LIÇÃO Nº 3 – A IMPORTÂNCIA DA SABEDORIA HUMILDE

Título
INTRODUÇÃO 
- Na sequência do estudo da carta de Tiago, analisaremos hoje a sabedoria humilde.
- A humildade é indispensável para quem quer servir a Deus.
I – A IMPERFEIÇÃO HUMANA 
- Depois de ter iniciado a sua carta mostrando que a vida sobre a face da Terra, quando servimos a Deus, é permeada de provações e dificuldades, Tiago, o irmão do Senhor, passa a mostrar a imperfeição humana e, consequentemente, a sua dependência de Deus.
- Tiago disse, ao falar das adversidades que acompanham a vida terrena, que é necessário que o salvo desenvolva a paciência a fim de obter a perfeição, sem faltar em coisa alguma (Tg.1:4).
- Ora, ao falar a respeito da necessidade de atingirmos a perfeição, mediante a paciência, que é produto da tribulação (Rm.5:3), o irmão do Senhor, além de nos incentivar e estimular ao crescimento espiritual, mostrando-nos que a vida espiritual é dinâmica, um constante desenvolvimento, também nos revela que somos imperfeitos.
- Algo que devemos sempre ter em mente é que o ser humano, por ser criatura, é, por natureza, imperfeito, necessita sempre caminhar para a perfeição, um alvo que, conquanto inatingível, pode ser sempre buscado, numa constância interminável.
- O homem foi criado e, portanto, só por este fato é inferior ao seu Criador, Este, sim, plenamente perfeito. É por isso que, mesmo sem pecado, o homem recebia diariamente a visita do seu Criador, na viração do dia (Gn.3:8), pois necessitava ser continuadamente aperfeiçoado pelo Senhor, nesta infinita caminhada para a perfeição.
- É por isso mesmo, aliás, que o Senhor Jesus dá à Sua Igreja os dons ministeriais, a fim de que haja o aperfeiçoamento dos santos, para que eles atinjam a estatura completa de Cristo, a varão perfeito (Ef.4:11-13), visto que, mesmo sem pecado, o homem é imperfeito pela sua própria condição de ser criatura.
- Ciente desta condição, Tiago diz que a provação é um meio que o Senhor utiliza para nos aperfeiçoar, visto que ela nos dá paciência a fim de que alcancemos tal aperfeiçoamento (Tg.1:4).
- No entanto, para que possamos atingir esta perfeição, faz-se preciso que saibamos viver sobre a face da Terra. Não basta ter condições de viver neste mundo, ter a razão que o Senhor nos concedeu quando de nossa criação, visto que o Senhor nos fez seres racionais. Torna-se absolutamente necessário que venhamos a ter sabedoria, ou seja, que façamos a coisa certa no momento certo do modo certo.
- Esta sabedoria de que nos fala o irmão do Senhor, e da qual ele tratará amiúde no capítulo 3 de sua epístola, e que será, inclusive, objeto de lição própria neste trimestre, não vem da razão humana, é algo que está além da capacidade do ser humano, é algo que provém do alto, diretamente de Deus (Tg.3:17).
- O homem, portanto, além de reconhecer que é imperfeito e que, por isso, deve ser aperfeiçoado e um dos meios pelos quais isto se dá é através da provação, deve também ter consciência de que nada sabe e que, portanto, para ter sabedoria e agir corretamente sobre a face da Terra tem de recorrer a Deus, a única fonte da verdadeira, genuína e autêntica sabedoria.
- Logo no limiar da sua carta, Tiago mostra, portanto, a total dependência que o homem tem de Deus, sendo esta uma marca que jamais deve faltar naquele que diz servir a Cristo Jesus.
- Vivemos dias em que o homem é exaltado, em que se construiu uma mentalidade de supervalorização do ser humano, um humanismo inconsequente, que nada mais é que a adoção da mentira satânica dita ao primeiro casal, segundo a qual o homem pode ser igual a Deus, pode viver independentemente de Deus (Gn.3:4,5).
- Desde aquele fatídico dia da queda, o homem, escravizado pelo pecado, é levado a crer que pode viver sem Deus, que pode ter uma existência onde Deus pode ser dispensado, deixado de lado e, lamentavelmente, tal mentalidade está presente entre aqueles que cristãos se dizem ser.
- Com efeito, nos dias difíceis em que vivemos, não são poucos os que, dizendo-se cristãos, vê em Deus não um ser de que dependemos, a quem devemos recorrer para diminuir a nossa pequenez e insignificância, mas, sim, apenas um “serviçal” que está pronto a atender a todas as nossas vontades, a todos os nossos caprichos, o que é absolutamente inadmissível e se apresenta como uma visão piorada da mentalidade incutida na mente humana desde o dia da queda.
- Tiago é bem claro ao mostrar que, nesta vida, sempre dependemos de Deus, seja para alcançarmos a perfeição, seja para termos sabedoria, saber como lidar com as diversas situações que se nos apresentam em nossas vidas, mesmo tendo consciência de que o que ocorre sempre ocorre para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados por Seu decreto (Rm.8:28).
