Lição 8 - Naum, o limite da tolerância divina


LIÇÃO Nº 8 – NAUM, O LIMITE DA TOLERÂNCIA  DIVINA


O livro de Naum mostra-nos que a ira de Deus tarda, mas não deixa de se manifestar.

INTRODUÇÃO

- Na sequência do estudo dos profetas menores, estudaremos o livro de Naum, o sétimo livro dos mencionados profetas no cânon do Antigo Testamento.

- O livro de Naum mostra-nos que a ira de Deus tarda, mas não deixa de se manifestar.

I – O LIVRO DE NAUM

- Na sequência do estudo dos livros dos profetas menores, estudaremos hoje o livro de Naum, o sétimo livro desta classe no cânon do Antigo Testamento.

- Em hebraico, Naum é "Nahum"(נחום), que significa "consolação", o que levou alguns críticos a acreditarem que este nome seja um pseudônimo, apenas um nome para indicar que o livro era uma espécie de consolo para o povo de Israel, qual seja, a destruição dos assírios, que haviam destruído o reino do norte. Entretanto, esta teoria não tem qualquer demonstração, sendo mais uma atitude dos críticos para tentar lançar descrédito sobre as Escrituras Sagradas.

- A Bíblia diz-nos que Naum era de Elcose (Na.1:1), cuja localização é desconhecida. Jerônimo, o tradutor da Bíblia para o latim, identificava Elcose com um lugar na Galileia conhecido como Elcesi, o que, inclusive, desmentiria a afirmação dos fariseus de que nenhum profeta teria surgido da Galileia (Jo.7:52). Outros entendem que Elcose seria um local no sul do território de Judá, entre Jerusalém e Gaza e alguns, ainda, acreditam que Elcose se trata de Cafarnaum, palavra que significa "vila de Naum", o que também desmentiria a já aludida menção dos fariseus.

- A mensagem do livro de Naum é um complemento e uma contrapartida do livro de Jonas. Se, em Jonas, o povo de Nínive se arrependeu de seus pecados e foi preservado, no livro de Naum, vê-se que o povo ninivita voltou à vida pecaminosa e que, por sua impenitência, seria destruído. Como se verifica, o livro de Naum, então, foi escrito após a destruição das dez tribos do norte mas antes da queda da Assíria por parte de Babilônia, quando, então, cumprida foi a profecia deste livro. Outro dado que ajuda a identificação da data do livro é a notícia da destruição de Nô-Amom, que é a cidade egípcia de Tebas, que havia sido destruída pelos assírios, em 663 a.C., no reinado de Assurbanípal (669-627 a.C.).

- Edward Reese e Frank Klassen, co-organizadores da Bíblia em ordem cronológica, entre nós editada pela Editora Vida, situam o livro de Naum durante o início do reinado de Josias, rei de Judá, por volta de 635 a.C. (datação de Reese), antes do nascimento de Jeoaquim, ou seja, nos três primeiros anos do reinado de Josias.

- O livro de Naum foi escrito em verso, sendo, portanto, um poema, o que é comum entre os profetas, que costumavam proferir suas profecias em forma de poesia, muitas vezes até acompanhados de música (II Rs.3:15).

- O livro de Naum, que tem três capítulos, pode ser dividido em três partes, a saber:

a) 1ª parte - introdução, onde se fala da majestade divina - Na.1;

b) 2ª parte - o cerco e a tomada de Nínive - Na.2;

c) 3ª parte - os pecados e a ruína de Nínive - Na.3.

- Em Naum, temos o juízo divino sobre a impenitência de Nínive, que aqui representa todo o império assírio. Deus mostra que tem controle sobre a história e que não Se deixa escarnecer.

OBS: " O Livro de Naum ante o Novo Testamento - O NT não faz nenhum uso direto deste livro. A única exceção talvez seja 1.15, versículo este que o próprio Naum colheu de Is. 52.7. Paulo usou a linguagem figura de 'pés formosos' para enfatizar que, assim como o mensageiro no AT foi acolhido com júbilo pelo povo de Deus, ao trazer-lhe as boas novas de paz e de livramento das mãos da Assíria (1.15) e Babilônia (Is. 52.7), da mesma forma os pregadores do novo concerto levam as boas novas de libertação do pecado e do poder de Satanás (Rm.10.15). Naum também reforça a mensagem do NT: Deus não permitirá que os pecadores permaneçam impunes (1.3). "(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.1330).

          "Cristo Revelado - O livro de Naum anuncia o julgamento de Deus sobre o pecado e o mal, personificados na perversidade dos assírios. Nínive foi, na verdade, destruída, mas aquela derrota parcial e temporária do mal aguardou a conquista completa e permanente, que somente viria através de Jesus Cristo. A profecia de Naum proclama que Deus não pode aprovar o pecado, que o pecado deve ser exterminado da Terra. Na crucificação de Cristo, Deus pregou o último prego dentro do caixão do pecado pelo extermínio do Seu próprio Filho. Ver Mt.27.46; 2 Co.5.21. O julgamento final de Deus sobre a impiedade e o mal aconteceu na cruz.

Esta é certamente uma razão para uma celebração ainda maior do que aquela feita pela queda de Nínive (Na.3.19). Mas a contrapartida, a maior demonstração da bondade de Deus, é também revelada em Jesus Cristo. Naum proclama que Deus é bom, mas Sua bondade foi trazida ao seu clímax somente em Cristo (Rm.5.6-11). A bondade de Deus foi encarnada em Jesus, uma viva declaração das boas-novas de paz. Agora, a humanidade tem um caminho para voltar para suas tarefas e chamados que Deus tem estabelecido (Na.1.15). O leão mau (Na.2.11,12) foi derrotado e substituído pelo justo Leão da tribo de Judá (Ap.5.5). A vingança de Deus contra o pecado foi satisfeita através do sacrifício do Seu Filho." (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.899).

- Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), o livro de Naum tem 3 capítulos, 47 versículos, 8 perguntas, 5 ordenanças, nenhuma promessa, 72 predições, 46 versículos de profecia, 6 versículos de profecias não cumpridas, 40 versículos de profecias cumpridas e 2 mensagens distintas de Deus (1:2; 2:1).

- Segundo alguns estudiosos da Bíblia, o livro de Naum, o 34º livro da Bíblia, está relacionado com a décima segunda letra do alfabeto hebraico,  “lamed” (ל), cujo significado é o de “condução”, “ensino”, “direção”. O livro de Naum representaria o conforto, o consolo de que o Senhor protege o Seu povo dos Seus inimigos, conduzindo a história de tal modo que os maus jamais possam vencer os bons.

II – A MAJESTADE DIVINA

- O livro de Naum começa dizendo qual o assunto que o Senhor veio tratar. “Peso de Nínive”. Num instante em que a nação assíria era vista como a potência emergente, como um império mundial, que, inclusive, havia derrotado o Egito, destruindo a cidade de Nô-Amom, também conhecida como Tebas, importante cidade egípcia, o Senhor traz uma mensagem de juízo, de prestação de contas para com aquela impiedosa nação.

- Cerca de 132 anos depois da mensagem que Deus dera aos ninivitas por intermédio de Jonas, quando advertiu aquele povo de que seus maus caminhos levariam ao juízo divino, o Senhor anuncia a execução daquele juízo, tendo em vista que Nínive, após ter se arrependido com a pregação de Jonas, tornara à vida pecaminosa, tornara à prática da maldade e da crueldade. Nínive  voltara ao pecado e a consequência disto seria a sua destruição e, desta feita, o juízo seria sem misericórdia.

- As primeiras palavras da mensagem de Naum trazem-nos, já, uma importantíssima lição: a de que  não haverá misericórdia para aqueles que desprezarem a mensagem divina de chamada ao arrependimento e à conversão. Como afirma o apóstolo Pedro: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveiolhes o que, por um verdadeiro provérbio, se diz: o cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama” (II Pe.2:20-22).

- A mensagem de Naum apresenta-nos, logo em suas primeiras palavras, como uma severa advertência para que não desprezemos a misericórdia divina que nos foi trazida pela salvação em Cristo Jesus para que não venhamos a sofrer o juízo divino sem misericórdia como ocorreu com Nínive.

- O Senhor Se apresenta como “um Deu zeloso e que toma vingança, o Senhor toma vingança e é cheio de furor: o Senhor Toma vingança contra os Seus adversários, e guarda a ira contra os Seus inimigos” (Na.1:2).

- Deus Se apresenta, em Naum, como Deus zeloso, ou seja, Deus que zela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12). Deus pôs a Sua Palavra acima do Seu próprio nome (Sl.138:2), de modo que não se pode esperar outra coisa da parte do nosso Deus senão o de fazer cumprir tudo quanto nos foi revelado e, entre estas revelações, a de que o mal será punido, de que não se tem como subsistir ofendendo a lei do Senhor.

- Deus é santo e abomina o pecado, de sorte que não pode tolerá-lo, devendo, pelo próprio caráter da Sua natureza, fazer com que o pecado seja punido e devidamente castigado. Deus é justo e, portanto, não pode permitir que o pecado prevaleça indefinidamente.

- Mas Deus não é amor? Sem dúvida, Deus é amor (I Jo.4:8), mas o amor não folga com a injustiça (I Co.13:6). Assim, o próprio amor de Deus faz com que o mal seja punido e castigado. É uma ilusão achar-se que Deus é “bonzinho” e que tolera o pecado “por amor ao homem”. O amor divino não folga com a injustiça e Deus, que é justo, embora ame o pecador e queira o seu bem, não pode permitir a prática indefinida do pecado.

- Deus manifesta o Seu amor e a Sua boa vontade para com o homem, retardando a Sua ira, mas jamais a suprimindo, pois é um ser justo, é a própria justiça (Jr.23:6). Por isso, a vingança só a Ele pertence (Dt.32:35; Sl.94:1; Rm.12:19; Hb.10:30).

- Mas para quem é a vingança do Senhor? O profeta responde: “O Senhor toma vingança contra os Seus adversários e guarda a ira contra os Seus inimigos” (Na.1:2 “in fine”).

- A vingança do Senhor está reservada contra os que se levantam contra Deus, os que são Seus adversários, aqueles que contrariam a Sua vontade, que se rebelam contra o Seu senhorio sobre todas as coisas. Deus é o Senhor, tudo a Ele pertence (Sl.24:1), mas Ele deu aos homens e aos anjos o livre-arbítrio, ou seja, o poder de escolher entre servir a Deus, ou não.

- No entanto, para aqueles que optam rebelar-se contra o Senhor, não Lhe obedecer, está reservada a “vingança do Senhor”. O apóstolo Paulo foi preciso ao dizer que “se Deus é por nós, quem será contra nós?”

(Rm.8:31b), o que implica em dizer que se formos contra Deus, ninguém poderá ser por nós. Esta é a triste e dura realidade que muitos teimam em não reconhecer. Quem não é por Deus, será contra Ele e, deste modo, estará perdido, pois se submeterá debaixo da ira de Deus, é candidato a sofrer a Sua vingança.

- A mensagem do profeta, também, mostra-nos que o Senhor não Se levanta de pronto contra os homens que quiseram se tornar Seus adversários. Deus, diz Naum, “guarda a ira contra os Seus inimigos”, ou seja, não lança a Sua ira de imediato, precisamente porque é um Deus misericordioso, que dá tempo para que o homem se arrependa, se converta e passe a servi-l’O.

- Somente os adversários e inimigos de Deus são alvo da Sua vingança. São pessoas que, deliberadamente, resolveram seguir o caminho daquele que é adversário e inimigo de Deus por excelência, “Satanás”, cujo nome significa exatamente “adversário”, “inimigo.

