terra (Mt.5:13-16).
- Tanto não se tem uma “repetição de textos por alterações de redação”, como dizem os críticos bíblicos (que, na verdade, o que pretendem sempre é fazer o povo desacreditar que a Bíblia é a Palavra de Deus), que, quando da revelação do modelo no monte, o Senhor inicia pela arca (Ex.25:10-16), que era propriamente o lugar da presença de Deus no meio do povo, o centro de toda a construção, quando, no que toca à construção, a descrição começa pelas cortinas do tabernáculo, que era o que se primeiro via naquela edificação (Ex.36:8).
- Temos, deste modo, que a perspectiva da revelação começa do mais interior para o exterior, enquanto que a perspectiva da construção, da execução do que fora revelado, começa do exterior para o interior, mostrando que ambas as narrativas são complementares e atendem a diferentes propósitos, tudo proveniente daquele que Deus escolheu e inspirou para registrar o ocorrido, o Seu servo. Moisés.
- Muito se discute, também, se o modelo dado a Moisés seria a cópia de um santuário celestial, ou seja, Moisés reproduziria, na Terra, um santuário que existe no céu, pensamento este que se encontra fortalecido pelo que diz o escritor aos hebreus em Hb.9:12, onde se diz que o Senhor entrou no santuário, que está no céu (Hb.9:24).
- “…Em termos gerais, o autor sagrado [o escritor aos hebreus, observação nossa] faz diversas menções nesta epístola [Hebreus, observação nossa] a dois santuários: um terreno (o Tabernáculo feito no deserto) e o outro, celestial (…). Os judeus tinham uma concepção de que as coisas terrenas tinham o seu paralelo nos céus (Hb.8:5; 9:23, o texto em foco). Assim, o Tabernáculo, cujo modelo Deus mostrara a Moisés e fora construído no deserto, era uma cópia do Tabernáculo celestial (9:11), o mesmo acontecendo com a Arca e todos os outros utensílios ligados ao Tabernáculo. Em Apocalipse 11:19 são descritos no céu tanto a Arca do Concerto como o templo…” (SILVA, Severino Pedro da. Epístola aos hebreus: as coisas novas e grandes que Deus preparou para você, pp.151, 172-3).
- Como lugar de habitação para Deus no meio do povo de Israel, o tabernáculo tinha, mesmo, de trazer sombras, figuras daquilo que existia no céu, na habitação de Deus (II Cr.6:21; Ec.5:2). Deus não Se encontraria apenas no tabernáculo, pois nem os céus dos céus podem contê-lo (II Cr.6:18), mas ali haveria uma lembrança tanto d’Ele quanto do ambiente onde está em toda a Sua glória e majestade.
- Entretanto, quando Cristo entrou no santuário, através do Seu sacrifício vicário na cruz do Calvário, não havia mais a necessidade de se ter esta réplica terrestre do santuário, pois o mesmo Jesus pode vir habitar em nós, vez que tirado o pecado do mundo, e, por isso, nós mesmos podemos nos constituir em casa de Deus (Hb.3:6), passando a ser templos do Espírito Santo (I Co.6:19), motivo por que não há mais qualquer necessidade de seguirmos a liturgia e a própria estruturação estatuída por Deus até que viesse o Senhor, até que viesse a posteridade de Abraão.
- Agora, por Cristo Jesus, podemos entrar no santuário celestial, por intermédio de nossas orações (Ap.8:3), como explica o próprio escritor aos hebreus em Hb.10:19-23. “…em relação aos crentes, eles têm um grande Sumo Sacerdote que permanece para sempre, ministrando uma verdadeira casa — que é a sua igreja — e num verdadeiro santuário — que é o céu —, casa esta e santuário este que jamais serão destruídos.…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., pp.194-5).
II – A ESTRUTURA DO TABERNÁCULO
- Conforme já dissemos, o Senhor mostra a Moisés o modelo do tabernáculo iniciando pela arca, que era o mais importante utensílio do tabernáculo, o local onde se teria propriamente a presença de Deus no meio do povo de Israel. No entanto, para fins didáticos, falaremos da estrutura do tabernáculo a partir da perspectiva da sua aparência visível, que é a perspectiva adotada na descrição e narrativa da sua construção pelo povo.
- O tabernáculo, além de ser modelo do santuário celestial, também nos aponta para Cristo, que, aliás, era o objetivo de toda a lei: preparar Israel para Jesus. O próprio Jesus o disse quando se comparou com o próprio templo que, derribado, seria reconstruído em três dias (Jo.2:19-21), afirmação esta que foi o núcleo mesmo da acusação que levou à Sua condenação pelo Sinédrio (Mt.26:61).
- Assim, um estudo a respeito do tabernáculo traz preciosíssimas lições a respeito de Cristo e de Sua obra redentora. À evidência que, num espaço de uma lição, não temos condição de nos aprofundar em tão glorioso estudo que, lembramos nós, foi objeto de todo um trimestre quando éramos adolescentes, mas, ainda que de forma sucinta, poderemos falar aqui do tabernáculo e de como ele nos fala de Cristo Jesus.
- Por primeiro, é interessante observar que o tabernáculo era dotado de três partes bem delineadas: a primeira, denominada de pátio; a segunda, de lugar santo e a terceira, de santo dos santos ou lugar santíssimo.
- Esta tríplice estrutura já nos fala a respeito de Jesus Cristo que, ao Se fazer homem, veio ao mundo como todo ser humano, em três partes: corpo, alma e espírito. A tricotomia do ser humano é retratada no tabernáculo: o pátio, que era a parte que mantinha contato com o exterior do tabernáculo, corresponde ao corpo, que é a parte do ser humano que tem contato com o mundo exterior.
- Já o lugar santo, onde somente entravam os sacerdotes, que não tinha contato com o exterior, pois ficava oculto a todos (ao contrário do pátio que, embora fosse coberto, tinha colunas que sustentavam as cortinas que faziam a separação do pátio do exterior – Ex.27:9-19) fala-nos da alma do homem, do seu lado interior, onde estão seus sentimentos, pensamentos e vontade.
- Por fim, o lugar santíssimo fala-nos do espírito do homem, este canal de comunicação entre o homem e Deus, onde Deus estava, onde a glória de Deus Se manifestava. É no espírito que Deus vem habitar no homem, trazendo-lhe a glória. Neste lugar, somente podia entrar o sumo sacerdote e apenas uma vez ao ano, por ocasião do dia da expiação.
- A própria estrutura do tabernáculo aponta-nos, portanto, para o homem perfeito, para Cristo Jesus, o Santo, o Filho de Deus (Lc.1:35), Aquele que é o último Adão em espírito vivificante (I Co.15:45), o homem que é a imagem e semelhança de Deus, o modelo de todos quantos crerem em Seu nome.Aleluia!
