LIÇÃO Nº 9 – HABACUQUE, A SOBERANIA DIVINA SOBRE AS NAÇÕES
O livro de Habacuque mostra-nos que Deus é soberano e que o justo deve viver pela
fé n’Ele.
INTRODUÇÃO
-
No livro de Habacuque, aprendemos que Deus é soberano, tem o controle de todas
as coisas e que resta ao justo tão somente ter fé n’Ele.
I – O LIVRO DE HABACUQUE
-
Na sequência do estudo dos profetas menores, estudaremos o oitavo livro do
cânon, o livro de Habacuque.
-
Em hebraico, "Habaquq" (חבקוק), que significa "abraço
ardente"`, "abraço amoroso" ou "lutador". Este livro é
"sui generis", pois seu livro é o resultado de uma indagação do
profeta a Deus. Assim, não se tem, propriamente, uma mensagem de Deus para o
povo, mas uma resposta de Deus ao profeta que é tornada pública.
-
Assim como Naum, o livro de Habacuque foi escrito em verso, sendo, portanto, um
poema, sendo que o terceiro capítulo é para ser cantado, como se verifica de
Hc.3:19 e da anotação de pausa ou de mudança de tonalidade em Hc.3:13, a saber,
“selá”, assim como se verifica nos Salmos.
-
Há discussão sobre a data em que o livro foi escrito, já que, a exemplo do que
ocorre em Obadias, o livro não registra a época da profecia, nem tampouco a
origem do seu escritor. Uns entendem que o profeta escreveu pouco antes do
cativeiro da Babilônia. Já outros acham que Habacuque escreveu durante o
cativeiro da Babilônia, mas antes da queda de Babilônia na mão dos medo-persas.
-
Edward Reese e Frank Klassen, co-organizadores da Bíblia em ordem cronológica,
publicada entre nós pela Editora Vida, situam o livro por volta de 606 a.C.,
pouco depois da prisão de Jeremias e sua submissão a julgamento em que foi
absolvido (Jr.26:8-19), ou seja, perfilham a corrente que entende que Habacuque
escreveu pouco antes do cativeiro da Babilônia, fazendo-o, pois, contemporâneo
de Jeremias, Obadias e Sofonias, mais uma testemunha que Deus levanta em meio à
apostasia do povo para dar notícia não só do juízo iminente sobre Judá, mas,
também, da fidelidade de Deus e do Seu absoluto controle sobre a história,
apesar da derrota do Seu povo.
-
A mensagem do livro é, como já falamos, a resposta que Deus dá ao profeta
quando inquirido do porquê da derrota dos judeus para a Babilônia. Em resposta
a esta pergunta, Deus anuncia que Babilônia será, também, destruída e que a
história é reservada para a vitória dos justos, através da fé. É em Habacuque
que está revelado que o justo viverá pela fé, o que seria fundamental para o
desenvolvimento doutrinário da Igreja, seja através de Paulo, ao escrever a
Epístola aos Romanos, seja, séculos depois, como base para a Reforma
Protestante.
-
Além disso, Habacuque é, também, conhecido como “o profeta do avivamento”, pois
é, também, em seu livro que aparece este termo no Antigo Testamento (Hc.3:2), o
que fez deste profeta, também, uma fonte de inspiração para os vários
movimentos de avivamento espiritual na história da Igreja.
- O livro de
Habacuque, que tem 3 capítulos, pode ser dividido em três partes, a saber:
a) 1ª parte - diálogo
entre Deus e o profeta - Hc.1:1-2:5
b) 2ª parte - os
"cinco ais" sobre Babilônia - Hc.2:5-20
c) 3ª parte - a oração
(ou o salmo) de Habacuque - Hc.3
- Em
Habacuque, vemos, com o máximo
esplendor no Antigo
Testamento, o valor
da fé em Deus para a
justiça do homem.
OBS:
"O Livro de Habacuque ante o Novo Testamento - A declaração de Habacuque
de que o justo viverá por sua fé (2.4) é otexto-chave
do AT usado por Paulo em sua teologia da justificação. O apóstolo cita o
versículo em Rm.1.17 bem como em Gl.3.11 (cf. também Hb. 10.37,38)."
(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.1335).
"Cristo Revelado - Os termos
usados em Hc em 3.13 ligam a ideia da salvação com o ungido do Senhor. As
raízes hebraicas dessas palavras refletem
os dois nomes
do nosso Senhor:
Jesus, que significa
'salvação', e Cristo,
que significa 'o
Ungido'. O contexto aqui é o
grande poder de Deus manifestado a favor do Seu povo, através de um Rei
davídico, Que lhes traria libertação dos seus inimigos. O Messias veio no tempo
determinado (2.3; Gl.4.4), foi dado a Ele o nome de 'Jesus' como a profecia
pré-natal de Seu ministério (Mt.1.21), e nasceu na 'cidade de Davi, o Salvador,
que é Cristo, o Senhor'(Lc.2.11).
Enquanto Habacuque espera pela resposta às
suas perguntas, Deus
lhe concede o
presente de uma
verdade que satisfaz
suas ansiedades não-expressas, bem
como apresenta a solução para sua situação presente: 'O justo, pela sua
fé, viverá' (2.4). O apóstolo Paulo vê essa afirmação de Habacuque como a
pedra fundamental do
evangelho de Cristo
(Rm.1.16,17). Cristo é
a resposta para
as necessidades humanas,
incluindo a purificação do
pecado, o relacionamento com Deus e a esperança para o futuro." (BÍBLIA DE
ESTUDO PLENITUDE, p.903).
