LIÇÃO Nº 7 – MIQUEIAS, A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA
INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo dos
livros dos profetas menores, hoje estudaremos o livro de Miqueias, o sexto
livro no cânon do Antigo Testamento.
- O livro de Miqueias revela
a todos os nós o que ocorre com quem obedece a Deus bem como quem Lhe
desobedece.
I
– O LIVRO DE MIQUEIAS
- Na sequência do estudo dos
livros dos profetas menores, estudaremos hoje o livro de Miqueias, que é o
sexto livro na ordem do cânon do Antigo Testamento. Na Septuaginta, a versão
grega do Antigo Testamento, o livro de Miqueias ocupa o terceiro lugar entre os
profetas menores.
- Em hebraico, Miqueias é
"Mikhah" (מיכה), que significa, "quem é semelhante a
Jeová?". Seu ministério ocorreu
durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, sendo ele próprio
deste mesmo reino, pois era de Moresete ou Maressa (Js.15:44), local que tem
sido identificado com uma aldeia situada a 40 km a sudoeste de Jerusalém,
pertencente à tribo de Judá. Logo observamos que seu ministério é contemporâneo
aos de Isaías, Oseias e Amós, se bem que tenha desenvolvido seu ministério no
reino do sul, ou seja, durante a época de Isaías.
- Edward Reese e Frank
Klassen, co-organizadores da Bíblia em ordem cronológica, situa os dois
primeiros capítulos de Miqueias por volta de 744 a.C., no reinado de Jotão, no
início do ministério de Isaías. O terceiro capítulo de Miqueias é datado de 725
a.C., já no reinado de Ezequias, na iminência do fim do reino de Israel (reino
do norte). O restante do livro é datado de cerca de 704 a.C., logo após o
nascimento de Manassés, nos últimos doze anos do reinado de Ezequias.
- A mensagem do livro de
Miqueias também envolve a questão do juízo vindouro de Deus sobre o Seu povo,
tanto no reino do norte quanto no reino do sul, a comprovar que Deus estava a
advertir sobejamente o povo da iminência da destruição de ambos os reinos,
tendo, para tanto, levantado vários profetas para dar esta mensagem.
- Miqueias profetiza no sul
com a mesma intensidade de Oseias e de Amós no reino do norte, denunciando o
pecado nas relações sociais, as injustiças e as arbitrariedades que estavam
sendo cometidas. A mensagem, porém, anuncia, a exemplo de Isaías, a vinda de
uma época de paz e prosperidade, a ser liderada pelo Senhor em Israel, que
surgiria de "Belém Efrata", embora fosse desde os tempos antigos,
desde os dias da eternidade (Mq.5:2).
- De pronto, vemos que o
livro de Miqueias nos ensina que a Palavra de Deus é sempre a mesma, num
consenso que nos permite crer nela sem qualquer dúvida ou hesitação. Embora de
cidades diversas, de origens diferentes, os profetas anunciavam a mesma
mensagem. Por isso, o apóstolo Paulo, ao se dirigir aos filipenses, afirmou que
não se aborrecia de lhes escrever as mesmas coisas, pois dizia que isto
conferir segurança aos crentes (Fp.3:1).
- Nem podia ser diferente,
pois se a Palavra é o próprio Cristo (Jo.1:1; Ap.19:13), temos de ter
consciência de que Jesus é o mesmo, ontem, hoje e eternamente (Hb.13:8) e,
portanto, a mensagem do Evangelho jamais pode mudar, é sempre a mesma, como
fazia questão de sempre nos lembrar o saudoso pastor Walter Marques de Melo.
- Ao vermos a sintonia entre
as mensagens dos profetas nos dias de Miqueias, aprendemos que não podemos dar
margem a “inovações”, como, infelizmente, muitos dos que cristãos se dizem ser
estão a fazer em nossos dias. O Evangelho é o mesmo e, portanto, não podemos
buscar “novidades”, atitude que é típica de quem não serve a Deus, como era o
caso dos atenienses e estrangeiros que residiam em Atenas nos dias do apóstolo
Paulo (At.17:21).
- Além disso, ao lermos o
livro do profeta Miqueias, percebemos que a mensagem de Deus ao homem é bem
objetiva: Deus, em virtude de Sua justiça e santidade, tem de lançar juízo
sobre todos os que Lhe desobedecem, mas, antes que o faça, o Senhor mostra que
há uma forma de o homem voltar a ter comunhão com Deus e, assim, em vez de
sofrer o juízo, gozar das bênçãos que o Senhor quer e promete dar aos que O
buscarem de coração inteiro. A obediência é o segredo para alcançarmos as
promessas de Deus.
- O livro de Miqueias, que
tem 7 capítulos, pode ser dividido em três partes, a saber:
a)
1ª parte - julgamentos divinos contra Israel e Judá - Mq.1-3
b)
2ª parte - visão de um futuro glorioso - Mq.4-5
c)
3ª parte -controvérsia entre Deus e Seu povo e promessa de bênçãos
futuras-Mq.6-7.
- Em Miqueias, a promessa do
Messias como Alguém que alterará o estado caótico em que se encontrava a nação e
lhe trará um
futuro glorioso é
explícita e cristalina.
O Messias nasceria
no meio do
Seu povo, em Belém de Judá, para redimir este mesmo
povo.
OBS: " O Livro de
Miqueias ante o Novo Testamento - Assim como outros profetas do AT, Miqueias
olhou para além do castigo de Deus a
Israel e Judá, e contemplou o Messias vindouro e Seu reino justo na terra. Setecentos anos antes
da encarnação de Cristo, Miqueias profetizou que Ele haveria de nascer em Belém
(5.2). Mateus 2.4-6 narra que os sacerdotes e escribas citaram este versículo
como resposta à pergunta de Herodes concernente ao lugar onde o Messias nasceu.
Miqueias revelou, também, que o reino messiânico seria de paz (5.5; cf.
Ef.2.14-18), e que o Messias pastorearia o Seu povo com justiça (5.4; cf.
Jo.10.1-16; Hb.13.20). As referências frequentes de Miqueias sobre a redenção
futura, revelam que o propósito e o desejo permanente de Deus para
o Seu povo
é a salvação,
e não a
condenação. Tal verdade
é desdobrada no
NT (e.g. Jo.3.16)."(BÍBLIA
DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.1320-1).
" Cristo
Revelado - As
profecias sobre Cristo
fazem o Livro
de Miqueias luzir
com esperança e encorajamento. O
livro se inicia
com uma grandiosa
exposição da vinda
do Senhor (1.3-5).