- Quem é o inimigo de Deus? O Senhor Jesus responde: aquele que não guarda a Sua Palavra, aquele que não guarda os Seus mandamentos, aquele que não faz o que Ele manda (Jo.15:14). Tenhamos consciência de que nossa desobediência ao Senhor e à Sua Palavra nos torna inimigos de Deus e, como tal, estamos sujeitos a sofrer a Sua vingança. Que Deus nos guarde!

- Deus, porém, como não deseja a morte do ímpio nem nela tem prazer (Ez.18:23; 33:11),  “guarda a Sua ira”, ou seja, dá um tempo para que o homem se arrependa, não lançando de imediato o Seu juízo. Com Nínive, vemos bem isto acontecer: mandou o profeta Jonas para que os ninivitas se arrependessem e eles o fizeram, de tal sorte que Deus não destruiu a cidade, mas, passados 132  anos, os ninivitas não mudaram os seus caminhos, voltaram à prática do pecado e, por isso, sofreriam a vingança de Deus.

- O que ocorreu com Nínive é uma figura, um tipo do que está a ocorrer com todas as nações desde a vinda de Cristo Jesus a este mundo. Vivemos “os tempos dos gentios” (Lc.21:24), período em que a graça de Deus se tem manifestado trazendo salvação a todos os homens, graça que nos ensina que devemos renunciar à impiedade e às concupiscências mundanas, vivendo, neste presente século,  sóbria, justa e piamente (Tt.2:11,12).

- Esta oportunidade que se abriu pela graça de Deus, a chamada “dispensação da graça”, no entanto, um dia se findará e, então, sobrevirá o juízo divino sobre todos aqueles que rejeitaram a Cristo Jesus, que não quiseram se arrepender e se converter dos seus maus caminhos, preferindo se fazer adversários e inimigos do Senhor.

- O próprio Senhor Jesus, na Sua primeira pregação na sinagoga de Nazaré após o início de Seu ministério terreno, leu a profecia de Isaías que mencionava este exercício da misericórdia divina, esta “guarda da ira” do Senhor para com a humanidade. Ali, o Senhor abria o “ano aceitável” (Lc.4:19), que precede ao “dia da vingança” (Is.61:2).

- Jesus, bem demonstrando o momento em que estava o plano divino para a salvação do homem, ao ler a respeito do “ano aceitável do Senhor” no livro do profeta Isaías, fechou o livro e o entrou ao presidente da sinagoga, dizendo que, naquela oportunidade, se estava a cumprir o que fora profetizado. Jesus veio anunciar “o ano aceitável do Senhor”, ano este em que o Senhor chama todos os homens ao arrependimento e à conversão dos pecados, mediante a fé em Cristo Jesus que morreu por nós, concedendo-nos o perdão dos nossos pecados e a possibilidade de voltarmos à comunhão com Deus.

- No entanto, esta oportunidade não é ilimitada, porque o amor de Deus exige que se faça justiça e a justiça, em termos de prática do pecado, exige o exercício da vingança, do acerto de contas com todos aqueles que se fizeram adversários e inimigos do Senhor. É por isso que, depois do “ano aceitável do Senhor”, virá “o dia da vingança do nosso Deus”.

- Notemos, aliás, o contraste entre o exercício da misericórdia e da graça divinas e de Sua justiça. Para trazer o perdão, Jesus fala-nos de um “ano”, período muito maior que o “dia” que é associado ao exercício da vingança. Deus dá muito mais tempo para que o homem se arrependa do que o tempo em que executará o Seu juízo. Mandou Jonas pregar por quarenta dias antes de executar o juízo e, com o arrependimento, não o executou. Depois, deu mais de 130 anos para que o povo se arrependesse, prova de que não se trata de um Deus cruel e sanguinário, como muitos desavisados procuram incutir na mente das pessoas.

- Em todos os juízos divinos mencionados nas Escrituras Sagradas, vemos como Deus Se porta como um Deus “tardio em irar-Se” (Na.1:3 “in initio”). O profeta faz questão de nos mostrar que, embora seja do caráter divino a execução do castigo aos desobedientes, Ele é longânimo, ou seja, tem um “longo ânimo”, não tem pressa em castigar os impenitentes, dando-lhes sempre oportunidade de arrependimento e conversão.

- A longanimidade de Deus é uma das Suas características apresentadas na Bíblia. Deus não tem pressa em ver o arrependimento e a conversão do homem, abre-lhe um sem-número de oportunidades para que ele possa se tornar Seu amigo e, deste modo, deixar de sofrer o castigo destinado aos adversários do Senhor.

- Assim como Deus é longânimo, também nós devemos sê-lo, sendo, aliás, esta uma das qualidades do fruto do Espírito (Gl.5:22). É inadmissível vermos pessoas que cristãos se dizem ser que não têm qualquer longanimidade, que exigem dos outros uma presteza e uma conduta irrepreensível que se adquira da noite para o dia, esquecendo-se de que Deus não nos trata assim. Devemos ter longanimidade, compreender a dificuldade que o homem tem de se libertar de sua conduta pecaminosa, aguardando, com paciência, a transformação das vidas que estão à nossa volta.

- Deus iria lançar Seu juízo sobre Nínive, mas não o fez precipitadamente. Havia concedido mais de um século, depois do arrependimento e conversão decorrentes da pregação de Jonas, para tratar com Nínive, mas esta, impenitente, ao contrário do que ocorrera antes, não mudou a sua maneira de viver e, por isso, sofreria o juízo divino.

- “O Senhor é tardio em irar-Se, mas grande em força, e ao culpado não tem por inocente” (Na.1:3a). Deus é longânimo, mas também é justo. A tolerância divina não é com o pecado, mas, sim, com o pecador. Deus “guarda a Sua ira”, ou seja, Deus não age de imediato para punir o pecado, abrindo oportunidade para que haja arrependimento e conversão, mas Deus jamais irá permitir a prática indefinida do pecado.

