LIÇÃO 04 - SUPERANDO OS TRAUMAS DA VIOLÊNCIA SOCIAL
COMENTÁRIOS - EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
(ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - SEDE - SÃO
PAULO/SP)
A violência social é mais outra nefasta consequência do
pecado.
INTRODUÇÃO
- A violência
social é mais
outra nefasta consequência
da entrada do
pecado no mundo
e, portanto, somente será debelada quando o pecado for
definitivamente extirpado.
- O salvo
em Cristo Jesus
deve saber lidar
com esta realidade, confiando
em Deus e
amando o próximo.
I – A ORIGEM DA
VIOLÊNCIA SOCIAL
- Na sequência do estudo das aflições por que passamos nesta
vida sobre a face da Terra, iniciamos agora o estudo do segundo bloco, referente ao que
denominamos de “dramas sociais”, ou seja, aflições decorrentes da nossa convivência com os demais seres
humanos em nossa peregrinação terra.
- O homem não foi feito para viver sozinho (Gn.2:18), é um
ser gregário, ou seja, vive necessariamente com outros de sua espécie, vive em sociedade.
Assim Deus fez o ser humano, de sorte que, como já dizia o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), o
homem é um ser “naturalmente social”.
- Ao criar o homem um ser social, o Senhor fez com que o
homem somente pudesse atingir os propósitos sublimes para ele determinados pelo próprio
Deus se estivesse vivendo em sociedade. Não haveria como o homem obter a frutificação, a multiplicação, a preenchimento
da Terra e a dominação sobre a criação terrena (Gn.1:28) se não vivesse em sociedade, sociedade
esta que tem como célula mater a família (Gn.2:24).
- Antes que
o primeiro casal
pecasse, a vida
que mantinham entre
si era de
perfeita unidade e
harmonia. Tanto assim é que as
Escrituras nos afirmam
que não havia
qualquer senão entre
eles, pois, em
pura inocência, embora estivessem
nus, não se envergonhavam um do outro (Gn.2:25), nada escondiam um do outro, viviam na mais completa paz e comunhão,
não só entre si como também com o Senhor.
- No entanto,
assim que pecaram,
tudo isto se modificou.
Homem e mulher
viram-se nus, passaram
a ter vergonha
um do outro,
procuraram esconder-se de
si próprios, um
do outro e,
também, de Deus,
pois, quando o
Senhor a eles
veio na viração
do dia, não
tiveram como se
apresentar diante d’Ele.
A paz e harmonia
nos relacionamentos estavam prejudicadas por causa do pecado (Gn.3:7,8).
- A sequência da narrativa bíblica mostra-nos, ainda, que
homem e mulher passaram a se acusar. Adão pôs a culpa
da queda na
mulher e a
mulher, na serpente
(Gn.3:12,13). Inexistia um
clima de harmonia
e de comunhão,
mas, em lugar
daquilo que antes
havia entre os
seres humanos, passou
a haver desconfiança, isolamento e um egoísmo em que um não queria
mais saber do bem-estar do outro, mas, sim, uma ilusória busca pela salvação, mesmo em detrimento do
outro.
- Esta situação lamentável não cessou ali no Éden. Pelo
contrário, o Senhor, ao pronunciar o juízo sobre o primeiro casal, foi claro ao mostrar que esta
desarmonia, este desequilíbrio nos relacionamentos perduraria como consequência
do pecado. Ao se dirigir à mulher, a sentença foi claríssima: “o teu desejo
será para o teu marido, e ele te
dominará” (Gn.3:16 “in fine”).
- Ao pronunciar esta sentença, não estava o Senhor adotando
um “patriarcalismo” ou um “machismo”, como se anda propagando em nossos dias e, pasmem
todos, com a adesão de muitos que cristãos se dizem ser. O Senhor não estabeleceu
qualquer superioridade do
homem sobre a
mulher, mas, sim,
afirmou que, como consequência do
pecado, haveria um
desequilíbrio entre os
relacionamentos humanos, haveria
um traço de iniquidade produzido
pelo pecado nas relações humanas, a começar pelo domínio do homem sobre a mulher.
- Este domínio do homem sobre a mulher era a primeira
demonstração de que, com a entrada do pecado no mundo, prevaleceria o egoísmo, o interesse
próprio nas condutas humanas, não haveria lugar para o amor ao próximo, para o
desenvolvimento da fraternidade.
Os homens pensariam, antes de mais nada, em si mesmos e, neste pensamento, não titubeariam em
prejudicar o outro, em querer dominar o outro, em transformar o outro em mero instrumento para a satisfação de
seus desejos e projetos.