As profecias posteriores
afirmarão o aspecto pessoal de Sua chegada em tempo histórico. Mas a disposição
de Deus para descer e interagir é estabelecida no princípio. A primeira
profecia messiânica ocorre numa cena de pastor de ovelhas. Depois
que a terra
deles havia sido
corrompida e destruída,
um restante dos
cativos seria reunido como
ovelhas num curral.
Então, alguém quebraria
o cercado e
os levaria para
fora da porta,
em direção à liberdade.(2.12-13).
E esse alguém é seu
'rei' e 'Senhor'. O episódio completo harmoniza-se belamente com a proclamação de
Jesus acerca da
liberdade aos cativos
(Lc.4.18), enquanto, na
verdade, liberta os
cativos espirituais e físicos. Mq.5.2 é uma das mais famosas profecias
de todo o AT. Ela autentica a profecia bíblica como 'a
Palavra do Senhor'(1.1;
2.7; 4.2). A
expressão 'A Palavra'
do Senhor (4.2)
é um título
aplicável a Cristo (Jo.1.1;
Ap.19.13). A profecia de Mq.5.2 é, explicitamente, messiânica ('Senhor em
Israel') e especifica seu lugar de
nascimento em Belém,
num tempo quando
Belém era pouco
conhecida. Suas palavras
foram pronunciadas muitos séculos antes do acontecimento; ele não tinha
nenhuma sugestão do lugar a que recorrer.
Outra característica dessa
profecia é que
ela não pode
se referir a
apenas qualquer líder
que possa ter
sua origem em Belém.
Cristo é o
único a quem
ela pode se
referir, porque ela
iguala o Senhor
com o Eterno: 'Cujas origens
são desde os
tempos antigos, desde
os dias de
eternidade.' Esta profecia
confirma tanto a humanidade quanto a divindade do Messias de
um modo sublime. A profecia de Mq.5.4,5 afirma a condição de pastor do Messias
('apascentará o povo'), Sua unção ( 'na força do Senhor'), Sua divindade ('na
excelência do nome do
Senhor') e Sua
humanidade ('Seu Deus'),
Seu domínio universal
('porque agora será
Ele engrandecido até os fins da terra') e a Sua posição como líder de um
reino de paz ( 'E este será a nossa paz').
O clímax da
profecia (7.18,19), mais o versículo
final (7.20), apesar
de não incluir
o nome do
Messias, definitivamente
refere-se a Ele.
Na expressão da
misericórdia e compaixão
divinas, ele é
Aquele que 'subjugará a nossa
iniquidade', lançando-as nas profundezas do mar, para que Deus possa perdoar os
pecados e trocar o pecado pela verdade."( BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE,
p.890-1).
- Segundo
Finnis Jennings Dake
(1902-1987), o livro
de Miqueias tem
7 capítulos, 105
versículos, 20 ordenanças, 23
perguntas, 2 promessas, 123 predições, 2 versículos de profecias não cumpridas,
91 versículos de profecias cumpridas e 7 mensagens distintas de Deus (1:2;
2:1,5,9; 4:1,6; 6:1).
- Segundo
alguns estudiosos da
Bíblia, o livro
de Miqueias, o
33º livro da
Bíblia, está relacionado
com a décima primeira letra do
alfabeto hebraico, “kaph” (כ), cujo significado é “a palma da mão”, que tem o
sentido da mão estendida de Deus para o pobre, que, assim, pode receber as
bênçãos divinas. Um Deus que está pronto a perdoar, mas que também detém toda a
autoridade para castigar os impenitentes.
I
– JULGAMENTOS DIVINOS CONTRA ISRAEL E JUDÁ
- Logo no limiar do livro de
Miqueias, é dito que ali está transcrita a Palavra do Senhor que veio a
Miqueias contra Samaria e Jerusalém, ou seja, as duas capitais do reino
dividido. Miqueias vê o Senhor no templo da Sua santidade e manda que todos os
povos prestassem atenção ao que seria dito, porque Deus seria testemunha contra
ambos os reinos (Mq.1:1,2).
- Miqueias diz que o Senhor
sairia do Seu lugar, desceria e andaria sobre as alturas da Terra, tudo por
causa das prevaricação de Jacó e dos pecados de Israel, identificando que a
transgressão de Israel era Samaria e os altos de Judá, Jerusalém.
- De imediato, portanto, o
profeta nos mostra que Deus é um Ser que tudo vê, que tudo observa, é
onisciente e, ao contrário do que afirmam os deístas, ou seja, de que Deus
existe mas é indiferente ao que ocorre na criação, é um
Deus bem presente,
que é misericordioso mas
que, em se
atingindo o limite
de Sua longanimidade, intervém para lançar o juízo
sobre aqueles que Lhe desobedecem.
- Do templo de Sua
santidade, o Senhor está a contemplar o Seu povo e, como Ele não muda (Ml.3:6),
isto está acontecendo neste exato instante. Temos consciência de que o Senhor
nos está vendo a cada instante de nossas vidas? Temos consciência de que Ele
requer de nós obediência à Sua Palavra e que está a verificar se estamos a
cumprir o compromisso que com Ele assumimos de Lhe ser fiéis até a morte?
- Jacó havia prevaricado.
Esta expressão “prevaricação”, que, na Bíblia de Jerusalém é traduzida por
“crime”, é a palavra hebraica “pesha’” (עשפ), que tem o significado de
“transgressão” (como consta na Versão Almeida Revista e Atualizada e na Nova
Versão Internacional), “rebelião”, ou seja, “desobediência”.
- A
desobediência de Jacó
era Samaria, ou
seja, a própria
capital, que tinha
sido construída por
Onri (I Rs.16:24), um rei que fez
pior do que todos os seus antecessores no reino do norte (I Rs.16:25) e cuja
dinastia adotou a idolatria
como regra de
vida, notadamente os
cultos a Baal
e Asera. A
propósito, a toda desobediência o
próprio profeta Miqueias
chamará de “estatutos
de Onri e
toda a obra
da casa de
Acabe” (Mq.6:16).
OBS:
Lembramos que Acabe era filho de Onri e o sucedeu no trono de Israel (I
Rs.16:28).
- Deus deixava a Sua
aparente inércia para lançar sobre o Seu povo os juízos que já haviam sido
previstos quando da entrega
da lei por
intermédio de Moisés.