- O tabernáculo, ainda, mostra-nos a necessidade da santidade para que se possa ter a glória e presença de Deus. O pátio era separado do restante do arraial de Israel por cortinas, que delimitavam o espaço sagrado. Não há como servirmos a Deus, adorarmo-l’O senão nos separarmos do mundo, se não fizermos distinção entre o que é sagrado e o que é profano.
- A partir do pátio, havia separação entre o tabernáculo e o restante do arraial, a nos indicar que todo o nosso ser, a partir de nosso corpo (que, como vimos, é representado pelo próprio pátio), deve se separar para Deus e se separar do pecado (Rm.6:19; I Co.6:20; I Ts.5:23).
- A estrutura do tabernáculo, também, fala-nos da precariedade que havia no relacionamento de Deus com Israel enquanto não se cumprisse a promessa de Abraão. Se o pátio poderia ser frequentado por todos os israelitas e até por alguns gentios, como era o caso dos edomitas e egípcios da terceira geração que habitassem entre os israelitas (Dt.23:8), o lugar santo somente poderia ser frequentado pelos sacerdotes e o lugar santíssimo, somente uma vez ao ano, no dia da expiação. Havia dois véus que separavam o povo: um que o impedia de entrar no lugar santo e outro, que separava o lugar santo do lugar santíssimo.
- Isto indicava que o acesso a Deus estava restrito, que se impedia que o homem chegasse à presença de Deus e isto por causa do pecado. O tabernáculo mostrava claramente que havia separação entre Deus e os homens em virtude do pecado (Is.59:2). A lei não conseguia retirar esta separação, que o próprio povo de Israel havia sentido quando se retirou e não quis ir à presença do Senhor.
- O sangue dos animais, que era derramado para se permitir um contato com Deus, não era capaz de suprimir esta divisão. O sangue dos animais era derramado no altar dos sacrifícios e, mediante este sangue, os sacerdotes podiam entrar no lugar santo, para oferecer incenso, pôr os pães da proposição e manter aceso o candelabro de ouro, como também, mediante este sangue derramado, o sumo sacerdote podia entrar no lugar santíssimo, uma vez ao ano, e aspergir o sangue sobre a tampa da arca, o propiciatório de ouro, mas este sangue não podia desfazer os véus.
- Somente quando Jesus Cristo morreu na cruz do Calvário, é que o véu foi rasgado de alto a baixo, permitindo, assim, livre entrada dos homens na presença de Deus. “…Este véu era a cortina que separava o Lugar Santo do Santíssimo. Era chamado de ‘véu interior’ e se tornou símbolo do corpo de Cristo, que foi rasgado pelo malho da ira divina, mediante o qual nos foi concedido acesso a Deus. O véu natural, instalado no Santuário terrestre, foi rasgado por mãos invisíveis de Deus, quando da morte de Jesus na cruz, tendo cumprido sua missão (Mt.27:51). As mãos divinas fizeram do véu duas partes, cortando-o de alto a baixo, indicando que a salvação partia diretamente de Deus em relação ao homem(…). Agora, o homem podia chegar-se a Deus ‘pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou’ pelo véu, isto é, por meio de Cristo.…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.193).
- Os materiais de que o tabernáculo foi feito também nos falam de Cristo. A parte externa do tabernáculo, as suas cortinas que faziam a cobertura do lugar santo eram de pelos de cabras (Ex.26:7), de peles de carneiro, tintas de vermelho e de peles de teixugo em cima (Ex.26:14). Visto de fora, portanto, o tabernáculo não tinha qualquer formosura, aparentava ser algo rústico. Assim, também, o Senhor Jesus que era alguém sem aparência, nem formosura (Is.53:2), quando considerado exteriormente, mas que, interiormente, tinha a plenitude da divindade (Cl.1:19).
- Assim também, interiormente, no tabernáculo, vemos que os utensílios eram revestidos de ouro puro, tais como a arca (Ex.25:11), a mesa dos pães da proposição (Ex.25:24) e o altar do incenso (Ex.30:3), quando não eram eles próprios de ouro puro, como o propiciatório (Ex.25:17), a lâmina que ficava na testa do sumo sacerdote (Ex.28:36) e o candelabro que ficava no lugar santo (Ex.37:17). O ouro revela a divindade e aponta para a própria divindade de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
- Por isso, aliás, alguns dos utensílios do tabernáculo eram de madeira e revestidos de ouro, como a arca, a mesa dos pães da proposição e o altar do incenso, a revelarem a dupla natureza de Jesus: divina e humana. A madeira simboliza a humanidade de Cristo que, para efetuar Sua obra redentora, fez-Se carne e habitou entre nós (Jo.1:14), enquanto que o ouro faz referência à Sua divindade, o Verbo Eterno de Deus (Jo.1:1).
- Mas, além de madeira e de ouro, havia peças do tabernáculo que foram feitas de cobre (ou bronze, em algumas versões) ou revestidas de cobre, tais como o altar de sacrifícios (Ex.27:1), as varas que o levavam (Ex.27:6), a pia onde os sacerdotes se lavavam antes de entrar no lugar santo (Ex.30:18) e os colchetes que uniam as laçadas da cortina para darem uma unidade à tenda (Ex.26:11).
- O cobre fala-nos do julgamento necessário do pecado para que tenhamos comunhão com Deus. Observemos que as peças de cobre estão preponderantemente ligadas ao altar de sacrifícios, ou seja, ao indispensável derramamento de sangue para que se tenha a remissão, o perdão dos pecados (Hb.9:22), o pagamento do preço dos nossos pecados que foi o sangue de Jesus Cristo (I Pe.2:18,19).
- Outro material utilizado para a construção do tabernáculo foi a prata, com que foram feitas as bases que uniam as tábuas do tabernáculo (Ex.26:19) e as faixas das cortinas do tabernáculo (Ex.27:10). A prata simboliza a redenção, a necessidade do resgate da alma por Jesus Cristo, pois as almas eram resgatadas em Israel mediante o pagamento de um siclo de prata (Ex.30:11-16). OBS: “…A fundação da adoração de Israel foi redenção! O lugar de habitação do Senhor seu Deus foi fundada na expiação! Todas as bordas da madeira incorruptível e do ouro precioso estavam sobre o preço da redenção! As cortinas de linho fino, o véu de acabamento incomparável e a estrutura inteira eram sustentados por nada mais, nada menos que uma massa sólida de prata que tinha sido paga como dinheiro de redenção pelo povo!…” (SPURGEON, Charles. Os colchetes de prata – redenção, o fundamento! Sermão pregado na manhã de 30 jan. 1881, p.3. Disponível em: http://www.spurgeongems.org/vols25-27/chs1581.pdf Acesso em 03 jan. 2014) (tradução nossa de texto em inglês).