-
Segundo Finnis Jennings
Dake (1902-1987), o
livro de Habacuque
tem 3 capítulos,
56 versículos, 12 perguntas, 1 ordenança, nenhuma promessa,
20 predições, 11 versículos de profecias, 2 mensagens distintas de Deus
(Hb.1:5; 2:2).
-
Segundo alguns estudiosos da Bíblia, o livro de Habacuque, o 35º livro da
Bíblia, está relacionado com a décima terceira letra do alfabeto hebraico,
“mem” (ם), que advém da palavra hebraica para “água”, “correntes de água”, a
indicar a origem, a fonte das coisas, como também o julgamento divino. Em
Habacuque, temos esta mensagem de que a origem do julgamento do homem está em
Deus, que é o absoluto controlador e juiz de todo o universo, mas, que, também,
é a fonte da vida para aquele que n’Ele crê.
II – DIÁLOGO ENTRE DEUS
E O PROFETA
-
O livro do profeta Habacuque, como já dissemos, inicia-se com uma indagação,
uma queixa do profeta a Deus, fazendo,
mesmo, com que
o profeta se
assemelhe a estes
“revoltados” que são
incentivados e estimulados pelos
falsos pregadores da prosperidade em nossos dias. A propósito, o livro de
Habacuque é uma demonstração de que tal comportamento não é agradável a Deus e
que não temos o que exigir do Senhor, mas, tão somente, como chega a conclusão
o próprio profeta no final de seu livro, a crer em Deus, a ter fé n’Ele, pois
Ele é o Senhor, faz o que quer e nós somos tão somente Seus servos.
-
O profeta, vendo
tanto a situação
do seu povo,
quanto a iminência
da invasão dos
babilônios em Judá, inconformado e sem entender o que via,
indaga ao Senhor: “Até quando, Senhor,
clamarei eu, e tu não me escutarás?
Gritarei: Violência! E não salvarás?” (Hb.1:2).
- O
profeta começa indagando
ao Senhor porque
permitia Ele que
houvesse violência, houvesse iniquidade e “vexação”, palavra que,
em outras versões, é traduzida por “opressão” (Versão Almeida Revista e Atualizada,
Bíblia de Jerusalém),
“perversidade” (Tradução Brasileira), “maldade”
(Nova Versão Internacional), “trabalhos”
(Versão Antonio Pereira
de Figueiredo), “atos
malévolos” (Bíblia Hebraica), “espetáculo da opressão” (Tradução
Ecumênica Brasileira).
- O profeta mostra-se,
assim, indignado com a contemplação
de tanta maldade,
violência, opressão na sociedade de seu tempo. Judá vivia um
período de intensa injustiça social, até porque se encontrava em plena apostasia,
e, como já temos visto ao longo deste trimestre, a prática do pecado
intensifica a injustiça social, pois pecado é iniquidade, ou seja, pecado é
injustiça (I Jo.3:4).
-
O profeta, ao olhar a vida de seu país, via ali a prática da violência, o
triunfo da maldade, sem que houvesse qualquer
freio para esta situação. Bem ao
contrário, ao olhar para o governo, em
especial para aqueles que deveriam
aplicar a lei, o profeta via tão somente a conivência com a situação de
injustiça: “por esta causa a lei se
afrouxa e a
sentença nunca sai,
porque o ímpio
cerca o justo
e sai o
juízo pervertido” (Hc.1:4).
Havia, portanto, uma sensação de impunidade, que contribuía para a
proliferação do mal.
-
É precisamente esta a situação em que vivemos na atualidade. Vivemos dias de
multiplicação da iniquidade, de proliferação da maldade e do pecado e, em meio
a esta trágica situação, o que contemplamos é a “frouxidão da lei”,
seja através da
incapacidade dos órgãos
judiciários de fazer
justiça diante de
leis apropriadas e adequadas, seja, mesmo, pela aprovação de
leis que tão somente corroboram e incentivam a prática do mal. Vivemos tempos
difíceis, em que os valores têm sido invertidos e a maldade está a ganhar
terreno cada vez mais.
- Diante
deste estado de
coisas, é normal
que tenhamos a
mesma reação do
profeta, que nos
indignemos e sejamos tentados
a achar que
Deus nos abandonou,
que Deus perdeu
o controle da
situação. Não faltam mesmo aqueles que, diante deste estado
de coisas, já está a defender a chamada “teologia aberta”, ou seja, uma inadmissível
admissão de que Deus não é onipotente, que não tem controle sobre todas as
coisas pois, se o tivesse, não permitiria tamanha maldade no mundo.
- Este
pensamento, porém, queridos
e amados irmãos,
não tem qualquer
respaldo bíblico e
jamais deve ser adotado por quem serve ao Senhor. Ele é o
Senhor, é onipotente, tem todo o controle sobre todas as coisas e, apesar de
vermos a maldade
ganhando terreno, lembremos
que isto não
só foi predito
pelo Senhor em Sua
Palavra, como tem propósitos sublimes, muitos dos quais não podemos alcançar ou
entender. Além do mais, este avanço do
pecado e do
mal é passageiro
e não tem
o condão de
atingir os justos,
aqueles que servem fielmente ao Senhor. A injustiça e
maldade não devem nos desanimar nem fazer descrer em Deus mas, sim, deve ser um
motivo a mais para crermos no Senhor e fazermos a Sua vontade.