- Ao contrário do que se costuma dizer em nossos dias, “não somos donos da nossa vida”, nem mesmo “donos do nosso nariz”. Somos seres absolutamente dependentes de nosso Criador, de modo que “não podemos dar nem só passo sem o Seu amparo”, como nos diz o poeta sacro Henry Maxwell Wright (1849-1931), no hino 33 da Harpa Cristã.
- A consciência desta integral dependência de Deus é o segundo ponto que Tiago procura deixar bem claro para os destinatários de sua epístola, ou seja, para os crentes em geral. Ser cristão é, em primeiro lugar, ter consciência de que terá uma vida cheia de dificuldades e adversidades sobre a face da Terra; em segundo lugar, é saber que, para ter condições de superar todas estas aflições, é absolutamente necessário depender cada dia do Senhor.
- Quando temos noção de que dependemos integralmente do Senhor em nossa peregrinação terrena, passamos a ter uma vida piedosa, caminhamos decididamente em direção à santificação, ao aperfeiçoamento. Ao sabermos que dependemos de Deus, passamos a buscá-l’O com mais intensidade, tendo uma vida de oração e de meditação nas Escrituras, desejando ser revestidos de poder e ter os dons espirituais. Assim fazendo, reproduzimos aquela mesma atmosfera que havia entre o Senhor e o primeiro casal antes do pecado, passando, assim, a ter comunhão crescente com Deus.
- Um dos grandes ardis que Satanás tem colocado para tentar fazer fracassar os servos do Senhor tem sido, precisamente, o sentimento de autossuficiência que nos faz sentir que não precisamos mais de Deus, que temos condição de resolver as coisas sem a necessidade de recorrer ao Senhor.
- A multiplicação da ciência, o desenvolvimento tecnológico, os avanços sociais, enfim, uma série de fatores traz a ilusão de que o homem pode resolver senão tudo, boa parte das coisas sem precisar do Senhor, sem recorrer a Ele e tal circunstância é, como já dissemos, pura ilusão, visto que o homem, por ser criatura, depende e dependerá de Deus em todas as coisas. Tiago deixa isto bem claro ao mostrar que é próprio do ser humano a imperfeição, devendo, pois, Ele sempre recorrer ao Senhor para ter condições de superar as dificuldades desta vida e poder, assim, alcançar a perfeição.
- A consciência de nossa imperfeição e da absoluta necessidade que temos de Deus são elementos absolutamente indissociáveis daquele que tem uma mentalidade transformada por Cristo, daquele que se arrependeu de seus pecados. Afinal de contas, “arrependimento”, no texto grego do Novo Testamento, é a palavra grega “metanoia”, cujo significado é, precisamente, a de “mudança de mentalidade”.
- Tiago mostra-nos como, realmente, é desafiadora a vida cristã para o ser humano: é uma vida que exige de nós uma nova mentalidade, uma mentalidade totalmente diversa daquilo que nos propõe o diabo, o mundo e a carne: a consciência de uma imperfeição e de uma total dependência de Deus. Temos este modo de pensar? Agimos conforme esta realidade espiritual? Pensemos nisto!
II – PEDINDO A DEUS SABEDORIA 
- Tiago, porém, não se limita a dizer que somos imperfeitos e dependentes de Deus. O irmão do Senhor faz questão de nos mostrar, também, que temos livre acesso ao Senhor, que Ele é nosso Pai e está sempre disposto a nos atender, a manter um diálogo com Ele.
- O homem sem Deus e sem salvação ilude-se com um sentimento de autossuficiência, sentimento este decorrente de uma mentira satânica em que acreditaram os nossos primeiros pais e em que acreditam todos os homens quando saem da inocência, em virtude da natureza pecaminosa que herdamos do primeiro casal.
- No entanto, as vicissitudes da vida, os fracassos, as adversidades podem levar o homem a perceber a sua imperfeição e que, ao contrário do que se lhe disse, não é ele autossuficiente, não tem ele condição de superar, com suas forças, as dificuldades e aflições da vida sobre a face da Terra.
- No entanto, se a experiência pode trazer ao homem esta consciência de sua fragilidade, de sua impotência, isto não é suficiente para que ele possa tomar o rumo certo, para que ele possa ter sabedoria.
- Não é por outro motivo, aliás, que, em nossos dias, a doença que mais tem avançado seja a depressão, que é conhecida como “o mal do século XXI”. A depressão é uma moléstia psíquica que está intimamente ligada e relacionada com esta sensação de impotência que tem o ser humano diante dos fracassos e das adversidades.
- A depressão nasce de um sentimento de impotência, sentimento este que não encontra reação por parte do indivíduo que, sem condições de superar as dificuldades, perde toda capacidade de superação, prostrando-se e, não raras vezes, ceifando a própria vida ante a constatação de que não há condições de enfrentamento de tais dificuldades com a força humana.
- Por isso mesmo, Tiago afirma que, ao notar o homem que tem “falta de sabedoria” deve pedir a Deus, que a todos dá liberalmente (Tg.1:5). Quando o homem perceber que tem “falta de algo”, que é imperfeito, que não tem condições de seguir sua existência com suas próprias forças, deve “pedir a Deus”, deve recorrer ao Senhor, que poderá suprir-lhe o que está a faltar.
