Nº 3 – DONS DE REVELAÇÃO
Título
- Os dons de revelação têm o propósito de manifestar a onisciência de Deus no meio da Igreja.
INTRODUÇÃO
- Na continuidade do estudo
dos dons espirituais, estudaremos os chamados dons de revelação, ou seja, a
palavra da sabedoria, a palavra da ciência e o discernimento de espíritos.
- Os dons de revelação têm o
propósito de manifestar a onisciência de Deus no meio da Igreja.
I
– A CLASSIFICAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS
- Depois de termos visto, na
lição anterior, o propósito dos dons espirituais, passaremos a estudá-los um a
um, consoante a lista apresentada pelo apóstolo Paulo em I Co.12:8-11.
- É importante observarmos
que, ao longo do Novo Testamento, encontramos três listas de dons, todos em
cartas do apóstolo Paulo, listas estas que foram feitas sob inspiração do
Espírito Santo mas com propósitos e contextos diferentes.
- Destarte, não podemos
considerar que tais listas sejam absolutamente distintas e que cada uma delas
traz dons de natureza diversa, como se se tratassem de relações totalmente
estanques, que não admitem nenhuma comunicação entre si.
- Não podemos nos esquecer
que o apóstolo Paulo escrevia suas cartas visando situações concretas
enfrentadas pelas igrejas destinatárias e que seu objetivo primordial era
cristalizar e consolidar a doutrina cristã numa igreja nascente, objetivo este,
aliás, quer também o do Espírito Santo, que levou o apóstolo a escrever estas
cartas para que seus ensinos pudessem superar o limite da própria geração
apostólica.
- Paulo traz uma lista dos
dons espirituais ao tratar deste assunto com a igreja em Corinto. Com efeito,
ao iniciar o capítulo 12 da primeira carta canônica àquela igreja, o apóstolo
inicia dizendo que não queria que os coríntios fossem ignorantes a respeito dos
dons espirituais e, a partir do versículo 8, fala de nove dons, a saber: palavra
da sabedoria, palavra da ciência, fé, dons de curar, operação de maravilhas,
profecia, dom de discernir os espíritos, variedade de línguas e interpretação
das línguas.
- Diante do fato de que
Paulo fala destes dons como sendo dons espirituais (em grego, “carismas”),
tem-se entendido que os dons espirituais são nove, ou seja, são nove as
manifestações do Espírito Santo que, de forma especial e particular, promove a
edificação, exortação e consolação da Igreja.
- Estes dons espirituais são
manifestações do Espírito Santo, ou seja, como já vimos em lições anteriores,
são “poderes extraordinários”, “poderes especiais” que o Espírito Santo reparte
a alguns crentes, a fim de promover a edificação, exortação e consolação da
Igreja, poderes estes que somente são conferidos a quem for previamente
batizado com o Espírito Santo, já que não vemos, nas Escrituras, ninguém que
tenha sido usado, na dispensação da graça, com tais dons que não tenha sido
previamente revestido de poder.
- Tomando-se a relação de I
Co.12:8-11, podemos dividir os dons espirituais em três categorias, a
saber:
a)
dons de poder: fé, dons de curar, operação de maravilhas -
são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas efetuem demonstrações
sobrenaturais do poder divino, com a realização de milagres, de maravilhas e de
coisas extraordinárias, que confirmem a soberania de Deus sobre todas as coisas
e a Sua presença no meio da igreja. São evidências da onipotência divina no
meio do Seu povo.
b)
dons de ciência ou dons de revelação: palavra da sabedoria,
palavra da ciência, dom de discernir os espíritos - são dons dados pelo
Espírito Santo para que as pessoas revelem mistérios ocultos aos homens, com a
tomada de atitudes e condutas que evidenciem que Deus sabe todas as coisas e
que nada Lhe fica oculto. São evidências da onisciência divina no meio do Seu
povo.
c)
dons de elocução ou de fala: variedade de línguas,
interpretação de línguas e profecia - são dons dados pelo Espírito Santo para
que as pessoas sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo
demonstre que Se comunica com o Seu povo. São evidências da onipresença divina
no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.
- Diante desta clássica
definição, nosso ilustre comentarista resolveu estudar os dons espirituais em
três lições distintas, uma para cada um dos três grupos de dons, a começar
pelos dons de revelação, também conhecidos como dons de ciência.
- Os dons de ciência (também
chamados “dons de revelação”) são três e, por meio deles, o Senhor manifesta a
Sua onisciência no meio da Igreja, para que jamais venhamos a nos esquecer de
que Deus sabe todas as coisas e, assim, pode sempre nos orientar na nossa
jornada, devendo ser sempre o nosso referencial, a saber: palavra da sabedoria,
palavra da ciência e dom de discernir os espíritos. Diz o pastor Antonio
Gilberto que estes dons são “…dons que manifestam o saber de Deus (I Co.12:8-10). Esses dons
manifestam a multiforme sabedoria de
Deus…” (Verdades pentecostais, p.70) (destaques originais).
II
– A PALAVRA DA SABEDORIA
- O primeiro dom de ciência
mencionado na lista de I Co.12:8-11 é o dom da palavra da sabedoria, que é o
dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que deem, em ocasiões
especiais e de forma sobrenatural, palavras orientadoras e que nos fazem sair
de situações difíceis.
