LIÇÃO Nº 3 – JOEL, O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO
O livro de Joel mostra-nos
que o Senhor deseja derramar o Espírito Santo aos que se arrependem de seus
pecados para que tenham vida espiritual plena.
INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo dos
profetas menores, veremos hoje uma visão panorâmica do livro do profeta Joel, o
segundo destes livros no cânon da
Bíblia.
- O livro de Joel mostra-nos
que o Senhor deseja derramar o Espírito Santo aos que se arrependem de seus
pecados para que tenham vida espiritual plena.
I
– O LIVRO DE JOEL
- Em hebraico,
"Yoe’l"(יואל), que significa "Jeová é Deus". Joel é um profeta do reino do sul, o reino de
Judá. Segundo alguns estudiosos, o ministério de Joel é da época do rei Joás,
ou seja, um pouco anterior a Isaías e a Amós. Sua antiguidade é admitida na
tradição judaica, tanto que é colocado após os escritos de Oseias no
"Livro dos Doze" (“Shenem Assar” – שוים עשר).
- Segundo Edward Reese e
Frank Klassen, co-organizadores da Bíblia em ordem cronológica, o livro de Joel
seria datado de cerca de 828 a.C., durante o reinado de Joás, sendo posto por
estes estudiosos entre II Cr.24:14 e II Cr.24:15, ou seja, antes da morte do
sumo sacerdote Joiada, na primeira fase do reinado de Joás, quando este rei foi
fiel ao Senhor (II Cr.24:2,17,18).
- A mensagem do livro diz
respeito ao juízo que viria sobre o povo de Deus, que foi identificado como
sendo o cativeiro da Babilônia. Mas a mensagem de Joel também fala do futuro,
menciona o derramamento do Espírito Santo e o "dia do Senhor", o
acerto de contas que Deus fará com a humanidade impiedosa. Joel foi mencionado
por Pedro no sermão inaugural da Igreja no dia de Pentecostes, exatamente por
causa de sua profecia do derramamento do Espírito Santo. Por isso, Joel é
conhecido como "o profeta pentecostal".
- O livro de Joel, que tem
três capítulos, pode ser dividido em três partes, a saber:
1ª parte - o dia do Senhor
exemplificado - Jl.1
2ª parte - o dia do Senhor
profetizado - Jl.2
3ª parte - o julgamento das
nações e as bênçãos do milênio - Jl.3
- Em Joel, vemos a revelação
de Deus como um ser que quer viver em cada ser humano através do Seu Espírito,
mas que, apesar de Seu grande amor, é também um Deus justo, que fará, a seu
tempo, o juízo sobre os impenitentes.
OBS: "O livro de Joel
ante o Novo Testamento - Vários versículos de Joel contribuem poderosamente à
mensagem do NT. (1) A profecia a respeito da descida do Espírito Santo
(2.28-32) é citada especificamente por Pedro em seu sermão no dia de Pentecoste
(At.2.16-21), depois de o Espírito Santo ter sido enviado do céus sobre os 120
membros fundadores da igreja primitiva, com as manifestações do falar noutras
línguas, da profecia e do louvor a Deus (At.2.4,6-8,11,17,18).
(2) Além disso, o convite de
Pedro às multidões, naquela festa judaica, a respeito da necessidade de se
invocar o nome do Senhor para ser salvo, foi inspirado (parcialmente) em Joel
(2.32a; 3.14; ver At.2.21,37-41), Paulo também cita o mesmo versículo (ver
Rm.10.13).
(3) Os sinais apocalípticos
nos céus que, segundo Joel, ocorreriam no final dos tempos (2.30,31), não
somente foram lembrados por Pedro (At.2.19,20), mas também referidos por Jesus
(e.g., Mt.24.29) e por João em Patmos (Ap.6.12-14).
(4) Finalmente, a profecia
de Joel a respeito do julgamento divino das nações, no vale de Josafá
(3.2,12-14), é desenvolvida ainda mais no último livro da Bíblia (Ap.14.18-20;
16.12-16; 19.19-21; 20.7-9).. Há dimensões tanto presentes quanto futuras em
todas as aplicações de Joel no NT. Os dons do Espírito que começaram a fluir através
do povo de Deus, no Pentecoste, ainda se acham à disposição dos crentes (cf. 1
Co.12.1-14,40).
Além disso, os versículos que precedem a
profecia a respeito do Espírito Santo (i.e., a analogia da colheita com as
chuvas temporãs e serôdias, 2.23-27) e os versículos que se seguem (i.e., os
sinais que se darão nos céus no final dos tempos, 2.30-32) indicam que a
profecia sobre o derramamento do Espírito Santo (2.28,29) inclui não somente a
chuva inicial no Pentecoste, como também um derramamento final e culminante
sobre toda a raça humana no final dos tempos." (BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL, p.1286-7).
" Cristo Revelado -
Joel espera um tempo em que o Senhor deve trazer julgamento aos inimigos de
Deus e de Israel, em que as nações devem ser chamadas para prestar conta de
seus atos. Ele também viu um dia de grande fartura fluindo do Reino justo do
Senhor, em Sião. O instrumento através do qual esses grandes acontecimentos
devem vir era o Messias. Jesus é Aquele que irá levar essa era a um fim,
derrotando Seus inimigos, recompensando Sua Igreja e estabelecendo Seu
definitivo Reino de justiça. Além disso, é Jesus quem promete a vinda do
Espírito em resposta à Sua consumada obra de redenção e retorno ao Pai (Jo.
14.15-18; 16.5-24). Na vinda do Espírito em Pentecostes, nós temos o retorno
espiritual de Cristo para habitar em Seu povo e conduzir Seu corpo, a Igreja.
Sua volta física e literal é predita aqui no Livro de Joel." (BÍBLIA DE
ESTUDO PLENITUDE, p.863).
- Segundo Finnis Jennings
Dake (1902-1987), o livro de Joel tem 3 capítulos, 73 versículos, 7 perguntas,
50 ordenanças, 10 promessas, 69 versículos de profecia, 11 versículos de
profecias cumpridas, 59 versículos de profecias não cumpridas e somente uma
mensagem distinta de Deus (1.2-3.21).