-
A esta indagação do profeta, o Senhor não deixa sem resposta. Como é bom,
amados irmãos, sabermos que podemos levar
nossas queixas, dúvidas
e consternações diante
do Senhor, pois
Ele está pronto
a nos responder: “Clama a Mim, e
te responderei, e te anunciarei coisas grandes e firmes que não sabes”
(Jr.33:3), disse o Senhor para Jeremias, e continua a nos dizer. Quando
estivermos abalados em nossa vida espiritual pelo que vemos e ouvimos, corramos
aos pés do Senhor, apresentemos nossa perplexidade a Ele, que Ele está pronto a
nos responder. Aleluia!
-
O Senhor diz a Habacuque que toda aquela perversidade e maldade que ele estava
a contemplar em Judá não ficaria sem castigo. O Senhor estava enviando os
caldeus, ou seja, os babilônios, para fazer justiça contra Judá (Hc.1:6).
-
O Senhor descreve ao profeta que esta nação, por Ele escolhida para exercer
juízo sobre os judaítas e tomar-lhes as moradas, como um povo horrível e
terrível, dotados de um exército ligeiro e poderoso, que não teria dificuldades
de vencer Judá e levá-lo cativo e, ainda por cima, atribuiria sua vitória ao
seu deus (Hc.1:7-11).
-
Diante desta resposta divina, o profeta, porém, não se deu por satisfeito.
Quando soube que a injustiça vigente no meio do seu povo seria punida mediante a invasão de um
povo estrangeiro que levaria Judá em cativeiro, o profeta teve inflamado o seu
sentimento nacionalista e se indignou.
-
Como poderia o Senhor permitir que o Seu povo fosse subjugado por um povo
idólatra, por um povo que não servia
a Deus? Onde
ficaria a promessa
de Deus de
que o povo
de Israel seria
Sua propriedade peculiar dentre
os povos? Como permitiria a destruição do Seu povo por parte de um povo mau e
pecador? (Hc.1:12).
-
Habacuque lembra o Senhor de que Ele era tão puro de olhos que não podia ver o
mal nem contemplar a opressão, a
maldade, a prática de atos maus (Hc.1:13). Como, então, usaria da maldade para
punir a maldade? Como, então, castigaria o Seu povo pela prática do pecado
mediante a vitória de um povo idólatra e pecador, que, inclusive, atribuiria
sua vitória a deuses falsos e inexistentes?
-
Habacuque resmunga com Deus, indagando-Lhe como poderia o Senhor castigar o Seu
povo permitindo que “o ímpio devorasse aquele que era mais justo do que ele”
(Hc.1:15 “in fine)?
- Habacuque,
ainda indignado, pergunta
ao Senhor como
permitiria que o
Seu povo ficasse
sem governo, reduzindo os homens
a meros peixes ou répteis (Hc.1:14), talvez aqui fazendo, inclusive, alusão à
promessa messiânica, pois, com o cativeiro, cessaria a casa de Davi, que o
Senhor prometera a Davi que duraria para sempre (II Sm.6:13; II Cr.6:16).
-
Nesta sua indignação, o profeta, inclusive, chega a pôr em questão a fidelidade
divina, visto que diz que, em assim tratando o povo de Judá, o Senhor pareceria
arbitrário, não tendo um norte, fazendo como bem Lhe parecesse, inclusive
“deixando matar os povos continuamente” (Hc.1:15-17).
-
O profeta, ao agir desta maneira, mostra claramente que estava querendo reduzir
o Senhor aos parâmetros humanos.
Toda a sua
indignação tinha um
pressuposto, qual seja:
Deus não pode
fazer mal a Judá, nem permitir
que Judá fosse
subjugada pelos caldeus,
uma vez que
havia dito que
Judá era Sua
propriedade peculiar dentre os povos, Seu reino sacerdotal e povo santo.
Deus era, então, “obrigado” a abençoar Judá e a mantê-lo livre dos outros
povos.
- Neste
seu pensamento, Habacuque,
de certa maneira,
aproximava-se da pregação
dos inúmeros falsos profetas de
seu tempo, cuja
atuação vemos, com
certa pormenorização, no
livro do profeta
Jeremias, que, como já dissemos,
é contemporâneo deste profeta.
-
Segundo estes falsos profetas, Deus jamais poderia permitir a destruição de
Jerusalém e do templo, uma vez que tinha que cumprir as Suas promessas com o
povo, ou seja, em virtude dos compromissos assumidos com a aliança firmada com
Israel no monte Sinai, o Senhor ficaria “obrigado” diante dos israelitas, não
importa o que os israelitas fizessem ou praticassem.
-
É um conceito que ainda hoje vigora em muitas mentes desavisadas, qual seja, o
que confunde a fidelidade divina com a Sua soberania, que rebaixa o Senhor ao
nível do homem por causa do amor que Deus tem para com o homem e que levou o
Senhor a ir em busca do homem, a fim de salvá-lo.
-
Não resta dúvida de que Deus é amor e que tem desejo de salvar o homem, tanto
que, assim que o homem caiu, fez questão de revelar-lhe Seu intento de
salvá-lo, como vemos ainda no Éden ao Se dirigir ao primeiro casal,
oportunidade em que prometeu que, da semente da mulher, viria um que
restabeleceria a amizade entre Deus e o homem (Gn.3:15).
