LIÇÃO Nº 7 – MIQUEIAS, A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA




INTRODUÇÃO

- Na sequência do estudo dos livros dos profetas menores, hoje estudaremos o livro de Miqueias, o sexto livro no cânon do Antigo Testamento.

- O livro de Miqueias revela a todos os nós o que ocorre com quem obedece a Deus bem como quem Lhe desobedece.

I – O LIVRO DE MIQUEIAS

- Na sequência do estudo dos livros dos profetas menores, estudaremos hoje o livro de Miqueias, que é o sexto livro na ordem do cânon do Antigo Testamento. Na Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, o livro de Miqueias ocupa o terceiro lugar entre os profetas menores.

- Em hebraico, Miqueias é "Mikhah" (מיכה), que significa, "quem é semelhante a Jeová?".  Seu ministério ocorreu durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, sendo ele próprio deste mesmo reino, pois era de Moresete ou Maressa (Js.15:44), local que tem sido identificado com uma aldeia situada a 40 km a sudoeste de Jerusalém, pertencente à tribo de Judá. Logo observamos que seu ministério é contemporâneo aos de Isaías, Oseias e Amós, se bem que tenha desenvolvido seu ministério no reino do sul, ou seja, durante a época de Isaías.

- Edward Reese e Frank Klassen, co-organizadores da Bíblia em ordem cronológica, situa os dois primeiros capítulos de Miqueias por volta de 744 a.C., no reinado de Jotão, no início do ministério de Isaías. O terceiro capítulo de Miqueias é datado de 725 a.C., já no reinado de Ezequias, na iminência do fim do reino de Israel (reino do norte). O restante do livro é datado de cerca de 704 a.C., logo após o nascimento de Manassés, nos últimos doze anos do reinado de Ezequias.

- A mensagem do livro de Miqueias também envolve a questão do juízo vindouro de Deus sobre o Seu povo, tanto no reino do norte quanto no reino do sul, a comprovar que Deus estava a advertir sobejamente o povo da iminência da destruição de ambos os reinos, tendo, para tanto, levantado vários profetas para dar esta mensagem.

- Miqueias profetiza no sul com a mesma intensidade de Oseias e de Amós no reino do norte, denunciando o pecado nas relações sociais, as injustiças e as arbitrariedades que estavam sendo cometidas. A mensagem, porém, anuncia, a exemplo de Isaías, a vinda de uma época de paz e prosperidade, a ser liderada pelo Senhor em Israel, que surgiria de "Belém Efrata", embora fosse desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Mq.5:2).

- De pronto, vemos que o livro de Miqueias nos ensina que a Palavra de Deus é sempre a mesma, num consenso que nos permite crer nela sem qualquer dúvida ou hesitação. Embora de cidades diversas, de origens diferentes, os profetas anunciavam a mesma mensagem. Por isso, o apóstolo Paulo, ao se dirigir aos filipenses, afirmou que não se aborrecia de lhes escrever as mesmas coisas, pois dizia que isto conferir segurança aos crentes (Fp.3:1).

- Nem podia ser diferente, pois se a Palavra é o próprio Cristo (Jo.1:1; Ap.19:13), temos de ter consciência de que Jesus é o mesmo, ontem, hoje e eternamente (Hb.13:8) e, portanto, a mensagem do Evangelho jamais pode mudar, é sempre a mesma, como fazia questão de sempre nos lembrar o saudoso pastor Walter Marques de Melo.

- Ao vermos a sintonia entre as mensagens dos profetas nos dias de Miqueias, aprendemos que não podemos dar margem a “inovações”, como, infelizmente, muitos dos que cristãos se dizem ser estão a fazer em nossos dias. O Evangelho é o mesmo e, portanto, não podemos buscar “novidades”, atitude que é típica de quem não serve a Deus, como era o caso dos atenienses e estrangeiros que residiam em Atenas nos dias do apóstolo Paulo (At.17:21).

- Além disso, ao lermos o livro do profeta Miqueias, percebemos que a mensagem de Deus ao homem é bem objetiva: Deus, em virtude de Sua justiça e santidade, tem de lançar juízo sobre todos os que Lhe desobedecem, mas, antes que o faça, o Senhor mostra que há uma forma de o homem voltar a ter comunhão com Deus e, assim, em vez de sofrer o juízo, gozar das bênçãos que o Senhor quer e promete dar aos que O buscarem de coração inteiro. A obediência é o segredo para alcançarmos as promessas de Deus.

- O livro de Miqueias, que tem 7 capítulos, pode ser dividido em três partes, a saber:

a) 1ª parte - julgamentos divinos contra Israel e Judá - Mq.1-3

b) 2ª parte - visão de um futuro glorioso - Mq.4-5

c) 3ª parte -controvérsia entre Deus e Seu povo e promessa de bênçãos futuras-Mq.6-7.

- Em Miqueias, a promessa do Messias como Alguém que alterará o estado caótico em que se encontrava a nação  e  lhe  trará  um  futuro  glorioso  é  explícita  e  cristalina.  O  Messias  nasceria  no  meio  do  Seu  povo,  em Belém de Judá, para redimir este mesmo povo. 

OBS: " O Livro de Miqueias ante o Novo Testamento - Assim como outros profetas do AT, Miqueias olhou para  além do  castigo de Deus  a  Israel  e Judá, e  contemplou o Messias vindouro e Seu  reino justo na terra. Setecentos anos antes da encarnação de Cristo, Miqueias profetizou que Ele haveria de nascer em Belém (5.2). Mateus 2.4-6 narra que os sacerdotes e escribas citaram este versículo como resposta à pergunta de Herodes concernente ao lugar onde o Messias nasceu. 

Miqueias revelou, também, que o reino messiânico seria de paz (5.5; cf. Ef.2.14-18), e que o Messias pastorearia o Seu povo com justiça (5.4; cf. Jo.10.1-16; Hb.13.20). As referências frequentes de Miqueias sobre a redenção futura, revelam que o propósito e o desejo permanente de Deus  para  o  Seu  povo  é  a  salvação,  e  não  a  condenação.  Tal  verdade  é  desdobrada  no  NT  (e.g. Jo.3.16)."(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.1320-1). 

           "  Cristo  Revelado  -  As  profecias  sobre  Cristo  fazem  o  Livro  de  Miqueias  luzir  com  esperança  e encorajamento.  O  livro  se  inicia  com  uma  grandiosa  exposição  da  vinda  do  Senhor  (1.3-5).  As  profecias posteriores afirmarão o aspecto pessoal de Sua chegada em tempo histórico. Mas a disposição de Deus para descer e interagir é estabelecida no princípio. A primeira profecia messiânica ocorre numa cena de pastor de ovelhas.  Depois  que  a  terra  deles  havia  sido  corrompida  e  destruída,  um  restante  dos  cativos  seria  reunido como  ovelhas  num  curral.  Então,  alguém  quebraria  o  cercado  e  os  levaria  para  fora  da  porta,  em  direção  à liberdade.(2.12-13). 