A longanimidade estava
chegando ao fim
e a desobediência teria a sua
devida consequência. Deus continua a atuar da mesma maneira e precisamos estar cientes
disto, ou seja, de que, assim como Israel assumira um compromisso de obedecer a
Deus na lei, que era tão somente o
que Senhor requeria
de Seu povo
(Dt.10:12,13), também devemos
nós, que assumimos
o compromisso de servir a Cristo até a morte quando descemos às águas do
batismo, ser-Lhe obedientes até a morte, como o próprio Jesus o foi,
deixando-nos o exemplo (Fp.2:8).
- Judá não estava a agir de
modo diverso. Deus também saía do Seu lugar para agir com relação ao reino do sul,
pois a sua transgressão era Jerusalém. Por quê? Por causa dos altos de Judá.
Apesar de não terem incorrido no
pecado do reino
do norte, que
passaram a adorar
os bezerros de
ouro estabelecidos por
Jeroboão (I Rs.13:26-33), os
judaítas sacrificavam nos altos (I Rs.15:14; 22:44; II Rs.14:4; 15:4,35), ou
seja, em altares que se disseminavam
no país, contrariando,
assim, a lei
de Moisés que só permitia
sacrifícios no templo (Dt.12:11-14).
- A
obediência a Deus
envolve, por primeiro,
que assumamos a
condição de Seus
servos e, portanto,
que entendamos que nada podemos fazer a não ser cumprir a vontade do
Senhor. Os israelitas e judaítas estavam a cultuar ao Senhor do seu modo, do
seu jeito, pouco se importando com o que o Senhor havia prescrito, com o que o
Senhor havia determinado.
Eram, por isso,
desobedientes, pois obediência
é “submissão completa, sujeição”.
- Em
nossos dias, não
é diferente. Muitos
querem cultuar a Deus da
sua maneira, deixando
de observar a forma como o Senhor determinou que fosse o
relacionamento entre Ele e o homem. Como afirmou o apóstolo Paulo, nosso culto
deve ser racional, um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm.12:1), o
que mostra que Deus somente aceitará nosso culto se o mesmo for santo, ou seja,
separado do pecado, de entrega total nossa a Deus, o que importa no sacrifício
do nosso “ego”, em nossa negação de si mesmo, bem assim que agrade a Deus, ou seja, esteja de
acordo com a Sua Palavra.
- No
entanto, muitos que
cristãos se dizem
ser preferem “cultos
alternativos”, onde fazem
o que bem entendem, a exemplo dos israelitas com
seus bezerros de ouro e dos judaítas com seus altos. A consequência para estes
será a mesma
que tiveram os
homens do passado:
a reprovação divina
e o lançamento
do juízo divino sobre eles. Que
Deus nos guarde!
OBS: Esta tendência de
transformar as igrejas em “locais de entretenimento” é fruto de mais uma
“novidade”, a chamada “Rede Ministerial” criada
nos Estados Unidos
por Bruce L.
Bugbee e Bill
Hybels que, “para
atrair jovens”, abriram
mão da santidade
(Cf. EVANGELISTA, Francisco.
Cultos ‘alternativos’ crescem no Brasil. 05 set. 2012. Disponível em:
http://www.franciscoevangelista.com/2012/09/cultos-alternativos-crescem-no-brasil.html
Acesso em 05 set. 2012). Tomemos cuidado, amados irmãos!
- O Senhor anuncia, então,
por intermédio do profeta, que esta desobediência teria fim, pois Samaria se tornaria
um montão de pedras do campo, uma terra de plantar vinhas, com todas as suas
imagens de escultura despedaçadas, seus salários, queimados pelo fogo e todos
os seus ídolos se tornariam uma assolação (Mq.1:6-8).
- Deus, ainda, diz que a
chaga de Samaria era incurável e havia, também, atingido Judá. Deus faria
descer o mal até Jerusalém,
pois em Laquis se
teria iniciado esta
“infecção” espiritual de Judá
por Israel (Mq.1:13). Realmente, os assírios
chegaram a tomar Laquis e sua queda gerou a submissão de Ezequias aos assírios
(II Rs.18:14).
- O texto do profeta
revela-nos que Deus, inclusive, identificou onde começou a “infecção
espiritual” de Judá por Israel, embora não saibamos exatamente como isto
ocorreu. Esta falta de conhecimento do que ocorreu, entretanto, é uma clara
demonstração que Deus conhece até as coisas que desconhecemos e não deixa
qualquer um impune. Lembremos disto!
- O
Senhor informa claramente
que o reino
de norte (Israel)
seria levado para
o cativeiro por
causa de sua desobediência (Mq.1:16),
o que, efetivamente,
se cumpriu alguns
anos depois da
profecia, ainda durante
o ministério de Miqueias.
- Neste
juízo sobre o
povo, Miqueias, a
exemplo de Amós,
também não deixa
de denunciar a
grande injustiça social existente no meio do povo, consequência imediata
do pecado, como vimos na lição sobre o livro de Amós.
- O
Senhor revela, então,
que estava bem
ciente dos pensamentos
malignos da elite
israelita que, em suas
camas, maquinavam o mal durante a noite e, à luz do dia, punham seus planos em
prática. Ao contrário do homem, que somente procura descobrir os autores de
práticas más depois do início de sua execução, o Senhor, que tudo sabe, já está
a contemplar todos quantos já imaginam fazer o mal na calada da noite, em suas
camas (Mq.2:1,2). O que
temos pensado, amados
irmãos? O que
está em nossos
corações? Saibamos todos
que o mesmo Deus de Miqueias
continua a contemplar todos os nossos pensamentos e não Se engana, pois bem
sabe o que há no interior de cada ser humano (Jo.2:24,25).
- Aos que maquinavam e
praticavam o mal, o Senhor avisa que havia projeto um mal para eles, que
sofreriam inteira desolação, pois estavam a “restringir o Espírito do Senhor”
(Mq.2:3-7).
- Muitos,
na atualidade, estão
a fazer do
mesmo modo que
aqueles desobedientes dos
dias de Miqueias. “Restringem o Espírito do Senhor”,
porquanto estão a desejar e a praticar o mal, provocando o afastamento do Espírito Santo
de suas vidas.
A estes, não
sobrará senão a
inteira desolação, porquanto
não querem ter comunhão com o Espírito Consolador, com o
Espírito que nos faz glorificar a Cristo, que é Caminho, Verdade e Vida. Buscam
para si mesmos a perdição lamentavelmente.