- É interessante notar que,
na Bíblia Hebraica (ou seja, a Bíblia adotada pelos judeus, a chamada TANACH),
bem como na Septuaginta (a versão grega do Antigo Testamento), o livro de Joel
tem quatro capítulos, pois há uma divisão diferente dos versículos do que o que
nós adotamos, que foi a adotada pela Vulgata Latina (a tradução da Bíblia para
o latim, língua de Roma, por Jerônimo). Isto ocorre porque o capítulo 2 de
Joel, que para nós tem 32 versículos, nessas versões tem apenas 27 versículos.
O capítulo 3 de Joel nessas versões corresponde ao nosso Jl.2:28-32 e o nosso
capítulo 3 é o capítulo 4 daquelas versões, divisão que é seguida pela Bíblia
de Jerusalém e pela Tradução Ecumênica Brasileira.
- Na Septuaginta, aliás, o
livro de Joel ocupa um lugar diferente no cânon, pois ele é o quarto livro dos
profetas menores, depois de Miqueias (a ordem dos profetas menores na
Septuaginta é a seguinte: Oseias, Amós, Miqueias, Joel, Obadias, Jonas, Naum,
Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias).
- Segundo alguns estudiosos,
o livro de Joel, o 29º livro da Bíblia, está relacionado com a 7ª letra do
alfabeto hebraico, “zayin” (ז), cujo significado é de “arma”, “espada”,
indicando, portanto, que se trata de um livro que trata, sobretudo, do juízo
divino, de movimento e de luta. No dizer de Richard Amiel McGough: “…Joel
profetizou a plenitude dos tempos quando o Senhor julgará a terra…” (The Bible
Wheel Book, p.211) (tradução nossa do texto original em inglês).
II
– O DIA DO SENHOR EXEMPLIFICADO
- O livro de Joel inicia-se
com uma mensagem do profeta tanto aos anciãos do povo quanto a todo o povo, em
que o profeta mostra que o Senhor estava a alertar o povo através da natureza,
visto que uma série de pragas havia assolado a produção dos judaítas. O que
ficara da lagarta, o comera o gafanhoto e o que ficara do gafanhoto, o comera a
locusta e o que ficara da locusta, o comera o pulgão (Jl.1:4).
- O quadro apresentado pelo
profeta Joel era de total desolação, pois não sobrara praticamente coisa alguma
do que havia sido plantado para a colheita. Este estado de coisas era um alerta
do Senhor para que o povo mudasse a sua forma de se relacionar com Deus, até
porque era este o modo primeiro pelo qual o Senhor demonstrava o Seu
descontentamento para com o povo (Dt.28:20).
- Joel, como vimos, profetizava
nos dias de Joás, o primeiro rei depois do tenebroso período em que Judá ficara
sob o governo de Atalia, filha de Acabe e de Jezabel, que havia se casado com
Jeorão, filho de Josafá e que quase destruiu a casa de Davi. O povo estava a
sair, portanto, de um período de idolatria, mas já dava sinais de que estaria a
se desviar dos caminhos do Senhor uma vez mais, o que, aliás, aconteceu após a
morte do sumo sacerdote Jeoiada, o principal responsável pela derrubada de
Atalia e pela retomada do culto a Deus em Judá.
- Joás havia determinado que
se renovasse a casa do Senhor, mas os sacerdotes haviam negligenciado neste
negócio, tendo sido necessário que o rei cobrasse mais firmemente esta reforma
do templo, no que foi atendido, parecendo, pois, que tudo estava na mais perfeita
ordem, que o povo de Judá finalmente havia consolidado o culto a Deus e que
havia deixado de lado a idolatria dos tempos tenebrosos de Atalia (II
Cr.24:1-14).
- No entanto, é neste
momento que o Senhor faz com que fosse dizimada toda a plantação dos judaítas e
levanta Joel para seu ministério, a fim de que houvesse uma maior disposição de
servir a Deus.
- Esta situação em que a
nação judaíta havia sido levada apesar de uma aparente renovação espiritual,
mostranos, com absoluta clareza, que o Senhor não Se deixa enganar e que
devemos estar vigilantes para que não julguemos segundo a aparência (Jo.7:24).
O Senhor conhece o que há no coração do homem (I Sm.16:7; Jo.2:24,25) e,
portanto, não há quem possa enganá-l’O.
- Já neste ponto vemos a
grande atualidade do livro do profeta Joel. Vivemos, também, dias em que muitos
estão a se deixar levar pelas estatísticas, que demonstram haver um “grande
crescimento” da igreja, em especial no Brasil, onde, segundo dados do censo de
2010 do IBGE, os “evangélicos” já seriam 22,2% da população e as Assembleias de
Deus seriam a denominação que mais cresceu na década.
- Tais números são, porém,
ilusórios. O que se percebe, bem ao contrário, é que o número de verdadeiros e
genuínos servos de Deus está a diminuir, pois a apostasia grassa nas igrejas
locais. Assim como a conclusão da reforma do templo nos dias de Joás dava a
impressão de que o povo judaíta havia se decidido a servir a Deus como nos dias
de Davi, este “crescimento” numérico pode dar a impressão de que estamos caminhando
para uma rápida evangelização do país.
- No entanto, após o final
desta reforma e a morte de Jeoiada, o que vemos na história de Judá é o retorno
a uma idolatria, fomentada pela elite governante do reino (II Cr.24:17,18), o
que prova que o Senhor estava certíssimo ao alertar o povo de Seu desagrado
para com eles quando da permissão das pestes que abalaram toda a produção
agrícola de Judá, cujo significado foi a primeira mensagem de Joel ao povo.
- Da mesma forma, quando
contemplamos a realidade atual da igreja brasileira, vemos, com absoluta
clareza, que este “crescimento” não passa de um inchaço, de uma ilusão, visto
que temos hoje, segundo os dados do mesmo censo, 3,08% dos “evangélicos” que,
assumidamente, não frequentam qualquer denominação, bem como dados que mostram
que estes “evangélicos” são completamente irrelevantes em termos espirituais,
visto que são vistosos tão somente enquanto “consumidores do segmento gospel”,
vivendo do mesmo modo que os incrédulos.