- Para sermos um verdadeiro e genuíno templo do Espírito Santo, portanto, precisamos revestir-nos da presença divina, que é o que simboliza o ouro que se encontra, em abundância, no interior do tabernáculo. É indispensável que nos revistamos da presença divina, que deixemos o Senhor entrar em nós, fazer em nós morada, que nos revistamos do poder de Deus. Por isso, precisamos guardar a Sua Palavra (Jo.14:17,23,24) e buscar o batismo com o Espírito Santo (At.1:8), pois só assim teremos em nós mesmos o “ouro puro”, a divindade de nosso Criador, que nos faz, assim, participantes de Sua natureza (II Pe.1:4).
- Para sermos um verdadeiro e genuíno templo do Espírito Santo, precisamos ser resgatados por Cristo Jesus de nossa vã maneira de viver, pelo Seu sangue vertido na cruz do Calvário (I Pe.1:18), tendo, assim, a prata em nosso interior, resgate este que não nos permite mais viver sob a escravidão do pecado, pois passamos da morte para a vida(Jo.5:24), passamos a ser novas criaturas (II Co.5:17). Portanto, não vivemos mais para pecar, mas para vivermos separados do pecado (Rm.6:1,2).
- Para sermos um verdadeiro e genuíno templo do Espírito Santo, temos de estar bem conscientes do alto preço que Jesus pagou por nós na cruz do Calvário e que, por isso mesmo, devemos sempre nos manter fiéis ao Senhor, pois não se pode pisar no sangue de Jesus impunemente (Hb.10:26-31). Em nós, devemos ter o cobre, que nos lembra do julgamento divino, inclusive para que realizemos boas obras, que serão julgadas no Tribunal de Cristo (Rm.14:10; II Co.5:10).
- Por fim, é importante observarmos que o tabernáculo era móvel, podia ser removido de um lugar para o outro, pois o povo de Israel estava caminhando para a terra de Canaã. Era o lugar onde Deus habitaria no meio do povo, mas esta habitação apontava, na sua mobilidade, para uma realidade: o descanso do povo não era o deserto, não era este o seu lugar. Ele estava ali apenas de passagem, seu destino era a Terra Prometida.
- A habitação de Deus conosco, em nosso ser, é apenas uma passagem. Chegará o dia em que haverá a nossa completa redenção e, então, entraremos no lugar definitivo, na Canaã celestial, no lugar que Jesus nos foi preparar e para onde Ele nos levará (Jo.14:1-3). Desfrutemos da presença do Senhor aqui, é ela importantíssima e necessária para nós, mas nunca nos esqueçamos de que ela somente será completa quando chegar aquele dia que tanto almejamos, quando receberemos um corpo glorificado (I Co.15:49-58) e atingiremos o nosso destino, a razão de ser da nossa salvação.Aleluia!
III – O PÁTIO
- Tendo visto, ainda que sucintamente, a estrutura geral do tabernáculo, detenhamo-nos, em igual grau de resumo, sobre os elementos principais do tabernáculo, a fim de neles verificarmos preciosas lições que nos apontam para Cristo Jesus, que era o propósito da lei, ser um aio que conduzisse ao Senhor Jesus (Gl.3:24).
- Comecemos pelo pátio, a parte mais externa do tabernáculo, cercado de cortinas e que, na porta, tinha uma coberta (Ex.27:16).
- Neste pátio, conforme já vimos supra, podiam entrar todos os israelitas e até alguns gentios, desde que fossem fisicamente perfeitos, visto que os “quebrados de quebradura”, ou seja, como se diz na Nova Versão Internacional, “os que tinham os testículos esmagados”, bem como os “castrados”, tinham sua entrada proibida (Dt.23:1), como também os bastardos, ou seja, os filhos ilegítimos, assim como os amonitas e os moabitas (Dt.23:2,3).
- Neste pátio, conforme já vimos supra, podiam entrar todos os israelitas e até alguns gentios, desde que fossem fisicamente perfeitos, visto que os “quebrados de quebradura”, ou seja, como se diz na Nova Versão Internacional, “os que tinham os testículos esmagados”, bem como os “castrados”, tinham sua entrada proibida (Dt.23:1), como também os bastardos, ou seja, os filhos ilegítimos, assim como os amonitas e os moabitas (Dt.23:2,3).
- Apesar destas restrições, temos aqui um convite ao povo de Deus para que ingressasse na presença de Deus. Deus queria que os homens viessem ao seu encontro. É interessante que, no pátio, na sua entrada, não existia uma porta que permanecesse fechada durante algumas horas do dia, impedindo a entrada do povo. Não, não e não! Havia um convite para que os homens viessem à presença de Deus.
- Deus quer vir ao encontro do homem, por isso o Senhor Jesus é chamado de Emanuel, ou seja, Deus conosco (Mt.1:23). Ele veio ao mundo para se encontrar com o homem e a maior dádiva que temos é que Ele providenciou este encontro de Deus com o homem. Por isso, muito propriamente, o ex-chefe da Igreja Romana, Bento XVI, em uma de suas encíclicas, bem afirmou que “…Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo.…” (Deus caritas est, n.1. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20051225_deus-caritas-est_po.html Acesso em 02 jan. 2014). Em Cristo, aliás, as restrições da lei foram retiradas, pois Ele “…de ambos os povos fez um e, derribando a parede de separação que estava no meio, na Sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em Si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades” (Ef.2:14-16).
- “…Estas quatro colunas representam ou falam da oportunidade para todos, pois o número quatro está sempre relacionado com a plenitude da Terra. Todos têm oportunidade de entrar no Santuário (Mateus 24:31; João 3:16)…” (ALMEIDA, Abraão de. O tabernáculo e a Igreja, p.15).
- O pátio era cercado de cortinas de linho fino torcido, com comprimento de cem côvados, com vinte colunas e bases de cobre, com colchetes e faixas de prata (Ex.27:9,10).
- As cortinas de linho fino torcido falam da justiça divina e da necessidade de aqueles que se chegarem a Deus também serem justificados, a fim de que possam entrar em comunhão com Deus (Ap.19:8). Não é por outro motivo que os justos são sempre descritos no texto sagrado como tendo vestes brancas, vestes de linho (Ap.3:4,5; 7:13,14; 22:14). Por isso, através do profeta Isaías, o Senhor convidava o povo a lavar as suas vestes espirituais, para que fossem mais alvas do que a neve (Is.1:17,18).
- O pátio era cercado de cortinas de linho fino torcido, com comprimento de cem côvados, com vinte colunas e bases de cobre, com colchetes e faixas de prata (Ex.27:9,10).