- Esta triste realidade vemos bem estampada algum tempo
depois no relato bíblico do episódio a envolver os dois primeiros filhos de Adão e Eva, Caim e
Abel. Algumas décadas haviam se passado desde a expulsão do primeiro
casal do Éden
e já sentimos
como as relações
entre os homens
se encontravam extremamente afetadas pelo pecado.
- Caim, tomado pela inveja, matou o seu irmão Abel, uma vez
que o sacrifício deste havia sido aceito por Deus, enquanto que, com respeito ao seu
sacrifício, não tinha havido aceitação da parte do Senhor (Gn.4:1-11). Temos aqui a notícia do primeiro crime de homicídio na
história da humanidade, a clara demonstração de que a violência social tem como causa o
pecado.
- Deus alertou Caim, antes do cometimento deste crime, de que
ele deveria cuidar da sua comunhão com o Senhor,
pois, se isto
não ocorresse, o
pecado o dominaria
(Gn.4:7). No entanto,
Caim não deu
ouvidos a Deus, antes preferiu matar Abel e, desta
maneira, “não ter concorrência” quando fosse oferecer sacrifícios ao Senhor.
- Na atitude tomada por Caim, notamos, com absoluta clareza,
que a decisão pelo crime, pela violência é resultado de uma rejeição a Deus, é
consequência direta do pecado, é resultado de uma vida impregnada de egoísmo, individualismo, de total
despreocupação com o próximo. Tanto assim é que a primeira atitude de
Caim ao ser
interpelado pelo Senhor
a respeito do
paradeiro de Abel,
foi a de dizer que
não era ele guardador
do seu irmão (Gn.4:9 “in fine”).
- A origem da violência social, portanto, é o pecado, aquele
que o próprio Deus disse a Caim que estava à espreita, procurando dominá-lo. Por isso,
aliás, assistimos a um grande aumento da criminalidade em nossos dias, dias de multiplicação da iniquidade
(Mt.24:12).
- Muitos têm
procurado defender a
tese de que
a causa da
criminalidade é a
injustiça social, a má distribuição de renda, a falta de oportunidade
às camadas mais pobres da população e que, havendo melhora nos índices sociais,
a tendência da criminalidade é de ser reduzida e, quiçá, debelada. Tais
estudos, porém, não se coadunam com a
realidade bíblica e, como sabemos, a Bíblia é a verdade (Jo.17:17).
- Estes estudos, em que pesem suas estatísticas, são
diariamente infirmados pelos fatos, não podendo, pois, ser acolhidos. Estivessem eles certos, os países mais ricos seriam, necessariamente, países
sem crimes ou com criminalidade
descendente, o que, entretanto, não ocorre. Estivessem eles certos, a
criminalidade não alcançaria as camadas mais abastadas da população, o que,
também, não é o que se vê.
Notamos, portanto, que tais pensamentos e ideias,
embora difundidos e apresentados como “verdade” pelos meios acadêmicos e de
comunicação, não resistem aos fatos.
- Estes estudos esquecem-se do principal problema que causa a
violência social, que é o pecado, pecado que, inclusive, também causa a injustiça social e a
má distribuição de renda.
A violência social é resultado de uma
vida sem Deus,
de uma vida
que busca a
satisfação da natureza
pecaminosa e que,
por seu individualismo, egoísmo e desprezo para com o
próximo, faz com que, a exemplo de Caim, não se tenha a menor dificuldade
em se prejudicar, e
eliminar até, o
outro para que
haja a concretização
dos projetos malévolos levados a efeitos por quem anda sem
Deus por esta Terra.
II – CONVIVENDO COM A
VIOLÊNCIA SOCIAL
- Visto que
a origem da
violência social é
o próprio pecado,
temos que, à
evidência, não teremos
como combater a violência social
se não combatermos o pecado. Não é por outro motivo que um dos caminhos efetivos de diminuição da violência social é a
pregação do Evangelho, pois só ele é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele
que crê (Rm.1:16).
Por isso, razão
tinha o presidente
brasileiro Getúlio Vargas (1882-1954) quando, certa feita, disse
que quando se abre uma igreja, deixa-se de abrir um presídio.
- Diante desta realidade, torna-se pueril buscar-se uma vida
terrena em que não haja violência ou se crer em ações ou estratégias que eliminem a violência
da sociedade, pois sabemos que, sendo o pecado a origem da violência, e estando nós a viver numa época em
que se multiplica o pecado, é de se esperar que a violência aumente cada vez mais, em cumprimento até ao
que se encontra nas Escrituras.