OBS: “…E se não sabem o que hão de fazer, com oração acham lume, porque com esta confiança disse o rei Josafá (II Cr.20:12): ‘e não sabemos nós o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em Ti’. E São Tiago diz: E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus (Tg.1:5). E, por este meio, Moisés e Arão eram ensinados por Deus acerca do que deviam fazer com o povo.…” (ÁVILA, João de. Audi Filia. Cap. 70., n.70, citação de Tg.1:5-11. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 22 maio 2014) (tradução nossa de texto em espanhol).
- É isto que os que sofrem de depressão não têm feito e, por isso mesmo, a depressão tem aumentado a cada dia em nosso mundo que insiste em deixar Deus de lado. OBS:  O ex-chefe da Igreja Romana, Bento XVI, bem afirmou, certa feita, que “…Dá a impressão de que muitos consideram que Deus é estranho a seus próprios interesses.
Aparentemente não têm necessidade d’Ele, vivem como se Ele não existisse e, pior ainda, como se fosse um «obstáculo» que deve ser tirado de meio para poder realizar-se. Inclusive entre os crentes, estamos seguros, alguns se deixam atrair por sedutoras quimeras e distrair por enganosas doutrinas que propõem atalhos ilusórios para alcançar a felicidade.
 E, contudo, apesar de suas contradições, angústias e dramas, e talvez por causa destes, a humanidade de hoje busca um caminho de renovação, de salvação, busca um Salvador e espera, em certas ocasiões inconscientemente, a chegada do Senhor que renova o mundo e nossa vida, a chegada de Cristo, o único Redentor verdadeiro do homem e do homem completo.
É verdade, falsos profetas continuam propondo uma salvação «barata», que acaba sempre por provocar duras decepções.…” (Audiência geral de 20 de dezembro de 2006. Disponível em: http://direto.amaivos.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=7975&cod_canal=29 Acesso em 21 maio 2014).
- Tiago ensina-os que precisamos sempre pedir a Deus quando tivermos falta de algo, a começar da sabedoria, sem a qual não teremos como bem viver sobre a face da Terra. A sabedoria tem prioridade no pedido ao Senhor porque é ela o princípio do temor ao Senhor (Sl.111:10). Quando pedimos sabedoria estamos a pedir que o próprio Cristo venha até nós, pois Ele foi feito para nós sabedoria por Deus (I Co.1:30).
- Tiago, porém, ao nos dizer que demos pedir a Deus sabedoria, está a nos mostrar que temos livre acesso ao Senhor, que podemos manter diálogo com Ele. Isto é fundamental para que possamos superar todos os obstáculos que se nos apresentam nesta vida. Saber que podemos chegar à presença do Senhor e Lhe fazer pedidos é um grande privilégio de que gozamos e nos permite perceber a graça de Deus para conosco.
- O escritor aos hebreus teve esta mesma percepção, ao afirmar que devemos ter consciência de que não temos um sumo sacerdote que não pode compadecer-se de nossas fraquezas, porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado, de sorte que podemos nos chegar com confiança ao trono da graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno (Hb.4:15,16).
- Não foi por outro motivo que o Senhor Jesus, antes de subir aos céus, fez questão de afirmar que estaria conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt.28:20). Temos de ter sempre em mente que o Senhor não nos deixou sós, que está sempre disposto a nos ouvir, a nos atender, a manter um diálogo conosco. Esta segurança é fundamental para que não venhamos a fracassar espiritualmente.
- Ao longo da história sagrada, sempre vemos o Senhor encorajar Seus servos com a notícia de Sua presença, de Sua companhia ao nosso lado enquanto enfrentamos os desafios desta vida terrena. Um exemplo elucidativo é Josué. O Senhor fez questão de mostrar a Josué que estava com Ele e, por isso, não deveria temer todas as imensas dificuldades que se apresentavam para ele na dura e difícil missão de conquista da Terra Prometida e de substituição de Moisés (Js.1:9).
- Podemos pedir a Deus quando sentimos falta de sabedoria e não só de sabedoria, mas de tudo que nos venha a faltar. O servo de Deus tem de ter esta convicção de que tem amplo acesso ao Senhor, de que lhe pode apresentar pedidos.
 OBS: Por sua biblicidade, reproduzimos aqui o que diz a respeito o Catecismo da Igreja Romana: “Quando se participa assim no amor salvífico de Deus, compreende-se que qualquer necessidade pode tornar-se objeto de pedido. Cristo, que tudo assumiu a fim de tudo resgatar, é glorificado pelos pedidos que dirigimos ao Pai em Seu nome (Jo.14:13). É com esta certeza que Tiago (Tg.1:5-8) e Paulo nos exortam a orar em todas as ocasiões (Ef.5:20; Fp.4:6,7; Cl 3:16,17; ITs.5:17,18)” (§ 2633 CIC).