- As cortinas de linho fino torcido falam da justiça divina e da necessidade de aqueles que se chegarem a Deus também serem justificados, a fim de que possam entrar em comunhão com Deus (Ap.19:8). Não é por outro motivo que os justos são sempre descritos no texto sagrado como tendo vestes brancas, vestes de linho (Ap.3:4,5; 7:13,14; 22:14). Por isso, através do profeta Isaías, o Senhor convidava o povo a lavar as suas vestes espirituais, para que fossem mais alvas do que a neve (Is.1:17,18).
- Estas cortinas tinham colunas e bases de cobre e os colchetes das colunas e suas faixas eram de prata, a nos mostrar que a justificação tem como base o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário, o juízo estabelecido por Deus para a nossa redenção, sacrifício que efetivamente resgatou o pecador, o que nos é indicado pelos colchetes e faixas de prata. A base da justificação do homem está no sacrifício de Jesus, no derramamento do Seu sangue.
- A coberta da porta do pátio (porta aqui no sentido de entrada, pois não havia uma porta de madeira ou de metal na entrada do tabernáculo) era de azul, púrpura, carmesim e linho. “…Os quatro véus que cobrem as quatro colunas de entrada na tenda., por suas cores significativas, apontam-nos os quatro Evangelhos, pela ordem que estes aparecem em o Novo Testamento.(…) a púrpura – essa cor se relaciona com a realeza e aponta para o Evangelho segundo Mateus (…); o carmesim. O Evangelho segundo Marcos está relacionado com a cor carmesim, ou seja, como sangue, que aponta para o servo sofredor, para o Messias na cruz (…) linho branco. No Evangelho segundo Lucas, temos o linho branco apontando para o homem perfeito, para o caráter justo de Deus.(…). azul, Finalmente chegamos à cortina azul, e essa cor indica sempre o Céu ou aquilo que é celeste. Vemos em João o Evangelho do Filho de Deus.…” (ALMEIDA, Abraão de.op.cit., pp.15-6).
- Isto nos mostra que a entrada à presença de Deus se dá pelo Evangelho, esta boa-nova de salvação que a Igreja tem de pregar para que os homens alcancem a redenção, retornem à comunhão com Deus. Somente o Evangelho leva o homem até Cristo e não há um genuíno e verdadeiro Evangelho que não leve ao Senhor Jesus. É esta a mensagem que a Igreja deve levar ao mundo, abrindo-lhe a porta da salvação.
- Para entrar no pátio, o israelita deveria confiar em Deus, crer que Ele poderia “cobrir” o seu pecado, crer que o Senhor queria ter comunhão com o israelita, apesar de ele ser um pecador. É a fé que nos dá entrada na graça de Deus (Rm.5:2), sem ela é impossível agradar a Deus (Hb.11:6).
- No pátio, encontrava-se o altar de sacrifícios, também chamado de “altar de cobre”, onde eram feitos os sacrifícios que o povo trazia, seja por causa dos pecados, seja em gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas (as chamadas “ofertas de paz” ou “sacrifícios pacíficos”). A entrada no pátio se dava com o fim de se levar sacrifícios a Deus, a mostrar ao povo a necessidade de se ter derramamento de sangue para que se pudesse ter comunhão com Deus.
- Quando o povo trazia sacrifícios por causa dos pecados, tinha consciência que o sangue dos animais que era derramado tão somente servia para “cobrir” os pecados do povo (Sl.32:1). Havia a nítida consciência de que os sacrifícios eram um paliativo, algo que deveria ser aperfeiçoado futuramente. Não se pode, portanto, admitir que pessoas tenham, na atual dispensação, interesse em resgatar cerimônias e práticas da lei, já que os próprios israelitas tinham consciência da precariedade de tal sistemática com vistas à redenção da humanidade.
- O altar era acessível a todos os israelitas, já que se encontrava situado no pátio, mostrando-nos, portanto, que o sacrifício de Cristo Jesus, que era simbolizado por todos os sacrifícios ali realizados, está também à disposição de tantos quantos tenham se arrependido de seus pecados.
- O altar era de madeira, sendo revestido de cobre (Ex.27:1,2), a nos mostrar que Jesus Cristo teria de Se humanizar para dar a Sua vida por nós, tomando sobre Si o castigo que nos traz a paz (Is.53:5). Ele Se fez pecado por nós, para que fôssemos feitos justiça de Deus (II Co.5:21).Somos justificados pela fé em Cristo e em Seu sacrifício e, por isso, entramos em comunhão com Deus (Rm.5:1).
- O altar era de madeira, sendo revestido de cobre (Ex.27:1,2), a nos mostrar que Jesus Cristo teria de Se humanizar para dar a Sua vida por nós, tomando sobre Si o castigo que nos traz a paz (Is.53:5). Ele Se fez pecado por nós, para que fôssemos feitos justiça de Deus (II Co.5:21).Somos justificados pela fé em Cristo e em Seu sacrifício e, por isso, entramos em comunhão com Deus (Rm.5:1).
- Todos os utensílios acessórios ao altar de sacrifícios eram feitos de cobre (Ex.27:3,6), para reforçar esta ideia do juízo divino sobre o pecado da humanidade na pessoa de Jesus Cristo.
- O altar tinha quatro pontas e cada ponta era um chifre Estas pontas eram ungidas com o sangue do animal que era sacrificado (Lv.4:30). “…Isto nos diz que o sangue de Jesus fez expiação por todos e que esse sangue é poderoso. Chifres, ou pontas, na Bíblia, indicam sempre autoridade…” (ALMEIDA, Abraão de.op.cit., p.55).
- Entrando no pátio mediante a fé, o israelita levava o animal para ser sacrificado no altar de cobre, a nos mostrar que somente entramos em comunhão com Deus pelo sacrifício de Cristo na cruz do Calvário. Este altar é figura da cruz de Cristo, onde o Cordeiro de Deus foi imolado por nós. Como afirma o poeta sacro traduzido/adaptado por Paulo Leivas Macalão: “Vejo um homem na cruz pendurado, a derramar sangue por meu pecado, é o Cordeiro de Deus imolado, que por mim sofre grandíssima dor. Quanto padece na cruz, no altar, Cristo Jesus, meu bom Salvador, para fazer-me um tesouro herdar no santo reino do Senhor! (…). Sobre o altar, por mim Cristo subiu, oferecendo holocausto de amor; qual um cordeiro na cruz sucumbiu, Cristo Jesus, meu Salvador.” (primeira estrofe e parte da quarta estrofe do hino 381 da Harpa Cristã).
- Ainda no pátio, temos outra peça, que é a pia de cobre, que ficava entre o altar e o lugar santo, do lado de fora da tenda, como era chamada a parte totalmente coberta e invisível para quem ficava do lado de fora do tabernáculo (Ex.30:18).