- A sabedoria, aqui, é a
habilidade de agir ou falar em conformidade com a razão e a moral, com prudência
e experiência de vida, com sensatez e equilíbrio. Trata-se não só de uma pessoa
que tenha conhecimento (o que é “erudição”), nem tampouco da pessoa que
demonstra criatividade e, diante dos recursos existentes, consegue construir
algo que lhe dá o máximo de aproveitamento da oportunidade surgida (o que é
“inteligência”), mas, sobretudo, a capacidade de associar os recursos, o
ambiente, a situação para dela se obter o máximo proveito, não só para si, mas,
principalmente, para a glória do nome do Senhor.
- A sabedoria, como as
Escrituras informam, é algo que está além da razão humana, vem diretamente de
Deus e tem no temor ao Senhor o seu princípio (Sl.111:10a). Como, nestes dias
de desequilíbrio e de incontinência (II Tm.3:3), tem faltado sabedoria, mesmo
no meio do povo do Senhor!
- Salomão indica que a
verdadeira sabedoria, a instrução e a ciência têm como ponto de partida “o
temor do Senhor”. Não há que se falar em se ter sabedoria, ciência ou instrução
sem que haja “o temor do Senhor”, temor este que é uma das disposições
permanentes que nos traz o Espírito Santo quando cremos em Cristo, pois o
Espírito Santo é o “Espírito de sabedoria” (Is.11:2) e o próprio Cristo, que
vem habitar em nós, foi feito por Deus para nós “sabedoria” (I Co.1:30).
- Esta expressão de Salomão
é extremamente atual, porquanto a humanidade tem sido dominada por um
sentimento de autossuficiência tal que se arvora sendo capaz de ter e adquirir
conhecimentos de toda ordem à margem de Deus. Na verdade, um grande “ensino” de
nossos dias é de que alguém, para se achar um profundo conhecedor, um grande
entendido, por primeiro, precisa eliminar a própria hipótese da existência de
Deus.
- Nada mais falso, porém,
pois, como nos diz Davi, nos salmos 14 e 53, o primeiro sinal de ignorância é,
precisamente, a afirmação da inexistência de Deus (Sl.14:1; 53:1). Quando
alguém afirma que Deus não existe, está apenas revelando a sua suprema
ignorância e o resultado desta negação de Deus, desta alienação de Deus outro
não é senão a completa corrupção de valores e de costumes, o império da maldade
e do aviltamento da pessoa humana (Sl.14:1-3; 53:1-3), coisa facilmente
constatável nos dias difíceis em que estamos a viver.
- O “temor do Senhor”, ou
seja, a reverência a Deus, o respeito aos Seus mandamentos, a submissão à Sua
autoridade, é, realmente, o “princípio” da ciência, da sabedoria e da
instrução. É tanto o “princípio”, no sentido de “começo, início”, pois não há
como se conhecer algo, de se adquirir ciência e se aprender a conduzir-se neste
mundo sem que, antes, estejamos prontos a seguir a orientação vinda da parte de
Deus, como também é o “princípio” no sentido de “fundamento, base, alicerce”,
pois tudo que o homem venha a conhecer, toda a verdade que venha a descobrir
tem de partir da consciência de que Deus mesmo é a verdade (Jr.10:10), de que
tudo provém d’Ele, a fonte de todo conhecimento.
- O proverbista fala-nos,
logo de pronto, de que o temor do Senhor é necessário para “se conhecer a
sabedoria e a instrução, para se entenderem as palavras da prudência” (Pv.1:2).
Aqui, como ao longo do livro de Provérbios, devemos sempre atentar, para uma
boa compreensão do texto, para o chamado “paralelismo hebraico”, uma forma de
redação muito própria da poesia israelita, que consiste em repetir a mesma
ideia com palavras diferentes. Assim, sempre as afirmações são feitas em duas
frases, duas sentenças “paralelas”, ou seja, há a repetição da mesma ideia mas
com palavras diferentes.
- Por isso, quando se diz
“conhecer a sabedoria e a instrução” e “entender as palavras da prudência”,
estamos a falar da mesma ideia, que é repetida com palavras diferentes.
- “Sabedoria”, portanto, não
se confunde, como alguns pensam, com “erudição”, ou seja, com o resultado de um
estudo intelectual exaustivo. “Sabedoria” é, antes, “…a arte de ser bem
sucedido, de formar o plano correto para alcançar os resultados desejados” (HUBBARD, D.A. Sabedoria. In: DOUGLAS, J.D.
(org.). O novo dicionário da Bíblia, v.II, p.1423). É algo prático e não
teórico, ou seja, a sabedoria se demonstra nas atitudes tomadas, não no
conhecimento acumulado no cérebro. É saber fazer a coisa certa no momento certo
da maneira certa.
- Por isso, a sabedoria é
algo que não se circunscreve a um campo do conhecimento ou a um aspecto da vida,
mas ela é algo indivisível, algo que abarca todos os quadrantes da vida. “…A
sabedoria bíblica é ao mesmo tempo religiosa e prática. Originando-se no temor
do Senhor (Jó 28:28; Sl.111:10; PB.1:7; 9:10), ramifica-se até abarcar todos os
qaudrantes da vida conforme é indicado no extenso comentário sobre a sabedoria
no livro de Provérbios. A sabedoria adquire discernimentos respigados dos
conhecimentos sobre os caminhos de Deus e aplicação à vida diária…” (HUBBARD,
D.A.op.cit., pp.1423/4). É uma combinação de discernimento e de
obediência.