-
Todavia, e isto é muito importante, o gesto de Deus de ir ao encontro do homem
e de querer resgatá-lo, de forma alguma abala o caráter de Deus, caráter este
que revela ser Deus soberano e justo. Deus é soberano, ou seja, é o ser supremo
e, por isso mesmo, não Se prende a qualquer criatura, não Se nivela com
qualquer de Suas criações.
-
Embora Habacuque, ao
contrário dos falsos
profetas de seu
tempo, não concordasse
nem anuísse com a prática
pecaminosa, entendendo que Deus deveria castigar os judaítas que haviam se
pervertido, não conseguia entender que Deus pudesse punir o povo, levando-o ao
cativeiro, como o Senhor lhe revelou na resposta à sua indagação. Achava,
dentro de sua
mente humana, que
jamais um povo
idólatra como Babilônia
poderia triunfar e subjugar o povo escolhido de Deus.
- No
entanto, o profeta
estava equivocado. Deus, embora
tivesse assumido um
compromisso com Israel, embora houvesse escolhido Israel como
Sua propriedade peculiar dentre os povos, não havia deixado de ser o Senhor de
toda a terra. Na própria proposta de aliança a Israel, o Senhor deixa bem claro
que toda terra era Sua (Ex.19:5 “in fine”), bem como que Ele era justo e que
não fazia acepção de pessoas (Dt.10:17).
-
Sendo assim, não fazia o menor sentido que o profeta questionasse o Senhor
sobre o castigo aos judaítas, até porque o Senhor, ao contrário do que
entendera o profeta, não tinha dito que destruiria ou mataria todos os judaítas, mas,
sim, que os
caldeus “congregariam os
cativos como areia”
(Hc.1:9) e “tomariam
as terras” (Hc.1:10), algo que,
inclusive, já havia sido estabelecido na própria lei como castigo máximo para o
povo se se desviasse dos mandamentos do Senhor (Dt.28:63,64).
-
A soberania divina faz com que o Senhor esteja sempre acima de Sua criação,
inclusive do homem. É um grande erro querermos pôr Deus no mesmo nível nosso,
como se fôssemos iguais a Ele. Ele é o Senhor, nós, Seus servos; Ele manda, nós
obedecemos. Devemos fazer-Lhe a vontade e não o inverso.
-
O Senhor poderia, sim, sem quebrar a Sua fidelidade, castigar o povo de Judá,
retirar de sua terra, por causa dos seus pecados, bem como se utilizar de
Babilônia como instrumento de Seu juízo, da mesma forma que havia se utilizado
de Israel como instrumento de juízo sobre os habitantes primitivos de Canaã
(Dt.9:4,5).
-
Um grande equívoco nosso é tentarmos racionalizar as ações divinas, é tentarmos
“enquadrar” o Senhor dentro dos parâmetros humanos, dentro da racionalidade
humana. Este equívoco tem sido cometido por muitos que dizem ser cristãos em
nossos dias, que, por quererem submeter Deus ao raciocínio humano, acabam se desviando dos caminhos do Senhor,
porque não conseguem “entender” o Senhor.
-
O Senhor, entretanto, está acima dos pensamentos humanos, como bem declarou
pela boca do profeta Isaías (Is.55:8,9). Os pensamentos de Deus são muito
superiores aos nossos, assim como os Seus caminhos são mais altos que os
nossos. Não temos condição de querer entender o agir de Deus, nem tampouco
temos condição de querer questionar o Senhor pelos acontecimentos, como se tudo
o que soubéssemos a respeito de Deus não fosse por revelação do próprio Senhor.
-
Se pudéssemos entender e compreender Deus, Deus não seria Deus, pois, por
definição, Deus está acima de todas as suas criaturas, sendo o homem tão
somente uma dela. Então, por que querermos questionar Deus para que Ele
Se adapte aos
nossos pensamentos e
caminhos? Deus é
Deus, está sempre
muito acima de
nosso entendimento, pois, como diz o salmista, Seu entendimento é
infinito (Sl.147:5).
-
Habacuque estava querendo reduzir Deus aos seus parâmetros, querer compreender
Deus com base em seu raciocínio, em
sua lógica e,
como resultado disto,
estava indignado com a resposta
dada pelo Senhor
a respeito de como
se daria a
punição, o castigo
da impiedade vivida
pelo povo de
Judá. Quando queremos submeter Deus
a nossos pensamentos
e caminhos, corremos
o risco de
nos indignarmos e,
se persistirmos nesta indignação,
corremos sério risco de nos desviarmos dos caminhos do Senhor.
- A
indignação apresentada pelo
profeta não era
razoável. Se certo
estava ele de
se indignar contra
a injustiça presente no meio do seu povo, já não agia corretamente ao se
indignar com a resposta que Deus lhe havia dado. O Senhor, reconhecendo o
acerto do profeta em não folgar com a injustiça, prova de que o profeta Habacuque
tinha o amor de Deus (I Co.13:6), não poderia permitir que Seu servo
transgredisse dizendo o que Deus deveria, ou não, fazer.
- Habacuque
estava tão indignado
com a resposta
que recebera da
parte de Deus
que resolveu ficar
“de guarda”, como sentinela, como que esperando que o Senhor Se
submetesse aos seus parâmetros, como se Deus tivesse de
voltar atrás na
resposta que havia
dado à indagação
do profeta, a
fim de que,
como profeta, Habacuque
publicasse outra resposta de Deus ao povo (Hc.2:1).