E esse alguém é seu 'rei' e 'Senhor'. O episódio completo harmoniza-se belamente com a proclamação  de  Jesus  acerca  da  liberdade  aos  cativos  (Lc.4.18),  enquanto,  na  verdade,  liberta  os  cativos espirituais e físicos. Mq.5.2 é uma das mais famosas profecias de todo o AT. Ela autentica a profecia bíblica como  'a  Palavra  do  Senhor'(1.1;  2.7;  4.2).  A  expressão  'A  Palavra'  do  Senhor  (4.2)  é  um  título  aplicável  a Cristo (Jo.1.1; Ap.19.13). A profecia de Mq.5.2 é, explicitamente, messiânica ('Senhor em Israel') e especifica seu  lugar  de  nascimento  em  Belém,  num  tempo  quando  Belém  era  pouco  conhecida.  Suas  palavras  foram pronunciadas muitos séculos antes do acontecimento; ele não tinha nenhuma sugestão do lugar a que recorrer. 

Outra  característica  dessa  profecia  é  que  ela  não  pode  se  referir  a  apenas  qualquer  líder  que  possa  ter  sua origem  em  Belém.  Cristo  é  o  único  a  quem  ela  pode  se  referir,  porque  ela  iguala  o  Senhor  com  o  Eterno: 'Cujas  origens  são  desde  os  tempos  antigos,  desde  os  dias  de  eternidade.'  Esta  profecia  confirma  tanto  a humanidade quanto a divindade do Messias de um modo sublime. A profecia de Mq.5.4,5 afirma a condição de pastor do Messias ('apascentará o povo'), Sua unção ( 'na força do Senhor'), Sua divindade ('na excelência do  nome  do  Senhor')  e  Sua  humanidade  ('Seu  Deus'),  Seu  domínio  universal  ('porque  agora  será  Ele engrandecido até os fins da terra') e a Sua posição como líder de um reino de paz ( 'E este será a nossa paz').

 O clímax  da  profecia  (7.18,19),  mais  o  versículo  final  (7.20),  apesar  de  não  incluir  o  nome  do  Messias, definitivamente  refere-se  a  Ele.  Na  expressão  da  misericórdia  e  compaixão  divinas,  ele  é  Aquele  que 'subjugará a nossa iniquidade', lançando-as nas profundezas do mar, para que Deus possa perdoar os pecados e trocar o pecado pela verdade."( BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.890-1).  

-  Segundo  Finnis  Jennings  Dake  (1902-1987),  o  livro  de  Miqueias  tem  7  capítulos,  105  versículos,  20 ordenanças, 23 perguntas, 2 promessas, 123 predições, 2 versículos de profecias não cumpridas, 91 versículos de profecias cumpridas e 7 mensagens distintas de Deus (1:2; 2:1,5,9; 4:1,6; 6:1).  

-  Segundo  alguns  estudiosos  da  Bíblia,  o  livro  de  Miqueias,  o  33º  livro  da  Bíblia,  está  relacionado  com  a décima primeira letra do alfabeto hebraico, “kaph” (כ), cujo significado é “a palma da mão”, que tem o sentido da mão estendida de Deus para o pobre, que, assim, pode receber as bênçãos divinas. Um Deus que está pronto a perdoar, mas que também detém toda a autoridade para castigar os impenitentes.  

I – JULGAMENTOS DIVINOS CONTRA ISRAEL E JUDÁ  

- Logo no limiar do livro de Miqueias, é dito que ali está transcrita a Palavra do Senhor que veio a Miqueias contra Samaria e Jerusalém, ou seja, as duas capitais do reino dividido. Miqueias vê o Senhor no templo da Sua santidade e manda que todos os povos prestassem atenção ao que seria dito, porque Deus seria testemunha contra ambos os reinos (Mq.1:1,2).  

- Miqueias diz que o Senhor sairia do Seu lugar, desceria e andaria sobre as alturas da Terra, tudo por causa das prevaricação de Jacó e dos pecados de Israel, identificando que a transgressão de Israel era Samaria e os altos de Judá, Jerusalém.  

- De imediato, portanto, o profeta nos mostra que Deus é um Ser que tudo vê, que tudo observa, é onisciente e, ao contrário do que afirmam os deístas, ou seja, de que Deus existe mas é indiferente ao que ocorre na criação, é  um  Deus  bem  presente,  que  é  misericordioso  mas  que,  em  se  atingindo  o  limite  de  Sua  longanimidade, intervém para lançar o juízo sobre aqueles que Lhe desobedecem.

- Do templo de Sua santidade, o Senhor está a contemplar o Seu povo e, como Ele não muda (Ml.3:6), isto está acontecendo neste exato instante. Temos consciência de que o Senhor nos está vendo a cada instante de nossas vidas? Temos consciência de que Ele requer de nós obediência à Sua Palavra e que está a verificar se estamos a cumprir o compromisso que com Ele assumimos de Lhe ser fiéis até a morte?  

- Jacó havia prevaricado. Esta expressão “prevaricação”, que, na Bíblia de Jerusalém é traduzida por “crime”, é a palavra hebraica “pesha’” (עשפ), que tem o significado de “transgressão” (como consta na Versão Almeida Revista e Atualizada e na Nova Versão Internacional), “rebelião”, ou seja, “desobediência”.  

-  A  desobediência  de  Jacó  era  Samaria,  ou  seja,  a  própria  capital,  que  tinha  sido  construída  por  Onri  (I Rs.16:24), um rei que fez pior do que todos os seus antecessores no reino do norte (I Rs.16:25) e cuja dinastia adotou  a  idolatria  como  regra  de  vida,  notadamente  os  cultos  a  Baal  e  Asera.  A  propósito,  a  toda  desobediência  o  próprio  profeta  Miqueias  chamará  de  “estatutos  de  Onri  e  toda  a  obra  da  casa  de  Acabe” (Mq.6:16). 

OBS: Lembramos que Acabe era filho de Onri e o sucedeu no trono de Israel (I Rs.16:28).  
- Deus deixava a Sua aparente inércia para lançar sobre o Seu povo os juízos que já haviam sido previstos quando  da  entrega  da  lei  por  intermédio  de  Moisés. 