- É bem por isso que se diz
que “conhecer a sabedoria e a instrução” é “entender as palavras da prudência”.
A sabedoria é o entendimento das palavras que nos fazem agir corretamente, agir
com cautela, com cuidado, superando todos os obstáculos e impedimentos que
exsurgem em nossa peregrinação terrena, de modo a não nos desviarmos da rota
que nos levará a encontrar com o Senhor nos ares.
- Quando o proverbista fala
em “instrução”, está a nos indicar que a sabedoria não é algo que possa ser
elaborado ou criado pelo próprio homem. Ele, por si só, não conseguirá ter a
verdadeira sabedoria, pois esta tem de ser “aprendida”, “adquirida”, prova de
que não se trata de algo que já exista no ser humano.
- Neste ponto, aliás,
diferençamos bem “sabedoria” de “inteligência”, A inteligência nasce, sim, com
o homem, pois Deus fez o ser humano um animal racional, um ser dotado de razão,
como nos mostra claramente a Bíblia Sagrada quando nos revela que Deus mandou a
Adão que desse nome aos animais, prova de que a inteligência já se encontrava
no homem quando de sua criação (Gn.2:19,20).
- No entanto, a sabedoria
depende de uma “instrução”, de um aprendizado, pois a sabedoria é o próprio
Deus e somente d’Ele poderemos adquiri-la. Por isso é dito que a sabedoria
existia no “princípio dos caminhos de Deus”, i.e., desde a eternidade
(Pv.8:22-30). Esta expressão enigmática do proverbista seria desvelada pelo
apóstolo Paulo, que iria identificar esta sabedoria com o próprio Jesus Cristo,
o Verbo (I Co.1:24,30).
- A sabedoria consiste,
portanto, em “entender as palavras da prudência”, ou seja, conhecer tudo quanto
o Senhor quer revelar ao Seu povo, ter a capacidade de receber a instrução
divina para o nosso viver. Trata-se de aprender o que é a “justiça, o juízo e a
equidade” (Pv.1:3). Por isso mesmo, o Senhor Jesus dirá que Seus discípulos
precisam exceder em justiça os escribas e fariseus (Mt.5:20), precisamente
porque aprenderam d’Ele, que é a sabedoria e, por aprenderem de Cristo, serão
praticantes da justiça, do juízo e da equidade.
- Aquele que não aprende a
sabedoria, que não a recebe é chamado, no livro de Provérbios, de “simples”
(Pv.1:4), “louco”(Pv.1:7) e “tolo” (Pv.10:10). São pessoas que rejeitam o
ensino do Senhor e preferem seguir sua vida sobre a face da Terra segundo os
seus próprios conceitos e valores, o que os levará à perdição, pois, num mundo
de trevas como o que vivemos, sem a luz não há como se chegar à verdade, se
chegar a Deus.
- Por isso, é dito que o
temor do Senhor é o princípio pelo qual se pode dar ao simples, prudência, ou
seja, é a única maneira pela qual alguém deixará de ser “simples”, de ser um
“ingênuo” (na linguagem utilizada pela Bíblia de Jerusalém), sabendo discernir
entre o bem e o mal, sabendo seguir as orientações divinas que lhe concederão
vida eterna.
- A sabedoria, também, é
absolutamente necessária para que os jovens tenham “conhecimento e bom siso”,
ou seja, para que os jovens adquiram uma real maturidade, crescendo não só em
estatura, mas, também, a exemplo do Senhor Jesus, em sabedoria e graça para com
Deus e os homens (Lc.1:52).
- Aliás, um dos sérios
problemas que temos tido em nossos dias é a falta de maturidade, tanto
espiritual quanto psicológica, de nossa juventude, fator que começou a
preponderar e predominar com maior intensidade a partir da segunda metade do
século XX, precisamente quando se extirpou toda e qualquer referência religiosa
no sistema educacional do Ocidente. Nossos jovens, na atualidade, embora
dominem a tecnologia de ponta, são incapazes, em sua esmagadora maioria
(incluindo, infelizmente, os que cristãos se dizem ser), de discernirem o certo
do errado, de saber se conduzirem conforme a vontade de Deus neste nosso
dia-a-dia debaixo do sol. Que é isto? Falta de sabedoria!
- Mas, e ninguém mais do que
Salomão poderia dizer isto, o temor do Senhor não é necessário apenas para quem
quer adquirir a sabedoria não a tendo, como é o caso do “simples” ou do
“jovem”, mas também é fundamental para aquele que já sabe, ou seja, para o
sábio.
- O temor do Senhor é
necessário “para o sábio ouvir e crescer em sabedoria”, “para o entendido
adquirir sábios conselhos”. A sabedoria, sendo algo proveniente de Deus, é
infinita, ilimitada e, por isso mesmo, jamais alguém “saberá tudo”. Pelo
contrário, quando mais a pessoa crescer em sabedoria, mais reconhecerá que nada
sabe.
- Entre os gregos, o
conceito de “sabedoria” era um tanto quanto diverso. Tanto para Platão quanto
para Aristóteles, os mais proeminentes filósofos gregos, a sabedoria era o
conhecimento do todo e a capacidade para aplicação deste conhecimento de forma
correta e justa. Se para Platão a sabedoria vinha do “mundo das ideias”, deste
mundo sobrenatural; para Aristóteles, a sabedoria era resultado de um correto
aprendizado, de um uso apropriado do raciocínio. No entanto, e vem daí a
própria palavra “filosofia”, cujo significado é “amigo da sabedoria”, o
verdadeiro sábio era aquele que reconhecia que nada sabia. É a célebre frase do
filósofo grego Sócrates, que foi o mestre de Platão: “só sei que nada
sei”.