- Entretanto, o mesmo
profeta diz que fazem bem as palavras de Deus aqueles que andam retamente
(Mq.2:7). Portanto, andar retamente é andar segundo a Palavra de Deus,
obedecer-Lhe em tudo quanto tem revelado a nós. Em contraste com o povo de Israel, que havia se tornado inimigo de Deus
na desobediência (Mq.2:8), aqueles que cumprem a Palavra de Deus, que observam
os Seus mandamentos, são Seus amigos e o juízo não lhes atingirá. A que grupo
pertencemos?
- O profeta ainda nos
informa que os desobedientes são aqueles que pensam nas coisas deste mundo, que
pensam ter descanso
nesta vida, que
almejam o bem-estar
única e exclusivamente aqui
neste mundo.
“Levantai-vos e andai, porque
não será aqui o vosso descanso; por causa da corrupção que destrói, sim, que destrói
grandemente” (Mq.2:10).
- Verificamos
aqui que o
profeta nos ensina
que os que
fazem bem as
palavras de Deus,
os que andam retamente são, precisamente, aqueles
que não se prendem às coisas deste mundo, às coisas desta vida, porque sabem
que almejam algo que está além desta vida, além desta Terra, que, por causa da
corrupção, ou seja, por causa do pecado, não tem como nos dar algo que
realmente nos possa satisfazer. As coisas desta vida estão inevitavelmente
dominadas pela corrupção, corrupção que destrói grandemente.
- Como é triste verificar
que, em nossos dias, também muitos estão a querer servir a Deus mas com foco
único e exclusivo nas coisas desta vida, chegando, mesmo, a querer fazer de
Deus um instrumento, um meio para se chegar a um bem-estar terreno, como se o
propósito de servir a Deus fosse o de se ter um paraíso neste mundo.
Todavia, Miqueias faz-nos
ver que a obediência a Deus jamais tem por objetivo um bem-estar neste mundo, por
causa da “corrupção que destrói, sim, que destrói grandemente”. Temos esta
consciência?
- Os
desobedientes somente teriam
a um profeta
que lhes profetizasse
“acerca do vinho
e da bebida
forte” (Mq.2:11), alguém que os fizesse seguir o “espírito de
falsidade”, a mentira. Quantos, na atualidade, também não tem procurado
“doutores conforme as suas próprias concupiscências”, desviando-se da verdade e
voltando às fábulas, por
que não suportam
a sã doutrina
(II Tm.4:3,4)? Quantos
não têm preferido
seguir após enganadores a
obedecer à Palavra
do Senhor? Quantos
não têm repetido
o conhecido dito
popular: “Me engana que eu
gosto”? Será que somos destes, preparados para o juízo divino? Que Deus nos
guarde!
- Entretanto,
aos restantes de
Israel, ou seja,
àqueles que preferem
obedecer a Deus,
a andar retamente,
a fazer bem as palavras do Senhor, a estes, o Senhor traz uma mensagem
totalmente diversa: “…congregarei o restante de Israel: pô-los-ei todos juntos,
como ovelhas de Bozra; como rebanho no meio do seu curral, farão estrondo por
causa da multidão dos homens. Subirá diante deles o arroteador; eles romperão,
e entrarão pela porta, e sairão por ela; e o rei irá adiante deles, e o Senhor
à testa deles” (Mq.2:12,13).
- Para os que obedecem a
Deus, o Senhor promete que seriam reunidos num rebanho, cujo pastor seria o
rei, o próprio Senhor. Temos aqui uma nítida promessa messiânica, que o próprio
Jesus confirmou ao Se apresentar como o Bom Pastor, que reuniria não só as
ovelhas de Israel, mas também os gentios (Jo.10:1-30).
- Para sermos ovelhas do
Senhor Jesus, portanto, é absolutamente necessário que Lhe sejamos obedientes,
que ouçamos a Sua voz, que O sigamos (Jo.10:14,27). Não é possível ser ovelha
de Cristo Jesus sem fazer o que Ele manda, sem viver de acordo com as
Escrituras, que d”Ele testificam (Jo.5:39), sem entrar pela porta, que é o
próprio Cristo (Jo.10:9). Será que somos ovelhas do Senhor Jesus?
- Entretanto, não era esta a
condição dos chefes de Jacó, dos príncipes da casa de Israel, que, apesar de
serem os líderes do
povo, em vez de
serem responsáveis pela
sua santificação eram os
primeiros a desobedecer
a Deus, um triste retrato que vemos hoje em muitas de nossas igrejas
locais…
- Embora fossem os príncipes
os responsáveis pela aplicação da lei, pela condução da sociedade segundo os parâmetros
delineados pelo Senhor, eles eram os primeiros a “aborrecer o bem e amar o
mal”. Como já fora denunciado por Amós,
Miqueias mostra toda
a reprovação divina
diante da opressão
que os príncipes exerciam sobre as camadas mais
humildes da população.
- Os poderosos estavam a
“arrancar a pele”, “comer a carne” e “esmiuçar os ossos” dos mais pobres, dos
mais humildes, numa exploração intensa e cruel, sem qualquer piedade ou
compaixão. Como resposta a este estado de
coisas, o Senhor
diz que, quando
os príncipes clamassem,
no instante mesmo
do lançamento do
juízo divino contra a nação, não seriam ouvidos por Deus, até porque
Deus não ouve a pecadores, mas, sim, aos que temem a Ele e faz a Sua vontade
(Jo.9:31).
- Não
será diferente com
os opressores de
nossos dias, que
estão a implantar,
a cada dia,
mais e mais
um sistema de iniquidade em todos os países, um sistema de cada vez
maior exploração do homem pelo homem.
Apesar da
iníqua distribuição de
renda que torna
os poderosos e
ricos cada vez
mais poderosos e
ricos, o Senhor, assim
como nos dias
de Miqueias, também
lançará o Seu
juízo sobre eles,
e a sua
“Babilônia comercial” será destruída
num só instante
(Ap.18). Busquemos, pois,
sermos fiéis a
Deus, renunciemos às vantagens,
benesses e prazeres
que este mundo
injusto oferece, pois
não vale a
pena cairmos nas
mãos do Deus vivo.
- Mas
o juízo de
Deus não se
limitaria aos príncipes
opressores. Também atingiria
os falsos profetas,
que faziam errar o
povo de Israel,
dizendo que eles
poderiam praticar o
pecado impunemente, pois
Deus tinha compromisso incondicional
de livrá-los do
cativeiro ou das
calamidades. Eram os
profetas que, diante
da decadência espiritual denunciada pelos profetas verdadeiros,
insistiam em dizer para o povo. “Paz!”