- Deste modo,
do salvo em
Cristo Jesus, que
conhece a verdade,
não se pode
esperar que confie
nos planos criados pelos homens
para a extirpação ou minoração da violência, pois não pode o Estado, a quem se atribui a tarefa de solucionar o
problema, resolver esta questão, pois não se trata de uma questão política, mas, sobretudo, de uma consequência
de um problema espiritual muito mais profundo e complexo.
- Enquanto a
sociedade clama pela
diminuição e erradicação
da violência, buscando
mesmo auxiliar o Estado
para a solução deste problema, a própria sociedade, paradoxalmente, torna-se
mais violenta a cada dia que passa. Como
afirmou o sociólogo brasileiro Antonio Flávio Testa, “…Vivemos em uma sociedade
que
aceita, paradoxalmente, a
violência, não obstante
todo o investimento feito
para diminuir a criminalidade.…” (A
violência social no
Brasil. 23 mar.
2009. Disponível em: http://professortesta.blogspot.com.br/2009/03/violencia-social-no-brasil.htmlAcesso
em 29 maio 2012).
- Isto se dá precisamente porque, apesar de querer o fim da
violência, a sociedade está a pecar cada vez mais intensamente, e o pecado, entre os seus
produtos, gera violência, como já pudemos observar.
- Diante deste
quadro, além de
evangelizar, pois é
através do Evangelho
que podemos diminuir
esta violência, pois só com a
salvação em Cristo Jesus podemos nos libertar do pecado e, deste modo, também não mais satisfazermos aos desejos carnais que nos levam a
uma vida de violência (Jo.8:32-36), o que deve fazer o salvo em Cristo Jesus?
- O salvo,
sabendo a real
origem da violência
social, tem de
conviver com esta
dura realidade, visto
que estamos no mundo (Jo.17:11),
mundo está que está no maligno (I Jo.5:19) e do qual o Senhor Jesus não pede para que dele sejamos tirados (Jo.17:15).
- Temos de ser “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt.5:13,14)
e, para tanto, temos de ser mantidos aqui na Terra até o dia em que o Senhor nos quiser
recolher para a eternidade ou, então, no dia do arrebatamento da Igreja. Em
sendo assim, teremos
de conviver numa
sociedade cada vez
mais violenta e,
o que é
real, muitas vezes sofrendo os
males causados por esta violência.
- Na convivência
com a violência
social, devemos nos
lembrar, ainda, do
primeiro homicídio da humanidade.
Ali a vítima do crime foi o justo Abel (Mt.23:35; Hb.11:4), prova de que os
justos não estão livres de
ser vítimas de
crimes nesta Terra.
Aliás, os
salvos, além da
violência normalmente sofrida
por todos os seres humanos neste
mundo que jaz no maligno, ainda sofrem a violência por servirem a Deus, não raras vezes morrendo por causa da fé
(Lc.21:16,17; Hb.11:35-40).
- Assim, além de termos consciência de que temos de conviver
num mundo cada vez mais violento, também precisamos estar certos de que nós mesmos
podemos, apesar de nossa condição de servos do Senhor, e até por causa disso,
ser alvo da violência. Não estamos imunes à violência e quando ocorrer de um
servo de Deus ser
vítima de crime,
não tenhamos nossa
fé abalada, nem
tampouco coloquemos em
dúvida a espiritualidade daquele que for vítima da violência, mas,
antes, nos lembremos do justo Abel.
- Mas alguém poderá objetar o que estamos a dizer, afirmando
que Jesus, embora não tenha pedido ao Pai que
nos tirasse do
mundo, pediu ao
Senhor que nos
livrasse do mal
(Jo.17:15). Não haveria,
pois, uma promessa
de Cristo de
que jamais sucederia
mal a nós,
de que jamais
seríamos vítima de
violência neste mundo?
- Este mal a que Jesus Se refere em Jo.17:15 não significa,
em absoluto, uma imunidade à violência nesta Terra,
tanto que, como
já dissemos, são
muitos os servos
do Senhor que
padecem por causa
da fé e, se
fôssemos entender o
mal mencionado em
Jo.17:15 como uma
imunidade à violência,
não teríamos como considerar os
martírios mencionados nas
Escrituras, como as
mortes de Estêvão
(At.7:59,60) e de
Tiago (At.12:1,2).