- É preciso, porém, bem observar o que disse o irmão do Senhor: podemos pedir a Deus sabedoria, temos livre acesso a Ele, mas jamais devemos nos esquecer de que a Ele pedimos, ou seja, Ele é o Senhor, nós, os servos. Podemos pedir a Deus, mas não exigirmos coisa alguma d’Ele, ou obrigá-l’O a fazer isto ou aquilo.
- A falsa teologia da confissão positiva ensina que temos “direitos” em relação a Deus e que, portanto, o nosso pedido é uma “exigência”, é uma “determinação”. Nada mais falso, amados irmãos! Pedir é uma ação de um ser inferior a um superior, uma petição que se faz a quem tem autoridade e poder para atender, ou não. Pela infinita graça do Senhor, podemos fazer-Lhe pedidos, pois, em nossa condição pecadora, não tínhamos sequer acesso ao Senhor, o que agora ocorre única e exclusivamente porque Ele nos amou e mandou o Seu Filho Jesus Cristo para que morresse em nosso lugar.
- Deus é soberano e, portanto, pode, ou não, atender aos nossos pedidos. Temos livre acesso ao Senhor pelo sacrifício de Cristo na cruz do Calvário, mas isto não significa, em absoluto, que o Senhor sempre irá conceder aquilo que pedimos, pois Ele tem o compromisso de nos dar sempre o melhor e o melhor nem sempre é o que queremos ou desejamos.
- Com relação ao pedido por sabedoria, entretanto, Tiago nos dá a garantia de que este pedido será sempre atendido. O Senhor a todos dá liberalmente a sabedoria (Tg.1:5), pois “a sabedoria é a coisa principal” (Pv.4:7). Jesus foi feito para nós sabedoria por Deus (I Co.1:30) e, portanto, dada a necessidade e importância da sabedoria para que cresçamos espiritualmente, tenhamos a convicção de que ninguém que peça sabedoria ao Senhor ficará sem recebê-la.
- Este pensamento é reforçado pelo que Paulo nos diz na carta aos efésios, quando afirma que o Senhor já nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Ef.1:3), a nos mostrar, portanto, se há garantia de que sempre receberemos o que pedirmos isto se dá em relação às coisas espirituais, aos tesouros que o Senhor concede àqueles que entram em comunhão com Ele pela fé em Cristo Jesus.
- O próprio Senhor Jesus deixa isto bem claro quando manda que pedíssemos e insistíssemos quando formos pedir algo para o Senhor. Consoante nos dá conta o evangelista Lucas, o Senhor garante que quem pedir receberá o Espírito Santo (Lc.,11:15), indicando, portanto, que a garantia do recebimento do que se pedir insistentemente é concernente às coisas espirituais, às bênçãos decorrentes do nosso relacionamento com Deus.
III – A FÉ COMO CONDIÇÃO DO RECEBIMENTO DO QUE SE PEDE 
- No entanto, Tiago é bem claro ao afirmar que há uma condição para que recebamos aquilo que pedirmos, em especial a sabedoria: a fé daquele que pede. “Peça-a, porém, com fé, não duvidando” (Tg.1:6a).
- Sem fé é impossível agradar a Deus, diz o escritor aos hebreus (Hb.11:6 “in initio”). Não se pode chegar à presença do Senhor e fazer um pedido sem que se tenha fé. E a fé não é simplesmente a convicção de que Deus existe, mas, como diz o referido escritor, a certeza de que Deus é galardoador daqueles que O buscam.
- Não basta crermos que Deus existe, o que, nos dias difíceis em que vivemos, já é uma singularidade, visto que aumenta o número daqueles que se dizem “ateus” ou “agnósticos”. Mas um assentimento intelectual, uma conclusão racional de que Deus existe não é suficiente para que alguém diga que tem fé.
- A ampla maioria das pessoas, ainda em nossos dias, afirma crer que Deus existe. Afinal de contas, uma análise criteriosa do ponto-de-vista racional, leva, mesmo, à conclusão de que Deus existe e criou todas as coisas. Os ateus, por mais que se esforcem, não conseguem vencer diversas aporias de seus argumentos contrários à existência de Deus, entre as quais a de que é preciso ter muito mais fé para crer que tudo que existe decorreu de uma casualidade, de um acaso e não de uma mente infinitamente superior.
- Todavia, crer que Deus existe, chegar à conclusão de que existe um Criador de todas as coisas nada, ou quase nada representa em termos de fé. A fé, como diz o escritor aos hebreus, não é só a crença na existência de Deus, mas, também, a crença de que Ele é galardoador daqueles que O buscam, ou seja, deve-se, para ter fé, crer que Deus não só criou todas as coisas, mas é capaz de recompensar aqueles que vão à Sua procura, é um Deus que Se relaciona com o homem e que tem tudo sob Seu controle, premiando aqueles que se põem sob o Seu senhorio.
OBS: Já dizia o Catecismo Romano: “ Crer não significa aqui pensar, julgar, opinar…, senão, como ensina a Sagrada Escritura,  tem a força de um assentimento certíssimo, pelo qual a inteligência do homem adere de uma maneira segura e constante a Deus, que revela os mistérios.