- Porventura, não é o que vemos em nossos dias? Multiplicam-se
os falsos profetas, que estão a pregar um evangelho que tolera,
compreende e permite o pecado; um evangelho que se “adapta” aos “novos tempos”,
que reinterpreta as Escrituras segundo a vontade pecaminosa dos homens, o
evangelho do “não faz mal”, onde tudo se permite, onde tudo é relativo.
- Quantos
não estão a
ensinar coisas contrárias
à Bíblia Sagrada?
Quantos não estão
a pôr em
dúvida a atualidade das
Escrituras? Quantos não têm distorcido o texto sagrado para adaptá-lo à sua
maneira de viver pecaminosa? Estes falsos profetas, assim como os denunciados
por Miqueias, estão a “preparar uma guerra” contra Deus e quem pode subsistir
ao Senhor? Se Deus é contra estes falsos profetas, quem poderá ser por eles?
- Deus promete para estes
falsos profetas “uma noite”, “um dia de trevas”, “um dia escuro”, “um dia
negro” sobre eles, onde
cessarão todas estas
falsas profecias e
somente haverá vergonha
e confusão sobre
eles. O Senhor, a exemplo do que
faria com os príncipes opressores, não lhes daria qualquer resposta (Mq.3:5-7).
- Miqueias, no entanto, faz
questão de dizer que era “cheio do Espírito do Senhor, cheio de juízo e de
ânimo para anunciar a
Jacó a sua
transgressão e a
Israel o seu
pecado” (Mq.3:8). Denunciar
o pecado, amados irmãos, não
é tarefa fácil,
é estar pronto
a ser impopular,
a ser perseguido,
a ser incompreendido, a ser antipático.
Somente quem é cheio do Espírito Santo pode assumir uma tal posição, pode se
pôr na brecha e enfrentar toda a pressão do inimigo que quer arruinar o povo de
Deus.
- Faltam-nos,
hoje, Miqueias que
estejam dispostos a
pagar o preço
de falar a
verdade, de contrariar
os enganos dos falsos profetas que falam o que os que se acomodaram com
uma vida pecaminosa querem ouvir.
A fala da verdade, o
abandono de um discurso politicamente correto e enganoso, que se encontra nos
lábios de tantos pseudohomens de Deus, é uma das coisas que mais precisamos
nestes dias imediatamente anteriores ao lançamento do juízo divino sobre a face
da Terra. Estamos dispostos a pagar o preço?
- Miqueias estava do lado da
verdade e da justiça, o que era uma situação mais do que incômoda numa sociedade
em que os chefes e maiorais abominavam o juízo e pervertiam tudo o que era
direito, edificando a Sião com sangue e a Jerusalém, com injustiça (Mq.3:9,10).
- Naqueles dias, servir a
Deus não era fácil não só para o profeta, mas também para todos os que “andavam
retamente”, pois se alguém fosse procurar justiça junto aos chefes, estes
estavam totalmente corrompidos, pois davam as suas sentenças por presentes. Se
o justo buscasse, então, ciente da corrupção dos governantes, um auxílio junto
aos sacerdotes, teoricamente mediadores entre Deus e o povo, também percebia
que o ensino dos sacerdotes somente se dava por interesse. Por fim, se
recorressem aos profetas, levantados por Deus no meio do povo
para trazer a
mensagem de Deus,
ficaria igualmente decepcionado,
pois os profetas
somente adivinhavam por dinheiro. E o mais triste de tudo isto: tanto
príncipes, quanto sacerdotes, como os profetas alardeavam aos quatro ventos que
o Senhor estava no meio deles e que nenhum mal lhes sobreviria (Mq.3:11).
- Como dizia o saudoso
pastor Walter Marques de Melo (1933-2012), esta situação é vivida por muitos
servos do Senhor na
atualidade. Muitos vão
aos governantes, e
verificam que o
Poder Público está
minado pela corrupção, não
se podendo aguardar
que dali venha
a justiça e
o bem comum.
Correm, então, aos
líderes religiosos, aos sacerdotes e ministros, e ali verificam que tudo
o que se faz é movido a interesses escusos, se a menor preocupação
com o bem-estar
espiritual das pessoas.
Recorrem, então, àqueles
que dizem ser mensageiros do
Senhor, a pregadores,
a pessoas que
dizem ter uma
vida consagrada a
Deus e, para
seu espanto, percebem que estão diante de mercenários, que tudo fazem
por dinheiro.
- Diante
deste infortúnio, o
justo, então, ainda
observa, com espanto,
que tanto os
governantes se dizem devotos, tementes
a Deus, como
também os sacerdotes
e os profetas.
Todos estão a
dizer que vivem
e defendem os valores morais e espirituais trazidos pelo Senhor à
humanidade.
- O Senhor, porém, não está
inerte, tudo vê e tudo observa e para estes que assim vivem, anuncia a vinda do
juízo: “Sião será lavrada como um campo e Jerusalém se tornará em montões de
pedras, e o monte desta casa em lugares altos dum bosque” (Mq.3:12).
- Miqueias
foi levantado para
nos mostrar que
a desobediência não
traz vantagem alguma
nem tampouco ficará impune. Não podemos nos escandalizar quando vemos a
corrupção grassando no governo, na
igreja e entre
os que se
dizem servos de
Deus. Devemos, tão
somente, olhar para
Jesus, o autor
e consumador da nossa
fé (Hb.12:1,2), pois
Ele somente pode
nos servir de
exemplo, já que
foi o único
que nunca pecou (Hb.4:15).
- Miqueias, portanto, em
suas primeiras mensagens, proferidas pouco antes da destruição do reino de
Israel, não só anunciava o juízo sobre o reino do norte, como também o
cativeiro sobre o reino do sul, prometendo, porém, o resgate do “restante de
Israel”, que fazia bem as palavras do Senhor.
III
– VISÃO DE UM FUTURO GLORIOSO
- Miqueias teria tido um
hiato em sua atividade profética, que somente seria retomada após a destruição
do reino de Israel, no término do reinado de Ezequias, durante os últimos doze
anos daquele rei.