- Este mal a que Jesus Se refere é o verdadeiro mal, que é a
perda da salvação, a eternidade sem Deus. Tanto assim é que, quando o Senhor Jesus adverte os
Seus discípulos de que eles sofreriam e até perderiam a vida por causa do Seu
nome, foi enfático ao afirmar que não deveríamos temer aqueles que podem matar
o nosso corpo, mas, sim, Aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o
corpo, i.e., o próprio Deus (Mt.10:28; Lc.12:4,5).
- Confiamos em Deus e devemos pedir-Lhe proteção numa
sociedade cada vez mais violenta, mas isto não
significa que estejamos
imunes à violência.
Por isso, devemos,
sim, tomar todas
as precauções existentes para
nos protegermos da
criminalidade, lembrando, porém,
que não devemos
confiar nos equipamentos, nas
estratégias de segurança mas, sim, lembrarmos que nossas vidas estão nas mãos
de Deus.
- Nesta confiança em Deus, encontra-se outra atitude que
devemos ter ante esta realidade, que é a de não sermos contaminados
por uma obsessão,
por uma ansiedade,
por um medo
excessivo, por uma
fobia em razão da violência.
- Neste sentido,
aliás, nosso comentarista
fala dos “traumas”
da violência social.
“Trauma” é palavra
de origem grega que significa “ferida”. Os “traumas” podem ser físicos
ou psicológicos.
- “O trauma
psicológico é um
tipo de dano
emocional que ocorre
como resultado de
um algum acontecimento. Pressupõe
uma experiência de dor e
sofrimento emocional ou
físico.
Como experiência dolorosa que é, o trauma acarreta
uma exacerbação do medo, o que pode conduzir ao estresse, envolvendo mudanças
físicas no cérebro e afetando o comportamento e o pensamento da pessoa, que
fará de tudo para evitar reviver o
evento que lhe
traumatizou. Igualmente, pode
acarretar depressão, comportamentos obsessivos compulsivos
e outras fobias
ou transtornos ,
como o de
pânico.…” ( Trauma
psicológico. In: WIKIPÉDIA.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Trauma_psicol%C3%B3gicoAcesso em 29
maio 2012).
- Assim, ante uma experiência de violência, pode a pessoa
desenvolver um trauma psicológico, o que é cada vez mais
comum, tendo em
vista a crescente
crueldade com que
estão sendo perpetrados
os crimes na atualidade, como
reflexo desta multiplicação
do pecado.
Os salvos,
não estando imunes
à violência, também não estão
livres de sofrer com traumas decorrentes desta experiência terrível que é a de
ser vítimas de uma criminalidade violenta e cada vez mais assustadora.
- A superação
desta situação em
que podemos nos
envolver em virtude
da experiência com
a violência depende, sobretudo,
de entrarmos em
contato mais íntimo
com o Senhor.
O trauma
é uma “ferida
na alma”, fonte de nossa sensibilidade, algo extremamente compreensível,
mas que deve ser suplantado não só diante
dos recursos existentes
na ciência (seja
a medicina, seja
a psicologia), mas
ante uma intensa aproximação com o Senhor, pois não há
quem possa nos dar refrigério como o nosso Deus, o nosso socorro bem presente
na hora da angústia (Sl.46:1).
- Precisamos,
diante de uma
experiência desta natureza,
entender que, mesmo
tendo sido vítimas
de uma violência, não estamos
desamparados pelo Senhor. Tais situações mostram-nos quanto o pecado prejudica
a humanidade e que, apesar de tudo, temos garantida a salvação em Jesus Cristo
e que tudo quanto estamos a sofrer aqui é passageiro, que nos espera algo muito
melhor, novos céus e nova terra em que habita a justiça (II Pe.3:13).
- Muitas vezes,
a experiência com
a violência é
permitida pelo Senhor
para nos ensinar
a não dar tanto valor para as coisas desta vida,
mas darmos prioridade ao que realmente importa, ou seja, ao reino de Deus
e à sua
justiça (Mt.6:33).
Conhecemos diversos
testemunhos de pessoas
que foram vítimas
de crimes e que, naqueles instantes tenebrosos, viram que nada valem os
bens que possuíam, a posição social ou o prestígio alcançados e tão
perseguidos, quando, sob a mira de uma arma de fogo, estavam a ponto de
ser mortos. São
experiências terríveis mas
que nos fazem
acordar para a
realidade da vida
humana.
Porventura, não foi isto que sentiu Ló quando foi levado
cativo juntamente com os sodomitas (Gn.14:12).Quem sabe não foi depois esta terrível experiência que ele
passou a se afligir com a maldade de Sodoma (II Pe.2:7,8)?