- Esta pia tinha a função de permitir que os sacerdotes se lavassem antes de entrar no lugar santo. A pia sempre estava cheia de água, para permitir esta lavagem. Nela, os sacerdotes deveriam lavar seus pés e suas mãos (Ex.30:19), antes de entrarem no lugar santo, ou então, quando fossem chegar ao altar para ministrar, para acender oferta queimada ao Senhor e isto deviam fazer para que não morressem (Ex.30:20,21).
- Esta pia de cobre cheia de água fala-nos da necessidade que se tem de se santificar para poder ter acesso à presença de Deus. Não basta ter os seus pecados perdoados, através do sangue de Jesus Cristo (I Jo.1:7), mas é fundamental que nos mantenhamos, depois de perdoados, com as nossas vestes limpas, isto é, que nos mantenhamos separados do pecado, o que ocorre mediante a santificação.
- O Senhor Jesus, em Seu diálogo com Nicodemos, foi bem claro ao dizer àquele príncipe dos judeus que não se pode entrar no reino de Deus se não se nascer da água e do Espírito (Jo.3:5). A água, presente na pia de cobre, fala-nos da Palavra de Deus (Ef.5:26), pela qual alcançamos a santificação (Jo.17:17).
- Os sacerdotes deveriam frequente e continuamente se lavar com a água da pia de cobre, devendo fazê-lo sempre que fossem ministrar no altar de sacrifícios ou entrar no lugar santo. Devemos ter uma vida de contínua santificação, mantendo as nossas vestes sem qualquer contaminação, pois só assim poderão andar com o Senhor aqui e, por conseguinte, entrar na cidade celestial (Ap.3:4).
- Todo salvo em Cristo Jesus é sacerdote (Ap.1:6) e, por conseguinte, deve sempre estar se lavando na pia de cobre, santificando-se na Palavra de Deus, não sendo ouvinte esquecido mas praticante do que está nas Escrituras (Tg.1:21-25). Sem a santificação, ninguém verá o Senhor (Hb.12:14).
- A pia era de cobre, a indicar, portanto, o julgamento divino. Por isso era dito que os sacerdotes que não se lavassem seriam mortos por causa desta transgressão. Quem não se santificar, não poderá ver o Senhor como Redentor, enfrentando-o apenas como juiz no terrível juízo do trono branco.Tomemos cuidado, amados irmãos!
- A pia era de cobre, a indicar, portanto, o julgamento divino. Por isso era dito que os sacerdotes que não se lavassem seriam mortos por causa desta transgressão. Quem não se santificar, não poderá ver o Senhor como Redentor, enfrentando-o apenas como juiz no terrível juízo do trono branco.Tomemos cuidado, amados irmãos!
IV – O LUGAR SANTO
- O lugar santo era o primeiro compartimento da “tenda da congregação”, como era conhecida a parte totalmente coberta e oculta aos olhos do povo, que ficava no centro do pátio. Ele era separado do pátio por um véu, o primeiro véu.
- Neste lugar, somente podiam entrar os sacerdotes, depois de devidamente purificados pela lavagem da água na pia de cobre. Na porta da tenda, havia uma coberta de azul, púrpura, carmesim e de linho fino torcido, com cinco colinas de madeira cobertas de ouro, cujos colchetes eram de ouro e com cinco bases de cobre (Ex.26:36,37).
- Já vimos que este tipo de coberta, que também se encontra na porta do pátio, aponta para o Evangelho. Se, na porta do pátio, o Evangelho trazia o convite para entrada no caminho em direção a Deus, que levava ao altar do sacrifício, aqui, a entrada é para que se possa ministrar diante de Deus, é um convite para um aprofundamento na vida espiritual, mediante a entrada no reino de Deus, pelo nascimento da água e do Espírito.
- A cobertura possuía as já mencionadas peles de animais, que, como vimos, mostra a aparência externa simples e sem relevância de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. As peles de teixugo, as mais externas, demonstram esta falta de parecer e de formosura de Nosso Senhor e nos mostra que a vida de santidade não se apresenta exteriormente, mas, sim, é algo que deva ser notado de dentro para fora, inclusive pelos que nos cercam. OBS: “…o lado de fora do tabernáculo era rude e bruto, a beleza dele estava nas cortinas internas. Aqueles em que Deus habita devem trabalhar para ser melhor do que parecem ser. Os hipócritas põem o lado melhor no lado de fora, como sepulcros caiados, mas a filha do rei é toda ilustre dentro (Sl.45:13); aos olhos do mundo, morena como as tendas de Quedar, mas, aos olhos de Deus, agradável como as cortinas de Salomão, Ct.1:5. Que nosso enfeite seja o homem encoberto no coração, que é o que Deus valoriza, I Pe.3:4…” (HENRY, Matthew. op.cit. Com. Ex.26:7-14. end. cit.) (tradução nossa de texto em inglês).
- As peles de carneiro tintas de vermelho falam-nos da expiação de Cristo Jesus, tipificando o sangue derramado na cruz do Calvário, base de nossa santificação. Somente por ter Cristo morrido por nós é que passamos à condição de santos (I Co.1:2), a nossa santificação posicional, que deve ser mantida a cada dia, na chamada santificação progressiva (Ap.22:11).
- Os pelos de cabra não tingidos falam-nos da justiça de Cristo, da sua inocência, da Sua vida santa, sem qualquer pecado. Por isso, Ele pode nos santificar, pois viveu sem pecado por este mundo (Jo.8:46; Hb.4:15).
- As cortinas de linho fino torcido, bordados com azul, falam-nos do caráter celestial de Cristo, de onde Ele veio e para onde Ele vai nos levar (Jo.3:13; 14:1-3). A santificação é um requisito para podermos entrar no céu.
- Após termos sido perdoados pelo Senhor e santificados, o Senhor quer que nos envolvamos mais com Ele, que entremos no lugar santo, que saiamos da luz natural, que iluminava o pátio, para irmos a um lugar que somente era iluminado pela luz do candelabro, pois o lugar santo não tinha janelas, era totalmente iluminado pelas lâmpadas do candelabro, que é uma das peças que havia ali no lugar santo. Pro estarmos salvos, temos nossa vida escondida com Cristo em Deus (Cl.3:3).
- O lugar santo era um lugar onde os sacerdotes entravam única e exclusivamente para ministrar, para servir. A vida de santificação leva-nos ao serviço e o serviço somente é realizado porque, além da fé, que nos fez entrar no pátio e nos levou ao perdão dos pecados, gozamos agora de outra virtude, que é a esperança (Rm.5:4), esperança que nos advém depois de uma caminhada espiritual, que nos levou da tribulação até ela (Rm.5:3,4).
- No lugar santo, havia três peças. A primeira era a mesa dos pães da proposição. Esta mesa era de madeira, revestida de ouro puro (Ex.25:23,24), a nos indicar Jesus Cristo, em Sua dupla natureza, divina e humana. Esta mesa era posta ali para servir de apoio tanto aos pães da proposição (Ex.25:30), como também para o castiçal ou candelabro de ouro puro (Ex.25:30).