- Depois de ter sido usado
por Deus para falar a respeito das consequências da desobediência, agora o
profeta traz uma mensagem a Judá referente aos “últimos dias”, profecia esta
que como que explicitava a promessa já anunciada pelo profeta ao “restante de
Israel”, ou seja, aos que se mantivessem obedientes ao Senhor.
- Em vez dos “montões de
pedra” que o profeta anunciara em relação a Samaria (que, a este tempo,
realmente já se tornara um “montão de
pedra”) e a Jerusalém (o que ainda não havia ocorrido), o profeta fala que “o monte da casa do Senhor será
estabelecido no cume dos montes e se elevará sobre os outeiros e concorrerão a ele
os povos” (Mq.4:1).
- O
Senhor mostra aos
que Lhe eram
obedientes que não
só Israel seria
restaurado espiritualmente, como
também todos os povos viriam adorar a Deus no monte da casa do Senhor, ou seja,
Israel cumpriria o seu papel
de reino sacerdotal
e povo santo
que o Senhor
havia prometido quando
do estabelecimento do pacto do Sinai (Ex.19:5,6).
- Ao contrário do que estava
a ocorrer nos dois reinos que, por isso mesmo, sofreriam o juízo divino (Israel
já o havia sofrido,
falta ainda Judá),
naqueles “últimos dias”
todas as nações
adorariam ao Senhor
e de Sião sairia a lei e a Palavra do Senhor, de
Jerusalém (Mq.4:2).
- Miqueias descreve, então,
o reino milenial de Cristo, informando que o próprio Senhor julgará entre
muitos povos e haverá a conversão de poderosas nações, com a conversão das
espadas em exnadas e das lanças,em foice, uma época de paz em que as nações
desaprenderão a arte da guerra (Mq.4:3).
- A
obediência a Deus traz a
paz. Por isso,
em nossos dias,
a segunda maior
atividade do planeta
é o comércio de
armas, que alimenta
as guerras e
rumores de guerra
que se intensificam
a cada instante.
A verdadeira paz somente
pode ser trazida
por Cristo (Jo.14:27)
e esta paz
já pode ser
possuída por todos quantos creram em Cristo como seu único
Senhor e Salvador (Rm.5:1).
- Esta paz que somente será
estabelecida plenamente no reino milenial de Cristo, pode, porém, já ser sentida
pelos que servem a Cristo Jesus e não só por estes, mas todos os que nos
cercam, já que somos pessoas que devem emanar rios de água viva do seu interior
(Jo.7:38). Não foi por acaso que a primeira providência que Cristo ressurreto
fez em relação aos Seus discípulos foi a de lhes conceder a Sua paz (Jo.20:19).
- Quem anda no nome do Senhor nosso Deus,
eternamente e para sempre, é alguém que tem esta paz e que faz com que os que
os cercam a desfrutem, ainda que em caráter limitado (Mq.4:4,5).
- Quando o Senhor
estabelecer o Seu reino, diz o profeta, serão recolhidas as ovelhas que
coxeavam, as que tinham sido expulsas, as que tinham sido maltratadas e todos
serão reunidos num só rebanho, tornando-se uma nação poderosa (Mq.4:6-8).
- No
entanto, se isto
ocorreria “nos últimos
dias”, o fato
é que o
que aguardava Judá
era tão somente
o cativeiro da Babilônia (Mq.4:9,10), mas a destruição não seria total,
pois as nações que achavam estar a pôr fim ao povo judaíta seriam
surpreendidos, pois o Senhor tinha para Seu povo um outro destino, o de se
tornar uma nação poderosa,
que dominaria os
outros povos, mas
que, sobretudo, seria
consagrada ao Senhor (Mq.4:11-13).
- Esta
mudança de estado
no povo de Judá
se daria graças
Àquele que seria
Senhor em Israel
e que nasceria em Belém Efrata,
embora fosse desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Mq.5:1,2).
- Temos aqui uma das mais conhecidas e
espetaculares profecias da Bíblia Sagrada, que confirma a veracidade das
Escrituras. Setecentos anos antes, Miqueias mostra com absoluta clareza onde
nasceria o Senhor de Israel, onde
nasceria Cristo Jesus. Tanto
assim é que
foi com base
nesta profecia que
os magos foram
até Belém, depois de orientados
pelos escribas da corte de Herodes (Mt.2:1-11).
- Não há como se alcançar a
paz, não há como passar a obedecer a Deus e a gozar de Suas promessas se não for
por Aquele que nasceu em Belém Efrata, senão através de Jesus Cristo.
- Para
sermos rebanho do
Senhor, para sermos
participantes desta paz
que o Senhor
oferece aos que
Lhe obedecem, é mister
que sejamos apascentados
por este Senhor
nascido em Belém
Efrata, Este “que permanece, apascenta
o povo na
força do Senhor,
na excelência do
nome do Senhor
Seu Deus” (Mq.5:4).
Somente permanecerão aqueles
que servirem a Este que “foi engrandecido até os fins da terra” (Mq.5:4).
- Jesus é a nossa paz (Mq.5:5)
e não haverá qualquer turbulência ou mal deste mundo (simbolizado aqui pela Assíria,
que era, ao tempo da profecia de Miqueias, o mais temido inimigo de Judá) que
poderá nos tirar esta paz, ou seja, esta comunhão com Deus. Os nossos inimigos
passarão, mas o Senhor Jesus permanecerá e, com Ele, todos quantos Lhe
obedecerem. Aleluia!
- Miqueias profetiza, então,
a derrocada da Assíria, que seria debelada por “sete pastores e oito príncipes dentre
os homens”, que seriam levantados pelos próprios servos de Deus (Mq.5:5,6). O
restante de Jacó, ainda que
espalhado por muitas
nações, seria reunido
pelo Senhor, que,
também, exterminaria todos
os seus inimigos, inclusive pondo
fim a todo o pecado por eles cometido, tais como feitiçarias, idolatria,
exercendo Sua vingança sobre todas nações que não ouvem (Mq.5:9-15).
- Vemos aqui, agora em
relação às nações, a demonstração da “mão vingadora do Senhor” sobre todos os
que “não ouvem”, ou seja, sobre os desobedientes. A desobediência não gerava
juízo apenas para o povo de Israel, a nação escolhida de Deus, mas, como Deus
não faz acepção de pessoas (Dt.10:17), também atingiria todas as demais nações
que insistiam em desobedecer a Deus, praticando idolatria e feitiçarias.