- O trauma desenvolve-se e se fortalece quando, em meio a
tais experiências dolorosas e terríveis, a pessoa deixa de se voltar para Deus
e, ao revés, volta-se contra Ele, querendo culpar-Lhe pelo acontecido, algo
que, tomemos cuidado, é uma artimanha utilizada por Satanás para nos levar a
uma atitude contrária à vontade de Deus.
- Quando
passarmos por experiências
traumáticas, jamais nos
levantemos contra o
Senhor, nem procuremos questionar
o porquê daquela
situação, como que a querer,
diante de Deus,
dizer que não merecíamos passar por aquela situação ou,
o que é pior, culpar Deus pelo acontecido.
Deus sempre nos quer
bem e, mesmo diante de situações extremamente penosas, jamais devemos deixar de
considerar que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem
daqueles que amam
a Deus e
são chamados pelo
Seu decreto (Rm.8:28).
- Não resta dúvida que se trata de uma atitude difícil de ser
tomada, mas é comportamento absolutamente necessário para quem serve a Deus e
quer morar com o Senhor para sempre na eternidade. Não podemos querer
raciocinar, em situações desta natureza, com a nossa mente humana, que é
extremamente pequena e não tem condições de saber o que está acontecendo.
O
Senhor bem demonstrou a pequenez do entendimento humano ante o divino ao
interpelar o patriarca Jó, quando este O questionava a respeito de todo o
sofrimento que estava a padecer (Jó
38-41).Não restou ao
patriarca, ao final daquele questionário, senão reconhecer que falava do
que não entendia, de coisas maravilhosíssimas que não compreendia (Jó 42:3).
- Ao lidarmos com as reações psíquicas decorrentes de
experiências de violência, devemos, antes de mais nada, nos aproximar do Senhor
e buscar n’Ele o consolo, a superação dos traumas, pois somente desfrutando do
consolo e do amor divinos poderemos enfrentar situações que tais.
- Outra atitude
que devemos evitar,
no tratamento desta
situação, é a
ansiedade. Muitas vezes,
não somos vítimas da
violência, mas, em
meio às ocorrências
cada vez mais terríveis que
têm acontecido em nossos dias, podemos ser tentados a viver
ansiosamente, receando ser vítimas de crime a todo instante, um comportamento
que, entretanto, também não pode existir entre quem cristão se diz ser.
- É evidente
que, mesmo sendo
servo de Deus,
como já dissemos
supra, nem por
isso podemos ser imprudentes e
alheios à criminalidade
intensa que toma
conta do mundo
em nossos dias,
e sejamos descuidados com
a segurança dse
nossa pessoa, de
nosso patrimônio e
de nossa família.
Mas, entre prudência e obsessão,
há uma grande diferença.
- “Ansiedade”, diz
o Dicionário Houaiss
da Língua Portuguesa,
é “grande mal-estar
físico e psíquico; aflição, agonia”; “desejo veemente
e impaciente”; “falta de tranquilidade; receio”; “estado afetivo penoso,
caracterizado pela expectativa de algum perigo que se revela indeterminado e
impreciso, e diante do qual o indivíduo se julga indefeso”.
- A origem da
palavra “ansiedade” é a palavra latina “anxietas, atis”, que, por sua vez, tem
origem no radical “ang-“, cujo significado
é “'estreitar, oprimir,
apertar (a garganta)”,
que tem a
mesma origem da
palavra “angústia”, que a
psicologia considera como
sendo “estado de
excitação emocional determinado
pela percepção de sinais, por antecipações mais ou menos concretas e
realistas, ou por representações gerais de perigo físico ou de ameaça psíquica”
e a psicanálise, “reação do organismo a uma excitação impossível de ser
assimilada, desencadeada pelo bloqueio da consecução da finalidade de uma
pulsão (p.ex., a frustração do
orgasmo) ou pela
ameaça de perda
de um objeto
investido por uma
pulsão (p.ex., a
perda de um ser
amado)”.
- Isto significa
que todo ser
humano, salvo ou
não, tem ansiedade,
pois ela é
o resultado de
termos uma natureza pecaminosa e,
ao mesmo tempo, termos sido criados para viver com Deus, o que é impossível por
causa do
pecado que praticamos.