 Crer, por conseguinte — no sentido que  palavra crer tem neste lugar [o início do Credo – observação nossa] — é que, sem nenhuma tipo de dúvida, tem certeza absoluta sobre alguma verdade…” ( Catecismo Romano, n. 1010. Citação de Tg.1:5-11. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 22 maio 2014) (tradução nossa de texto em espanhol).
- Muitos dos que dizem crer em Deus não o levam em conta verdadeiramente. Andam segundo os seus próprios caminhos, fazem o que bem entendem, porque, embora admitam que Deus exista, não creem que Lhe devam prestar contas ou que Ele esteja pronto a recompensar aqueles que buscam um relacionamento com Ele. Creem que Deus existe mas não vão à Sua procura, acham que Ele é distante e que não Se importa com o que ocorre neste mundo.
- É esta situação a que os teólogos e filósofos denominam de “ateísmo prático” ou “apateísmo”, os indivíduos vivem como se Deus não existisse. Até admitem que Deus existe, mas vivem como se Ele não existisse. Esta é a situação, inclusive, de muitos que cristãos se dizem ser, uma vez que vivem suas vidas como bem entendem, sem observar a Bíblia Sagrada, sem se importar com aquilo que o Senhor revelou à humanidade.
- Para que recebamos sabedoria de Deus, portanto, devemos, diz Tiago, pedir com fé, não duvidando. É preciso crermos não só que Deus existe mas que Ele recompensa aqueles que O buscam. Por isso, para recebermos sabedoria, é necessário que nosso pedido seja acompanhado de uma confiança inabalável em Deus, que nos faz buscá-l’O, bem como ter em mente que esta busca terá a sua devida recompensa, recompensa esta que outra não é senão a vida eterna com o Senhor naquele dia que tanto aguardamos, quando passaremos à dimensão eterna (Lc.14:14; Ap.22:12).
- Ter fé, portanto, é algo muito diferente daquilo que temos ouvido ultimamente pelos arautos da confissão positiva. Fé não é a “materialização” dos nossos desejos e caprichos, não é um “pensamento positivo” que “obrigue” o Senhor, muito menos uma “expectativa que encurrale o Senhor”.
Nada disso, amados irmãos! A fé é a confiança que temos em Deus de que Ele recompensará aqueles que O buscarem, é a certeza de que devemos sempre fazer o que Deus manda e que isto nos dará o bem eterno. Temos esta confiança?
- Pedir sabedoria com fé, sem duvidar, é ter a certeza de que o Senhor nos dará sabedoria, nos fará como saber viver sobre a face da Terra, independentemente do que nos possa acontecer em termos de circunstâncias adversas ou hostis.
- A dúvida é um adversário extremamente danoso para o servo de Cristo Jesus. É ela comparada, pelo apóstolo Paulo, a um dardo inflamado, ou seja, a uma lança cuja ponta está ardendo em fogo e que, quando atingia um soldado, ocasionava não só uma ferida quase sempre letal, mas o próprio incêndio do corpo, a sua dolorida e cruel consumação pelas chamas.
- É exatamente isto que a dúvida produz espiritualmente na vida de um servo de Deus. Além de provocar uma ferida que pode levar à morte espiritual, a dúvida, também, faz com que seja consumida toda a espiritualidade da pessoa, sejam tornadas cinzas toda a vida gerada por Cristo na pessoa. É por isso que para impedir que estes dardos inflamados do inimigo nos atinjam, precisamos do escudo da fé (Ef.6:16).
- Como vimos na lição anterior, o processo da tentação tem como segundo passo o lançamento do tentado no campo da dúvida, como vemos, claramente, na tentação de Eva, quando, após ter iniciado o diálogo com a serpente (que é o primeiro passo do processo da tentação), o inimigo, de imediato, trouxe dúvida ao coração da mulher, questionando a ordem divina de proibição de consumo do fruto proibido.
- Aquele que duvida, diz o irmão do Senhor, é “semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte” (Tg.1:6). Quando observamos as ondas do mar, vemos que elas se tornam extremamente “poderosas”, máxime quando se tem um furacão ou um tsunami, podendo destruir muita coisa, mas o fato é que, depois que ela quebra, ela se desfaz completamente, não remanescendo qualquer elemento de sua força, força esta, aliás, que não era sua, mas que era proveniente de algo exterior, como o vento ou o tremor de terra, ou, ainda, a própria força gravitacional decorrente do relacionamento entre a Terra e a Lua.
- A pessoa que duvida é uma pessoa que não tem qualquer personalidade, que não se impõe diante de fatores externos, alguém que é levado de uma para outra parte, que é um verdadeiro joguete nas mãos do inimigo das nossas almas, que nada mais faz senão matar, roubar e destruir.
- A pessoa que duvida nunca progride espiritualmente, pois não sai do lugar onde está e isto nos mostra, com absoluta clareza, que se trata de uma pessoa que é espiritualmente morta, que não avança, que está presa a forças que lhe são externas, precisamente a situação descrita pelo apóstolo Paulo para identificar os espiritualmente mortos em Ef.2:1-3.