- No lugar santo, havia três peças. A primeira era a mesa dos pães da proposição. Esta mesa era de madeira, revestida de ouro puro (Ex.25:23,24), a nos indicar Jesus Cristo, em Sua dupla natureza, divina e humana. Esta mesa era posta ali para servir de apoio tanto aos pães da proposição (Ex.25:30), como também para o castiçal ou candelabro de ouro puro (Ex.25:30).
- Jesus mesmo Se identificou como sendo o pão da vida (Jo.6:35). A mesa servia de local para que os pães da proposição fossem ali postos, pães que era trocados todos os sábados, em número de doze, representando as doze tribos de Israel. Jesus é o alimento perene e que satisfaz plenamente o Seu povo. Quem tem a Cristo como Seu alimento jamais terá fome espiritual.
- “…No palácio real, foi estabelecido que deveria haver uma mesa real. Alguns entendem que os doze pães representam as doze tribos, postos diante de Deus como Seu povo e o trigo da Sua eira, como eles são chamados, Is.21:10. Como a arca significava a presença de Deus com eles, os doze pães significavam a presença do povo diante de Deus.…” (HENRY, Matthew. Comentário completo sobre toda a Bíblia. Com. Ex.25:23-30. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/exodus/25.html Acesso em 03 jan. 2014) (tradução nossa de texto em inglês).
- Mas, na mesa, também estava o candelabro de ouro, com doze canas, que dava a devida iluminação ao lugar santo (Ex.25:31-39). Jesus também disse que Ele era a luz do mundo (Jo.8:12; 9:5). Assim como os pães eram em número de doze para indicar a totalidade do povo de Deus, também o candelabro tinha doze canas para mostrar que é Jesus quem ilumina todo o Seu povo, com a luz do Evangelho de Cristo, que nos impede de ser cegos espirituais (II Co.4:4). O candelabro é de ouro porque Jesus, enquanto luz do mundo, o é por ser Deus, como nos retrata claramente o apóstolo João no introito de seu evangelho (Jo.1:4,5).
- O candelabro possuía, ainda, sete lâmpadas, que jamais poderiam se apagar. O número sete indica não só o caráter divino da iluminação dada por Cristo ao homem, mas, também, a plenitude, a perfeição desta visão que nos é dada pelo Senhor Jesus. Cristo nos dá a real visão das coisas celestiais, permite-nos ver o reino de Deus. Aleluia!
- No entanto, apesar das sete lâmpadas, a iluminação no lugar santo não era tão ampla quanto no pátio, cuja luz era natural. Isto “…indica a escuridão comparativa daquela dispensação, enquanto o Sol da Justiça não tinha ainda Se levantado, nem a Estrela da Manhã tinha ainda visitado a Sua Igreja…” (HENRY, Matthew. op.cit. Com. Ex. 25: 31-40. ed. cit.) (tradução nossa de texto em inglês).
- Mas havia, ainda, no lugar santo, o altar do incenso, também chamado de altar de ouro, porque era forrado de ouro, ao contrário do altar de sacrifícios, que era revestido de cobre (Ex.30:1-3).
- Neste altar, era oferecido tão somente incenso a Deus e ficava diante do véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo (Ex.30:6). Quando o sacerdote vinha pôr em ordem as lâmpadas do candelabro, pela manhã, deveria, também, queimar o incenso neste altar. O fogo deste altar tinha de ser o fogo que ardia no altar de sacrifícios, não poderia ser outro fogo. Os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, quiseram utilizar outro fogo que não o que vinha do altar do sacrifício e, por isso, morreram fulminados (Lv.10:1,2).
- Este altar de incenso simboliza as orações, que somente como incenso na presença do Senhor (Ap.8:3). A vida de santificação exige que tenhamos uma vida de oração, até porque a oração é um dos meios de santificação postos à nossa disposição (I Tm.4:5). – O salvo por Cristo Jesus, constituído como sacerdote, tem de ter uma vida de oração, uma vida de oração contínua, como é contínua a iluminação que Deus nos dá para contemplarmos as coisas celestiais, as coisas de cima (Cl.3:1-3).
- O fogo do altar do incenso tinha de ser o mesmo fogo do altar de sacrifícios, fogo que jamais poderia ser apagado (Lv.6:12,13), porque somente podemos entrar na presença do Senhor em oração por causa do sacrifício de Cristo Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos abriu pela Sua morte no Calvário (Hb.10:19- 21). Somente podemos orar a Deus e ser ouvidos, por causa da redenção que o Senhor operou na cruz por nós. Não temos qualquer mérito para entrar na presença de Deus. Tudo o fazemos por Cristo e é por isso que sempre devemos orar em nome de Jesus (Jo.14:13; 16:23-26).
- Temos notado que cresce o número daqueles que andam orando “em nome do Pai, do Filho e do Espírito”, o que se trata de um grave erro doutrinário. Nós oramos ao Pai, com o Espírito Santo, em nome de Jesus. O fogo do altar do incenso tem de ser o mesmo do altar de sacrifícios. É graças à redenção operada por Cristo Jesus, pela Pessoa Divina do Filho que Se fez carne (e Ele é a única Pessoa Divina que Se humanizou), que podemos chegar à presença do trono da glória. Por isso, oremos em nome de Jesus, para que não haja fogo estranho que impeça as nossas orações de chegar até a presença do Senhor na Sua glória.
- Também valor algum tem a oração baseada em méritos humanos, sejam os do orante, sejam os de uma terceira pessoa. Somente o fogo do altar de sacrifícios podia ser usado no altar do incenso. Somente por Jesus Cristo, e nenhum outro, podemos chegar até a presença de Deus. Ele é o único mediador entre Deus e os homens (I Tm.2:5) e esta mediação é completa, não permite a intervenção de quem quer que seja além de Cristo, o único homem ressurreto que se encontra à direita do Pai, porque, além de homem, também é Deus.
V – O LUGAR SANTÍSSIMO
- Chegamos, então, ao lugar mais santo, ao santo dos santos ou lugar santíssimo, que ficava na parte coberta do tabernáculo, mas separado do lugar santo por um outro véu, um véu de azul, púrpura, carmesim e linho fino torcido, com querubins de obra prima (Ex.26:31), apoiado em quatro colunas de madeira cobertas de ouro, cujos colchetes eram de ouro e com quatro bases de prata (Ex.26:32).
- As cortinas apresentam a mesma estrutura da coberta do pátio e do lugar santo, a nos mostrar que o Evangelho é também o caminho pelo qual se chega à máxima intimidade com o Senhor, à Sua presença.
- A única diferença aqui é que, neste véu, havia querubins de obra prima, ou seja, havia a imagem dos querubins, a indicar que, no lugar santíssimo, estava a glória de Deus, pois estes seres são os anjos que contemplam a glória divina, como se vê nas visões que deles teve o profeta Ezequiel (Ez.1,10).