Destarte, neste conflito
entre o objetivo
da eternidade e
o domínio do pecado que nos impele para o passageiro e
temporário, surge uma “estreiteza”, um “aperto”, uma “opressão” no próprio ser
humano, que gera a “ansiedade” ou “angústia”. Isto decorre da própria natureza
humana e não há como dela nos livrarmos enquanto não atingirmos a glorificação,
que é o estado final da salvação, quando nos livraremos desta natureza
pecaminosa, deste “corpo do pecado”.
Até lá, porém, quem passou a depender exclusivamente de
Jesus, quem se tornou em vara da videira verdadeira (Jo.15:1), tem como se
livrar desta ansiedade, lançando-a sobre o Senhor Jesus, como, aliás, nos
recomenda o apóstolo Pedro (I Pe.5:7).
- A salvação
é o primeiro
e indispensável passo
para cuidarmos da
ansiedade. A ansiedade
resulta do domínio da natureza
pecaminosa sobre o homem, e não poderá ser tratada se a carne não estiver
crucificada com Cristo. Devemos andar segundo o espírito e não segundo a carne
para termos condição de lutar contra a ansiedade e, por isso, temos de ter
nascido de novo, nascido da água e do Espírito (Jo.3:3-6).
- A ansiedade resulta da falta de uma sensação de bem-estar,
e esta sensação de bem-estar somente advém ao ser humano quando a eternidade do
seu interior se encontra com o Eterno, ou seja, quando alguém aceita a Cristo
Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador, instante em que o próprio
Deus vem morar no interior do homem, preenchendo aquele vazio de significado,
aquele vácuo interior do ser humano, vácuo que
só pode ser
preenchido por Deus
porque é “um
vazio do tamanho
de Deus”, o
único ser eterno
que existe.
- Assim, diante
de fatos tão
tenebrosos como o aumento
da violência social,
a reação não
é viver ansioso, dar as costas
para Deus, mas aumentar, mais e mais, a confiança em Deus, voltar-se ao Senhor,
tomando as devidas cautelas, mas sem deixar de confiar no Senhor, sem se entrar
nesta paranoia que tem tomado a vida de muitos.
- Outra reação que costuma ocorrer diante da violência social
é o medo. A palavra “medo” vem da palavra latina “metus”,
cujo significado é
“medo, temor, desassossego,
inquietação, ansiedade, temor
religioso, objeto de temor”, palavra que, na linguagem do direito
romano, significava, por sua vez, “constrangimento moral imposto a qualquer um
para fazê-lo realizar um certo ato, pela ameaça de um mal iminente”.
- O “medo” está acompanhado de uma atitude de incredulidade.
Ló, mesmo tendo sido salvo (praticamente à força) do desastre que cairia sobre
as cidades da planície, não confiou que, no lugar indicado pelos anjos, estaria
livre do juízo divino e, por isso, pediu que lhe fosse permitido ir para outro
local, local este, aliás, muito mais vulnerável do que o monte. O “medo”, pois,
sempre demonstra uma atitude de falta de confiança em Deus, está sempre
relacionado com um ato de incredulidade.
- O medo
é uma sensação
que advém ao
ser humano quando
ele verifica que
é incapaz, impotente
para resolver uma determinada situação, de enfrentar um determinado
perigo. Ao utilizar-se de sua inteligência e de sua capacidade intelectual, o
homem percebe que existem circunstâncias que lhe trazem riscos, a começar pelo
risco da sua própria sobrevivência, riscos estes que não tem como eliminar.
Diante desta percepção do perigo, o homem, então, tem duas alternativas: ou
confia em Deus, que é o seu Criador, que pode solucionar estes problemas,
dando-lhe a necessária
segurança, ou, então,
cria mecanismos próprios
que permitam amenizar ou
eliminar, dentro de sua ótica, tais perigos.
- O medo é uma sensação que apresenta um lado positivo, qual
seja, a consciência da fragilidade humana, de sua impotência
diante do mundo.
Sem que se
verifique esta sensação,
não há como
percebermos a nossa necessidade de
Deus. O medo
é uma emoção
humana que desmente
a ilusória proposta
satânica de que podemos viver num estado de
autossuficiência. Se não sentíssemos medo, certamente nos seria muito difícil
perceber que precisamos de Deus.
- Não é por outro motivo que, nas Escrituras, temos, por 365
vezes, a expressão “não temais” ou alguma de suas variantes,
o que, pela
coincidência do número
de vezes da
expressão com o
ano do calendário gregoriano, fez
com que muitos
dissessem que há
uma expressão “não
temais” para cada
dia do ano.