 A  longanimidade  estava  chegando  ao  fim  e  a desobediência teria a sua devida consequência. Deus continua a atuar da mesma maneira e precisamos estar cientes disto, ou seja, de que, assim como Israel assumira um compromisso de obedecer a Deus na lei, que era tão  somente  o  que  Senhor  requeria  de  Seu  povo  (Dt.10:12,13),  também  devemos  nós,  que  assumimos  o compromisso de servir a Cristo até a morte quando descemos às águas do batismo, ser-Lhe obedientes até a morte, como o próprio Jesus o foi, deixando-nos o exemplo (Fp.2:8).  

- Judá não estava a agir de modo diverso. Deus também saía do Seu lugar para agir com relação ao reino do sul, pois a sua transgressão era Jerusalém. Por quê? Por causa dos altos de Judá. Apesar de não terem incorrido no  pecado  do  reino  do  norte,  que  passaram  a  adorar  os  bezerros  de  ouro  estabelecidos  por  Jeroboão  (I Rs.13:26-33), os judaítas sacrificavam nos altos (I Rs.15:14; 22:44; II Rs.14:4; 15:4,35), ou seja, em altares que  se  disseminavam  no  país,  contrariando,  assim,  a  lei  de  Moisés  que    permitia  sacrifícios  no  templo (Dt.12:11-14).  

-  A  obediência  a  Deus  envolve,  por  primeiro,  que  assumamos  a  condição  de  Seus  servos  e,  portanto,  que entendamos que nada podemos fazer a não ser cumprir a vontade do Senhor. Os israelitas e judaítas estavam a cultuar ao Senhor do seu modo, do seu jeito, pouco se importando com o que o Senhor havia prescrito, com o que  o  Senhor  havia  determinado.  Eram,  por  isso,  desobedientes,  pois  obediência  é  “submissão  completa, sujeição”.  

-  Em  nossos  dias,  não  é  diferente.  Muitos  querem  cultuar  a  Deus  da  sua  maneira,  deixando  de  observar  a forma como o Senhor determinou que fosse o relacionamento entre Ele e o homem. Como afirmou o apóstolo Paulo, nosso culto deve ser racional, um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm.12:1), o que mostra que Deus somente aceitará nosso culto se o mesmo for santo, ou seja, separado do pecado, de entrega total nossa a Deus, o que importa no sacrifício do nosso “ego”, em nossa negação de si mesmo, bem  assim que agrade a Deus, ou seja, esteja de acordo com a Sua Palavra.

-  No  entanto,  muitos  que  cristãos  se  dizem  ser  preferem  “cultos  alternativos”,  onde  fazem  o  que  bem entendem, a exemplo dos israelitas com seus bezerros de ouro e dos judaítas com seus altos. A consequência para  estes  será  a  mesma  que  tiveram  os  homens  do  passado:  a  reprovação  divina  e  o  lançamento  do  juízo divino sobre eles. Que Deus nos guarde!
OBS: Esta tendência de transformar as igrejas em “locais de entretenimento” é fruto de mais uma “novidade”, a chamada “Rede Ministerial” criada  nos  Estados  Unidos  por  Bruce  L.  Bugbee  e  Bill  Hybels  que,  “para  atrair  jovens”,  abriram  mão  da  santidade  (Cf.  EVANGELISTA, Francisco. Cultos ‘alternativos’ crescem no Brasil. 05 set. 2012. Disponível em: http://www.franciscoevangelista.com/2012/09/cultos-alternativos-crescem-no-brasil.html Acesso em 05 set. 2012). Tomemos cuidado, amados irmãos!  

- O Senhor anuncia, então, por intermédio do profeta, que esta desobediência teria fim, pois Samaria se tornaria um montão de pedras do campo, uma terra de plantar vinhas, com todas as suas imagens de escultura despedaçadas, seus salários, queimados pelo fogo e todos os seus ídolos se tornariam uma assolação (Mq.1:6-8).

- Deus, ainda, diz que a chaga de Samaria era incurável e havia, também, atingido Judá. Deus faria descer o mal  até  Jerusalém,  pois em  Laquis  se  teria  iniciado  esta  “infecção”  espiritual  de Judá  por  Israel  (Mq.1:13). Realmente, os assírios chegaram a tomar Laquis e sua queda gerou a submissão de Ezequias aos assírios (II Rs.18:14).  

- O texto do profeta revela-nos que Deus, inclusive, identificou onde começou a “infecção espiritual” de Judá por Israel, embora não saibamos exatamente como isto ocorreu. Esta falta de conhecimento do que ocorreu, entretanto, é uma clara demonstração que Deus conhece até as coisas que desconhecemos e não deixa qualquer um impune. Lembremos disto!  

-  O  Senhor  informa  claramente  que  o  reino  de  norte  (Israel)  seria  levado  para  o  cativeiro  por  causa  de  sua desobediência  (Mq.1:16),  o  que,  efetivamente,  se  cumpriu  alguns  anos  depois  da  profecia,  ainda  durante  o ministério de Miqueias.  

-  Neste  juízo  sobre  o  povo,  Miqueias,  a  exemplo  de  Amós,  também  não  deixa  de  denunciar  a  grande injustiça social existente no meio do povo, consequência imediata do pecado, como vimos na lição sobre o livro de Amós.  

-  O  Senhor  revela,  então,  que  estava  bem  ciente  dos  pensamentos  malignos  da  elite  israelita  que,  em  suas camas, maquinavam o mal durante a noite e, à luz do dia, punham seus planos em prática. Ao contrário do homem, que somente procura descobrir os autores de práticas más depois do início de sua execução, o Senhor, que tudo sabe, já está a contemplar todos quantos já imaginam fazer o mal na calada da noite, em suas camas (Mq.2:1,2).  O  que  temos  pensado,  amados  irmãos?  O  que  está  em  nossos  corações?  Saibamos  todos  que  o mesmo Deus de Miqueias continua a contemplar todos os nossos pensamentos e não Se engana, pois bem sabe o que há no interior de cada ser humano (Jo.2:24,25).

- Aos que maquinavam e praticavam o mal, o Senhor avisa que havia projeto um mal para eles, que sofreriam inteira desolação, pois estavam a “restringir o Espírito do Senhor” (Mq.2:3-7).   

-  Muitos,  na  atualidade,  estão  a  fazer  do  mesmo  modo  que  aqueles  desobedientes  dos  dias  de  Miqueias. “Restringem o Espírito do Senhor”, porquanto estão a desejar e a praticar o mal, provocando o afastamento do Espírito  Santo  de  suas  vidas.  A  estes,  não  sobrará  senão  a  inteira  desolação,  porquanto  não  querem  ter comunhão com o Espírito Consolador, com o Espírito que nos faz glorificar a Cristo, que é Caminho, Verdade e Vida. Buscam para si mesmos a perdição lamentavelmente.  