- Os querubins ali estavam também para lembrar àqueles que ministravam no lugar santo que o acesso à presença de Deus era impossível, por causa do pecado do homem. Querubins haviam sido postos impedindo o acesso do primeiro casal à árvore da vida depois que o primeiro casal pecou (Gn.3:23,24). A palavra hebraica “querubim” significa “celestial”, consoante o pastor Evandro de Souza Lopes, a mostrar, portanto, que o céu era inacessível ao homem.
- Tais figuras, pintadas nas cortinas, portanto, não tinham qualquer objetivo de reproduzir algo do céu para aumentar a fé ou produzir temor e reverência aos sacerdotes que ministravam no lugar santo, mas como lembrança de que o acesso ao lugar santíssimo, ao lugar da presença de Deus lhes era vedado por causa do pecado.
- Isto também ocorria, dentro do lugar santíssimo, com os dois querubins de ouro puro que estavam no propiciatório, ou seja, na tampa da arca, cujos rostos eram voltados para a arca e que somente eram vistos pelo sumo sacerdote quando ele adentrava no lugar santíssimo no dia da expiação (Ex.25:18). Serviam de lembrança para o sumo sacerdote de que o caminho à presença de Deus era inacessível ao homem e que ele ali estava única e exclusivamente para aspergir o sangue por sobre o propiciatório para que o Senhor adiasse a execução dos pecados cometidos por mais um ano até a vinda d’Aquele que tiraria o pecado do mundo (Nm.16:14).
- Bem se vê, também, que estes dois querubins, que eram invisíveis aos olhos inclusive dos sacerdotes no lugar santo, não eram também imagens que tivessem sido feitas para que o povo tivesse aumenta sua fé, devoção ou temor a Deus, mas estavam ali apenas para mostrar a própria imperfeição do relacionamento de Deus com o homem através da lei.
- Matthew Henry entende que “…supõe-se que estes querubins foram designados para representar os santos anjos, que sempre atenderam a Schechinah , ou a Majestade Divina, particularmente na entrega da lei, não por alguma efígie de um anjo, mas algum emblema da natureza angelical, provavelmente algum daquelas quatro faces mencionadas por Ez.1:10.(…). O apóstolo os chama de querubins da glória que faziam sombra no propiciatório, Hb.9:5. Denota seu atendimento ao Redentor, para quem são eles espíritos ministradores,m sua prontidão para fazer-Lhe a vontade, sua presença especial na assembleia dos santos (Sl.68:17; I Co.11:10) e seu desejo para olhar para os mistérios do Evangelho que eles diligentemente contemplam (I Pe.1:12).…” (op.cit., com. Ex.25:10-22. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/exodus/25.html Acesso em 03 jan. 2014) (tradução nossa de texto em inglês). A expressão do escritor aos hebreus, que vincula os querubins aos mistérios de Cristo fez com que Agostinho, ao comentar sobre os querubins, disse que se tratava de um “…assunto pleno de mistério…” (Sobre o heptateuco. Livro II – questões sobre o Êxodo, n. 2105. Citação de Ex. 25:10-22. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 03 jan. 2014) (tradução nossa de texto em francês). A lei não fazia mais que “sombra dos bens futuros” (Hb.10:1). Era isto que indicava os querubins.
- O próprio véu impedia que os sacerdotes pudessem ver a arca, que era a peça que se encontrava no lugar santíssimo e na qual o Senhor vinha até o povo de Israel, onde Se fazia notória a Sua presença (Ex.25:22). Foi este véu que se rasgou de alto a baixo quando o Senhor Jesus expirou na cruz do Calvário (Mt.27:51; Mc.15:38; Lc.23:45), mostrando que, com a morte de Cristo, não havia mais separação entre Deus e os homens.
- No lugar santíssimo havia apenas uma peça: a arca, que era o lugar onde Deus Se fazia presente no meio do povo de Israel.
- A arca era feita de madeira, sendo revestida de ouro, a nos indicar a dupla natureza de Jesus: divina e humana (Ex.25:10). Suas dimensões eram de dois côvados e meio de comprimento, um côvado e meio de largura e um côvado e meio de altura, de modo que ficava completamente coberta pelo véu, não sendo possível ser vista pelos sacerdotes no lugar santo. A arca também não podia ser tocada, devia ser carregada por varais, que se metiam nas argolas que ela possuía. Por ter tocado na arca, Uzá, já nos dias do reinado de Davi, morreu fulminado pelo Senhor (II Sm.6:6,
- É interessante observar que a arca devia ser feita de madeira de acácia, a única peça em que se fazia esta exigência. Como ensina Charles Spurgeon: “…Esta arca foi feita de madeira, talvez, para tipificar a natureza humana de Nosso Bendito Senhor — mas foi de madeira que não se deteriora — acácia — que resiste ao verme e, verdadeiramente, n’Ele não houve corrupção na vida por meio do pecado, e corrupção alguma o violou na morte quando Ele dormiu por um pouco no sepulcro! A madeira é algo que cresce para fora da terra, assim como Jesus surgiu como uma raiz numa terra seca. Mas a arca devia ser feita da melhor qualidade de madeira — nenhuma presença de corrupção e sem qualquer tinta.…” (Exposição de Ex.25:10,11. In: A glória de Deus em esconder o pecado. Sermão pregado no culto noturno de 15 jul. 1877, p.7. Disponível em: http://www.spurgeongems.org/vols49-51/chs2838.pdf Acesso em 03 jan. 2014) (tradução nossa de texto em inglês).
- Assim como Deus falava ao povo por meio da arca, Jesus faz-nos conhecer a Deus (Jô.15:15). Somente por Ele, temos acesso ao Senhor, pois Ele é a exata imagem de Deus (Hb.1:1-3). Ninguém pode vir ao Pai senão por Jesus (Jo.14:6). Quem vê Cristo, vê o Pai (Jo.14:7-11).
- A tampa da arca era o propiciatório, feito de ouro puro, com comprimento de dois côvados e meio e largura de um côvado e meio (Ex.25:17), no qual havia os querubins de que já falamos nas duas extremidades do propiciatório. Este nome revela que era aí que Deus Se fazia propício ao povo, ou seja, o favorecia, não executando as penas do pecado quando o sumo sacerdote, no dia da expiação, entrava no lugar santíssimo e aspergia sangue do sacrifício feito pelo povo, com o dedo, por sete vezes, cobrindo, assim, os pecados do povo por mais um ano, aguardando a completa e definitiva remissão, “…denotando que Cristo, nossa grande propiciação (I Jo.2:2; 4:10) respondeu plenamente a todas as exigências da lei, cobriu nossas transgressões e veio para ficar entre nós e a maldição da lei violada…” (JAMIESON, Robert et alii. Comentário crítico e explicativo de toda a Bíblia. Com. Ex.25. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/jamieson-fausset- brown/exodus/exodus-25.html Acesso em 03 jan. 2014) (tradução nossa de texto em inglês).