Mais do que nunca, precisamos prestar
atenção à mensagem de Joel e verificar que, tal como naqueles tempos, o Senhor
está a mostrar, não pela natureza, mas pelos próprios frutos espirituais
inexistentes de toda esta gama de falsos servos de Deus, que muito temos de
fazer em prol de uma verdadeira e genuína evangelização de nosso querido
Brasil.
- Toda a dizimação da
plantação tinha um único objetivo: fazer despertar o povo para a sua triste realidade
espiritual. “Despertai, ébrios, e chorai; gemei, todos os que bebeis vinho, por
causa do mosto; porque tirado é da vossa boca” (Jl.1:5).
- O problema do povo de Judá
era que haviam se embriagado com vinho. Esta situação não deve ser entendida
literalmente, mas, sim, como uma declaração divina de que o povo de Judá, em
vez de se dedicar às coisas de Deus, em vez de se comportar como um povo
separado por Deus dentre os povos para Lhe ser um reino sacerdotal e uma nação
santa, havia resolvido desfrutar dos prazeres das coisas desta vida, havia
decidido usufruir das coisas terrenas, sem se preocupar em servir a Deus, o que
explicava o descaso e desleixo dos próprios sacerdotes e levitas na restauração
do templo.
- O apóstolo Paulo também
fala desta situação, ao afirmar que não devemos nos embriagar com o vinho, mas
nos encher do Espírito Santo (Ef.5:18). Este vinho representa as coisas
terrenas, as atrações que este mundo passageiro oferece, que não deve ser
aquilo que devemos buscar com prioridade, mas, sim, devemos buscar uma vida
cheia do Espírito Santo, uma vida voltada para as coisas eternas. Como disse o
Senhor Jesus, devemos ajuntar tesouros nos céus (Mt.6:19-21).
- A situação descrita pelo
profeta é de total desolação. “O campo está assolado, e a terra, triste; porque
o trigo foi destruído, o mosto se secou, o óleo falta” (Jl.1:10). Quando não se
buscam as coisas de cima, a situação é de total desolação, há falta de
alimento, há falta da presença de Deus. Quando não se dá prioridade às coisas
de cima, não há mais Palavra de Deus, o alimento espiritual por excelência
(Mt.4:4; Lc.4:4), também não mais sentimos a presença do Espírito Santo em
nossas vidas (“o óleo falta”).
- A situação desoladora por
que passava Judá em termos materiais era o reflexo de sua vida espiritual e,
para nós, hoje em dia, é uma figura da real situação espiritual de quem vive
apenas para as coisas terrenas. Por isso, o apóstolo Paulo é incisivo ao dizer
que devemos pensar nas coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à
destra de Deus, se é que já ressuscitado com Cristo e estamos mortos para o
mundo, com nossa vida escondida em Cristo Jesus (Cl.3:1-3).
- Este tétrico quadro
descrito pelo profeta Joel, lamentavelmente, é a visão que Deus tem de muitas
igrejas locais na atualidade. Não há produção alguma do fruto do Espírito em
muitas delas, visto que todos os seus integrantes estão embriagados com o
vinho, deixando de lado as coisas espirituais. Vivem apenas de
confraternizações, “campanhas”, “shows gospel”, não havendo mais a real busca
de uma vida de santificação, de uma vida de meditação nas Escrituras, de uma
vida de oração. A frutificação espiritual tornou-se impossível, porque o
gafanhoto, a locusta e o pulgão já destruíram toda a vinha do Senhor. Muitos podem repetir as palavras
da sulamita: “…a vinha que me pertence não guardei” (Ct.1:6 “in fine”).
- Alguns estudiosos das
Escrituras entendem que este quadro traçado pelo profeta não se aplicaria
apenas aos dias de Joás, mas seria, também, um profecia do que ocorrerá com
Israel na segunda metade da Grande Tribulação. Nesta linha de pensamento,
defendida, entre outros, pelo pastor Aldery Nelson Rocha, estamos diante da
situação desoladora que se estabelecerá para os judeus após a profanação do
templo pelo Anticristo.
Com base no fato de que
Jl.1:9, diz que foi cortada a oferta do manjar e a libação da casa do Senhor,
chega-se à situação que seria, posteriormente a Joel, profetizada por Daniel na
profecia das setenta semanas (Dn.9:27). É também uma leitura possível do texto.
- O profeta, no entanto, não
fica apenas na denúncia do pecado do povo, até então apenas escondido em seus
corações e que não havia se manifestado, o que se daria apenas após a morte de
Jeoiada. O profeta traz, também, o remédio para esta situação. O objetivo do
Senhor, ao levantar Joel, não era apenas mostrar o problema, mas, também,
trazer a solução.
- Diante deste quadro
trágico, o profeta anuncia uma solução: “Santificai um jejum, apregoai um dia
de proibição, congregai os anciãos, e todos os moradores desta terra, na casa
do Senhor, e clamai ao Senhor” (Jl.1:14).
- Havia uma forma de
reverter este quadro, de impedir que se chegasse o “dia do Senhor”, quando tudo
seria consumido. Era clamar ao Senhor,
pedir perdão pelos pecados e se
reconciliar com Deus. Deus estava a castigar o povo pela sua impenitência, mas
não estava disposto a destruir o povo. Se houvesse arrependimento de todos, a
começar pelos sacerdotes e anciãos, o Senhor estava pronto a perdoar.
- O caminho para a reversão
do quadro de distanciamento de Deus, de alienação das coisas celestiais, do
reino de Deus e sua justiça, é o caminho do arrependimento, da humilhação, da
busca da presença do Senhor. Temos de buscar a Deus enquanto é tempo (Is.55:6),
“porque o dia do Senhor está perto, e virá como uma assolação do Todo-Poderoso
(Jl.1:15). Temos nos conscientizado disto, amados irmãos?