A insistência da Bíblia em dizer que não devemos ter medo é
mais uma demonstração de que o sentimento de medo é inerente à própria condição
humana, à própria natureza do ser humano, mas que Deus, ciente desta
incapacidade, desta impotência
do ser humano,
está sempre à
disposição para eliminar
esta sensação, mediante a comunhão com
Ele, o que
se dá apenas
na pessoa de
Jesus Cristo que,
por ser Aquele
que elimina o medo, é o responsável por nos trazer a paz, aquele
sentimento que nos completa e retira o medo, pois.
- Como se
pode observar, portanto,
o medo também
não é uma
reação que devamos
ter em meio à
violência social crescente em nossos dias. Trata-se de um comportamento
inadequado para quem confia em Deus. Devemos ter uma vida de intimidade com o
Senhor para evitar que tal conduta venha tomar conta de cada um nós.
- A ansiedade e o medo, ademais, são potencializados, nos
dias em que vivemos, pelo sensacionalismo que muitas vezes caracteriza o
tratamento da questão pelos meios de comunicação de massa. Embora seja real
o aumento da criminalidade, não
devemos dar crédito
a tudo quanto
se veicula nos
meios de comunicação, a ponto de
termos transformada nossa conduta numa obsessão, visto que os justos são
pessoas que não “engolem”
toda e qualquer
informação, mas, antes,
investigam o que
é veiculado (Sl.10:4), confiando em Deus e sabendo que
Deus é a verdade (Jr.10:10).
- Em termos de violência social, também, existe um
comportamento que é o de tentar reagir à violência com mais violência, à
demonstração de desamor que sempre acompanha toda e qualquer atitude violenta
com o ódio. Assim, não
são poucos, na
atualidade, que defendem
adoção de medidas
de violência contra
os criminosos, como os linchamentos e, não raras vezes, até mesmo a pena
de morte para quem pratica delitos.
- É de
Deus a competência
para a aplicação
seja da morte
física como da
morte espiritual, tanto
que as Escrituras dizem
que somente Deus
pode dar ou
tirar a vida
(I Sm.2:6) como
também que, no
grande julgamento que haverá na humanidade, será Ele o grande julgador e
a pena a ser aplicada aos transgressores será, exatamente, a pena de morte, mas
a morte verdadeira, a morte eterna, a sempiterna separação de Deus
(Ap.20:13-15).
- Sabemos que o tema é polêmico, mas temos a convicção de que
a Bíblia Sagrada, em momento algum, dá a qualquer autoridade o poder de tirar a
vida do semelhante, ainda que este seja mau e transgressor da lei.
O fato de a
pena de morte
ter sido, inclusive,
incluída na lei
de Moisés (embora
nunca tenha sido rigorosamente aplicada), não invalida
este nosso entendimento, pois é bíblico que muito do que se constou na lei
mosaica decorreu da dureza dos corações dos homens e não da vontade operativa
de Deus (ou seja, que Deus tivesse querido isto, tendo apenas permitido).
- A defesa da pena de morte é a própria anulação da mensagem
do evangelho, que é baseada na crença de que o homem pode se arrepender e, em
se arrependendo, obtém o perdão de todos os seus pecados. A pena de morte
está baseada no
pressuposto de que
há seres humanos
irrecuperáveis, há casos
em que não é
possível a restauração do homem e, portanto, deve ele ser retirado do meio
social para sempre.
-Sabemos que há pessoas
que rejeitam a
salvação e outras
que, inclusive, cometem
o pecado imperdoável
da apostasia, contra o qual não
há redenção possível. Todavia, a Bíblia toda ensina que cabe a Deus, o único
dono da vida, a aplicação de eventual pena de morte, pena esta que é
definitiva, pois não atinge apenas a morte física, mas também a morte
espiritual.
- A Palavra
de Deus é
enfática em afirmar
que a vingança,
a recompensa pelo
mal cometido não compete ao homem efetuar, mas,
unicamente, a Deus e isto desde os tempos da lei de Moisés – Lv.19:18; Dt.32:35,41,42;
Sl.94:1,2; Is.61:2; Rm.12:19; Hb.10:30; Ap.6:10; 19:2.
- Portanto, a
atitude que devemos
ter com relação
aos criminosos não
é a de
vingança ou de sua
eliminação, mas, sim, a mesma atitude que teve o Senhor Jesus que, diante de
Seus algozes, perdoou-lhes (Lc.23:34).
- Diante da violência social, sem tirar a responsabilidade do
criminoso, deve todo salvo apresentar o perdão como resposta à injustiça
cometida. É o perdão a atitude de quem tem a salvação para aquele que agride,
violenta. Devemos lembrar que não lutamos contra a carne nem contra o sangue,
mas com todas as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais em Cristo
(Ef.6:12).