- Não nos iludamos, amados
irmãos. Deus é amor, mas também é justiça e todos quantos não O ouvirem, não Lhe
forem obedientes, sofrerão o Seu juízo no tempo certo. Mas quem está em Cristo,
quem serve ao Senhor Jesus e Lhe é obediente, será livrado da ira futura (I
Ts.1:10), da “hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os
que habitam na terra” (Ap.3:10). O que estamos a esperar?
IV
- CONTROVÉRSIA ENTRE DEUS E SEU POVO E PROMESSA DE BÊNÇÃOS FUTURAS
- Após ter tido uma visão a
respeito dos “últimos dias”, em que apresenta uma mensagem divina de esperança aos
que são obedientes ao Senhor, o profeta traz outra mensagem da parte de Deus,
em que anuncia uma “contenda” com o Seu povo, com Israel.
- A palavra “contenda”
utilizada no texto sagrado é a palavra hebraica “riyb” (ביך), que tem o sentido
de uma “demanda”, de uma “ação judicial”. O Senhor como que estabelece um
processo em que irá demandar contra o Seu povo.
-
O Senhor faz
a seguinte pergunta
para Israel: “Ó
povo meu! Que
Eu te tenho
feito? Em que
te enfadei?
Testifica contra
Mim” (Mq.6:3). Aqui,
a exemplo do
que faria posteriormente por
intermédio do profeta Jeremias (Jr.2:5) no início do
ministério daquele profeta, o Senhor lança um desafio a Israel, no sentido de
que Lhe fosse apontada alguma infidelidade no compromisso que havia assumido
com o Seu povo na aliança do monte Sinai.
- O Senhor lembra Israel de
que havia remido Israel da escravidão do Egito, livrado Israel das ações do rei
de Moabe, Balaque, quando este tentou que Balaão amaldiçoasse o povo,
cumprindo, assim, a promessa de fazer os israelitas entrar na Terra Prometida.
- O Senhor, também, mostra
que os israelitas não estavam a cumprir a sua parte no pacto estabelecido no
Sinai por manterem o ritual cerimonial da lei. Uma vez no texto sagrado, vemos
que Deus não Se importa com a religiosidade externa, com o sacrificar, querendo
muito mais a obediência que o sacrifício (I Sm.15:22).
- Repetindo
uma mensagem que
seria proferida também
por Isaías, profeta
contemporâneo a Miqueias,
no início de seu livro (Is.1:11-14), o profeta Miqueias mostra que
Israel cumpriria a sua parte na aliança firmada no Sinai se tão somente
praticasse a justiça e a beneficência e andasse humildemente com o seu Deus,
sendo de todo inútil a oferta de sacrifícios e holocaustos se não fossem
acompanhadas de atitudes que revelassem a obediência a Deus (Mq.6:6-8).
- Se
isto era válido
para o tempo
da lei de
Moisés, em que
o cerimonial tinha
um certo papel
no relacionamento com Deus, que diremos de nosso tempo, o tempo da nova
aliança, em que todo o cerimonial foi abolido e onde se busca a adoração em
espírito e em verdade? Muito mais ainda o que Deus requer de nós é a obediência
à Sua Palavra, a observância ao Seu novo mandamento de nos amarmos uns aos
outros como Ele nos amou do que a prática de uma religiosidade externa que,
agora na dispensação da graça, apresenta-se muito menos formal e solene que no
tempo antigo.
- Todavia,
paradoxalmente, muitos, na
atualidade, estão a
agir como os
fariseus, fortemente criticados
pelo Senhor Jesus precisamente por viverem uma religiosidade externa, de
mera aparência (Mt.23), achando que o Senhor Se compraz em atitudes despidas de
uma conversão interior, de uma sinceridade de propósitos, de uma contrição de
coração e de um quebrantamento de espírito. Deus atenta para o coração
contrito, para o espírito quebrantado,
que para Ele
são os verdadeiros,
genuínos e autênticos
sacrifícios (Sl.51:17) e
não para ostentações externas,
que muito pouco e, por vezes, proveito algum possuem.
- Como
anda nossa vida
espiritual, amados irmãos?
Temos nos pautado
por uma religiosidade
externa, de aparência, vistosa em
nossas igrejas locais, ou temos procurado servir a Deus de coração inteiro,
numa vida sincera e devotada a obedecer à Palavra do Senhor em todos os lugares
que freqüentamos? Pensemos nisto!
- O Senhor não estava
preocupado com os holocaustos com bezerros de um ano, com os milhares de
carneiros ou com os dez mil ribeiros de azeite que eram utilizados no templo de
Jerusalém (e nos altos de Judá…), mas, sim,
se havia tesouros
de impiedade na
casa do ímpio,
se havia balanças
falsas nos estabelecimentos comerciais dos ímpios, se
havia verdade na língua de cada judaíta,
se havia violência no proceder dos ricos (Mq.6:9-12).
- O que Deus vê em nossas
casas? Será que observa a mesma santidade que ostentamos nas igrejas locais? O que Deus
vê em nosso
comportamento profissional? Será
que vê o
mesmo zelo que
alguns demonstram ao tratar dos assuntos eclesiásticos? O que o
Senhor vê e ouve em nossas conversas privadas, em nossos diálogos fora dos
cultos?
- Como
os judaítas estavam
simplesmente a oferecer
holocaustos mas a
praticar os pecados,
sem obedecer ao Senhor,
ante o processo
instaurado, conclui-se pela
culpa de Israel,
motivo pelo qual o
Senhor o
feriria e o
assolaria. Qual o
motivo de o Senhor lançar
o juízo divino
sobre Israel? Porque
eles “observavam os estatutos de Onri e toda a obra da casa de Acabe e
andavam nos conselhos deles” (Mq.6:16). Em suma:
o pecado, a
desobediência a Deus
traz o opróbrio,
o juízo divino.
Somente a obediência
a Deus pode nos livrar do juízo
divino.
- A situação vivida por
Israel, que trilhava o caminho do pecado, o caminho da desobediência, trazia ao
povo um estado extremamente
lamentável e que
não se coadunava
com o compromisso
assumido pelo povo
do Senhor. O resultado de um estado pecaminoso deste foi o
“perecimento do benigno da terra”, não
havendo mais sequer um homem que fosse reto (Mq.7:1,2).