- Diante das dificuldades da
vida, muitas vezes consequências de nossos próprios erros, temos de clamar ao
Senhor. “A Ti, ó Senhor, clamo, porque o fogo consumiu os pastos do deserto, e
a chama abrasou todas as árvores do campo” (Jl.1:19). Por causa dos problemas e
das vicissitudes da vida, temos de clamar a Deus e não murmurar ou tentar pôr a
culpa nos outros, como, lamentavelmente, alguns costumam fazer. As tribulações
presentes são um exemplo do que está por vir sobre a face da Terra. Acordemos,
pois, enquanto é tempo, e deixemos de nos embriagar com o vinho, para que
possamos ser, então, cheios do Espírito Santo.
II
– O DIA DO SENHOR PROFETIZADO
- Após ter chamado o povo a
se arrepender de seus pecados e, deste modo, alertado o povo para o fato de que
estavam naquela situação por causa de sua “embriaguez com vinho”, o profeta
passa a descrever o que será o “dia do Senhor”, uma expressão que é recorrente
entre os profetas do Antigo Testamento e que diz respeito aos eventos últimos
da história da humanidade, ao instante do juízo divino sobre a humanidade.
- O profeta começa dizendo
que é preciso clamar que o dia do Senhor está perto, e este clamor deveria se
dar de forma pública e notória, daí porque dizer que se deveria “tocar a buzina
em Sião e clamar em alta voz no monte da santidade” (Jl.2:1).
- Este “toque da trombeta” é
um dos mais conhecidos cerimoniais judaicos, realizado no Ano Novo Judaico (o
“Rosh Hashanah”), que a Bíblia identifica como a “festa das trombetas”
(Nm.29:1). O “toque da trombeta” é associado, no judaísmo, ao juízo divino e,
por via de consequência, ao necessário arrependimento. “…O shofar[a trombeta,
feita de chifre de carneiro, observação nossa] faz soar as suas notas
estridentes como se estivesse dando um grande alarma: ‘Vós que estais dormindo,
acordai! Pensai nas vossas ações! Lembrai-vos de vosso Criador e voltai-vos
para Ele em arrependimento! Não sejais daqueles que enquanto apalpam as
sombras, deixam de receber o que é real, e gastam suas vidas em busca de coisas
ocas que nunca lhes poderão trazer lucro nem proveito… Vós que dormis, acordai!
Cuidai de vossas almas! Pensai em vossas ações!’…” (AUSUBEL, Nathan. Rosh Hashanah. In: A JUDAICA, v.6,
p.733).
- Esta “festa das trombetas”
é tipo do arrebatamento da Igreja, quando o Senhor “…descerá do céu com
alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus…” (I Ts.4:16 “in
medio”), encerrando, assim, a dispensação da graça, o tempo da Igreja sobre a
face da Terra, dando-se início ao juízo divino sobre os que rejeitaram a Cristo
como Salvador.
- Este “toque da trombeta”,
nos dias hodiernos, deve ser a incessante pregação do Evangelho por parte da Igreja, para que as pessoas se arrependam
dos seus pecados e recebam a Cristo como seu Senhor e Salvador, bem como a
mensagem de que “Jesus brevemente virá” e que devemos estar preparados para
encontrá-l’O nos ares e, deste modo.
- Em outras palavras,
devemos conclamar os moradores da Terra, a exemplo do que fazia o profeta Joel
no seu tempo, de que devemos nos converter dos ídolos a Deus, para servir o
Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus a Seu Filho, a quem ressuscitou dos
mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura (I Ts.1:9,10). Era isso que
os crentes de Tessalônica pregavam e viviam, sendo, por isso, exemplo para todos
os crentes de seu tempo, é isto que devemos continuar a pregar e viver enquanto
Igreja do Senhor. Temos feito isto?
- Joel conclamava o povo ao
arrependimento, porque o dia do Senhor estava perto e seria um dia de trevas e
de tristeza, dia de nuvens e de trevas espessas, um dia igual ao qual nunca
houve nem haverá (Jl.2:2).
Este dia do Senhor
profetizado por Joel não era apenas os dias do cativeiro babilônico, onde
culminaria a desobediência que se iniciava nos dias do rei Joás após a morte de
Jeoiada, mas é algo muito mais severo, o “dia da angústia de Jacó” (Dn.12:1), a Grande Tribulação que tão
próximo está de nossos dias.
- Assim como profeta,
devemos deixar bem claro aos que cristãos se dizem ser que não se pode esperar
coisa alguma do tempo da Grande Tribulação, que a oportunidade para nós é
agora, é hoje, porque se perdermos esta chance de servirmos a Deus, não se
esperam dias bons. Muitos estão a se iludir com a oportunidade de salvação que
haverá naquele tempo, mas o profeta Joel é bem claro: “é dia de trevas e de
tristeza, de nuvens e trevas espessas”. Não nos iludamos. Se é certo que haverá
salvação naquele tempo, também é certo que será um tempo como nunca houve e que
será de domínio das trevas, algo muito diferente do que estamos a viver atualmente.
Este é o nosso tempo, aproveitemo-lo, amados irmãos, para nele servir a Deus e
escaparmos deste terrível período da história da humanidade!
- Neste tempo tenebroso, diz
o profeta, “nada lhe escapará” (Jl.2:3 “in fine”). “O dia do Senhor é grande e
mui terrível; e quem o poderá sofrer? “(Jl.2:11 “in fine”). A descrição feita
pelo profeta é de um juízo divino terrível, que ninguém poderá impedir. Este
quadro, aliás, é confirmado pelos selos, trombetas e taças que o Senhor
revelará a João no Apocalipse.
- Não devemos ser
“terroristas” e deixar o povo de Deus apavorado ou amedrontado, como, aliás,
tem feito alguns supostos estudiosos de escatologia nos últimos tempos. Não é
aterrorizando as pessoas que as levaremos à conversão. Entretanto, temos de ser
realistas quanto ao que significa o “dia do Senhor” e o que a Bíblia fala a
respeito dele.
- Mas, uma vez mais, o
profeta não se limita a descrever o terrível dia do Senhor, mas, se o
descreveu, fê-lo com um único propósito: o de mostrar ao povo como ele poderia
escapar daquele dia. Como isto seria possível? “Convertei-vos a mim de todo o
vosso coração, e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso
coração, e não os vossos vestidos, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque
Ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-Se e grande em
beneficência, e Se arrepende do mal” (Jl.1:12,13).