- Tais pessoas, afirma Tiago, não recebem de Deus coisa alguma (Tg.1:7). A dúvida é um obstáculo intransponível para que se recebam as bênçãos do Senhor, para que se consiga aquilo que o Senhor quer nos dar. Por isso, amados irmãos, muitos não atingem bênçãos de Deus, simplesmente porque não têm fé. Por acaso, não foi isto que impediu que Jesus fizesse milagres em Nazaré (Cf. Mt.13:58)? Pensemos nisto!
- Para termos fé, é necessário que tenhamos o firme propósito de buscarmos ao Senhor, de irmos ao Seu encontro. Temos de ter a convicção de que o Senhor recompensa aqueles que O buscam e, por isso mesmo, buscamo-l’O com inteireza de coração, com todo nosso espírito, alma e corpo, pois só quando O buscamos de todo o coração, nós O encontraremos (Jr.29:13).
- Pois bem, quando isto não acontece, quando não nos entregamos totalmente ao Senhor, quando não nos submetemos a Ele, não temos condição de ser constantes e firmes e, em virtude disto, passamos a não ter qualquer progresso espiritual. É, por isso, que Tiago afirma que “o homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos” (Tg.1:8).
OBS: “…O amor produz desejo e o desejo, quando é excessivo, é chamado de sede. No entanto, quem há que não pode amar sua própria felicidade temporal, particularmente quando essa felicidade é livre de qualquer coisa que a possa prejudicar? E se prêmio tão grande não pode ser senão amado, porque não pode ser ardentemente desejado, ansiosamente buscado e, com todas as nossas forças, estar sedento por ele?
Talvez a razão é que a nossa salvação não é matéria que caiba debaixo de nossos sentidos, nunca tenhamos tido a experiência de como é, como temos tido de matérias que se relacionam ao corpo e estamos tão solícitos para estas, mas friamente indiferentes para aquelas.
 Mas, se tal é o caso, por que Davi , que era homem mortal como nós, anelava tão ansiosamente a visão de Deus, e a felicidade no céu que consiste na visão de Deus, a ponto de clamar: ‘Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?’(Sl.42:1,2)?
 Davi não é o único neste vale de lágrimas que tem desejado com tão ardente desejo alcançar a visão de Deus. Tem havido outros mais, distinguidos por sua santidade, pelos quais as coisas deste mundo foram tidas como desprezíveis e insípidas, para os quais nada é mais agradável e delicioso que o pensamento e a lembrança de Deus.
A razão, então, por que não estamos sedentos pela nossa felicidade eterna não é porque o céu é invisível, mas porque não pensamos com atenção acerca do que nos está diante de nós, com assiduidade, com fé.
E a razão pela qual não levamos em conta as matérias celestiais como devíamos é porque não somos homens espirituais, mas sensuais: ‘Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus’ (I Co.2:14). Por isso, alma minha, se desejas a tua própria salvação, e a do teu próximo, se manténs, no teu coração, a honra de Deus e a glória de Cristo, escuta as palavras do Apóstolo São Tiago: ‘E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada.’ (Tg.1:5).
Esta sublime sabedoria não há de ser adquirida nas escolas deste mundo, mas na escola do Espírito Santo de Deus, que converte o homem sensual em um homem espiritual. Mas não é suficiente pedir por esta sabedoria uma só vez e com frieza, mas pedi-la com muita insistência a nosso Pai celestial.
Pois se um pai na carne não pode recusar a seu filho quando lhe pede pão, ‘quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?’ (Lc.11:13)…” (BELARMINO. As sete palavras. n. 74, citação Tg.1:5-11. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 22 maio 2014) (tradução nossa de texto em espanhol).
- “Ter o coração dobre” é, no texto original, “ter a alma dupla”, expressão que, como ensina o comentarista da Bíblia de Jerusalém,  “…essa divisão interior [que] supõe a psicologia rabínica, em que dois impulsos ou tendências, um mau e outro bom, disputam sem cessar (fundada sobre Gn.8:21 e s.; Gn.6:5 (…) Rm.7). Opõe- se à ‘simplicidade’ do coração e à firmeza de atitude que dela resulta” (BÍBLIA DE JERUSALÉM nota e, p.2107).
OBS: “…os ensinamentos rabínicos dotavam esse conflito [entre o bem e o mal – observação nossa] de um caráter naturalístico — de fato, quase psicológico — declarando que o ‘Bem’ e o ‘Mal’ não eram, ao contrário do que pretendiam os persas, forças sobrenaturais que operavam fora dos seres humanos, mas inclinações naturais dentro dos seres humanos, lutando sem cessar pela supremacia da mente e da alma, dentro do ‘reino do coração’.
 Além do mais, afirmavam os Sábios, aqueles antagonistas, que habitavam dentro do homem, não eram poderes absolutos e sim condicionais, sujeitos a controles morais da mente e às decisões da vontade…” (AUSUBEL, Nathan. Ietzer Tov [inclinação para o bem – observação nossa] e Ietzer Ha-ra [inclinação para o mal – observação nossa]. In: A JUDAICA, v.5, p.364)
- Quando não entregamos nossa vida ao Senhor Jesus, quando não Lhe damos o nosso coração (Pv.23:26), ou seja, quando não observamos os Seus caminhos, quando não purificamos os nossos corações (Tg.4:8), a tendência é de sermos inconstantes, não temos qualquer progresso espiritual e isto redundará em morte espiritual.