- A partir dos poderosos do
país (príncipe, juiz, grande), havia a prática do mal e o alastramento da
corrupção. “O melhor deles é como um
espinho; o mais reto é pior do que o espinhal” (Mq.6:4). Vemos, pois, que os
que estão em eminência
numa determinada sociedade
têm maior culpabilidade, porquanto
não só pecam
como induzem os outros
a pecar. Como
diz o “Tratado
dos Pais” (“Pirke
Avot”) do Talmude,
o segundo livro sagrado do judaísmo: “Todo aquele que
torna uma multidão meritória, nenhum pecado virá através dele, mas aquele que
faz uma multidão
pecar, a este
não serão dados
os meios de obter o
arrependimento. Moisés alcançou a
virtude e conduziu
a multidão à
virtude; portanto, o
mérito da multidão
lhe pertence, pois
está escrito: ‘ele efetuou a justiça do Eterno, e seus juízos para com
Israel’ (Dt.33:21). Jeroboão, filho de Nevat, pecou e levou a multidão a pecar;
portanto, a iniquidade é devida a ele, pois está escrito: ‘pelos pecados de Jeroboão
que ele cometeu e fez Israel cometer’ (I Rs.15:30) “ (Pirke Avot 5:21).
- O
comportamento adotado pelo
núcleo dirigente da
sociedade de Judá
levou a uma
conduta pecaminosa generalizada
de todos os judaítas, a ponto de que não havia mais qualquer confiabilidade em
amigos ou em guias, havendo desprezo
dos pais por
parte dos filhos,
de filhas em
relação a suas
noras, de forma
que os inimigos do homem eram os
de sua própria casa (Mq.6:4-6).
- Notamos,
assim, que os
dias de Miqueias
se assemelham muito
aos dias em
que vivemos, os
“dias trabalhosos” de que fala o
apóstolo Paulo em sua segunda carta a
Timóteo, dias característicos dos últimos tempos da dispensação da graça (II
Tm.3:1-5).
- Que
deve fazer um
servo de Deus
diante de uma
sociedade tão corrompida?
Diz o profeta:
“Eu, porém, esperarei no Senhor;
esperei no Deus da minha salvação: o meu Deus me ouvirá” (Mq.6:7).
- Diante de tanta corrupção,
o profeta, homem cheio do Espírito Santo, esperava em Deus, preferia obedecer ao
Senhor, seguir-Lhe os passos, atender aos estatutos e mandamentos do Senhor e
não os “de Onri e da casa de Acabe”. Em suma: o profeta preferia viver separado
do pecado, em santidade, obedecendo a Deus.
- Quem tem o Espírito Santo
em seu interior, por ter crido em Cristo Jesus como único e suficiente Senhor e
Salvador (Jo.14:17), não
pode ter outra
conduta, senão a
de afastar do
“modus vivendi” pecaminoso
da sociedade. O salvo é diferente, pois está em comunhão com Deus,
caminha para uma cada vez mais intensa intimidade com Deus, a fim de atingir a
unidade que é o objetivo da missão de Jesus Cristo (Jo.17:20,21).
- Por isso, vemos com muita
preocupação a conduta de muitos que cristãos se dizem ser, em nossos dias, que,
em vez
de apresentarem uma
vida diferente da
dos que não
seguem a Cristo,
procuram, cada vez
mais, “adaptar” sua maneira de viver ao modo de vida vivido pelos
incrédulos, buscando, quando muito, apenas uma “roupagem” diferenciada desta
mesma maneira de
viver, algo que
tem sido considerado
como a “gospelização”, ou seja,
a adoção de “modos gospel” de pecar, o que é inadmissível e revela, como nos
ensina claramente Miqueias, que se trata de pessoas que estão a desobedecer a
Deus e que, portanto, não receberão senão o juízo divino.
- Diante deste comportamento
do profeta, há uma esperança para quem se porta desta maneira. Ainda que o profeta não
seja perfeito e
possa vir a
cair, por causa
de sua intenção
de servir a
Deus de modo
sincero e verdadeiro, não apenas
externo e formal, haveria o levantamento, pois, ainda que vivesse em uma
sociedade tenebrosa, o Senhor seria a sua luz (Mq.7:8).
- O profeta traz, então, uma
mensagem de esperança para Israel. A ira do Senhor não seria para sempre, pois
Deus estava disposto a perdoar o Seu povo, prometendo, inclusive, a restaurar a
nação que sofreria a iria divina, mas não para sempre (Mq.7:9-13).
- O
Senhor promete restaurar
espiritualmente Israel, reafirmando
aqui profecia anterior
de Miqueias que haveria um “restante de Israel” que,
finalmente, cumpriria o papel reservado ao povo escolhido do Senhor de “reino sacerdotal
e povo santo”
que havia sido
estatuído na aliança
do Sinai. Os
inimigos de Israel
se espantariam e se
calariam diante da
demonstração da soberania
divina e do
Seu amor para
com Israel (Mq.7:16).
- O
profeta Miqueias, então,
afirma: “Quem, ó
Deus, é semelhante
a Ti, que
perdoas a iniquidade
e que te esqueces
da rebelião do
restante da Tua
herança? O Senhor
não retém a
Sua ira para
sempre, porque tem prazer
na benignidade. Tornará
a apiedar-Se de
nós: subjugará as
nossas iniquidades, e
lançará os nossos pecados nas profundezas do mar. Darás
a Jacó a fidelidade, e a Abraão a benignidade, que juraste a nossos pais desde
os dias antigos” (Mq.7:18-20).
- Deus
perdoaria o “restante
de Israel”, mas
não porque é
um Deus “bonzinho”,
que “passa por
cima dos pecados”. Muito pelo
contrário, como temos visto ao longo da profecia, o que se tem, por parte do
“restante de Israel”, é uma busca de
servir a Deus,
de obedecer-Lhe, um
arrependimento e conversão
que conduz ao livramento
do juízo divino.
Deus não “passa
por cima dos
pecados”, mas reage
a uma atitude
genuína de arrependimento e
conversão.
- Miqueias, pois, termina a
sua profecia lembrando ao povo que podia esperar em Deus, que valia a pena obedecer-Lhe,
pedindo perdão pelos pecados cometidos, pois a misericórdia de Deus estava ao
alcance. Vale a pena, amados irmãos,
obedecermos a Deus,
pois aí, então,
a “mão estendida
do Senhor” estará
ao nosso alcance e livres seremos
da ira futura. Confiemos e esperemos em Deus e sigamos a santificação, sem a
qual ninguém verá o Senhor (Hb.12:14).
Colaboração para o portal
Escola Dominical - Ev. Caramuru Afonso Francisco
This entry was posted on segunda-feira, 12 de novembro de 2012 at 09:48. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
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