- Como vítimas de crimes ou sendo duramente atingidos por
crimes cometidos, mesmo não sendo as vítimas diretas de tais atitudes, é preciso que estejamos prontos a perdoar os criminosos. Sabemos que
isto não é uma atitude fácil, mas não podemos deixar de entender que, para
seguir a Jesus, temos de renunciar a nós mesmos (Mc.16:24) e o perdão é uma
conduta típica de quem se negou a si mesmo (Mc.8:34; Lc.9:23).
- A grande diferença entre os que são salvos por Cristo Jesus
e os demais seres humanos é, precisamente, a circunstância de que o cristão
verdadeiramente ama o próximo como a si mesmo e, desta maneira, é capaz de perdoar
àqueles que os
perseguem. Jesus mandou
que amássemos até
os nossos inimigos
(Mt.5:44; Lc.6:27,35) e, portanto, não temos como negar aos que cometem
crimes contra nós ou nossos entes queridos o perdão.
- O perdão não significa que devamos ser lenientes com as
condutas criminosas ou que permitam que campeie
a impunidade. Como
cidadãos, devemos exigir
das autoridades que
esmerem pela punição
dos delitos cometidos, para um estado de segurança, pois para isto elas
foram constituídas, para “castigar o que faz o mal” (Rm.13:4 “in fine”).
- A violência encontra-se banalizada na atualidade. O
ambiente de multiplicação do pecado faz com que a violência seja cada vez mais
admitida e aceita pela sociedade, nas mínimas coisas, o que é inadmissível e
revela o alto grau de degradação moral e de corrupção da humanidade.
- Como servos de Deus, devemos exigir das autoridades uma
conduta de combate à criminalidade e à violência, inclusive não permitindo que
o Estado seja, ele próprio, um fator de geração de violência, como,
lamentavelmente, se tem visto com cada vez maior intensidade nos aparelhos de
segurança pública de nosso país, não raras vezes ele próprio promotor de
atividades violentas e ilegais.
- Nunca é demasiado lembrar que, em Seu reino milenial, o
Senhor Jesus terá como uma das características de Seu governo de paz, a
exemplar e rápida punição de todos quantos violarem a legislação naquele tempo
(Is.11:3-5). Ora, se assim será o reinado de Cristo, a Igreja deve sempre
postular e defender que o modelo existente
se aproxime o
máximo possível daquilo
que será implantado
pelo Rei dos
reis e Senhor
dos senhores.
- A violência
social é consequência
do pecado e,
como tal, tem
a responsabilidade pessoal
do criminoso. Não se
pode, também, querer
atribuir à sociedade
ou à miséria
a total responsabilidade pelo cometimento de delitos, pois todo ser
humano tem livre-arbítrio e, portanto, a opção pelo crime reflete uma
rejeição livre e
consciente da misericórdia
e da graça
divinas, exatamente como
se deu com
o primeiro criminoso, Caim, como
já dissemos supra, Caim que as Escrituras dizem ser uma pessoa maligna (I
Jo.3:12).
- Por isso, o perdão que o cristão deve dar àquele que
cometeu crime contra si ou contra alguém que lhe seja querido não significa, em
absoluto, a impunidade em termos sociais. Cada um deve responder pelos atos que
cometeu e o Estado foi criado por Deus com este propósito de punir os
delinquentes, punição, entretanto, que não pode ir além dos limites traçados
pelo Senhor ao próprio Estado, o que envolve não só a preservação da vida do
criminoso mas a inviolabilidade de sua dignidade como pessoa humana, imagem e
semelhança de Deus.
- Diante dos criminosos, a igreja deve ir aos
estabelecimentos penitenciários e voltar a bradar, com a mesma unção
do Espírito Santo,
que os condenados
e presos devem
se “salvar desta
geração perversa”(At.2:40), que devem se arrepender e crer em Jesus
(At.2:37-39; 16:26-31), pois o nosso Deus é o mesmo Deus de Paulo e de Silas e
que também manifesta Seu poder e amor nas prisões.
- Não se contesta que a violência social traz muitas e
grandes aflições aos que servem a Deus, mas é também nesta circunstância tão
aflitiva que devemos, com tal conduta diferente da dos demais homens, fazer com
que o nome do Senhor seja glorificado.
COLABORAÇÃO PARA O
PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
This entry was posted on terça-feira, 17 de julho de 2012 at 14:28. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
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