- O caminho para se escapar
do “dia do Senhor” é o caminho da conversão, uma conversão verdadeira, que
signifique uma mudança de direção, de sentido na vida, que venha de dentro para
fora. Não se trata da assunção de uma religiosidade externa, pois de nada
adiantaria “rasgar as vestes” se não se “rasgasse o coração”.
- O profeta conclama a todos
que se arrependessem de seus pecados, até mesmo os noivos que estavam em
núpcias, que abandonassem o seu tálamo e se voltassem para Deus,
santificando-se, proclamando um dia de proibição e pedindo a misericórdia
divina.
- Para evitarmos cair na
apostasia que caracteriza os dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da
Igreja, temos de agir da mesma maneira, pois a mensagem do profeta é uma
mensagem vinda da parte de Deus, Deus que não muda. Para que não soframos o mal
decorrente de nossa vida baseada única e exclusivamente nas coisas terrenas, é
indispensável que nos voltemos a Deus, que peçamos a Sua misericórdia, pois Ele
é tardio em irar-Se, é misericordioso, compassivo e grande em beneficência.
Ainda é tempo de voltarmos a buscar o reino de Deus e a sua justiça em primeiro
lugar, com prioridade. Ainda é tempo de nos separarmos do pecado, estamos
dispostos a isto?
- Os sacerdotes são
conclamados a chorar entre o alpendre e o altar (Jl.2:17). Este alpendre de que
fala o profeta é o átrio da porta oriental do Templo (I Rs.6:3), que fica entre
o pórtico e o grande altar dos holocaustos. Esta posição dos sacerdotes revela
que, para que haja perdão dos pecados (o que era figurado pelo altar dos
holocaustos), para que o sacrifício vicário de Cristo tenha a eficácia de
perdoar nossos pecados, é necessário que clamemos por este perdão, que nos
arrependamos dos nossos pecados. O arrependimento e a conversão (observemos que
os sacerdotes oravam voltados para o santuário, a indicar que devemos mudar a
direção de nossas vidas, passando a olhar para Jesus, o Santo de Deus) são
passos necessários e que antecedem o perdão dos pecados no processo da
salvação.
- Há, pois, um profundo
equívoco na mente daqueles que, nos dias de hoje, estão a defender a integração
de pessoas nas igrejas locais sem que tenham elas produzido frutos dignos de
arrependimento. O que importa para estes é que a “igreja esteja cheia”, mesmo
que seja cheia de pessoas que não se converteram e que, por isso mesmo, não
poderiam pertencer à Igreja, que é uma nação formada por aqueles que deixaram
as trevas e agora estão na luz do Senhor (Jo.3:19-21; I Pe.2:9,10).
- Não podemos permitir, de
forma alguma, que pessoas que ainda não
se converteram, que não se voltaram para o santuário, entre o alpendre e o
altar, entrem no lugar santo sem que tenham sido perdoadas por Cristo Jesus. Só
tem perdão quem se arrepende e se converte. Só pode integrar a igreja aquele
que tiver se convertido a Cristo, abandonando a vida pecaminosa. Não existe
esta história que andam propalando por aí de que se deve deixar tal pessoa no
meio dos crentes até que “o Espírito Santo a toque”. Devemos deixar que ela
congregue, que assista aos cultos, mas, enquanto não houver conversão, não
pertence ela ao corpo de Cristo. Sigamos o que diz o profeta Joel em sua
mensagem ao povo judaíta!
- Com o arrependimento e a
conversão, diz Joel, o Senhor teria zelo da Sua terra e Se compadeceria do Seu
povo e, em virtude disto, o Senhor responderia com o retorno da abundância, com
o envio do trigo, do mosto e do óleo. A fartura, tanto material quanto
espiritual, voltaria para Judá quando este decidisse deixar as coisas terrenas
e se voltar para Deus.
- Para retornarmos aos dias
de abundância espiritual, para que possamos fugir do dia do Senhor, para que
tenhamos comunhão com Deus, outro caminho não há senão o arrependimento dos
pecados e a conversão. Devemos nos mobilizar para que, em nossas igrejas
locais, arrebatemos o maior número possível dos que cristãos se dizem ser da
apostasia e da frieza espiritual, mas isto somente se fará se houver
arrependimento e conversão, se nos voltarmos ao Senhor, se retornarmos ao
caminho da meditação das Escrituras, da oração e da busca de uma intimidade
sincera e verdadeira com o Senhor.
- O profeta garante que, em
havendo arrependimento e conversão, não haveria por que o povo de Judá ter
qualquer dúvida a respeito de sua restauração espiritual e, consequentemente,
de que o estado lamentável em que estava a produção agrícola se transformaria
totalmente. Os judaítas podiam se alegrar e regozijar porque o Senhor faria
grandes coisas, voltando a reverdecer os pastos, o arvoredo a dar o seu fruto,
bem como as eiras a se encher de trigo e os lagares, a transbordar de mosto e
de óleo (Jl.2:21-24), com a restituição de tudo quanto havia sido dizimado
(Jl.2:25-27).
- O desejo do Senhor era,
portanto, uma verdadeira restauração espiritual do povo e não aquela aparente
renovação que se dava nos dias de Joás. Mais do que uma renovação do templo, de
sua estrutura, o Senhor estava interessado em renovar os corações do povo,
prepará-los para que fossem, efetivamente, o povo escolhido de Deus dentre
todos os povos, a fim de que pudessem cumprir o propósito divino que era o de
torná-los um reino sacerdotal e um povo santo (Ex.19:5,6).
- É também este o propósito
do Senhor para com a Igreja, o Seu novo povo, igualmente um reino sacerdotal e
nação santa (I Pe.2:9,10). O Senhor quer nos restaurar espiritualmente, fazer
com que abandonemos uma religiosidade externa e estéril, para que sejamos
pessoas enviadas por Cristo para que demos fruto e fruto permanente sobre a
face da Terra (Jo.15:16). Mas, para que isto ocorra, não podemos nos embriagar
com vinho, mas nos encher do Espírito Santo.