- Neste ponto, portanto, há
uma confluência do pensamento bíblico com o pensamento grego. O verdadeiro
sábio é aquele que reconhece que precisa cada vez mais crescer em sabedoria,
que o que sabe nada significa, tendo em vista que a sabedoria é infinita, vez
que proveniente de Deus, ser ilimitado.
- O verdadeiro sábio é
aquele que se mantém pronto a cada vez mais aprender do Senhor, que reconhece
que a sabedoria é infinita e que, portanto, devemos estar prontos a aprender de
Deus a cada momento, a cada instante. Que bom seria se todos os que cristãos se
dizem ser, principalmente os que já são maduros, assim se portassem…
- O “entendido” precisa
“adquirir bons conselhos”, o que é, conforme o paralelismo bíblico, o mesmo que
“ouvir e crescer em sabedoria”. Temos aqui, então, o significado da expressão
“bons conselhos”, que é o título da nossa lição, que outra coisa não é senão a
própria “sabedoria”.
- Vemos, portanto, que,
quando alguém teme a Deus, não só é ouvido pelo Senhor (Jo.9:31), como também
ouve o que o Senhor tem a lhe ensinar. Aquele que teme a Deus é capaz de
compreender o significado das Escrituras, “entendendo provérbios e a sua
interpretação”, entendendo “as palavras do sábio”, porquanto tudo quanto foi
escrito, foi escrito por inspiração do Espírito Santo (II Pe.1:20,21), bem
assim os seus “enigmas”, que é como a Versão Almeida Revista e Atualizada
traduz a palavra hebraica “chiydah” (חידה), que tem o significado de um “dizer
obscuro”, um “dito de difícil entendimento”, ou seja, algo que necessite ser
interpretado, uma melhor tradução que o de “adivinhações” que se encontra na
Versão Almeida Revista e Corrigida.
- Por isso, o texto bíblico
só pode ser entendido espiritualmente. Não é através de uma erudição
intelectual que se poderá chegar à verdade das Escrituras, mas única e
exclusivamente pelo Espírito Santo. Isto não significa que não devamos estudar
o texto, procurá-lo entender intelectualmente, mas o discernimento é fruto do
“temor do Senhor”, é aquisição de sabedoria.
- Os “loucos”, porém,
desprezam a sabedoria e a instrução, querem ter conhecimento à margem de Deus e
o resultado é que permanecem na maior ignorância, pois não têm acesso à
verdade. Como consequência, mantêm-se escravizados pelo pecado e pelo maligno,
sendo incapazes de praticar o verdadeiro bem enquanto estiverem neste mundo,
habilitando-se, pois, à perdição.
- Por tudo que pudemos
observar, pois, todo salvo tem a sabedoria de Deus, é guiado pelo Espírito
Santo que lhe traz sabedoria, até porque é temente ao Senhor e, por isso, age
sempre sabiamente.
- No entanto, há situações
em que o Espírito Santo terá de agir de modo sobrenatural para trazer uma
palavra específica de sabedoria a alguém, para dar uma orientação precisa num
determinado instante da vida de alguém. É aqui que usa, então, os salvos que
receberam a “palavra de sabedoria”, uma manifestação tópica, extraordinária do
Espírito Santo para uma determinada situação concreta, em que se traz a
orientação a alguém que necessita bem se conduzir numa determinada
situação.
- Não são, assim, todos os
salvos que possuem esta “palavra de sabedoria”, mas alguns crentes que,
escolhidos pelo Espírito Santo, são usados pelo Senhor num determinado instante
para proferir uma “palavra de sabedoria” a alguém, uma determinada e específica
orientação em que se revela toda a prudência e todo bom siso, em que o Espírito
Santo instrui alguém para que aja de forma agradável ao Senhor.
- É interessante notar que
Paulo denomina este dom de “palavra de sabedoria”, ou seja, não se trata da
sabedoria que tem todo aquele que serve a Cristo Jesus, mas, sim, de uma
“palavra”, de uma determinada e específica orientação, proveniente do Espírito
Santo, a fim de que possamos ser devidamente instruídos num caso concreto pelo
Consolador.
- No Antigo Testamento,
vemos que o Senhor usou Aitofel com este dom durante o reinado de Davi (II
Sm.16:23), sem falar, logicamente, na figura de Salomão, a quem o Senhor deu
este dom como a nenhum outro homem, com exceção de Nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo (I Rs.3:28).
- Em o Novo Testamento,
vemos o exercício deste dom pelo próprio apóstolo Paulo, quando estava no
Sinédrio, depois de ter sido preso em Jerusalém, no templo. Depois de ter
iniciado seu discurso e sendo ferido por ordem do sumo sacerdote, Paulo piorou
ainda mais a sua situação ao repreender o sumo sacerdote Ananias, sem saber que
se tratava do sumo sacerdote (At.23:1-5).
- Neste instante, então, o
Espírito Santo o tomou e ele proferiu uma “palavra de sabedoria”, ao dizer que
estava sendo julgado no tocante à esperança e ressurreição dos justos
(At.23:6), o que impediu o seu julgamento e o livrou das mãos do Sinédrio,
dentro do propósito divino que era o de levá-lo para Roma (At.23:11).