- O Senhor respondeu ao profeta e, antes de
lhe mostrar a visão, fez questão de mandar o Seu servo que escrevesse a visão e
torná-la bem legível sobre tábuas, para que todos pudessem lê-lo (Hc.2:2).
-
O Senhor fez, também, questão de afirmar que a visão era para o tempo
determinado e que falaria até o fim, não
mentiria. Se, aos
olhos humanos, a
visão demorasse, era
para ser esperada,
pois certamente ocorreria (Hc.2:3).
-
Deus, então, mostra ao profeta, antes mesmo de dar-lhe a visão, que Ele está
acima do tempo e, portanto, não pode o homem, mero mortal, submetido ao tempo e
ao espaço, querer questionar o cumprimento daquilo que Deus revelou ao
homem.
-
Nos dias em que vivemos, onde impera um “imediatismo”, onde se quer que tudo se
resolva “já”, é preciso lembrar que Deus
está acima do
tempo, que para
Ele há um
eterno presente e
que, portanto, não
podemos presumir que Deus não está a cumprir o que prometeu, nem
tampouco que “está a tardar”, pois Ele é Deus, um Deus que vela pela Sua
Palavra para a cumprir (Jr.1:12), um Deus que é fiel e que não pode negar-Se a
Si mesmo (II Tm.2:13).
-
Muitas vezes, tal
como o profeta
Habacuque, assumimos uma
petulância inadmissível em
nosso relacionamento com Deus,
achando que podemos
determinar “quando” e
“como” Deus tem
de cumprir as Suas promessas, como se Deus pudesse Se
submeter a nossas vontades. Deus cumpre o que promete, “como” e “quando” quer ,
pois Ele é soberano, Ele é o Senhor.
-
Por isso, o Senhor, antes mesmo de mostrar a visão ao profeta, fez questão de
dizer ao profeta que o homem não pode assumir esta atitude presunçosa e
incorreta, não pode permitir que “a alma se inche”, mas, sim, deve viver pela
fé, ou seja, deve confiar em Deus, aguardar que Deus cumprirá as Suas promessas
no modo e no tempo que entender corretos.
-
Neste diálogo do profeta com Deus, vemos que o Senhor ensina o profeta que não
deve questionar a Deus, mas, sim, n’Ele confiar, pois é assim que o justo
poderá subsistir espiritualmente. Este segredo, aliás, foi a base para que o
apóstolo Paulo compreendesse a justificação do ser humano, na epístola aos
romanos, bem assim que Martinho Lutero empreendesse o grande avivamento da
história da Igreja que foi a Reforma Protestante.
III – OS “CINCO AIS”
SOBRE BABILÔNIA
-
Após ter “posto o profeta no seu devido lugar”, o Senhor mostra a visão ao
profeta a respeito do juízo que lançaria sobre Babilônia, pois, ao contrário do
que supusera o profeta, Babilônia não ficaria impune por causa de sua maldade e
idolatria.
-
O Senhor mostra que os caldeus, apesar de serem utilizados como instrumento de
justiça divina contra Judá, eram
soberbos, “dados ao
vinho”, faziam da
morte a sua bandeira e
o seu desejo,
motivo pelo qual
seriam também punidos e castigados por Deus.
- O
castigo que viria
sobre Babilônia é
revelado por Deus
por intermédio de
“cinco ais”, numa comprovação de
que o Senhor
não iria deixar
impunes todos os
pecados de Babilônia,
como pensava erroneamente o
profeta Habacuque.
-
O “primeiro ai” dado por Deus aos babilônios foi o seguinte: “Ai daquele que
multiplica o que não é seu! (até
quando!) e daquele que se carrega a si mesmo de dívidas!” (Hc.2:6).
-
Os babilônios seriam punidos e castigados porque tinham sido extremamente
cruéis ao despojar as coisas dos povos
que haviam conquistado,
por terem se
enriquecido às custas
da própria sobrevivência
dos povos vencidos, que havia
querido se apropriar de tudo o que era o do outro (Hc.2:6-8).
-
Assim como Deus puniria Babilônia por ela ser gananciosa e ter se enriquecido
às custas de bens alheios, também serão punidos e castigados aqueles que amam o
dinheiro, aqueles que amam as coisas desta vida e, com extrema
ganância, não se
contentam com o
que têm, querendo
sempre o que
é dos outros.
Tomemos cuidado, irmãos, porque
Deus não muda
e se agirmos
como os babilônios,
também sofreremos a
mesma punição profetizada por Habacuque.
-
O segundo “ai” contra Babilônia foi o seguinte: “Ai daquele que ajunta em sua
casa bens mal adquiridos, para pôr o seu ninho no alto, a fim de se livrar da
mão do mal!” (Hc.2:9).
- Os
babilônios seriam punidos
e castigados porque
tinham se enriquecido
injustamente, haviam cometido injustiças para se enriquecerem e se
tornarem o mais poderoso império do mundo e, em razão desta injustiça, achavam-se os
“maiorais”, haviam ensoberbecido, achando
que estavam acima
de Deus. A
soberba é um pecado terrível, quando nos achamos
autossuficientes e que não necessitamos de Deus. O fim de todos quantos assim pensam
é trágico, extremamente
trágico, pois terão
o mesmo destino
do primeiro soberbo,
que foi o diabo.