- “Tolerância” é o “ato ou efeito de tolerar, de suportar”. Deus tolera o pecador, porque o amor “tudo suporta” (I Co.13:7), mas “suportar” não significa “concordar, admitir, aceitar”. Há, nos dias hodiernos, uma confusão a respeito do que significa “tolerar”, a´te porque os dicionários também considerar como significado  de tolerância, “a tendência a admitir, nos outros, maneiras de pensar, agir e de sentir diferentes ou mesmo diametralmente opostas às nossas”.

- Deus, por ter feito o homem com livre-arbítrio, “suporta” a desobediência humana, dá-lhe oportunidade para que ele, de livre e espontânea vontade, aceite servir ao Senhor, fazer-Lhe a vontade. No entanto, por ser santo, Deus não pode concordar com o pecado cometido, não pode “relevar” o pecado e, por ser “bonzinho”, a todos perdoar indistintamente e levar todos os homens ao convívio eterno com Ele, pois é impossível que o pecado entre na dimensão da glória de Deus, nos céus, a habitação do Altíssimo.

- Assim, a “tolerância divina” não é indefinida nem eterna. Este “suportar” de Deus tem um limite, um determinado tempo, visto que Deus, por ser amor e justiça, tem de dar fim à injustiça, ao pecado, à iniquidade, pois todo pecado é iniquidade, ou seja, injustiça (I Jo.3:4; 5:17).

- Por isso, Naum nos deixa bem claro que Deus não tem ao culpado por inocente, ou seja, Deus jamais concordará ou aceitará a prática do pecado e, por ser “bonzinho”, levará o culpado para desfrutar das bênçãos reservadas única e exclusivamente àqueles que forem inocentes, ou seja, que tiverem sido justificados pela fé em Cristo Jesus (Rm.5:1) e, portanto, são insuscetíveis de qualquer condenação (Rm.8:1).

- Muitos, em nossos dias, estão a crer numa doutrina completamente antibíblica, a chamada “doutrina do universalismo”, que afirma que Deus, no final de tudo, salvará a todos os homens, pois é um Deus de amor. Trata-se de uma grande mentira satânica a que não se deve dar crédito. Deus não tem o culpado por inocente e Sua ira se manifestará sobre todos os que se fizeram, de livre e espontânea vontade, como adversários e inimigos de Deus. Não nos iludamos: se adotarmos o pecado como maneira de viver, seremos alvo da vingança divina.

- Deus é o Senhor, tudo está submetido ao Seu poder. O profeta Naum diz que “o Senhor tem o Seu caminho na tormenta, e na tempestade, e as nuvens são o pó dos Seus pés” (Na.1:4). Deus está no absoluto controle de todas as coisas e, embora pareça que o mal prevaleça, que não faz sentido fazermos a vontade de Deus, saibamos que Deus nunca abriu mão de Sua soberania e que tudo ocorre segundo a Sua vontade. “Ele repreende o mar, e o faz secar. E esgota todos os rios; desfalecem Basã e Carmelo, e a flor do Líbano se murcha. Os montes tremem perante Ele, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na Sua presença; e o mundo, e todos os que nele habitam” (Na.1:4,5).

- A Assíria apresentava-se como uma nação poderosa, que ninguém poderia impedir de dominar o mundo então conhecido. Nem mesmo o Egito, há séculos tido como um reino poderoso, tinha podido segurar o poderoso exército assírio, tendo sofrido a destruição de uma de suas principais e mais importantes cidades. No entanto, toda esta força e poder eram aparentes, quem realmente tem o poder é o Senhor!

- Nos dias em que vivemos, também corremos o risco de fazer julgamentos segundo a aparência e sermos tentados a achar que Deus nos abandonou, que Deus nos deixou à própria sorte, que não podemos contra as forças e poderes que, contrários ao Senhor e à Sua Palavra, estão a predominar nas estruturas sócio-políticoeconômicas de nosso mundo.
- Sentimo-nos, por vezes, impotentes diante de tantos escândalos, de tanta profusão da maldade e da iniquidade, do sucesso de tantos que se vangloriam de desobedecer a Deus e à Sua Palavra. Somos, também, tentados a ceder a tantas pressões do maligno, seguindo, como fazem a esmagadora maioria dos que cristãos se dizem ser, o curso deste mundo, deixando-nos influenciar com a multiplicação do pecado, que tem feito crescer assustadoramente a apostasia em nossas igrejas locais.

- No entanto, consolemo-nos com as palavras proferidas pelo profeta Naum: “o Senhor tem o Seu caminho na tormenta, e na tempestade”. Aleluia! Deus não perdeu o controle da situação, a Seu tempo, vingará a prática do mal e do pecado. Ele é o Senhor de todas as coisas, nunca perderá a Sua majestade. Creiamos nisto!

- O profeta diz que ninguém pode parar diante do furor de Deus, ninguém poderá subsistir diante do ardor da Sua ira. Por isso, precisamos confiar n’Ele, esperar na Sua salvação, pois “o Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia e conhece os que confiam n’Ele” (Na.1:7).

- O segredo é confiarmos em Deus e, portanto, crermos no que Ele nos diz, fazendo o que Ele nos manda. Quando isto ocorre, tornamo-nos Seus amigos e, deste modo, ficamos livres da ação da Sua ira, que é voltada para os que pensam contra o Senhor, que se põem contra Ele (Na.1:9). Estes, que assim procedem, “por mais seguros que estejam, e por mais numerosos que sejam, ainda assim serão exterminados” (Na.1:12 “in medio”), “serão consumidos como palha seca” (Na.1:10 “in fine”).

- Nínive, mesmo após a pregação de Jonas, havia tornado à idolatria, à prática da maldade. O Senhor puniria Nínive por causa desta recusa em servir ao Senhor, porque havia se tornado vil, má (Na.1:14).