III
– A PALAVRA DA CIÊNCIA
- O segundo dom de ciência
ou de revelação é a palavra da ciência, que é o dom concedido pelo Espírito
Santo a alguns crentes para que tenham conhecimento sobrenatural de
coisas.
- Sem que haja qualquer
comunicação natural a respeito de um fato, o Senhor permite ao servo portador
deste dom que tenha acesso a fatos e as ocorrências que estavam ocultas, com o
propósito único e exclusivo de edificar, exortar e promover o crescimento
espiritual de alguém.
- Vemos, pois, que nada há,
neste dom, que o nivele a um mero exercício de adivinhação, como,
lamentavelmente, se tem disseminado em muitos lugares. A adivinhação não passa
de uma imitação fajuta e irrazoável deste dom, no mais das vezes sendo pura
operação maligna (At.16:16), vez que tal prática é abominável aos olhos do
Senhor (Lv.20:27; Ez.12:24).
- Sabemos todos que o Senhor
conhece todas as coisas, nada Lhe é oculto, pois todas as coisas estão patentes
aos Seus olhos (Hb.5:13).
- O Senhor conhece tudo,
tanto as coisas que o homem pode ter condições de conhecer, como aquelas que o
homem jamais conhecerá, como é o caso daquilo que se encontra no coração, na
mente do ser humano (I Sm.16:7; Mc.2:6-8; Jo.2:23-25).
- Este conhecimento ou
ciência de tudo por parte do Senhor impede que qualquer coisa se lhe seja
oculta e há instantes em que, para o bem da edificação, consolação e exortação
da Igreja, seja necessário revelar algo que não era do conhecimento de alguém
ou, mesmo, da Igreja.
- É bom salientarmos que a
vida de todos os seres humanos está devidamente registrada pelo Senhor
(Sl.139:16; Ml.3:16) e que tais livros serão, um dia, abertos pelo Senhor a fim
de que cada ser humano seja julgado pelas suas obras: os salvos, no Tribunal de
Cristo (Rm.14:10; II Co.5:10), a fim de que recebam galardão pelo que fizeram
por meio do corpo, ou bem, ou mal, já que o Senhor não mais leva em conta os
pecados cometidos antes do perdão dos pecados ocorrido na salvação em Jesus
Cristo (Jr.31:34; Hb.8:12; 10:17); os ímpios e aqueles que nascerem no milênio,
no Juízo do Trono Branco (Ap.20:11-15), quando todos serão julgados segundo as
suas obras e a revelação que tiveram do Senhor (Rm.2:10-16).
- Assim, trata-se de um
desígnio divino a revelação de tudo quanto está oculto, não se tratando,
portanto, tal ato senão de uma demonstração da justiça divina, a nos ensinar,
inclusive, que a transparência e a publicidade constituem-se em uma exigência
de justiça e retidão, que deve ser observada por tantos quantos dizem temer a
Deus e guardar os Seus mandamentos.
- Não é por outro motivo que
o Senhor Jesus disse que nada do que está oculto assim permanecerá, mas será
devidamente revelado ao seu tempo (Mt.10:26; Mc.4:22; Lc.12:2).
- Quando alguém recebe a
Cristo como Senhor e Salvador de sua vida, passa a ter conhecimento das coisas
espirituais. O Espírito Santo é o “Espírito de conhecimento” (Is.11:2).
“…Ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus, mas nõs não
recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que
pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus”. (I Co.3:11b,12).
Por isso mesmo, o Senhor Jesus agradeceu ao Pai por ter revelado as coisas
espirituais aos pequeninos, embora lhes tenha ocultada dos sábios e entendidos
(Mt.11:25).
- Portanto, não há
necessidade alguma de se ter a “palavra da ciência” para que se possa
compreender as coisas espirituais, para que se possa entender o plano de Deus
para a salvação do homem, para que se possa entender o que está revelado nas
Escrituras. Este conhecimento é acessível a todos quantos têm o Espírito Santo,
a tantos quantos são salvos na pessoa de Cristo Jesus.
- Isto é importante porque,
lamentavelmente, muitos hoje estão sendo enganados por falsos ensinos que dizem
que existem alguns “iluminados” que têm acesso a “visões” e “revelações” que
são, então, repassadas a supostos “discípulos”, que apenas têm de “engolir”
aquilo que é ensinado pelo “líder”, pelo “mestre”, o que é absolutamente
antibíblico. Todo e qualquer salvo é um homem espiritual e, como tal, tem pleno
acesso ao ensino do Espírito Santo, que compara coisas espirituais com
espirituais, pois é dotado da mente de Cristo (I Co.2:14,15).
- No entanto, em razão do
Seu profundo amor, o Senhor, sempre que isto contribuir para a edificação,
exortação e consolação da Igreja, entendida aqui não apenas uma comunidade, um
conjunto de pessoas mas até um membro em particular, pode dar a conhecer algum
fato, alguma circunstância, alguma ocorrência que está oculta, a fim de que,
pelo conhecimento disto, possa haver a edificação, exortação e consolação.
- Tem-se, então, o dom da
“palavra do conhecimento”, ou seja, a revelação de algo que estava oculto e
cuja revelação servirá para o proveito e crescimento espiritual daquele que
fica a saber daquilo que estava oculto.