-
O profeta Habacuque, ao questionar o Senhor, enveredava-se por um caminho
perigoso, porque se achava no “direito” de dizer o que Deus deveria fazer ou
deixar de fazer, que é o caminho da soberba. Deus nos livre deste mal, pois o
fim de todo soberbo é ser abatido pelo Senhor (Mt.23:12), pois toda altivez do
homem será humilhada (Is.2:17).
-
O terceiro “ai” contra Babilônia foi o seguinte: “Ai daquele que edifica a
cidade com sangue, e que funda a cidade com iniquidade!” (Hc.2:12).
-
Babilônia seria punida e castigada porque havia construído todo o seu esplendor
à base da violência, à base do sangue, à base do pecado e da injustiça. Nada
que é adquirido com base no pecado pode subsistir. O Senhor foi bem claro ao
afirmar, na visão ao profeta, que tudo quanto se faz desta maneira não provém
de Deus, pois o Senhor não quer que os povos trabalhem para o fogo e os homens
sem cansem pela vaidade (Hc.2:13).
- O
Senhor diz ao
profeta que chegará
o tempo em que “a
terra se encherá
do conhecimento da
glória do Senhor, como as águas
cobrem o mar” (Hc.2:14) e, neste tempo, não poderá existir quem constrói a sua
vida com base na injustiça e no pecado, pois “o mundo passa e a sua
concupiscência” (I Jo.2:17).
-
O quarto “ai” contra Babilônia foi o seguinte: “Ai daquele que há de beber ao
seu companheiro! Tu, que lhe chegas ao teu odre, e o embebedas, para ver a sua
nudez” (Hc.2:115).
-
Babilônia seria punida e castigada porque era traidora, “embebedava” os
seus companheiros para deles se aproveitar,
para explorá-los, para deles tiver proveito. “Embebedar” o outro é envolver o
outro no pecado e na injustiça, é fazer o trabalho do inimigo que é matar,
roubar e destruir, é induzir as pessoas à prática do pecado e à destruição
espiritual. Quem age desta maneira não ficará impune, queridos irmãos!
- O
quinto “ai” contra
Babilônia foi o
seguinte: “Ai daquele
que diz o
pau: Acorda! E
à pedra muda: Desperta! Pode isto ensinar? Eis que
está coberto de ouro e de prata, mas no meio dele não há espírito algum” (Hc.2:19).
-
Babilônia, por fim, seria castigada e punida porque era idólatra, precisamente
aquilo que Habacuque havia interpelado o
Senhor indignado com a primeira
resposta dada à sua indagação.
O que para
o profeta era o primeiro
motivo para que Judá não fosse subjugado por Babilônia, para Deus era apenas o
último motivo, última razão, não por ser menos importante, mas para mostrar que
Ele conhecia o quadro de um modo muito profundo e completo que o profeta.
-
Não queiramos saber mais do que o Senhor! Não queiramos dizer o que o Senhor
deve ou não fazer! Apenas confiemos n’Ele e saibamos que tudo quanto faz é
justo e bom e que devemos, tão somente, ser fiéis a Ele e continuarmos a nossa
jornada confiando em Sua Palavra.
-
Após dizer os cinco “ais” contra Babilônia, o Senhor disse ao profeta que
estava no Seu santo templo e que toda a terra deveria se calar diante d’Ele
(Hc.2:20). Em outras palavras: Deus diz ao profeta que sempre está no controle
de todas as coisas e que sabe bem o que faz, que não precisa dar satisfação a
quem quer que seja, que cabe a cada um de nós apenas adorá-l’O e confiar n’Ele.
Temos esta consciência?
IV – A ORAÇÃO (OU O
SALMO) DE HABACUQUE
-
Depois de ter ouvido a resposta do Senhor à sua indignação, o profeta Habacuque
aprendeu a lição, deixando de
questionar a Deus
e lhe apresentando,
em forma de
canto (que é
como a Versão
Almeida Revista e Atualizada traduz “sobre Siginote”), uma oração, que
é, por isso mesmo, um verdadeiro salmo, já que se trata de um cântico feito “no
tom das lamentações” (este o significado de “sobre Siginote” segundo a Bíblia
de Jerusalém, o que se coaduna com o teor do Salmo 7, onde a expressão também é
utilizada – “sigaiom de Davi”).
A
Nova Versão Internacional
traduz a expressão
“sobre Siginote” como
“uma confissão”., enquanto que
a Vulgata traduziu
a expressão como
“pelas ignorâncias”, como
que o profeta
admitindo sua ignorância a
respeito das coisas de Deus, “pondo, pois, em seu lugar”.
- O
profeta, humilhando-se diante
de Deus, reconhece
a soberania divina
e diz: “Ouvi,
Senhor, a Tua Palavra e temi”. O profeta reconhece que
cabe somente a Deus a tomada de decisões e o modo e tempo em que cumprirá as
Suas promessas, não cabendo ao homem questioná-l’O ou exigir-Lhe coisa alguma.
-
Habacuque se diz agora um homem temente a Deus, porque estava pronto a ouvir a
Sua Palavra. Vemos aqui o significado de temer ao Senhor, temos aqui o
verdadeiro sentido do “temor ao Senhor”, que não é o medo de
Deus, mas, sim,
o de obediência
ao Senhor, o de atender
e praticar aquilo
que Ele nos
manda, independentemente do que vejamos à nossa volta.