- E, por falar de nos encher
do Espírito Santo, é neste instante que
Joel profetiza a respeito do derramamento do Espírito Santo, a profecia mais
conhecida de Joel, e que foi invocada pelo apóstolo Pedro no dia de Pentecostes
(At.2:16).
- Esta profecia de Joel
indica que o derramamento do Espírito Santo se daria "depois" do
juízo anunciado pelo profeta, juízo este que seria seguido pela vinda de um
ensinador de justiça, que faria descer a chuva temporã e serôdia (Jl.2:23).
- Pedro identifica este
tempo como tendo início no dia de Pentecostes, utilizando-se, por inspiração do
Espírito Santo, da expressão "últimos dias". Ora, isto já nos mostra,
com clareza, que a promessa do profeta Joel não estava circunscrita aos dias de
Pedro, mas aquele dia era o início deste período, o início de uma nova etapa no
relacionamento entre Deus e os homens. Este período é a dispensação da graça,
que somente findará com a volta de Jesus para arrebatar a Sua Igreja. O batismo
com o Espírito Santo, portanto, é uma característica que deve acompanhar a
Igreja durante o Seu tempo aqui na terra, sendo a própria negação da
determinação bíblica a defesa de que a Igreja possa perdurar enquanto tal sem
que haja este revestimento de poder.
- Além da vinda do
“ensinador de justiça”, que nos fala a respeito da vinda de Cristo, o profeta
Joel também deixa claro que, para haver derramamento do Espírito Santo, faz-se
mister que tenha havido conversão e arrependimento. A conversão e o
arrependimento não só trariam abundância material, mas, também, abundância
espiritual, representada pelo derramamento do Espírito Santo.
- Temos, pois, que a
plenitude da vida espiritual torna indispensável o derramamento do Espírito
Santo. Não há como termos abundância espiritual, termos plenitude de vida
espiritual sem que sejamos alcançados pelo derramamento do Espírito Santo.
- A profecia de Joel,
também, não deixa qualquer dúvida de que o derramamento do Espírito Santo é um
ato soberano de Deus. "diz Deus, que do Meu Espírito derramarei sobre toda
a carne", ou seja, a operação decorreria do próprio Deus, é um ato da Sua
vontade, de modo que não devemos querer dar ao homem qualquer participação além
da mera recepção em tal operação. Devemos buscar esta bênção, pois é uma
promessa de Deus e, como ensina P.M. Beaude, "…a promessa estabelece um
laço entre quem promete e quem recebe a promessa, [pois] (…) Deus fez aliança
com Seu povo, promete-lhe felicidade(…), é um pai para o Seu povo; um pastor;
ocupa-Se dele como de uma vinha.…" (De acordo com as Escrituras, p.15),
mas conscientes de que tudo depende única e exclusivamente da vontade de Deus,
não da nossa.
- A profecia de Joel, também,
faz questão de realçar que esta bênção está disponível a todos os homens que
aceitarem a Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas, independentemente de
sua condição. O batismo com o Espírito Santo não era restrito aos apóstolos nem
àqueles quase cento e vinte irmãos que haviam estado com Jesus durante o Seu
ministério.
A igreja caracterizar-se-ia como um povo de pessoas em igualdade de
condições diante de Deus, que teria funções diferentes, conforme a vontade do
Senhor, mas que não poderia ser separada em ordens ou graus diferenciados, como
se quis, posteriormente, defender e se defende até hoje, por exemplo, entre os
católicos romanos e os ortodoxos. Toda a igreja é composta de sacerdotes reais,
de santos, de profetas, indistintamente (I Pe.2:9). O derramamento seria sobre
toda a carne, para homens e mulheres, para pais e filhos, para jovens e idosos.
Chegava ao povo de Deus a universalidade que, na antiga aliança, era apenas um
desejo distante (cfr. Nm.11:29).
- Não é à toa que, durante a
história da igreja, os períodos de desvio e frieza espiritual tenham sempre
sido acompanhados por uma cristalização de dogmas e condutas que negam o
sacerdócio universal dos cristãos e estabeleçam rituais e classes sacerdotais
típicas do paganismo ou da antiga aliança. Não é, também, coincidência que o
batismo com o Espírito Santo sempre seja um fator de abalo e de repugnância
para as estruturas eclesiásticas nascidas destes mesmos dogmas e práticas
antibíblicos.
OBS: Esta circunstância foi
muito bem analisada por Benjamin Scott, em sua obra-prima "As catacumbas
de Roma", cujo trecho reproduzimos: " …Afigura-se-nos que a corrupção
que mais influência tem exercido no 'cristianismo' proveio da introdução
gradual da ideia de um sacerdote
mediador para oferecer sacrifícios, semelhante aos sacerdotes do judaísmo ou do
sistema pagão. É claro que tal instituição não pode ser encontrada em qualquer
ensino de Jesus ou de seus apóstolos.
No novo Testamento nunca se fala de um
sacerdócio especial na Igreja Cristã, senão num sentido que inclui cada crente
verdadeiro unido a Cristo, o grande "Sumo Sacerdote de nossa confissão'.
Notemos que este não é um ponto sem
importância, como poderia parecer à primeira vista porque, se admitirmos que há
um sacerdócio (no sentido pagão ou judaico), então temos uma série de
consequências - como de fato aconteceu, e foi a corrupção da 'simplicidade que
há em Cristo'.
Desde que admitido um
sacerdócio, um altar deve segui-lo, para usurpar o lugar de uma simples mesa na
ceia comemorativa que Cristo instituiu. O sacrifício acompanha o altar. Isso
aconteceu na Igreja de Roma. E mediadores sacerdotais se levantam entre o
crente e seu Sumo Sacerdote, que ensinara a todos a chegarem-se ao Pai
tão-somente por meio dele mesmo. Desta maneira, Cristo foi despojado de seu
sacerdócio, na Igreja de Roma, e desprezado foi o seu ofício de sacerdote e
mediador. Ali, o sacrifício perfeito 'oferecido duma vez para sempre' é
continuamente reoferecido, como se alega nessa igreja.