“Assegura-se fracasso na oração quando não há uma fé decidida naquele que ora e se assegura fracasso em toda a vidase não há uma determinação decidida em servir ao Senhor” (SPURGEON, Charles H. Exposição de Tg.1, pp.6-7. Com, Tg.1:6,7. Disponível em: http://www.spurgeongems.org/vols43- 45/chs2537.pdf Acesso em 22 maio 2014) (tradução nossa de texto em inglês).
OBS: “…A ira e a inveja produzem a inconstância, desviando a razão para outras coisas; mas a injúria causa a inconstância extinguindo totalmente o juízo da razão. Por isso, afirma o Filósofo [Aristóteles – observação nossa] em VII Ethic. que o iracundo escuta a razão, ainda que não de maneira completa; o injurioso, porém, não a ouve de modo algum. A duplicidade de ânimo é, também, de uma certa maneira, algo consequente à injúria, assim como a inconstância, dado que a duplicidade implica um ânimo versátil para muitas coisas. Por isso, escreve também Terêncio em Eunuco: No amor se dá a guerra, e também paz e trégua. Os vícios carnais tanto mais reduzem o uso da razão quanto mais se apartam dela.…” (AQUINO, Tomás de. Suma Teológica II-II q.53 a.6. n.1006. Citação de Tg.1:5-11. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 22 maio 2014) (tradução nossa de texto em espanhol).
- Como disse o príncipe dos pregadores britânicos, Charles Haddon Spurgeon (1834-1892): “…Este é o tipo do homem indeciso e, em descrevê-lo, eu não posso deixar de dizer-lhe que  sua condição é de imoralidade.
 Ninguém pode ser mais imoral do que um homem saber o que é o certo, ainda não para segui-lo  até agora, admitir a importância do que é certo a ponto de aproximar-se e render-se diante dele, e ainda fazer tal afronta a Deus e à sua própria consciência, em não se render totalmente ao que é certo, mas ser lançado para longe dele por influências completamente opostas!(…)
Há algumas coisas acerca das quais um homem não pode ser indeciso — você não deve ser indeciso a respeito de ser casto, a respeito de falar a verdade — e você não pode ser indeciso a respeito de servir a Deus sem ser culpado, nesta sua indecisão, de manifesta traição contra a majestade dos céus!…” (SPURGEON, Charles H. Um aviso para os que andam sobre ondas. Sermão pregado na noite de domingo de 25 de maio de 1884 no Tabernáculo Metropolitano em Newington, p.4. Disponível em: http://www.spurgeongems.org/vols43-45/chs2537.pdf Acesso em 22 maio 2014) (tradução nossa de texto em inglês).
IV – A HUMILDADE COMO RESPOSTA À EFEMERIDADE DA EXISTÊNCIA TERRENA 
- Mas, depois de ter mostrado que a vida cristã é permeada de dificuldades, que estas dificuldades nos levam a entender a nossa imperfeição e que, por causa disso, devemos buscar a Deus, a quem podemos pedir sabedoria, Tiago nos mostra que a vida cristã deve ser permeada pela humildade, pela consciência de que nossa existência terrena é efêmera, que estamos aqui apenas de passagem e que, por isso, devemos sempre procurar glorificar a Deus através de nossa existência por aqui.
- Ao considerarmos que somos imperfeitos e que devemos buscar a perfeição, o que somente se obtém mediante a busca de Deus, Tiago já nos mostra que a nossa postura deve ser de humildade. A humildade “é a virtude que consiste em conhecer as suas próprias limitações e fraquezas e agir de acordo com essa consciência” (Humildade. Inm: WIKIPÉDIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Humildade Acesso em 21 maio 2014).
- Ora, pelo que temos visto aqui, Tiago não está falar de outra coisa senão de humildade, pois o cristão deve ter consciência das suas limitações e fraquezas e agir de acordo com esta consciência diante de Deus. Nunca é demasiado lembrar que a palavra “humildade” vem de “humilitas”, palavra que, por sua vez, vem de “humus”, ou seja, “terra”, que faz da humildade a virtude de quem se lembra que é pó e que ao pó haverá de tornar (Gn.3:19).
- Por isso, Tiago manda que o irmão abatido se glorie na sua exaltação e o rico, em seu abatimento, porque ele passará como a flor da erva (Tg.1:9). O verdadeiro cristão deve, diante das dificuldades, adversidades vividas, manejar a sua fé e saber que será devidamente recompensado pelo Senhor na eternidade, quando haverá a exaltação, mas o rico, aquele que está numa posição vantajosa na sociedade terrena, deve se lembrar que poderá, também, ser abatido, uma vez que tudo quanto há neste mundo é passageiro.
- Tiago volta a lembrar os cristãos que o que deve ser ajuntado não são os tesouros terrenos, mas, sim, como o Senhor Jesus deixou claro no sermão do monte, devem-se ajuntar tesouros nos céus (Mt.6:19,20).