- Aqui, como no dom da
“palavra da sabedoria”, tem-se que se trata de uma situação específica, de uma
revelação voltada para um caso concreto, para uma determinada ocorrência. É
apenas uma “palavra da ciência”, não se trata de uma revelação completa a
respeito da vida de alguém ou de uma completa e total eliminação da privacidade
de alguém.
- A “palavra da ciência”,
como dom espiritual que é, tem o propósito de trazer edificação, exortação e
consolação e, portanto, não se confunde com satisfação de curiosidade, como,
lamentavelmente, muitos têm tratado esta graça especial que o Espírito Santo
entrega à Igreja. Deus jamais revelará algo para satisfação de curiosidade nem
tampouco para fomentar o mexerico, a fofoca, já que tal atitude é absolutamente
contrária à vontade de Deus (Lv.19:16).
- A revelação de algo que
está oculto tem sempre um propósito espiritual. Assim, por exemplo, quando o
pecado de Davi foi revelado por Natã (II Sm.12), o que se visava era o
arrependimento do rei, o mesmo tendo ocorrido quando o pecado de Acabe foi
revelado pelo profeta Elias (I Rs.21:17-29). De igual modo, a revelação operada
pelo próprio Senhor Jesus com relação à vida moral da mulher samaritana
(Jo.4:15-19), que tinha como propósito fazer aquela mulher abrir seu coração
para recebê-l’O como o Cristo.
- Assim, não é bíblico que
alguém primeiro “revele” um dado concernente à vida da pessoa para só, então,
depois, trazer uma promessa da parte de Deus para aquela pessoa, estribando a
autoridade desta sua “promessa”, “palavra profética” em cima de uma revelação.
A “palavra da ciência” é sempre a revelação de algum fato que, em si mesmo,
propicia o crescimento espiritual daquele que recebe a palavra.
- O que se tem visto, em
nossos dias, lamentavelmente, é o exercício de uma “palavra de esperteza” em
que pessoas sem qualquer temor a Deus usam de subterfúgios para descobrir fatos
e circunstâncias relativas a pessoas e, a partir daí, ganhar a confiança destas
mesmas pessoas para trazer “revelações” e “promessas”, que nada mais são que
meios para arrecadar recursos financeiros.
- O Espírito Santo dá, sim,
“palavra de ciência” a alguns salvos a fim de que, pela revelação de fatos,
ocorrências e circunstâncias, numa espécie de “antecipação” da revelação de
tudo quanto está oculto, propiciar a edificação, exortação e consolação da
Igreja. Através destas revelações, muitos crentes são animados na sua fé, têm
aumentada a sua esperança, são fortalecidos na graça de Nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo.
- No entanto, não devemos,
como salvos, correr atrás de “reveladores”, a fim de sabermos o que fazer ou de
descobrirmos o que o Senhor tem nos reservado. Devemos entregar nossos caminhos
ao Senhor, confiar n’Ele, sabendo que tudo Ele fará (Sl.37:5). Não devemos
ficar ansiosos pelo dia de amanhã, mas, sim, lançar toda a ansiedade sobre o
Senhor Jesus, sabendo que Ele sempre tem cuidado de nós (Mt.6:34; I
Pe.5:7).
- Deste modo, caso o Senhor
entenda que é necessário nos revelar algo para o nosso crescimento espiritual,
para que bem suportemos a nossa peregrinação terrena, Ele usará algum salvo que
tenha o dom da “palavra da ciência” para que, mediante a revelação deste algo,
faça aumentar a nossa fé n’Ele ou promova a nossa edificação, exortação ou consolação.
É uma graça especial que Deus pode usar, se o quiser, na Igreja a nosso
favor.
- Trata-se de atitude
altamente reprovável diante de Deus o fato de corrermos atrás deste ou daquele
irmão, que, supostamente, tem o dom da “palavra da ciência” para que, através
de uma “revelação”, venhamos a ter quietude espiritual. Uma ação como esta
revela tão somente que somos incrédulos e que não confiamos no Senhor. Fujamos
de uma tal atitude, amados irmãos, pois, se assim agirmos, estaremos à mercê do
inimigo de nossas almas.
- Quem corre atrás de
“revelações” está considerando que Deus está a seu serviço, está querendo
manipular os fatos e os acontecimentos, considera-se alguém que é digno de
saber o futuro ou descobrir fatos do passado. Ora, amados irmãos, nada disso se
coaduna com a proposta de Cristo para nós O servirmos, nada disso está de
acordo com a carreira que nos foi proposta quando cremos em Jesus como Nosso
Senhor e Salvador. Pensemos nisto!
- As vezes em que vemos o
exercício do dom da “palavra da ciência” nas Escrituras, em nenhuma delas,
observamos que a pessoa tenha saído em busca de alguma “revelação”, mas ela
veio por livre iniciativa do Senhor. Portanto, procedamos deste modo e jamais
incorreremos em erro ou engano.
III
– O DOM DE DISCERNIR ESPÍRITOS
- O terceiro dom de ciência
é o dom do discernimento dos espíritos, que é o dom concedido pelo Espírito
Santo a alguns crentes para que identifiquem operações espirituais em
acontecimentos e fatos do cotidiano.
- Por intermédio deste dom,
percebemos o aspecto espiritual envolvido nas mais diversas e simples
ocorrências do dia-a-dia, não nos deixando cair nos laços do adversário, bem
como nos precavendo até aquele grande dia, cuja proximidade também é resultado
do nosso discernimento espiritual.