- Por causa da maldade dos ninivitas, seriam eles destruídos e Judá seria poupada, não seria mais afligida pelo “perigo assírio”, que há anos estava a tirar a paz e tranquilidade do povo judaíta. Desde os dias de Ezequias, Judá vivia apreensiva com a possibilidade de ser invadida pelos assírios que, aliás, já haviam destruído o reino de Israel. No entanto, o Senhor, diante da maldade dos assírios, prometia aos judaítas que os assírios não a invadiriam, antes seriam destruídos.

- Naum, então, ao mesmo tempo que era anunciador do juízo sobre Nínive, era, para Judá, “os pés do que traz boas novas, do que anuncia a paz! Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o ímpio não tornará mais a passar por ti; ele é inteiramente exterminado” (Na.1:15).

- O profeta, ao ser ao mesmo tempo anunciador de juízo e de boas novas, tipifica a própria igreja neotestamentária que, também, deve trazer aos homens não só uma mensagem de juízo vindouro, mas, também, a mensagem do Evangelho, as “boas novas da salvação”.

- A expressão do profeta Naum não era inédita. Isaías, cerca de 77 anos antes (datação de Reese), tinha, também, profetizado a respeito do livramento da Assíria, dizendo: “quão suaves são sobre os montes os pés do que anuncia boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: o teu Deus reina!” (Is.52:7).

- O apóstolo Paulo usará esta expressão de Isaías, repetida por Naum, para descrever o próprio pregador do Evangelho (Rm.10:15). O pregador do Evangelho anuncia “boas novas de salvação”, faz com que o povo ouça a paz, anuncie o bem, faz ouvir a salvação, faz ouvir que Deus reina.

- O anúncio do Evangelho, portanto, mostra-nos a soberania divina, o Seu absoluto controle sobre todas as coisas e, deste modo, também mostra aos homens que chegará o dia do juízo. Não há como se pregar o Evangelho sem se falar da realidade da iminência do juízo divino, mas da vontade de Deus que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4).

- Não se trata de fazer como, séculos atrás, um certo bispo inglês orientou seus pregadores a pregar apenas sobre o inferno, a fim de que, por medo, as pessoas fizessem o que era justo e correto aos olhos do Senhor, mas, sim, de levarmos aos homens a notícia de que este é o “ano aceitável do Senhor”, o instante em que Deus usa da Sua misericórdia para salvar todos os homens, todos os que crerem em Jesus Cristo, que este é o momento da oportunidade da salvação, porque, brevemente, o Senhor dará a devida retribuição aos que preferirem viver no pecado.

- O livro de Naum mostra-nos, claramente, que há um tempo para que possamos nos apossar da graça e da misericórdia de Deus, porque o juízo virá inevitavelmente. “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece” (Jo.3:36).

III – O CERCO E A TOMADA DE NÍNIVE

- Depois de um preâmbulo, em que, em verso, o profeta Naum mostra que Deus está no controle de todas as coisas, que é bom mas também é zeloso e está pronto a executar o juízo sobre todos os que se fizerem Seus adversários e inimigos, segue-se a descrição do juízo propriamente dito sobre Nínive.

- O profeta descreve uma situação de iminência de destruição. “O destruidor já está diante de ti; guarda tu a fortaleza, observa o caminho, esforça os lombos, fortalece muito o teu poder” (Na.2:1).

- Como disse o evangelista no texto há pouco reproduzido, sem que estejamos ao lado do Senhor, sem que Lhe sejamos obedientes, temos sobre nós tão somente a ira de Deus. O destruidor já estava diante de Nínive, pronto para efetuar a sua missão de destruição. Temos consciência que, sem Jesus, estamos também à mercê do destruidor? Que Deus nos guarde!
- O Senhor traria de volta a excelência de Jacó, o Seu povo escolhido, não mais permitindo que os seus opressores triunfassem (Na.2:2). Temos de ter a convicção de que, por mais que os maus triunfem, por mais injustiças que ocorram, nada disso nos impedirá de ver o povo de Deus triunfar, vencer e receber as promessas do Senhor.

- Naum descreve pormenorizadamente o cerco e a tomada de Nínive. De nada adiantaria o poderio bélico da Assíria, os escudos dos seus valentes, os homens valorosos, os seus carros, pois tudo seria destruído, todos tropeçariam na sua marcha, ficariam em completa desolação (Na.2:3-8).

- Os assírios, que tanto haviam saqueado seus inimigos, tudo destruindo e fazendo com que os povos fossem escravizados e levados para fora de suas terras, agora seriam, eles próprios, destruídos, sofrendo o saque de todo o ouro, de toda a prata. Nínive ficaria vazia, esgotada e devastada (Na.2:9,10).

- Nínive foi comparada pelo profeta a “um tanque de águas que agora fogem” (Na.2:8). Assim, amados irmãos, é a glória humana, é a glória e o poder decorrentes de uma vida independente de Deus. Toda a riqueza e poder que haviam sido acumuladas pelos assírios se esvairiam rapidamente, assim como as águas reunidas num tanque se esvaem quando há uma ruptura. As coisas deste mundo são passageiras e não podem subsistir.
Somente aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre (I Jo.2:17). Lembremo-nos disto, amados irmãos!

- O “tanque das águas” deste mundo é enganoso e ilusório. Nínive era, aos olhos de todo o mundo de então, o alvo a ser atingido por todos os povos. Quem não gostaria de ter a glória, o esplendor, o poder, a fama e as riquezas de Nínive? Quem não almejaria viver no palácio do rei de Assíria? Entretanto, este “tanque de águas” era pura ilusão. Num instante, as águas se esvairiam e tudo se perderia.