- Entretanto, o mesmo profeta diz que fazem bem as palavras de Deus aqueles que andam retamente (Mq.2:7). Portanto, andar retamente é andar segundo a Palavra de Deus, obedecer-Lhe em tudo quanto tem revelado a nós. Em contraste com o povo de  Israel, que havia se tornado inimigo de Deus na desobediência (Mq.2:8), aqueles que cumprem a Palavra de Deus, que observam os Seus mandamentos, são Seus amigos e o juízo não lhes atingirá. A que grupo pertencemos?  

- O profeta ainda nos informa que os desobedientes são aqueles que pensam nas coisas deste mundo, que pensam  ter  descanso  nesta  vida,  que  almejam  o  bem-estar  única  e  exclusivamente  aqui  neste  mundo. 

“Levantai-vos e andai, porque não será aqui o vosso descanso; por causa da corrupção que destrói, sim, que destrói grandemente” (Mq.2:10).  

-  Verificamos  aqui  que  o  profeta  nos  ensina  que  os  que  fazem  bem  as  palavras  de  Deus,  os  que  andam retamente são, precisamente, aqueles que não se prendem às coisas deste mundo, às coisas desta vida, porque sabem que almejam algo que está além desta vida, além desta Terra, que, por causa da corrupção, ou seja, por causa do pecado, não tem como nos dar algo que realmente nos possa satisfazer. As coisas desta vida estão inevitavelmente dominadas pela corrupção, corrupção que destrói grandemente.  

- Como é triste verificar que, em nossos dias, também muitos estão a querer servir a Deus mas com foco único e exclusivo nas coisas desta vida, chegando, mesmo, a querer fazer de Deus um instrumento, um meio para se chegar a um bem-estar terreno, como se o propósito de servir a Deus fosse o de se ter um paraíso neste mundo. 

Todavia, Miqueias faz-nos ver que a obediência a Deus jamais tem por objetivo um bem-estar neste mundo, por causa da “corrupção que destrói, sim, que destrói grandemente”. Temos esta consciência?  

-  Os  desobedientes  somente  teriam  a  um  profeta  que  lhes  profetizasse  “acerca  do  vinho  e  da  bebida  forte” (Mq.2:11), alguém que os fizesse seguir o “espírito de falsidade”, a mentira. Quantos, na atualidade, também não tem procurado “doutores conforme as suas próprias concupiscências”, desviando-se da verdade e voltando às  fábulas,  por  que  não  suportam  a    doutrina  (II  Tm.4:3,4)?  Quantos  não  têm  preferido  seguir  após enganadores  a  obedecer  à  Palavra  do  Senhor?  Quantos  não  têm  repetido  o  conhecido  dito  popular:  “Me engana que eu gosto”? Será que somos destes, preparados para o juízo divino? Que Deus nos guarde!

-  Entretanto,  aos  restantes  de  Israel,  ou  seja,  àqueles  que  preferem  obedecer  a  Deus,  a  andar  retamente,  a fazer bem as palavras do Senhor, a estes, o Senhor traz uma mensagem totalmente diversa: “…congregarei o restante de Israel: pô-los-ei todos juntos, como ovelhas de Bozra; como rebanho no meio do seu curral, farão estrondo por causa da multidão dos homens. Subirá diante deles o arroteador; eles romperão, e entrarão pela porta, e sairão por ela; e o rei irá adiante deles, e o Senhor à testa deles” (Mq.2:12,13).  

- Para os que obedecem a Deus, o Senhor promete que seriam reunidos num rebanho, cujo pastor seria o rei, o próprio Senhor. Temos aqui uma nítida promessa messiânica, que o próprio Jesus confirmou ao Se apresentar como o Bom Pastor, que reuniria não só as ovelhas de Israel, mas também os gentios (Jo.10:1-30).  

- Para sermos ovelhas do Senhor Jesus, portanto, é absolutamente necessário que Lhe sejamos obedientes, que ouçamos a Sua voz, que O sigamos (Jo.10:14,27). Não é possível ser ovelha de Cristo Jesus sem fazer o que Ele manda, sem viver de acordo com as Escrituras, que d”Ele testificam (Jo.5:39), sem entrar pela porta, que é o próprio Cristo (Jo.10:9). Será que somos ovelhas do Senhor Jesus?  

- Entretanto, não era esta a condição dos chefes de Jacó, dos príncipes da casa de Israel, que, apesar de serem os  líderes  do  povo,  em vez  de  serem  responsáveis  pela  sua  santificação  eram  os  primeiros  a  desobedecer  a Deus, um triste retrato que vemos hoje em muitas de nossas igrejas locais…  

- Embora fossem os príncipes os responsáveis pela aplicação da lei, pela condução da sociedade segundo os parâmetros delineados pelo Senhor, eles eram os primeiros a “aborrecer o bem e amar o mal”. Como já fora denunciado  por  Amós,  Miqueias  mostra  toda  a  reprovação  divina  diante  da  opressão  que  os  príncipes exerciam sobre as camadas mais humildes da população.  

- Os poderosos estavam a “arrancar a pele”, “comer a carne” e “esmiuçar os ossos” dos mais pobres, dos mais humildes, numa exploração intensa e cruel, sem qualquer piedade ou compaixão. Como resposta a este estado de  coisas,  o  Senhor  diz  que,  quando  os  príncipes  clamassem,  no  instante  mesmo  do  lançamento  do  juízo divino contra a nação, não seriam ouvidos por Deus, até porque Deus não ouve a pecadores, mas, sim, aos que temem a Ele e faz a Sua vontade (Jo.9:31).  

-  Não  será  diferente  com  os  opressores  de  nossos  dias,  que  estão  a  implantar,  a  cada  dia,  mais  e  mais  um sistema de iniquidade em todos os países, um sistema de cada vez maior exploração do homem pelo homem. 

Apesar  da  iníqua  distribuição  de  renda  que  torna  os  poderosos  e  ricos  cada  vez  mais  poderosos  e  ricos,  o Senhor,  assim  como  nos  dias  de  Miqueias,  também  lançará  o  Seu  juízo  sobre  eles,  e  a  sua  “Babilônia comercial”  será  destruída  num    instante  (Ap.18).  Busquemos,  pois,  sermos  fiéis  a  Deus,  renunciemos  às vantagens,  benesses  e  prazeres  que  este  mundo  injusto  oferece,  pois  não  vale  a  pena  cairmos  nas  mãos  do Deus vivo.

-  Mas  o  juízo  de  Deus  não  se  limitaria  aos  príncipes  opressores.  Também  atingiria  os  falsos  profetas,  que faziam  errar  o  povo  de  Israel,  dizendo  que  eles  poderiam  praticar  o  pecado  impunemente,  pois  Deus  tinha compromisso  incondicional  de  livrá-los  do  cativeiro  ou  das  calamidades.  Eram  os  profetas  que,  diante  da decadência espiritual denunciada pelos profetas verdadeiros, insistiam em dizer para o povo. “Paz!”  