- O propiciatório ser de ouro puro revela que a salvação é algo que somente pode ter origem em Deus. Se Deus não Se fizesse homem, jamais poderíamos ser salvos. Os querubins denotavam a falta de acesso dos homens à árvore da vida, à vida eterna, algo que somente Jesus nos traria por Seu sacrifício perfeito, que é superior aos sacrifícios dos animais (Hb.10:11-18).
- Dentro da arca, foram postos três objetos, a saber: um vaso contendo maná (Ex.16:33,34), a vara de Arão que floresceu (Nm.17:10) e as segundas tábuas da lei (Ex.25:16).
- As tábuas da lei simbolizavam a vontade de Deus para com o povo de Israel. O fato de as segundas tábuas estarem no interior da arca eram a prova viva de que a lei não podia ser cumprida pelos homens, de modo que a lei não podia servir de critério de salvação. De qualquer modo, somente quando a lei fosse cumprida por alguém, poderiam os homens ter acesso a Deus. Por isso, Jesus cumpriu a lei (Mt.5:17), desfazendo em Si mesmo a inimizade que advinha da dissociação entre a vontade de Deus e o comportamento dos homens. Agora, graças ao sacrifício de Jesus no Calvário, podemos ir à presença de Deus e pedir para que a vontade de Deus em nós se faça (Mt.6:10).
- Dentro da arca, foram postos três objetos, a saber: um vaso contendo maná (Ex.16:33,34), a vara de Arão que floresceu (Nm.17:10) e as segundas tábuas da lei (Ex.25:16).
- As tábuas da lei simbolizavam a vontade de Deus para com o povo de Israel. O fato de as segundas tábuas estarem no interior da arca eram a prova viva de que a lei não podia ser cumprida pelos homens, de modo que a lei não podia servir de critério de salvação. De qualquer modo, somente quando a lei fosse cumprida por alguém, poderiam os homens ter acesso a Deus. Por isso, Jesus cumpriu a lei (Mt.5:17), desfazendo em Si mesmo a inimizade que advinha da dissociação entre a vontade de Deus e o comportamento dos homens. Agora, graças ao sacrifício de Jesus no Calvário, podemos ir à presença de Deus e pedir para que a vontade de Deus em nós se faça (Mt.6:10).
- As tábuas da lei eram escondidas pelo propiciatório de ouro puro, onde Deus Se encontrava com os homens, pois foi dito que o Senhor falaria com o povo entre os dois querubins, ou seja, no propiciatório (Ex.25:22).
“…Era o lugar do encontro entre Deus e os homens, onde a lei era coberta por uma sólida placa de ouro, assim é Jesus o lugar de encontro entre Deus e os pecadores, onde a lei é coberta pela Sua justiça perfeita.…” (SPURGEON, Charles. Exposição de Ex.25:10,11, p.7). “…O propiciatório posto sobre a arca é, então, a imagem da misericórdia que supera a justiça…” (AGOSTINHO. Sobre o heptateuco. Livro II: questões sobre o Êxodo, n.2015. Citação de Ex.25:10-22. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 03 jan. 2014) (tradução nossa de texto em francês).
- O fato de as tábuas da lei estarem na arca também nos dá duas outras lições, como ensina Matthew Henry: “…Observemos: 1. Que as tábuas da lei eram cuidadosamente preservadas na arca para o propósito de nos ensinar que devemos cumprir a Palavra de Deus e escondê-la em nossos corações, em nossos pensamentos mais íntimos, assim como a arca foi posta no santo dos santos. Indica de igual modo o cuidado que a Divina Providência sempre teve, e sempre terá, para preservar a lembrança da revelação divina na Igreja, tanto que, até nos últimos dias, será vista no Seu templo a arca do Seu concerto. Veja Ap.11:19. 2. Que esta arca era o principal símbolo da presença de Deus, que nos ensina que a primeira e grande evidência e garantia do favor de Deus é pôr a Sua lei no coração. Deus habita onde isto ocorre, Hb.8:10…” (op.cit, com. Ex.25:10-22. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/exodus/25.html Acesso em 03 jan. 2014) (tradução nossa de texto em inglês). A arca, como se vê, apontava para a realização do futuro concerto que se faria com Israel, concerto este que já se fez com a Igreja.
- A vara de Arão que floresceu fala-nos da ressurreição de Cristo e, por conseguinte, da nova vida que obtemos em Cristo Jesus. Jesus, como Sumo Sacerdote, ofereceu um sacrifício perfeito, que foi aceito pelo Pai, tanto que o Senhor ressuscitou, vencendo a morte e o pecado (Rm.1:4,5; Ap.1:18; 5:9,10). Agora, crendo em Seu sacrifício, podemos também nascer de novo (Jo.3:3), ser novas criaturas (II Co.5:17), passando a viver para Deus (Gl.2:20), produzindo frutos permanentes (Jo.15:16).
- O vaso contendo o maná fala-nos do sustento que nos dá Jesus, o verdadeiro pão que desceu do céu e que nos impede de ter fome espiritual, porque dá vida ao mundo e garante vida eterna para os que creem n’Ele (Jo.6:32-39).
- O estágio da vida espiritual no lugar santíssimo corresponde à maior das virtudes teologais, o amor. “…Ao transpor o terceiro véu, que simboliza o amor com a maior de todas as virtudes, o crente entra no lugar santíssimo…” (ALMEIDA, Abraão de. op.cit., p.75).
- Jesus morreu por nós, rasgando o véu que nos separava do lugar santíssimo, para que possamos realizar a vontade de Deus (as tábuas da lei), para que frutifiquemos na nova v ida que Deus nos deu para vivermos para Ele (a vara de Arão que floresceu) e para que tenhamos em Deus a nossa total provisão (o vaso de maná). Temos atendido aos objetivos do sacrifício vicário de Cristo que nos salvou? Pensemos nisto!
- Todo o tabernáculo fala-nos, assim, de Cristo e de Sua obra redentora na vida do homem. Israel teve de construí-lo para que Deus pudesse habitar entre os israelitas. Hoje, depois do sacrifício de Cristo na cruz do Calvário, o próprio Senhor quer habitar em nós e fazer de nós tabernáculo. Temos correspondido a este plano do Senhor? Somos um santuário de Deus? Que possamos repetir as palavras da conhecida canção interpretada pelo cantor Calebe: “Faz de mim, Senhor, um santuário, puro e santo, e verdadeiro”. Amém!
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Site:http://www.portalebd.org.br/files/1T2014_L9_caramuru.pdf
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