- É importante observar que
o dom do discernimento é uma identificação súbita e momentânea, numa
determinada situação, da operação espiritual, não se confundindo com o discernimento
corriqueiro que todo cristão deve ter, por estar em comunhão com o Senhor e ter
em si o Espírito Santo que o orienta a cada dia.
- O servo de Deus, o homem
espiritual, como já afirmamos supra, tem o Espírito de Deus (Rm.8:9). É o
Espírito Santo que habita em nós que nos dá a consciência e a convicção de que
somos filhos de Deus (Rm.8:16). Quando aceitamos a Cristo, recebemos o Espírito
e, por isso, somos vivificados em Cristo (I Co.15:22), uma vez que, com o
perdão dos nossos pecados, nosso espírito passa, novamente, a ter comunhão com
o Senhor, sendo o elo de ligação que nos faz adorar a Deus e a fazer a Sua
vontade.
- Este homem espiritual, por
ter o Espírito Santo, recebe a revelação das coisas de Deus (I Co.2:11). Ao
aceitar a Cristo, o homem deixa as trevas e vem para a luz e, assim, tudo pode
ver, tudo pode enxergar. Quando se nasce de novo, passa-se a ver o reino de
Deus (Jo.3:3), deixa-se a cegueira espiritual, própria daqueles que viviam sob
o domínio do pecado (II Co.4:4), para se enxergar a glória de Deus (Jo.11:40).
Jesus veio dar visão aos cegos espirituais (Jo.9:39).
- Esta visão espiritual que
o homem que aceita a Cristo recebe é o primeiro passo do que se chama de
“discernimento espiritual”. Por isso, o apóstolo Paulo afirma que “o que é
espiritual discerne bem tudo e ele de ninguém é discernido” (I Co.2:15). Jesus,
um dia, alegrou-Se espiritualmente ao revelar esta verdade espiritual: “Graças
Te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios
e instruídos e as revelaste aos pequeninos” (Mt.11:25b).
- Discernimento, diz o
lexicógrafo (i.e., o que escreve dicionários), é “capacidade de compreender
situações, de separar o certo do errado”. Quando o homem aceita a Cristo, ele
passa a ter a direção do Espírito Santo, que vem nele habitar e, a partir de
então, sabe bem diferençar o que é certo e o que é errado, o que agrada a Deus
do que não agrada a Deus. Esta capacidade de separação é complemento do
conhecimento da Palavra, é o resultado de uma vida de comunhão e de intimidade
com o Espírito Santo.
- O homem espiritual tem a
capacidade de discernir o que é certo e o que é errado, de avaliar as situações
e verificar, em cada caso, o que deve fazer para continuar sua vida de
obediência a Deus e de glorificação do Seu nome. Todo crente, portanto, tem
este discernimento espiritual.
- Ao mesmo tempo,
entretanto, que o homem espiritual passa a compreender as coisas sob o
ponto-de-vista espiritual, ele passa a ser incompreendido pelos demais homens,
ditos “homens naturais”. Com efeito, como a Bíblia nos mostra, ele tudo
discerne, mas ele de ninguém é discernido. Não devemos, pois, nos surpreender
com o espanto causado junto aos incrédulos pelo nosso testemunho. Para eles,
nosso comportamento, guiado pelo Espírito de Deus, parece loucura, é algo
incompreensível e, realmente, eles não podem compreender o que se passa, porque
são cegos espirituais, não conseguem ver a luz do evangelho de Cristo (II
Co.4:4) e, por isso, não podem compreender a realidade das coisas.
- O crente vê o invisível
(Hb.11:27), não anda por vista, mas por fé (II Co.5:7) e, desta maneira, não se
guia pela lógica, pelo raciocínio humano, mas, sim, pela orientação divina.
Isto faz com que as pessoas não possam, mesmo, compreender os passos do servo
do Senhor, passos que, entretanto, como diz o salmista, são confirmados pelo
Senhor (Sl.37:23). Como entender a construção de uma arca, como fez Noé, num
mundo onde nunca havia chovido? Como compreender que Moisés mande o povo
marchar em direção a um mar? Como raciocinar que um pequeno pastor de ovelhas
vá à luta contra um guerreiro gigantesco levando apenas um funda e seis
pedrinhas? Não dá para entender, mas o homem espiritual discerne as coisas de
um outro ponto-de-vista, de um critério muito mais sublime que a lógica humana,
porque tem discernimento espiritual.
- É fundamental, pois,
nestes dias trabalhosos em que vivemos, que saibamos distinguir entre o que é
certo e o que é errado, distinção esta que só se fará mediante a ação do
Espírito Santo e o conhecimento da Palavra. É essencial que tenhamos comunhão
com o Senhor e que ouçamos a Sua voz, a fim de bem nos portarmos neste mundo,
embora isto nos leve a uma cada vez maior incompreensão por parte daqueles que
não têm Cristo como seu Senhor e Salvador.
- Mas, além do discernimento
espiritual que é próprio e comum de todo homem espiritual, ensina-nos a Bíblia
que há, também, um dom espiritual, o dom de discernimento dos espíritos (I
Co.12:10). Este dom espiritual não é comum a todos os crentes, mas é um dos
dons de ciência, revelação ou de conhecimento que o Espírito Santo concede a
alguns crentes, para benefício de toda a igreja, com o objeto de demonstração
do poder do Senhor no sustento de cada crente até aquele grande dia.