- É triste vermos muitos que cristãos se dizem ser, ainda hoje, também se impressionarem com os “tanques de águas” que se apresentam neste mundo. Quantos não estão correndo atrás da fama, da riqueza, da glória e de tudo o mais que o mundo oferece, nem que, para tanto, se tenha de fazer como os ninivitas, que tudo construíram com crueldade, maldade e rapina?

- Este gesto, aliás, seria mencionado pelo profeta Jeremias, cujo ministério começou poucos anos depois destas profecias de Naum (segundo a datação de Reese, sete anos depois), quando o Senhor inquire o povo de Judá qual a razão pela qual haviam eles abandonado a Deus, o “manancial de águas vivas”, para cavar “cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jr.2:13).

- Quantos de nós não estão a cavar cisternas, que são os “tanques de águas” que, como Nínive, aparentam ser extremamente agradáveis e bem-sucedidas, mas que, em virtude do exercício da ira de Deus, simplesmente se esvaziarão? Quantos de nós não temos preferido nos comprometer com estes “tanques de água”, em vez de buscarmos o “manancial de água viva”, que é o Senhor? Pensemos nisto e mudemos nosso comportamento enquanto é tempo, pois, enquanto o juízo divino será lançado sobre estes “tanques de águas”, o Senhor trará outra vez a excelência de Jacó!

- Na visão do profeta a respeito da confusão que os ninivitas teriam com seu exército no instante mesmo da tomada da cidade, temos aqui uma passagem em que muitos estudiosos da Bíblia indicam ter o profeta Naum falado a respeito da agitada vida das metrópoles hodiernas, onde “os carros se enfurecerão nas praças, chocarse-ão pelas ruas: o seu parecer é como o de tochas, correrão como relâmpagos” (Na.2:4).

- Conquanto o profeta estivesse a descrever a derrota dos ninivitas na tentativa de impedir a sua invasão e destruição, não dá, mesmo, para deixar de ver na visão do profeta um quadro muito próximo ao do trânsito das cidades de nossos dias, a nos mostrar, ainda uma vez, que o progresso e a tecnologia vividos por nós é o prenúncio de que o juízo de Deus está muito próximo e que, por isso mesmo, precisamos pertencer ao Seu povo, que gozará da excelência e da bondade do Senhor para sempre.

- O Senhor estava contra Nínive (Na.2:13) e, por isso, todo o seu poder e esplendor cairiam por terra. O Senhor pergunta aos orgulhosos assírios: “Onde está agora o covil dos leões e as pastagens dos leõezinhos, onde passeava o leão velho, e o cachorro do leão, sem haver ninguém que os espantasse?” (Na.2:11). Os assírios, e depois os babilônios, gostavam de se comparar ao leão, simbolizavam o seu império com a força do leão. No entanto, quando Deus começa a agir, não há força humana que possa impedir a Sua operação. Todos são menos do que nada diante de nosso Deus!

- Não podemos confiar em nossas próprias forças, nem tampouco nas estruturas que estão à nossa volta. Temos de confiar somente em Deus, pois, como disse o profeta, somente os que confiam n’Ele escaparão do juízo vindouro. Em que temos confiado? Em carros e cavalos? Façamos menção única e exclusivamente do nome do Senhor nosso Deus (Sl.20:7) !

- Antigamente, o “leão arrebatava o que bastava para os seus cachorros, estrangulava a presa para as suas leoas e enchia de presas as suas cavernas e os seus covis de rapina” (Na.2:12), mas, agora, diante do acerto de contas com o Senhor, seus carros seriam queimados, os leõezinhos seriam devorados e a presa de Nínive seria arrancada da terra e não se ouviria mais a voz de seus embaixadores (Na.2:13).

- Saibamos que, num determinado instante, o Senhor fará cessar o aparente êxito da prática do pecado e do mal. Hoje, os maus e ímpios fazem o que querem, amealham fortunas, posição e glória com a prática da maldade, mas, um dia, tudo isto cessará, porque o mundo passa e a sua concupiscência. Nosso compromisso é com a eternidade e, por isso mesmo, não devemos nos impressionar com o aparente triunfo do mal, continuarmos a servir a Deus, sabendo que, no final, veremos a diferença de quem serve a Deus e de quem não O serve (Ml.3:18).

- Com relação à afirmação do profeta de que os embaixadores da Assíria não mais seriam ouvidos, lembremonos de que os mensageiros assírios eram sobremodo atrevidos e ousados. Um exemplo disso é Rabsaqué, general assírio, no tempo do rei Senaqueribe (705-681 a.C.) que afrontou a Deus e ao povo de Judá nos dias do rei Ezequias (II Rs.18:17-35; 19:8-13).

- De igual modo, hoje em dia, muitos dos “embaixadores do inimigo”, estes falsos pregadores e profetas que se têm levantado nestes nossos dias, são igualmente atrevidos e ousados, “abusados” mesmo, como costuma dizer o vulgo. No entanto, quando vier o juízo, eles serão calados, suas vozes não mais se ouvirão, pois não terão como fugir da ira divina. Que não sejamos dos tais!

IV – OS PECADOS E A RUÍNA DE NÍNIVE

- Por que Nínive seria destruída? Qual o motivo de os ninivitas terem se tornado adversários e inimigos do Senhor e, por isso, sofrerem a Sua ira e vingança?

- O profeta Naum dá a resposta a estas questões, a nos mostrar que Deus não é arbitrário, nem age sem justificar a Sua atitude. Deus é soberano, mas é justo e, como tal, mostra claramente quais os motivos e fatos que O levam a executar o juízo sobre os impenitentes.

- Este comportamento de Deus, Senhor de todas as coisas, deve servir-nos de exemplo quando tomarmos decisões ou fizermos julgamentos. Inadmissível que alguém que se diga servo do Senhor não siga o exemplo divino e, portanto, a exemplo do que se exige de todos os magistrados, fundamentem as suas decisões, justifiquem o seu modo de agir e proceder. Que bom seria que, a começar do ambiente familiar, sempre bem justificássemos e fundamentássemos nossas decisões a todos que nos cercam. Não somos maiores do que Deus!