- O cristão deve buscar a exaltação em Cristo Jesus, a exaltação que virá no dia do arrebatamento da Igreja, quando todos seremos transformados e receberemos um corpo glorioso e nos encontraremos com o Senhor nos ares (I Co.15:51-54; I Ts.4:13-18). É isto que devemos almejar, é isto que verdadeiramente importa e, ainda que, neste mundo, venhamos a sofrer aflições que nos abatam, tal abatimento não poderá jamais significar a nossa destruição (II Co.4:9), mas, bem ao contrário, devemos, a exemplo de nosso Salvador, desprezar a afronta pelo gozo que nos está proposto (Hb.12:2).
- O rico deve estar consciente que sua posição vantajosa nesta sociedade terrena nada representa, pois, ao término de sua existência, toda a sua riqueza nada representará, mas, sim, ele deve estar consciente de que passará como a flor da erva, ou seja, sua existência sobre a face da Terra, assim como a do pobre, será efêmera, rápida.
Como disse Jó: “Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão e perecem sem esperança” (Jó 7:6), bem como o profeta Isaías: “O tempo da minha vida se foi e foi removido de mim, como choça de pastor; cortei como tecelão a minha vida; como que do tear me cortará; desde a manhã até à noite, me acabarás” (Is.38:12).
- O apóstolo Paulo foi categórico, escrevendo aos colossenses, que o verdadeiro e genuíno cristão nem sequer pensa nas coisas que são da terra, porque já estão mortos para este mundo, tendo a vida escondida com Cristo em Deus (Cl.3:1-3). Quando há o batismo nas águas, mostramos, simbolicamente, o que ocorreu em nossa vida, ou seja, que morremos para o mundo e ressuscitamos para Deus (Rm.6:1-8)
- Assim, sabendo que tudo que há nesta vida terrena é ilusório e passageiro, não podemos senão nos humilharmos debaixo da potente mão de Deus, para que a Seu tempo nos exalte (I Pe.5:6), tempo este que sabemos que não é um instante em nossa vida terrena, mas, sim, o dia em que haveremos de encontrá-l’O nos ares.
- Por isso, nada mais antibíblico do que este recorrente discurso que vemos infestar nossos púlpitos no sentido da busca de uma exaltação terrena, de obtenção de uma vitória sobre os inimigos, do galgar posições vantajosas na sociedade, como o que temos visto e ouvido em nossos dias.
Nada disso é Evangelho, nada disso é Palavra de Deus. Tiago, bem ao contrário, manda aos que já possuem este destaque social que se gloriem no seu abatimento, que nunca se esqueçam de que toda esta superioridade é passageira, passará como a flor da erva.
- Enquanto, portanto, o irmão do Senhor aconselha os que são ricos a que se gloriem na perda de tudo aquilo que possuem, por ser passageiro, estes falsos pregadores de hoje em dia andam iludindo o povo de Deus, incitando-os a buscar galgar e desejar posições de superioridade nesta Terra. Acordemos, amados irmãos!
- Assim como sai o sol com ardor, e a erva seca, e a sua flor cai, e a formosa aparência do seu aspecto perece; assim se murchará também o rico em seus caminhos (Tg.1:11). Aquele que tem posses, prestígio, poder, fama neste mundo, tudo perderá, e muito velozmente.
Por isso, o rico que serve a Deus deve viver sem se prender às riquezas, àquilo que almejou neste mundo, porque tudo isto é passageiro e se perderá. Somente a nossa comunhão com o Senhor permanecerá no mundo vindouro. Temos agido deste modo?
- A humildade impede o homem de se deixar iludir pelas coisas desta vida. Somente aquele que se ensoberbece se deixa levar pelas coisas deste mundo. O inimigo tem levado muitos a se deslumbrar com aquilo que este mundo pode dar e o resultado é a vaidade, o orgulho, a soberba. Enganados por este ardil satânico, muitos têm perdido a sua comunhão com Deus, tendo um triste fim.
Porventura, não foi isto que ocorreu com Uzá, rei de Judá? Tomemos cuidado, amados irmãos, e jamais nos esqueçamos de que somos pó e que tudo que venhamos a amealhar nesta vida é motivo apenas para entendermos que se trata de algo ilusório e passageiro, devendo, antes, nos gloriarmos no abatimento, na perda de todas estas coisas, tendo plena consciência de que Deus é galardoardor dos que O buscam e que, portanto, muito mais importante a termos a nossa vida escondida com Cristo em Deus.
- Quando somos humildes, quando nos humilhamos debaixo da potente mão de Deus, temos a convicção, decorrente da nossa fé, de que, a Seu tempo, o Senhor nos exaltará, naquele glorioso dia em que os salvos congregados dentre os povos e nações, virem Cristo mui amado, oh! que gozo encherá nossos corações, como disse a poetisa sacra Hedwig Elisabeth Nordlund no refrão do hino 488 da Harpa Cristã. Amém!
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco 
Site: http://www.portalebd.org.br/files/3T2014_L3_caramuru.pdf

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