- O dom de discernimento dos
espíritos é “…uma dotação especial dada pelo Espírito, para o portador do dom
discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem
provém do Espírito Santo ou não(…). No fim dos tempos, quando os falsos mestres
(…) e a distorção do cristianismo bíblico aumentarão muito(…), esse dom
espiritual será extremamente importante para a igreja.…” (BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL. Dons espirituais para o crente (estudo), p.1757).
- O dom de discernimento dos
espíritos, pelo que se verifica, portanto, é a capacidade especial que o
Espírito Santo dá a alguns crentes para que julguem as manifestações
espirituais que ocorrem dentro das igrejas locais, de modo a atestar se são
provenientes de Deus, ou não, bem como quem identifica os falsos mestres e seus
falsos ensinamentos que se infiltram, cada vez mais, encobertamente no meio do
povo de Deus.
- Nos dias de tanto engano e
de tanta atuação do “espírito do anticristo”, torna-se absolutamente necessário
que este dom esteja na igreja para auxílio dos crentes em geral. Se é verdade
que cada salvo tem discernimento espiritual, também não é menos verdadeiro que
a sutileza do nosso inimigo, a “mais astuta de todas as alimárias da terra”
(Gn.3:1), é tal que não podemos ignorar os seus ardis (II Co.2:11).
- Sabendo, pois, de nossa
vulnerabilidade, o Senhor quis dotar a igreja do dom de discernimento dos
espíritos, para que alguns vasos por Ele escolhidos sejam usados para mostrar a
toda a comunidade a procedência autêntica, ou não, de manifestações
espirituais. Este dom é extremamente necessário neste último tempo e,
lamentavelmente, ante a frieza espiritual de muitos, sua falta tem contribuído
enormemente para a apostasia da fé de muitos.
- Vivemos um período em que
muitos querem ver sinais e maravilhas, em que o misticismo tem tomado conta de
muitos ambientes, até porque o mundo pós-moderno é o mundo que busca reviver
uma “religiosidade”, uma “espiritualidade”, depois do fracasso das alternativas
materialistas e racionalistas que caracterizaram a Modernidade. Se os crentes
adotarem esta estratégia, como muitos já o têm feito, correrão o risco de serem
enganados e de se associarem às práticas mundanas, pensando estar agradando ou
adorando a Deus.
- Mais do que nunca,
torna-se preciso que tenhamos o devido discernimento de tudo o que acontece à
nossa volta e de tudo o que se quer introduzir no nosso meio. Devemos ter a
mesma estrutura da igreja de Éfeso que pôs à prova os que se diziam apóstolos,
mas não o eram (Ap.2:2).
Mas, para tanto, é necessário que os servos do Senhor
busquem a presença de Deus, já que os dons espirituais são dados apenas àqueles
que já são batizados com o Espírito Santo.
OBS: “…O terceiro dom [discernimento
dos espíritos, observação nossa] (…) é, em nossa experiência de vinte anos de
ministério carismático, o mais ignorado e esta falha é grandemente sentida.
Discernir espíritos pela revelação do Espírito Santo faz-se mister em TODOS os
aspectos da obra de Deus(…).
Quantos problemas seriam evitados na igreja se
funcionasse, correta e biblicamente, o dom do discernimento dos espíritos. A
desonestidade do espírito humano, que leva comunidades inteiras a escândalos e
desgraças, poderia ser evitada por alguém que tratasse desse espírito revelando
por discernimento o problema antes de se agravar. Quantas vidas já se perderam
por falta desse dom…” (McALISTER, Robert. Os dons do Espírito Santo,
pp.21-2).
- Vivemos tempo em que os
poucos crentes dedicados se contentam com o batismo com o Espírito Santo e, uma
vez revestidos de poder, não continuam a busca dos dons espirituais. Isto tem
trazido enorme prejuízo à igreja, pois os dons espirituais são necessários para
o crescimento espiritual de todos os crentes.
Não é o portador do dom que se
beneficia com ele, mas antes, o portador é apenas um instrumento para o aprimoramento
espiritual de toda a igreja. Precisamos de portadores do dom de discernimento
dos espíritos e, por isso, busquemos este dom, a fim de que todos nós tenhamos
mais uma ferramenta deixada à disposição do Senhor para não nos deixarmos ser
enganados pelo inimigo.
- Busquemos, pois, o dom do
discernimento dos espíritos, pois, conquanto seja o Espírito quem distribui os
dons conforme o Seu querer (I Co.12:11), Ele necessita de pessoas bem dispostas
para que efetue a Sua obra (Lc.1:17 “in fine”). Se todos nos pusermos à
disposição do Senhor, certamente escolherá alguns para que todos nós sejamos
ricamente abençoados e evitemos ser tragados pelo engano destes dias difíceis
em que vivemos.
- Conhecendo a Palavra,
tendo o discernimento do homem espiritual e sendo complementados pela
manifestação do dom do discernimento dos espíritos, certamente saberemos
descobrir todas as ciladas do inimigo ao longo do caminho e, a exemplo de
Esdras e daquele povo que o seguia, chegaremos sãos e salvos a Jerusalém
(Ed.8:31,32), não a Jerusalém terrena, mas a celestial, “adereçada como uma
esposa ataviada para o seu marido” (Ap.21:2 “in fine”).
Ev. Dr. Caramuru
Afonso Francisco
Site: http://www.portalebd.org.br/files/2T2014_L3_caramuru.pdf
This entry was posted on quinta-feira, 27 de março de 2014 at 18:54. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
- FAÇA SEU COMENTÁRIO