- Porventura, não  é o que vemos em nossos dias? Multiplicam-se os falsos profetas, que  estão a  pregar um evangelho que tolera, compreende  e permite o pecado; um  evangelho que se “adapta” aos “novos tempos”, que reinterpreta as Escrituras segundo a vontade pecaminosa dos homens, o evangelho do “não faz mal”, onde tudo se permite, onde tudo é relativo. 

-  Quantos  não  estão  a  ensinar  coisas  contrárias  à  Bíblia  Sagrada?  Quantos  não  estão  a  pôr  em  dúvida  a atualidade das Escrituras? Quantos não têm distorcido o texto sagrado para adaptá-lo à sua maneira de viver pecaminosa? Estes falsos profetas, assim como os denunciados por Miqueias, estão a “preparar uma guerra” contra Deus e quem pode subsistir ao Senhor? Se Deus  é contra estes  falsos profetas, quem poderá ser por eles?  

- Deus promete para estes falsos profetas “uma noite”, “um dia de trevas”, “um dia escuro”, “um dia negro” sobre  eles,  onde  cessarão  todas  estas  falsas  profecias  e  somente  haverá  vergonha  e  confusão  sobre  eles.  O Senhor, a exemplo do que faria com os príncipes opressores, não lhes daria qualquer resposta (Mq.3:5-7).  

- Miqueias, no entanto, faz questão de dizer que era “cheio do Espírito do Senhor, cheio de juízo e de ânimo para  anunciar  a  Jacó  a  sua  transgressão  e  a  Israel  o  seu  pecado”  (Mq.3:8).  Denunciar  o  pecado,  amados irmãos,  não  é  tarefa  fácil,  é  estar  pronto  a  ser  impopular,  a  ser  perseguido,  a  ser  incompreendido,  a  ser antipático. Somente quem é cheio do Espírito Santo pode assumir uma tal posição, pode se pôr na brecha e enfrentar toda a pressão do inimigo que quer arruinar o povo de Deus.  

-  Faltam-nos,  hoje,  Miqueias  que  estejam  dispostos  a  pagar  o  preço  de  falar  a  verdade,  de  contrariar  os enganos dos falsos profetas que falam o que os que se acomodaram com uma vida pecaminosa querem ouvir. 

A fala da verdade, o abandono de um discurso politicamente correto e enganoso, que se encontra nos lábios de tantos pseudohomens de Deus, é uma das coisas que mais precisamos nestes dias imediatamente anteriores ao lançamento do juízo divino sobre a face da Terra. Estamos dispostos a pagar o preço?  

- Miqueias estava do lado da verdade e da justiça, o que era uma situação mais do que incômoda numa sociedade em que os chefes e maiorais abominavam o juízo e pervertiam tudo o que era direito, edificando a Sião com sangue e a Jerusalém, com injustiça (Mq.3:9,10).  

- Naqueles dias, servir a Deus não era fácil não só para o profeta, mas também para todos os que “andavam retamente”, pois se alguém fosse procurar justiça junto aos chefes, estes estavam totalmente corrompidos, pois davam as suas sentenças por presentes. Se o justo buscasse, então, ciente da corrupção dos governantes, um auxílio junto aos sacerdotes, teoricamente mediadores entre Deus e o povo, também percebia que o ensino dos sacerdotes somente se dava por interesse. Por fim, se recorressem aos profetas, levantados por Deus no meio do  povo  para  trazer  a  mensagem  de  Deus,  ficaria  igualmente  decepcionado,  pois  os  profetas  somente adivinhavam por dinheiro. E o mais triste de tudo isto: tanto príncipes, quanto sacerdotes, como os profetas alardeavam aos quatro ventos que o Senhor estava no meio deles e que nenhum mal lhes sobreviria (Mq.3:11).  

- Como dizia o saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012), esta situação é vivida por muitos servos do  Senhor  na  atualidade.  Muitos  vão  aos  governantes,  e  verificam  que  o  Poder  Público  está  minado  pela corrupção,  não  se  podendo  aguardar  que  dali  venha  a  justiça  e  o  bem  comum.  Correm,  então,  aos  líderes religiosos, aos sacerdotes e ministros, e ali verificam que tudo o que se faz é movido a interesses escusos, se a menor  preocupação  com  o  bem-estar  espiritual  das  pessoas.  Recorrem,  então,  àqueles  que  dizem  ser mensageiros  do  Senhor,  a  pregadores,  a  pessoas  que  dizem  ter  uma  vida  consagrada  a  Deus  e,  para  seu espanto, percebem que estão diante de mercenários, que tudo fazem por dinheiro.  

-  Diante  deste  infortúnio,  o  justo,  então,  ainda  observa,  com  espanto,  que  tanto  os  governantes  se  dizem devotos,  tementes  a  Deus,  como  também  os  sacerdotes  e  os  profetas.  Todos  estão  a  dizer  que  vivem  e defendem os valores morais e espirituais trazidos pelo Senhor à humanidade.  

- O Senhor, porém, não está inerte, tudo vê e tudo observa e para estes que assim vivem, anuncia a vinda do juízo: “Sião será lavrada como um campo e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa em lugares altos dum bosque” (Mq.3:12).  

-  Miqueias  foi  levantado  para  nos  mostrar  que  a  desobediência  não  traz  vantagem  alguma  nem tampouco ficará impune. Não podemos nos escandalizar quando vemos a corrupção grassando no governo, na  igreja  e  entre  os  que  se  dizem  servos  de  Deus.  Devemos,  tão  somente,  olhar  para  Jesus,  o  autor  e consumador  da  nossa    (Hb.12:1,2),  pois  Ele  somente  pode  nos  servir  de  exemplo,    que  foi  o  único  que nunca pecou (Hb.4:15).  

- Miqueias, portanto, em suas primeiras mensagens, proferidas pouco antes da destruição do reino de Israel, não só anunciava o juízo sobre o reino do norte, como também o cativeiro sobre o reino do sul, prometendo, porém, o resgate do “restante de Israel”, que fazia bem as palavras do Senhor.   

III – VISÃO DE UM FUTURO GLORIOSO  

- Miqueias teria tido um hiato em sua atividade profética, que somente seria retomada após a destruição do reino de Israel, no término do reinado de Ezequias, durante os últimos doze anos daquele rei.  

- Depois de ter sido usado por Deus para falar a respeito das consequências da desobediência, agora o profeta traz uma mensagem a Judá referente aos “últimos dias”, profecia esta que como que explicitava a promessa já anunciada pelo profeta ao “restante de Israel”, ou seja, aos que se mantivessem obedientes ao Senhor.  