- Nínive é chamada de “cidade ensanguentada”, cidade “cheia de mentiras e de rapina” (Na.3:1). Uma cidade baseada na violência, na mentira e na rapina, ou seja, no roubo. Por isso, seria ela alvo do juízo divino.

- Não se pode construir uma vida social com base na violência, no derramamento de sangue. Uma sociedade que viva sob este espectro, sob o domínio do terror, da violência, da intimidação, do uso da força será sempre uma sociedade que sofrerá, no seu devido tempo, o juízo divino.

- Assim ocorreu nos dias de Noé, quando o Senhor destruiu toda a humanidade precisamente porque se estava diante de uma civilização que se achava “cheia de violência” (Gn.6:11). Nossos dias, disse o Senhor Jesus, são como os dias de Noé (Mt.24:37; Lc.17:26), e, por isso, temos mais uma demonstração de que o juízo de Deus está próximo, é iminente, visto que o crescimento da violência leva à medida da injustiça, que põe fim à longanimidade e exige a execução do juízo divino.

- Toda a violência que vemos aumentar a cada dia, em ritmo alucinante, em nosso mundo não ficará impune. O Senhor, de Seu trono, no absoluto controle de todas as coisas, brevemente, executará o Seu juízo sobre a Terra, por causa da violência que é perpetrada por todos quantos não querem servi-l’O. O sangue dos justos clama a Deus (Gn.4:10) e, no momento certo, este clamor será atendido pelo Senhor, que lançará o Seu juízo contra os que usaram da violência como “modus vivendi” (Ap.16:4-6).

OBS: “…Ao serem executados esses juízos divinos, o anjo das águas proclama a justiça de Deus (v.5) e, por terem derramado o sangue dos santos e dos profetas, Deus lhes dava sangue a beber, porque disto são merecedores.” (OLIVEIRA, José Serafim de. Desvendando o Apocalipse, p.99).

- Mas, além da violência, Nínive havia construído seu império com base na mentira. A mentira tem por pai o diabo (Jo.8:44), um ser que não tem parte alguma com o Senhor Jesus (Jo.14:30). Desta maneira, não podemos nem praticar nem amar a mentira, caso contrário, ficaremos do lado de fora da cidade santa (Ap.22:15).

- Nos dias em que vivemos, não é raro alguns que cristãos se dizem ser quererem conviver com a mentira e, mesmo assim, servir a Deus, como se isto fosse possível. Chegam alguns, inclusive, a dizer que existe uma “mentira santa”, uma mentira que seria admitida por Deus em virtude dos objetivos que pretendem ser alcançados por ela. Nada mais enganoso!

- Devemos nos firmar na verdade, devemos falar a verdade, viver a verdade, verdade, aliás, que é a Palavra de Deus (Jo.17:17) e o próprio Deus (Jr.10:10; Jo.14:6). “…Nada podemos contra a verdade, senão pela verdade” (II Co.13:8). Desta forma, amados irmãos, não queiramos construir coisa alguma em nossas vidas com base na mentira e no engano, pois, caso isto ocorra, estaremos nos credenciando a sofrer a ira divina.

- Mas, além da violência e da mentira, Nínive havia também se construído sobre a rapina, isto é, sobre o roubo, o tomar o que não é seu com base na violência e na ameaça. O roubo não se apartava de Nínive e, lamentavelmente, também não se aparta de muitos que hoje estão em eminência em nossa sociedade, inclusive nas igrejas locais.

- Os que pensam que são mais “espertos” e “inteligentes” do que outros, porque conseguem surripiar bens dos outros, saberão, quando o juízo divino chegar, que andaram em caminhos errados e que conduzem à perdição. Sejamos contentes com  aquilo que amealhamos com o nosso suor, com aquilo que Deus nos dá e não cobicemos o que é do próximo e, muito menos, façamos com que, de forma indevida, isto venha a nos pertencer. Assim fazendo, estaremos nos livrando da ira divina.

- Nínive, também, é chamada de “graciosa meretriz”, de “mestra das feitiçarias, que vendeu os povos com os seus deleites e as gerações com as suas feitiçarias” (Na.3:4). Outro pecado que trouxe a ira de Deus sobre Nínive foi a “prostituição”, entendida aqui como a idolatria, o culto a outros deuses que não o Senhor e o uso da feitiçaria, ou seja, a “manipulação” de poderes espirituais malignos, ou seja, a invocação de poderes sobrenaturais.

- Os dias em que vivemos são dias de intenso crescimento da feitiçaria e da idolatria. Após um racionalismo que procurava negar a existência do sobrenatural, notadamente a partir do final do século XIX, tiveram grande desenvolvimento movimentos espiritualistas que buscam acesso ao “sobrenatural”, ao “místico” e ao “esotérico”, num movimento informe mas que tem sua raiz na chamada “Nova Era”.

- Hoje, muitos estão a imitar Nínive, sendo uma “graciosa meretriz” espiritual, que defende coisas como “todos os caminhos levam a Deus”, “todo homem é um deus”, “tudo é válido quando se busca o sobrenatural” e outras coisas que, infelizmente, tem seduzido milhões de criaturas humanas, inclusive alguns que cristãos se dizem ser.

- É muito triste vermos, em nossos dias, pessoas que dizem servir a Cristo Jesus recorrendo a crendices, simpatias, amuletos e tantas outras coisas que pretendem substituir a fé em Cristo Jesus e, por conseguinte, a obediência às Escrituras Sagradas. Pessoas que confiam em “copos de água abençoados”, “fogueiras santas”, “rosas ungidas”, “sal grosso” e tantas outras coisas que nada mais são que feitiçarias. Todos que assim procederem também estarão se candidatando a sofrer a ira divina. 