Outro grande mal é que ao povo cristão
ensina-se a confessar os pecados a semelhantes seus, pecadores também, e a
depender destes, para obter o perdão; quando é certo que todos possuímos o
inestimável privilégio de acesso pessoal a Cristo.(…) Sobre esponto tão
importante, que dizem as inscrições nas Catacumbas de Roma ?
Nelas nunca se encontrou
termo algum que corresponda ao ofício sacerdotal dos pagãos ou dos judeus. É
digno de nota que a palavra ' 'ieréus', isto é, a pessoa que oferece
sacrifício, em nenhum lugar nas Catacumbas ou dos escritos primitivos é
aplicada a qualquer posição eclesiástica. Coube ao Romanismo ou ao
sacerdotalismo romanizante, fazer a aplicação ao ministro cristão desta palavra
tão oposta ao espírito do Novo Testamento' (Cf. As Catacumbas, de Withrow,
p.511 - referência em nota de rodapé de nº 11 no original) " (SCOTT,
Benjamin. As catacumbas de Roma, p.134-5).
- Como Pedro invocaria no
dia de Pentecostes, a mensagem do profeta a respeito da abundância espiritual
fala que “depois”, o Senhor derramaria o Seu Espírito sobre toda a carne, de
modo que os filhos e as filhas dos judaítas profetizariam, os velhos teriam
sonhos e os mancebos, visões, assim como, “naqueles dias”, também haveria
derramamento do Espírito para servos e servas.- Deus deseja que tenhamos
abundância espiritual e esta abundância vem pelo derramamento do Espírito
Santo. Este derramamento segue ao arrependimento e conversão, é um momento
posterior, portanto, à salvação, não tendo, pois, razão alguma os crentes ditos tradicionais que confundem o batismo
com o Espírito Santo com a conversão. Pedro invocou esta profecia de Joel no
dia de Pentecostes, para explicar o fato de os discípulos estarem a falar
línguas estranhas, não a salvação deles, que já ocorrera anteriormente,
inclusive quando receberam o Espírito Santo mediante um sopro do Senhor Jesus
na tarde do dia da ressurreição (Jo.20:22).
- Esta profecia de Joel
começou a se realizar no dia de Pentecostes, mas não findou ali nem nos tempos
apostólicos. Vejam que o profeta falou que o Senhor derramaria “o Seu
Espírito”, mas, ao invocar esta profecia, o apóstolo Pedro disse que havia
ocorrido derramamento “do Espírito”. Notem aqui o partitivo “de”, que não se
encontra na profecia de Joel. O dia de Pentecostes era apenas uma parte do que
estava prometido e profetizado, era o início de um período.
- Com efeito, a profecia de Joel ainda não se concretizou
em Israel, o que se dará tão somente quando Israel for salvo. Os judaítas dos
dias de Joás não atentaram para a profecia de Joel, tornando para a idolatria
(II Cr.24:19), caminho que não abandonaram, apesar dos avivamentos ocorridos
nos dias de Ezequias e Josias, e que os levaram ao cativeiro da Babilônia.
- No período do Segundo
Templo, apesar dos avivamentos ocorridos nos dias de Esdras e Neemias, o povo
também não se converteu, caindo não mais na idolatria, mas na indiferença e na
religiosidade externa e oca, que foi testemunhada pelo próprio Senhor Jesus em
Seu ministério terreno e, ante a rejeição de Cristo por Israel, continuaram
eles espiritualmente cegos (Rm.11:7-11; II Co.3:14-16).
- Todavia, no dia em que se
converterem, quando estiverem prestes a ser destruídos pelo Anticristo, na
iminência da batalha do Armagedom, aí, sim, convertidos, serão todos os
israelitas remanescentes cheios do Espírito Santo, o Espírito Santo será
derramado sobre eles e, com vida espiritual abundante, estarão eles na condição
de serem, durante o reino milenial de Cristo, o reino sacerdotal e povo santo
que o Senhor sempre quis que fossem para toda a humanidade, os “restantes que o
Senhor chamar” (Jl.2:32).
- Por isso, aliás, a leitura
já mencionada supra de que o livro do profeta Joel retrata a segunda metade da
Grande Tribulação, uma vez que, ao término desta, o remanescente de Israel se
salvará, convertendo-se a Cristo, depois de três anos e meio de cruel
perseguição por parte do governo do Anticristo.
- Por que temos tido redução
no número de batismos com o Espírito Santo entre nós? Porque o derramamento do
Espírito Santo, como ensina o profeta Joel, somente vem quando há prévios
arrependimento e conversão.Porque não há que se falar
em plenitude de vida espiritual onde ainda habitam o pecado e a prioridade das
coisas terrenas.
- Temos visto com imensa
preocupação o caminho que tem traçado os que se dizem pentecostais. Em vez de
buscarem a presença do Senhor, de darem prioridade ao reino de Deus e a sua
justiça, estão atrás de estratégias de marketing, estão a copiar os ditos
“neopentecostais”, cuja teologia está no caminho diametralmente oposto da
prioridade das coisas de cima, visto que estão a defender a procura das coisas
terrenas, da prosperidade material e do bem-estar nesta vida terrena.
- Quando olhamos para o
livro do profeta Joel, vemos que o derramamento do Espírito Santo é uma
ocorrência posterior ao arrependimento e à conversão, algo que é indispensável
para que fujamos do juízo divino. Com efeito, após a promessa do derramamento
do Espírito Santo, o Senhor diz que promoverá o “grande e terrível dia do
Senhor” (Jl.2:30-32).
- Ou buscamos a plenitude do
Espírito Santo, prometida para antes do “grande e terrível dia do Senhor”, ou,
por rejeitarmos esta oferta gratuita do Senhor, seremos levado a experimentar
este dia tenebroso. É tempo de buscarmos ao Senhor, de usufruirmos de todas as
bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, antes que, por
rejeitarmos ter a Cristo, sejamos deixados aqui com o mundo que sofrerá a
Grande Tribulação.
Pensemos
nisto!