- Em vez dos “montões de pedra” que o profeta anunciara em relação a Samaria (que, a este tempo, realmente já se tornara um  “montão de pedra”) e  a Jerusalém (o que  ainda não havia ocorrido), o profeta  fala que “o monte da casa do Senhor será estabelecido no cume dos montes e se elevará sobre os outeiros e concorrerão a ele os povos” (Mq.4:1).

-  O  Senhor  mostra  aos  que  Lhe  eram  obedientes  que  não    Israel  seria  restaurado  espiritualmente, como também todos os povos viriam adorar a Deus no monte da casa do Senhor, ou seja, Israel cumpriria o  seu  papel  de  reino  sacerdotal  e  povo  santo  que  o  Senhor  havia  prometido  quando  do  estabelecimento  do pacto do Sinai (Ex.19:5,6).  

- Ao contrário do que estava a ocorrer nos dois reinos que, por isso mesmo, sofreriam o juízo divino (Israel já o  havia  sofrido,  falta  ainda  Judá),  naqueles  “últimos  dias”  todas  as  nações  adorariam  ao  Senhor  e  de  Sião sairia a lei e a Palavra do Senhor, de Jerusalém (Mq.4:2).  

- Miqueias descreve, então, o reino milenial de Cristo, informando que o próprio Senhor julgará entre muitos povos e haverá a conversão de poderosas nações, com a conversão das espadas em exnadas e das lanças,em foice, uma época de paz em que as nações desaprenderão a arte da guerra (Mq.4:3).  

-  A  obediência  a  Deus  traz  a  paz.  Por  isso,  em  nossos  dias,  a  segunda  maior  atividade  do  planeta  é  o comércio  de  armas,  que  alimenta  as  guerras  e  rumores  de  guerra  que  se  intensificam  a  cada  instante.  A verdadeira  paz  somente  pode  ser  trazida  por  Cristo  (Jo.14:27)  e  esta  paz    pode  ser  possuída  por  todos quantos creram em Cristo como seu único Senhor e Salvador (Rm.5:1).  

- Esta paz que somente será estabelecida plenamente no reino milenial de Cristo, pode, porém, já ser sentida pelos que servem a Cristo Jesus e não só por estes, mas todos os que nos cercam, já que somos pessoas que devem emanar rios de água viva do seu interior (Jo.7:38). Não foi por acaso que a primeira providência que Cristo ressurreto fez em relação aos Seus discípulos foi a de lhes conceder a Sua paz (Jo.20:19).

 - Quem anda no nome do Senhor nosso Deus, eternamente e para sempre, é alguém que tem esta paz e que faz com que os que os cercam a desfrutem, ainda que em caráter limitado (Mq.4:4,5).  

- Quando o Senhor estabelecer o Seu reino, diz o profeta, serão recolhidas as ovelhas que coxeavam, as que tinham sido expulsas, as que tinham sido maltratadas e todos serão reunidos num só rebanho, tornando-se uma nação poderosa (Mq.4:6-8). 

-  No  entanto,  se  isto  ocorreria  “nos  últimos  dias”,  o  fato  é  que  o  que  aguardava  Judá  era  tão  somente  o cativeiro da Babilônia (Mq.4:9,10), mas a destruição não seria total, pois as nações que achavam estar a pôr fim ao povo judaíta seriam surpreendidos, pois o Senhor tinha para Seu povo um outro destino, o de se tornar uma  nação  poderosa,  que  dominaria  os  outros  povos,  mas  que,  sobretudo,  seria  consagrada  ao  Senhor (Mq.4:11-13).  

-  Esta  mudança  de  estado  no  povo de  Judá  se  daria  graças  Àquele  que  seria  Senhor  em  Israel  e  que nasceria em Belém Efrata, embora fosse desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Mq.5:1,2). 

 - Temos aqui uma das mais conhecidas e espetaculares profecias da Bíblia Sagrada, que confirma a veracidade das Escrituras. Setecentos anos antes, Miqueias mostra com absoluta clareza onde nasceria o Senhor de Israel, onde  nasceria  Cristo Jesus.  Tanto  assim  é  que  foi  com  base  nesta  profecia  que  os  magos  foram  até  Belém, depois de orientados pelos escribas da corte de Herodes (Mt.2:1-11).

- Não há como se alcançar a paz, não há como passar a obedecer a Deus e a gozar de Suas promessas se não for por Aquele que nasceu em Belém Efrata, senão através de Jesus Cristo.  

-  Para  sermos  rebanho  do  Senhor,  para  sermos  participantes  desta  paz  que  o  Senhor  oferece  aos  que  Lhe obedecem,  é  mister  que  sejamos  apascentados  por  este  Senhor  nascido  em  Belém  Efrata,  Este  “que permanece,  apascenta  o  povo  na  força  do  Senhor,  na  excelência  do  nome  do  Senhor  Seu  Deus”  (Mq.5:4).
Somente permanecerão aqueles que servirem a Este que “foi engrandecido até os fins da terra” (Mq.5:4).  

- Jesus é a nossa paz (Mq.5:5) e não haverá qualquer turbulência ou mal deste mundo (simbolizado aqui pela Assíria, que era, ao tempo da profecia de Miqueias, o mais temido inimigo de Judá) que poderá nos tirar esta paz, ou seja, esta comunhão com Deus. Os nossos inimigos passarão, mas o Senhor Jesus permanecerá e, com Ele, todos quantos Lhe obedecerem. Aleluia! 

- Miqueias profetiza, então, a derrocada da Assíria, que seria debelada por “sete pastores e oito príncipes dentre os homens”, que seriam levantados pelos próprios servos de Deus (Mq.5:5,6). O restante de Jacó, ainda que  espalhado  por  muitas  nações,  seria  reunido  pelo  Senhor,  que,  também,  exterminaria  todos  os  seus inimigos, inclusive pondo fim a todo o pecado por eles cometido, tais como feitiçarias, idolatria, exercendo Sua vingança sobre todas nações que não ouvem (Mq.5:9-15).  

- Vemos aqui, agora em relação às nações, a demonstração da “mão vingadora do Senhor” sobre todos os que “não ouvem”, ou seja, sobre os desobedientes. A desobediência não gerava juízo apenas para o povo de Israel, a nação escolhida de Deus, mas, como Deus não faz acepção de pessoas (Dt.10:17), também atingiria todas as demais nações que insistiam em desobedecer a Deus, praticando idolatria e feitiçarias.  