Fujamos disto, amados irmãos!

- Por causa desta conduta, o profeta anuncia o juízo divino: “estrépito de açoite há e o estrondo do ruído das rodas”, “o cavaleiro levanta a espada flamejante e a lança relampagueante e haverá uma multidão dos mortos e abundância de cadáveres, e não terão fim os defuntos; tropeçarão nos seus corpos” (Na.3:2-4).

- Deus estava contra Nínive (Na.3:5) e, quando Deus  está contra alguém, quem poderá defender esta pobre criatura? O Senhor lançaria sobre Nínive “coisas abomináveis” e Nínive seria envergonhada diante de todas as nações da Terra. Seria um espetáculo para todo o mundo (Na.3:5,6).

- Estas palavras do profeta fazem-nos refletir sobre o perigo de querermos aparecer diante do mundo, de sermos famosos e estarmos em evidência diante do mundo, algo que fará com que deixemos de nos comprometer com Cristo para nos comprometermos com o mundo, pois, se quisermos ser famosos, populares e simpáticos, fatalmente desagradaremos ao Senhor, visto que quem é servo de Cristo não pode querer agradar aos homens (Gl.1:10), já que o mundo, naturalmente, nos odeia se estivermos ligados a Jesus (Jo.15:18,19).

- Nínive era admirada por todos e se tornara o que hoje denominaríamos de “sonho de consumo” das nações daqueles dias. Todos queriam ser como Nínive, todos desejavam ter o mesmo sucesso, poder e fama de Nínive. No entanto, quando do juízo, o Senhor mostrou a todas as nações a sua vergonha. Ela se tornara um “espetáculo”, não por causa do que havia angariado com base no pecado, mas por causa do juízo divino lançado sobre ela. Irmãos, não vale a pena querermos aparecer no mundo, pois nos tornaremos um espetáculo de vergonha para todas as gentes.

- O Senhor informa, através do profeta, que Nínive seria destruída (Na.3:7), da mesma forma que Nô-Amom, que é conhecida como Tebas, a grande cidade egípcia, havia sido destruída pelos assírios no reinado de Assurbanipal, vitória que mostrou a supremacia da Assíria como potência mundial. Nínive não era melhor que Nô-Amom (ou Tebas) e, por isso, teria o mesmo fim (Na.3:8-10).

- O Senhor diz que a destruição de Nínive seria total (Na.3:14-17) e, até hoje, temos a comprovação do que o Senhor disse, pois Nínive foi efetivamente destruída em 612 a.C., ou seja, cerca de 20 anos depois da profecia de Naum, sendo arrasada até o chão. Alguns séculos depois, chegou a ser reconstruída pelos persas sassânidas, mas, em 637 d.C., depois de ter sido conquistada pelos árabes, não mais foi reconstruída, mantendo-se hoje apenas ruínas próximas à cidade de Mosul, no Iraque, que a substituiu como local de habitação humana.

- As ruínas de Nínive estão a nos mostrar que a Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17), que nenhum poder humano pode resistir ou desafiar aos desígnios de Deus e que devemos, enquanto é tempo, fugir da ira divina, crendo em Jesus Cristo como Senhor e Salvador e fazendo o que Ele manda até o dia em que nos encontraremos com Ele nos ares ou formos chamados pela morte a esperarmos no Paraíso a ressurreição que ocorrerá no dia do arrebatamento da Igreja.

- O povo de Nínive seria espalhado, assim como os ninivitas espalharam os povos conquistados ao longo do período de sua supremacia (Na.3:18). Todo o valor e crueldade dos soldados assírios nada significaria, pois, por ocasião da execução do juízo divino, que usaria dos babilônios para tanto, os cruéis e valentes soldados seriam como que mulheres (Na.3:13), enquanto que as fortalezas seriam como figueiras com figos temporãos que, sacudidos, caem ao chão (Na.3:12), bem como as portas da cidade seriam todas abertas aos seus inimigos, que tudo destruiriam (Na.3:13). Tudo seria consumido pelo fogo (Na.3:14,15).

- O juízo de Deus havia chegado e, quando  se está diante deste estágio, não há mais lugar para arrependimento. “Não há cura para a tua ferida, a tua chaga é dolorosa” (Na.3:19a), afirmou o Senhor. E por que não haveria mais oportunidade para Nínive? Por causa da sua malícia (Na.3:19b). Deus havia dado chance aos ninivitas, mas eles preferiram ficar com a sua maldade, preferiram fazer mal a todas as nações, nações estas que, ao ouvirem a fama de Nínive, bateriam palmas sobre ela (Na.3:19).

- Da mesma maneira, quem recusar o convite do Senhor e Salvador Jesus Cristo, também sofrerá a ira divina. João Batista, o precursor de Cristo, foi bem claro ao afirmar que o Senhor viria com poder, batizando com o Espírito Santo e com fogo, ou seja, trazendo não só a salvação mas bênçãos espirituais que estão disponíveis a todos os homens. No entanto, este mesmo Senhor tem na Sua mão a pá e limpará a Sua eira, e recolherá no celeiro o Seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará (Mt.3:12).

- João Batista, sendo o precursor do Messias, mostrou bem a natureza do ministério do Cristo. Primeiramente, vem Ele com a mensagem de perdão dos pecados, de salvação, a fim de recolher conSigo aqueles que forem Seu trigo, ou seja, que Lhe obedecerem e n’Ele crerem. Chegará, porém, o tempo em que separará a palha do trigo, em que, como juiz dos vivos e dos mortos, lançará o juízo sobre os que se recusaram a ser Seus amigos, aos que se tornaram Seus adversários. Hoje é dia aceitável, aceitemos o tempo da longanimidade do Senhor, porque Ele é tardio em irar-Se, mas, como nos ensina Naum, um dia esta ira chegará. Amém.

Colaboração para o portal Escola Dominical - Ev. Caramuru Afonso Francisco

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