III
– O JULGAMENTO DAS NAÇÕES E AS BÊNÇÃOS DO MILÊNIO
- O terceiro capítulo de
Joel começa, então, a descrever a remoção do cativeiro de Judá e de Jerusalém,
uma vez mais nos reportando à profecia das setenta semanas de Daniel, pois este
era o prazo que o Senhor deu ao profeta Daniel para que o povo judeu alcançasse
a salvação (Dn.9:24), salvação esta que é nada mais, nada menos que a
libertação do pecado, algo que somente se pode alcançar em Cristo Jesus, o
Filho de Deus (Jo.8:32-36).
- O Senhor não Se limitará a
salvar Israel, mas, também, julgará aqueles que tentaram destruir o Seu povo.
Aqui se concretiza a palavra do Senhor Jesus de que quem não é por Ele, é
contra Ele (Mt.12:30; Mc.9:40; Lc.11:23). Todos quantos se levantaram contra
Israel e, portanto, contra o Senhor, serão devidamente julgados e punidos por
terem ido contra a menina dos olhos de Deus (Zc.2:8).
- Joel diz que o Senhor
congregará todas as nações no vale de Josafá e, ali, com elas, entrará em juízo
por causa do Seu povo (Jl.3:2). Como diz
Richard Amiel McGough: “…Este é o significado de Josafá – ‘O Senhor julgará’…” (op.cit., p.211).
Neste vale, que o profeta Joel chama de “o vale da decisão”, é que se dará o
“dia do Senhor”, quando se fará o julgamento das nações que se levantaram
contra o Senhor e o Seu povo (Jl.3:14).
- O Senhor, neste dia,
retribuirá todo o mal que se fizeram aos judeus ao longo da história da
humanidade (Jl.3:3-8), o que somente se dará após a conversão de Israel. Deus
não rejeitou Seu povo (Rm.11:1,2) e promoverá a justa retribuição a todos
quantos se levantaram contra Ele. Por isso, amados irmãos, mesmo sabendo que os
judeus necessitam de salvação, jamais poderemos nos conformar e apoiar toda e
qualquer medida que seja contrária ao povo de Israel, pois Ele é o povo
escolhido de Deus.
OBS: O antissemitismo e uma
política contrária a Israel é uma das características do “espírito do
Anticristo” na política internacional e é com grande tristeza que, ao longo dos
últimos anos, temos visto que o Brasil, que era amigo de Israel e teve
participação decisiva na criação deste país em 1948 na Organização das Nações
Unidas, tem, hoje, uma política nitidamente anti-israelita, caminho que, se não
for modificado, levará nossa nação a este grupo que será tratado por Deus no
vale de Josafá…
- O Senhor permitirá que o inimigo de
nossas almas fomente todas estas nações
que se decidiram por ser contrárias a Israel sejam enganadas e reunidas para
enfrentar os judeus que, ao término da Grande Tribulação, parecerão estar à
beira da destruição final (Ap.16:13,14). Enganadas pelo diabo e suas duas
bestas, estas nações que, apesar de fracas, achar-se-ão fortes (Jl.3:10),
ajuntar-se-ão no vale de Josafá e lá serão julgadas pelo Senhor, que, com Seu
poder, a todas elas aniquilará e o Senhor Se fará refúgio e fortaleza para os
filhos de Israel (Jl.3:13,15-17).
- Após esta grande vitória,
o Senhor Jesus tornará Israel a potência mundial e reinará mil anos, num
reinado de paz e justiça, onde a Terra será restaurada de toda a maldição
provocada pelo pecado do primeiro casal, havendo abundância material e
espiritual (Jl.3:18).
- Judá será um lugar de
delícias, um lugar que será habitado para sempre e onde haverá purificação,
porque o Senhor habitará em Sião (Jl.3:20,21).
- Este estado de delícias,
previsto para ocorrer no milênio, já está à disposição da Igreja desde já. Com
efeito, se nos arrependermos e nos convertermos e buscarmos a plenitude
espiritual, ou seja, o derramamento do Espírito Santo, desde já estaremos a
desfrutar das delícias aqui prometidas.
- O crente revestido de
poder, batizado com o Espírito Santo é um crente que é “monte que distila
mosto”, já é “um outeiro que mana leite”, um “rio que está cheio de água”, “uma
fonte que sai da casa do Senhor e rega o vale de Sitim”. O crente cheio do
Espírito Santo já é uma “habitação do Senhor” (Jo.14:17) e que, por isso mesmo,
pode trasbordar o poder de Deus e fazer com que os que o rodeiam sejam também
alcançados por esta plenitude espiritual.
- A evangelização do mundo
alcançou níveis nunca antes atingidos depois que se iniciou o avivamento
pentecostal do início do século XX e que ainda perdura até hoje, o mais longo
avivamento da história da Igreja. Esta “chuva serôdia”, que está a anunciar a
chegada da “festa das trombetas”, é a prova viva de que tudo quanto estamos a
falar a respeito do crente batizado com o Espírito Santo é a mais pura
realidade.
- Joel faz-nos lembrar o que
o Senhor quer de nós enquanto estamos aqui neste mundo fazendo a obra de Deus.
Será que somos este “monte que distila mosto”, trazendo alegria da salvação aos
que nos rodeiam? Será que somos este “outeiro que mana leite”, sendo fonte de
alimentação espiritual dos novos convertidos?
- Será que temos sido “rio
que está cheio de água”, saciando a sede daqueles que precisam do refrigério do
Senhor em suas vidas? Será que somos “fonte que sai da casa do Senhor que rega
o vale do Sitim”, saciando a sede de salvação daqueles que vivem no deserto da
vida? Será que somos “habitação do Senhor”, de tal modo que nossa presença
traga a presença de Deus aos que estão à nossa volta?
- Vivemos num mundo que está
no maligno, num Egito onde há desolação, num Edom que é um deserto de solidão.
É imperioso que nos arrependamos de nossos pecados e nos convertamos. É urgente
que deixemos de nos embriagar com o vinho e nos enchamos do Espírito Santo.
Temos correspondido ao desejo do Senhor para com Seu povo trazido na mensagem
de Joel? Que o Senhor nos dê graça para que respondamos a esta questão
afirmativamente.
Caramuru
Afonso Francisco
This entry was posted on terça-feira, 16 de outubro de 2012 at 09:54. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
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