- Não nos iludamos, amados irmãos. Deus é amor, mas também é justiça e todos quantos não O ouvirem, não Lhe forem obedientes, sofrerão o Seu juízo no tempo certo. Mas quem está em Cristo, quem serve ao Senhor Jesus e Lhe é obediente, será livrado da ira futura (I Ts.1:10), da “hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra” (Ap.3:10). O que estamos a esperar?  

IV - CONTROVÉRSIA ENTRE DEUS E SEU POVO E PROMESSA DE BÊNÇÃOS FUTURAS  

- Após ter tido uma visão a respeito dos “últimos dias”, em que apresenta uma mensagem divina de esperança aos que são obedientes ao Senhor, o profeta traz outra mensagem da parte de Deus, em que anuncia uma “contenda” com o Seu povo, com Israel.  

- A palavra “contenda” utilizada no texto sagrado é a palavra hebraica “riyb” (ביך), que tem o sentido de uma “demanda”, de uma “ação judicial”. O Senhor como que estabelece um processo em que irá demandar contra o Seu povo. 

 -  O  Senhor  faz  a  seguinte  pergunta  para  Israel:  “Ó  povo  meu!  Que  Eu  te  tenho  feito?  Em  que  te  enfadei? 

Testifica  contra  Mim”  (Mq.6:3).  Aqui,  a  exemplo  do  que  faria  posteriormente  por  intermédio  do  profeta Jeremias (Jr.2:5) no início do ministério daquele profeta, o Senhor lança um desafio a Israel, no sentido de que Lhe fosse apontada alguma infidelidade no compromisso que havia assumido com o Seu povo na aliança do monte Sinai.  

- O Senhor lembra Israel de que havia remido Israel da escravidão do Egito, livrado Israel das ações do rei de Moabe, Balaque, quando este tentou que Balaão amaldiçoasse o povo, cumprindo, assim, a promessa de fazer os israelitas entrar na Terra Prometida.  

- O Senhor, também, mostra que os israelitas não estavam a cumprir a sua parte no pacto estabelecido no Sinai por manterem o ritual cerimonial da lei. Uma vez no texto sagrado, vemos que Deus não Se importa com a religiosidade externa, com o sacrificar, querendo muito mais a obediência que o sacrifício (I Sm.15:22).  

-  Repetindo  uma  mensagem  que  seria  proferida  também  por  Isaías,  profeta  contemporâneo  a  Miqueias,  no início de seu livro (Is.1:11-14), o profeta Miqueias mostra que Israel cumpriria a sua parte na aliança firmada no Sinai se tão somente praticasse a justiça e a beneficência e andasse humildemente com o seu Deus, sendo de todo inútil a oferta de sacrifícios e holocaustos se não fossem acompanhadas de atitudes que revelassem a obediência a Deus (Mq.6:6-8).  

-  Se  isto  era  válido  para  o  tempo  da  lei  de  Moisés,  em  que  o  cerimonial  tinha  um  certo  papel  no relacionamento com Deus, que diremos de nosso tempo, o tempo da nova aliança, em que todo o cerimonial foi abolido e onde se busca a adoração em espírito e em verdade? Muito mais ainda o que Deus requer de nós é a obediência à Sua Palavra, a observância ao Seu novo mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou do que a prática de uma religiosidade externa que, agora na dispensação da graça, apresenta-se muito menos formal e solene que no tempo antigo.  

-  Todavia,  paradoxalmente,  muitos,  na  atualidade,  estão  a  agir  como  os  fariseus,  fortemente  criticados  pelo Senhor Jesus precisamente por viverem uma religiosidade externa, de mera aparência (Mt.23), achando que o Senhor Se compraz em atitudes despidas de uma conversão interior, de uma sinceridade de propósitos, de uma contrição de coração e de um quebrantamento de espírito. Deus atenta para o coração contrito, para o espírito quebrantado,  que  para  Ele  são  os  verdadeiros,  genuínos  e  autênticos  sacrifícios  (Sl.51:17)  e  não  para ostentações externas, que muito pouco e, por vezes, proveito algum possuem.  

-  Como  anda  nossa  vida  espiritual,  amados  irmãos?  Temos  nos  pautado  por  uma  religiosidade  externa,  de aparência, vistosa em nossas igrejas locais, ou temos procurado servir a Deus de coração inteiro, numa vida sincera e devotada a obedecer à Palavra do Senhor em todos os lugares que freqüentamos? Pensemos nisto!  

- O Senhor não estava preocupado com os holocaustos com bezerros de um ano, com os milhares de carneiros ou com os dez mil ribeiros de azeite que eram utilizados no templo de Jerusalém (e nos altos de Judá…), mas, sim,  se  havia  tesouros  de  impiedade  na  casa  do  ímpio,  se  havia  balanças  falsas  nos  estabelecimentos comerciais dos ímpios, se havia verdade na língua de  cada judaíta, se havia violência no proceder dos ricos (Mq.6:9-12).

- O que Deus vê em nossas casas? Será que observa a mesma santidade que ostentamos nas igrejas locais? O que  Deus    em  nosso  comportamento  profissional?  Será  que    o  mesmo  zelo  que  alguns  demonstram  ao tratar dos assuntos eclesiásticos? O que o Senhor vê e ouve em nossas conversas privadas, em nossos diálogos fora dos cultos?  

-  Como  os  judaítas  estavam  simplesmente  a  oferecer  holocaustos  mas  a  praticar  os  pecados,  sem obedecer  ao  Senhor,  ante  o  processo  instaurado,  conclui-se  pela  culpa  de  Israel,  motivo  pelo  qual  o Senhor  o  feriria  e  o  assolaria.  Qual  o  motivo  de  o  Senhor  lançar  o  juízo  divino  sobre  Israel?  Porque  eles “observavam os estatutos de Onri e toda a obra da casa de Acabe e andavam nos conselhos deles” (Mq.6:16).  Em  suma:  o  pecado,  a  desobediência  a  Deus  traz  o  opróbrio,  o  juízo  divino.  Somente  a  obediência  a  Deus pode nos livrar do juízo divino.  

- A situação vivida por Israel, que trilhava o caminho do pecado, o caminho da desobediência, trazia ao povo um  estado  extremamente  lamentável  e  que  não  se  coadunava  com  o  compromisso  assumido  pelo  povo  do Senhor. O  resultado de  um estado pecaminoso deste foi o “perecimento  do benigno da terra”, não havendo mais sequer um homem que fosse reto (Mq.7:1,2).  