- Diante
da constatação de que Deus
é atemporal, que
para Ele não
existe o tempo
e que, portanto,
não podemos achar que Deus está a tardar a cumprir os Seus desígnios, o
profeta faz uma súplica ao Senhor, a fim de que “avivasse a Sua obra no meio
dos anos, que no meio dos anos a notificasse” (Hc.3:2).
-
Habacuque aqui, após ter recebido a visão divina com os cinco “ais” contra
Babilônia, um juízo que o Senhor disse
que se daria
no tempo determinado,
muda completamente a
sua perspectiva anterior.
Se antes considerava que Deus
estava tardando em fazer justiça no meio do seu povo e, depois, se indignara ao
saber que Deus Se
utilizaria de um
povo gentio para
castigar Judá, agora
entendia que quem
sofre o impacto
do tempo é o ser humano, que ele é que precisa de Deus para não se
desviar dos mandamentos do Senhor.
-
Por isso, humildemente, o homem que achara anteriormente que Deus estava
demorando, pede, suplica ao Senhor que, de tempos em tempos, avivasse a Sua
obra, ou seja, que não permitisse, de forma alguma, que o ser humano,
que está submisso
ao tempo, por
causa do transcurso
do tempo, viesse
a se perder,
a perder a comunhão com Deus, que o povo não viesse a
sofrer, com o influxo do tempo, a mesma miséria que o profeta contemplava em
Judá.
- O
pedido do profeta
é que Deus
mantivesse a Sua
obra viva, que
o Seu povo
fosse constantemente mantido
vivo, não perdesse a comunhão com o Senhor. Por isso, Habacuque é conhecido
como “o profeta do avivamento” e, sem dúvida alguma, esta oração do profeta
deve ser a oração de todo aquele que serve a Deus com sinceridade e dedicação,
como era o caso do profeta.
-
Em vez de acharmos que Deus está fazendo “vistas grossas” para o pecado e
maldade do mundo, em vez de dizermos para Deus
“como” e “quando” Ele deve agir para restabelecer a justiça e a verdade neste mundo, devemos, humildemente,
clamar ao Senhor
que mantenha a
Sua obra viva
sobre a face
da Terra, que
não permita que o
Seu povo sofra
o influxo do
tempo e se
desvie dos caminhos
do Senhor, entre
na apostasia, avivamento este que
deve começar por nós mesmos, avivamento este, aliás, que deve se iniciar pelo
“ouvir da Palavra do Senhor” e pelo “temor ao Senhor”.
- Habacuque, de forma poética, como é próprio de um salmo, traz,
então, a imagem da vinda de Deus para
executar o Seu
juízo, para restabelecer
as coisas nos
seus devidos lugares.
Saindo do Seu
lugar (poeticamente chamado de Temã e de monte de Parã), o Senhor faz resplandecer a Sua glória
e faz justiça, separando as nações e submetendo tudo e todos ao Seu poder
(Hc.3:3-6).
- Esta mesma certeza que o profeta nos dá em
seu salmo, qual seja, a de que, no tempo determinado, o Senhor restabelecerá a
justiça e paz na Terra, foi dada pelo Senhor Jesus pouco antes de subir aos
céus, quando disse aos Seus discípulos
de que todo
o poder Lhe
fora dado nos
céus e na
terra (Mt.28:18). Com
esta garantia, podemos, tranquilamente,
realizar a obra de Deus, sabendo que o Senhor, no momento próprio, fará cessar
a oposição ao nosso trabalho. Aleluia!
-
Toda a criação, no cântico do profeta, Se submete ao Senhor, não há criatura
alguma que se Lhe possa opor (Hc.3:6-12).
- A ação divina não só visa restabelecer
a justiça e a paz na Terra, mas tem,
também, o propósito de salvar o Seu povo, de salvar o Seu ungido. Deus, assim,
disto agora o profeta tem plena convicção, não só Se incumbe de restabelecer a
ordem das coisas, mas, também, de salvar o Seu povo, mostrando-Se, pois, fiel,
ao contrário do que, num primeiro instante, pareceria não ter ocorrido.
- O
justo viverá pela
fé e será
salvo pelo Senhor
quando do juízo
divino que fará
com que os desobedientes prestem contas ao Senhor.
Não há que se falar em prejuízo por parte daquele que serve ao Senhor. Deus sai
do Seu santo lugar para exercer juízo sobre os impenitentes, mas, também, para
salvar todos quantos Lhe servem
fielmente. Fiquemos, pois,
tranqüilos, amados irmãos,
as misérias do mundo
atual não ficarão impunes
e, no momento
da punição, estaremos
devidamente guardados e
protegidos pelo nosso Senhor. Aleluia!
- Os justos são
salvos, mas os
ímpios sofrerão o
juízo divino. Diz
o profeta textualmente:
“Tu feriste a cabeça da casa do ímpio, descobrindo os
fundamentos até o pescoço” (Hc.3:13 “in fine”). A destruição dos ímpios, vista
e cantada pelo
profeta, é tão
horrenda, tão terrível
que o profeta
confessa que, ao
ouvir tal revelação, estremeceu-se
todo, seus lábios
tremeram, pedindo a
Deus que, no
dia em que
Ele vier contra
o povo de Babilônia, que ele esteja no descanso (Hc.3:16).