- A partir dos poderosos do país (príncipe, juiz, grande), havia a prática do mal e o alastramento da corrupção. “O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que o espinhal” (Mq.6:4). Vemos, pois, que os que estão  em  eminência  numa  determinada  sociedade  têm  maior  culpabilidade,  porquanto  não    pecam  como induzem  os  outros  a  pecar.  Como  diz  o  “Tratado  dos  Pais”  (“Pirke  Avot”)  do  Talmude,  o  segundo  livro sagrado do judaísmo: “Todo aquele que torna uma multidão meritória, nenhum pecado virá através dele, mas aquele  que  faz  uma  multidão  pecar,  a  este  não  serão  dados  os  meios  de  obter  o  arrependimento.  Moisés alcançou  a  virtude  e  conduziu  a  multidão  à  virtude;  portanto,  o  mérito  da  multidão  lhe  pertence,  pois  está escrito: ‘ele efetuou a justiça do Eterno, e seus juízos para com Israel’ (Dt.33:21). Jeroboão, filho de Nevat, pecou e levou a multidão a pecar; portanto, a iniquidade é devida a ele, pois está escrito: ‘pelos pecados de Jeroboão que ele cometeu e fez Israel cometer’ (I Rs.15:30) “ (Pirke Avot 5:21).  

-  O  comportamento  adotado  pelo  núcleo  dirigente  da  sociedade  de  Judá  levou  a  uma  conduta  pecaminosa generalizada de todos os judaítas, a ponto de que não havia mais qualquer confiabilidade em amigos ou em guias,  havendo  desprezo  dos  pais  por  parte  dos  filhos,  de  filhas  em  relação  a  suas  noras,  de  forma  que  os inimigos do homem eram os de sua própria casa (Mq.6:4-6).  

-  Notamos,  assim,  que  os  dias  de  Miqueias  se  assemelham  muito  aos  dias  em  que  vivemos,  os  “dias trabalhosos”  de que fala o apóstolo Paulo em sua segunda  carta a Timóteo, dias característicos dos últimos tempos da dispensação da graça (II Tm.3:1-5).  
-  Que  deve  fazer  um  servo  de  Deus  diante  de  uma  sociedade  tão  corrompida?  Diz  o  profeta:  “Eu,  porém, esperarei no Senhor; esperei no Deus da minha salvação: o meu Deus me ouvirá” (Mq.6:7).

- Diante de tanta corrupção, o profeta, homem cheio do Espírito Santo, esperava em Deus, preferia obedecer ao Senhor, seguir-Lhe os passos, atender aos estatutos e mandamentos do Senhor e não os “de Onri e da casa de Acabe”. Em suma: o profeta preferia viver separado do pecado, em santidade, obedecendo a Deus.  

- Quem tem o Espírito Santo em seu interior, por ter crido em Cristo Jesus como único e suficiente Senhor e Salvador  (Jo.14:17),  não  pode  ter  outra  conduta,  senão  a  de  afastar  do  “modus  vivendi”  pecaminoso  da sociedade. O salvo é diferente, pois está em comunhão com Deus, caminha para uma cada vez mais intensa intimidade com Deus, a fim de atingir a unidade que é o objetivo da missão de Jesus Cristo (Jo.17:20,21).  

- Por isso, vemos com muita preocupação a conduta de muitos que cristãos se dizem ser, em nossos dias, que, em  vez  de  apresentarem  uma  vida  diferente  da  dos  que  não  seguem  a  Cristo,  procuram,  cada  vez  mais, “adaptar” sua maneira de viver ao modo de vida vivido pelos incrédulos, buscando, quando muito, apenas uma “roupagem”   diferenciada   desta   mesma   maneira   de   viver,   algo   que   tem   sido   considerado   como   a “gospelização”, ou seja, a adoção de “modos gospel” de pecar, o que é inadmissível e revela, como nos ensina claramente Miqueias, que se trata de pessoas que estão a desobedecer a Deus e que, portanto, não receberão senão o juízo divino.  

- Diante deste comportamento do profeta, há uma esperança para quem se porta desta maneira. Ainda que o profeta  não  seja  perfeito  e  possa  vir  a  cair,  por  causa  de  sua  intenção  de  servir  a  Deus  de  modo  sincero  e verdadeiro, não apenas externo e formal, haveria o levantamento, pois, ainda que vivesse em uma sociedade tenebrosa, o Senhor seria a sua luz (Mq.7:8).   

- O profeta traz, então, uma mensagem de esperança para Israel. A ira do Senhor não seria para sempre, pois Deus estava disposto a perdoar o Seu povo, prometendo, inclusive, a restaurar a nação que sofreria a iria divina, mas não para sempre (Mq.7:9-13).  

-  O  Senhor  promete  restaurar  espiritualmente  Israel,  reafirmando  aqui  profecia  anterior  de  Miqueias  que haveria um “restante de Israel” que, finalmente, cumpriria o papel reservado ao povo escolhido do Senhor de “reino  sacerdotal  e  povo  santo”  que  havia  sido  estatuído  na  aliança  do  Sinai.  Os  inimigos  de  Israel  se espantariam  e  se  calariam  diante  da  demonstração  da  soberania  divina  e  do  Seu  amor  para  com  Israel (Mq.7:16).  

-  O  profeta  Miqueias,  então,  afirma:  “Quem,  ó  Deus,  é  semelhante  a  Ti,  que  perdoas  a  iniquidade  e  que  te esqueces  da  rebelião  do  restante  da  Tua  herança?  O  Senhor  não  retém  a  Sua  ira  para  sempre,  porque  tem prazer  na  benignidade.  Tornará  a  apiedar-Se  de  nós:  subjugará  as  nossas  iniquidades,  e  lançará  os  nossos pecados nas profundezas do mar. Darás a Jacó a fidelidade, e a Abraão a benignidade, que juraste a nossos pais desde os dias antigos” (Mq.7:18-20). 

 - Deus  perdoaria  o  “restante  de  Israel”,  mas  não  porque  é  um  Deus  “bonzinho”,  que  “passa  por  cima  dos pecados”. Muito pelo contrário, como temos visto ao longo da profecia, o que se tem, por parte do “restante de Israel”, é uma  busca  de  servir  a  Deus,  de  obedecer-Lhe,  um  arrependimento  e  conversão  que  conduz  ao livramento  do  juízo  divino.  Deus  não  “passa  por  cima  dos  pecados”,  mas  reage  a  uma  atitude  genuína  de arrependimento e conversão.  

- Miqueias, pois, termina a sua profecia lembrando ao povo que podia esperar em Deus, que valia a pena obedecer-Lhe, pedindo perdão pelos pecados cometidos, pois a misericórdia de Deus estava ao alcance. Vale a pena,  amados  irmãos,  obedecermos  a  Deus,  pois  aí,  então,  a  “mão  estendida  do  Senhor”  estará  ao  nosso alcance e livres seremos da ira futura. Confiemos e esperemos em Deus e sigamos a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb.12:14).  

Colaboração para o portal Escola Dominical - Ev. Caramuru Afonso Francisco

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