- Diante desta visão de Habacuque, nós, como
servos de Deus, precisamos ter o mesmo sentimento que teve o profeta, vivendo
uma vida de
separação do pecado
para que, no
dia da angústia,
no dia do
juízo divino, estejamos já
no descanso do
Senhor, ou seja,
estejamos livres, com o Senhor
nos ares, desfrutando
do Seu imenso amor e da Sua
glória, ceando com Ele, enquanto este mundo sofrerá as agruras da Grande
Tribulação.
-
Amados irmãos, se o profeta Habacuque, testemunha ocular do que iria acontecer
não só com os babilônios, mas com todos os gentios que se mantiverem rebeldes
contra o Senhor (pois Babilônia nada mais é que tipo e figura do
sistema mundial contrário
a Deus -
vide Ap. 17 e 18),
tremeu e se
estremeceu todo com
o que acontecerá com os
impenitentes, por que negligenciarmos a salvação que recebemos de Cristo
Jesus?
- Como
diz o escritor
aos hebreus: “como
escaparemos nós se não atentarmos
para tão grande salvação?” (Hb.2:3a). É algo muito sério e
horrível o que está reservado àqueles que não forem fiéis ao Senhor e, por
isso, ante o alerta
do profeta, sejamos
fiéis e tementes
ao Senhor, guardando
bem o que
havemos recebido do Senhor, para que não caiamos no juízo
divino, pois, como diz ainda o escritor aos hebreus: “Horrenda coisa é cair nas
mãos do Deus vivo” (Hb.10:31).
- O
profeta Habacuque, após
ter esta visão
da justiça realizada
por Deus, reconheceu
que o Senhor
era soberano e teve
aumentada a sua
fé em Deus,
de tal maneira
que afirmou que
“ainda que a
figueira não floresça, nem haja o
fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam
mantimento; as ovelhas da malhada
sejam arrebatadas, e nos currais
não haja vacas;
todavia eu me
alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação”
(Hc.3:17,18).
-
Como o profeta Habacuque havia mudado! De questionador de Deus diante do que
via ante os seus olhos, passou a afirmar
que, ainda que
tudo aparentemente desse
errado, ainda que
o Senhor trouxesse
os juízos que havia estatuído na lei de Moisés, perturbando a colheita
do povo, mesmo assim o profeta se alegraria no Senhor, porque tinha aprendido a
não andar por vista, mas a andar pela fé (II Co.5:7). O justo vive pela fé,
amados irmãos, de modo que as circunstâncias adversas, os problemas existentes
à nossa volta não podem nos impedir de continuar confiando em Deus e em Suas
promessas.
- Não precisamos passar pela experiência do
profeta Habacuque para sermos fiéis ao Senhor. Nós que temos acesso aos
seus escritos, bem
como ao próprio
aprofundamento desta verdade
divina que foi
revelada a Habacuque feita pelo
apóstolo Paulo na epístola aos romanos, temos quase que o dever de pedirmos ao
Senhor que nossa fé
seja aumentada, pois
temos de confiar
em Deus e
na Sua Palavra,
independentemente das circunstâncias
presentes, do momento atual.
- Hoje há pessoas
que se introduzem
em nosso meio
e ficam defendendo
que o povo
de Deus deve
ter “materalizada” a sua
fé, deve ter
uma fé baseada
em “figuras”, “imagens”,
“rituais” e tantas
outras coisas, como se isto fosse
um estímulo ao aumento da fé. Não, não e não! A fé é o firme fundamento das
coisas que se esperam e a
prova das coisas
que não se
veem (Hb.11:1). Não
teremos fé aumentada
com recurso a
coisas visíveis, mas, sim,
com o ouvir
a Palavra de
Deus e o
temor a Deus,
como aprendemos com
o profeta Habacuque.
-
Não temos de recorrer a “figuras”, “tipos”, “imagens” para ter aumentada a
nossa fé, mas, sim, confiarmos na Sua Palavra, entendermos que Deus é soberano,
que tem o controle sobre todas as coisas, que é fiel e que cabe a nós apenas,
no transcorrer dos anos, pedir ao Senhor que mantenha viva a Sua obra, que
mantenha a nossa fé n’Ele, para que aguardemos o tempo determinado para sermos
salvos do juízo divino sobre a Terra. Estamos
fazendo isto? Pensemos nisto!
-
Por fim, ao terminar o seu salmo, o profeta Habacuque confirma que “Jeová, o
Senhor, é minha força, e fará os
meus como os
das cervas e
me fará andar
sobre as minhas
alturas” (Hc.3:19). Em
lugar do questionador indignado,
do “revoltado contra Deus”, vemos, agora, um profeta que sabe que depende única
e exclusivamente de Deus, que sabe que vencerá não por causa de suas forças,
mas por causa do Senhor, que estava disposto a sustentá-lo até o momento do
salvamento antes do juízo que estava por vir.
-
Este Deus de Habacuque, amados irmãos, é o nosso Deus e, como Ele não muda, Ele
está pronto a nos dar poder e força
para que nos
mantenhamos fiéis e,
na hora da
tentação que há
de vir sobre
todo o mundo (Ap.3:10), sejamos
livres da ira
futura (I Ts.1:10).
Para tanto, basta
guardarmos a Palavra
do Senhor e nos mantermos
avivados até o fim. Estamos dispostos a
isto?
Colaboração
para o portal Escola Dominical - Ev. Caramuru Afonso Francisco
This entry was posted on quarta-feira, 28 de novembro de 2012 at 02:08. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
- FAÇA SEU COMENTÁRIO